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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA


CURSO DE ZOOTECNIA

Georger Lúcio Silva Cardoso

BOAS PRÁTICAS DE MANEJO NA PRODUÇÃO, APLICADAS À


PISCICULTURA

CUIABÁ
2017
Georger Lúcio Silva Cardoso

BOAS PRÁTICAS DE MANEJO NA PRODUÇÃO, APLICADAS À


PISCICULTURA

Trabalho de Conclusão do Curso de


Graduação em Zootecnia da Universidade
Federal de Mato Grosso, apresentado
como requisito parcial à obtenção do título
de Bacharel em Zootecnia.
Orientador: Prof. Dr. Marcio Aquio Hoshiba

CUIABÁ
2017
AGRADECIMENTOS

Primeiramente à Deus, pois sem ele não estaria aqui.


Aos meus pais, Sebastião e Lúcia, por todo o apoio dado durante o período da
graduação, sempre me apoiando nas minhas decisões e nos momentos mais difíceis.
A minha namorada, Maria Auxiliadora, por todo o carinho, compreensão e afeto,
sempre me apoiando e incentivando em todos os momentos.
Ao meu orientador Prof. Dr. Marcio Hoshiba, por toda compreensão,
entendimento, pelos “puxões de orelha” e por todas as orientações e conselhos.
Ao Prof. Dr. Marinaldo Divino Ribeiro, por todos os conselhos e pelo importante
papel durante o meu período de graduação.
Aos amigos Andrey, Renata e Rafael, pelo incentivo durante minha graduação.
A cada um dos professores do curso de Zootecnia por todo o conhecimento
transmitido.
A Fazenda Bom Futuro Genética de Peixes, pela oportunidade de estagiar na
empresa.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Projeto de implantação da Fazenda............................................................ 18

Figura 2. Vista frontal do barracão.............................................................................. 19

Figura 3. Vista frontal e lateral do barracão................................................................ 19

Figura 4. Sala de escritório......................................................................................... 20

Figura 5. Sala de eclosão de artêmias........................................................................ 21

Figura 6. Sala de almoxarifado................................................................................... 21

Figura 7. Depósito de ração e sal............................................................................... 22

Figura 8. Sala de reprodução..................................................................................... 23

Figura 9. Pavilhão para eclosão dos ovos e treinamento dos alevinos...................... 24

Figura 10. Vista de cima, dos tanques de estocagem................................................ 25

Figura 11. Vista dos tanques de estocagem............................................................... 25

Figura 12. Tanques de crescimento e estocagem e reservatório............................... 26

Figura 13. Reservatório de água 01........................................................................... 26

Figura 14. Sede da fazenda....................................................................................... 27

Figura 15. Sistema de Biofiltro da fazenda................................................................. 27

Figura 16. Utilização de sal nos tanques.................................................................... 29

Figura 17. Medição da temperatura e o Oxigênio....................................................... 33

Figura 18. Reagente utilizado para medir o pH da água............................................ 33

Figura 19. Reagentes utilizados para realizar o teste de Alcalinidade da água......... 34

Figura 20. Reagentes utilizados para medição da Dureza Total da água.................. 34

Figura 21. Reagentes utilizados para medição da Amônia Total da água.................. 35

Figura 22. Reagentes necessários para medição dos níveis de CO2 na água.......... 35
Figura 23. Kit de análise de água Acqua Supre.......................................................... 36

Figura 24. Fornecimento de ração aos alevinos......................................................... 38

Figura 25. Linhas de pescas dispostas em um dos tanques de alevinagem.............. 39

Figura 26. Funcionário se preparando para início da despesca dos alevinos............ 40

Figura 27. Caixa utilizada na despesca e transporte dos alevinos............................. 41

Figura 28. Almondegas.............................................................................................. 43

Figura 29. Viveiro após secagem e retirada do material eutrofizado.......................... 44


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 8

2. OBJETIVO ...................................................................................................... 10

3. REVISÃO ........................................................................................................ 11

4. RELATÓRIO DE ESTAGIO ............................................................................ 17

5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E DISCUSSÃO .......................................... 28

6. CONCLUSÕES ............................................................................................... 46

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 47

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 48
8

1. INTRODUÇÃO

A Aquicultura é um setor que está em constante expansão nos últimos anos.


Em 2015, a aquicultura brasileira arrecadou um total de R$ 4,39 bilhões, sendo a
maior percentagem deste valor atribuído a criação de peixes (69,9%), seguida pela
criação de camarões (20,6%), (IBGE, 2015). Segundo dados do IBGE, a produção de
peixes total na piscicultura brasileira foi de 483,24 mil toneladas em 2015, com um
aumento de 1,5% em relação ao ano anterior.
Estima-se que até 2025 a produção nacional registre um crescimento de 104%
na produção da pesca e aquicultura, sendo o maior da américa latina, seguido pelo
México (54,2%) e Argentina (53,9%), (FAO, 2016) e, este crescimento se deve
principalmente aos investimentos feitos no setor nos últimos anos.
Entre os maiores produtores de pescado do país, a primeira posição do ranking
pertence ao estado de Rondônia com 84,49 mil toneladas de peixes, seguido pelo
Paraná com 69,26 mil e Mato Grosso 47,44 mil toneladas, correspondendo
respectivamente a 17,5, 14,3 e 9,8% da produção nacional de pescado (IBGE, 2015).
Das espécies de peixes produzias no Brasil, a tilápia é a espécie de maior
produção, com 219,33 mil toneladas despescadas em 2015, representando 45,4% do
total da despesca nacional, seguida do tambaqui com uma despesca de 135,86 mil
toneladas, sendo 28,1% do pescado produzidas no Brasil (IBGE, 2015).
O setor de alevinagem em 2015 obteve uma produção de 955,61 mil milheiros,
tendo um aumento de 16,2% em relação ao ano anterior, com a principal região
produtora de alevinos no país sendo a Região Sul (29,3%), seguida pelas regiões
Nordeste (26,8%), Sudeste (20,1%), Centro-Oeste (11,9%) e Norte (11,9%) (IBGE,
2015).
No Brasil a piscicultura é composta por pequenos (Familiar) e médios
produtores, possuindo respectivamente rendas brutas anuais a baixos de 360mil e
800mil reais, na qual médios produtores compondo em sua maior parte o setor de
alevinagem (MUÑOZ et al., 2015). Sendo que grande parte desses pequenos
produtores ainda carecem de conhecimento técnico das práticas de manejo
necessárias para que possam assegurar as condições ideais para a espécie que será
utilizada, e assim explorar todo o seu potencial genético, obtendo melhores índices
9

produtivos e reprodutivos desses animais utilizados, e consequentemente uma maior


lucratividade.
Com este cenário de constate crescimento no setor da Piscicultura, é esperado
um grande aumento de produtores aderindo à atividade, e os que já se encontram na
área tendo maiores perspectivas de mercado, investindo cada vez mais em
tecnologias empregadas e assim expandir sua produção. Dessa forma, para se obter
uma boa produção no setor aquícola, ainda se vê a necessidade de difundir boas
práticas de manejo na piscicultura, como aquisição de espécies mais adaptadas a
região, controle da qualidade da água e método de despesca. Evitando assim perdas
por predação, maximização dos índices produtivos, menores índices de mortalidade,
entre outros aspectos importantes que garantem ao produtor o sucesso na atividade.
10

2. OBJETIVO

Relatar e discutir as atividades executadas durante o Estágio Curricular


Obrigatório na Fazenda Bom Futuro Genética de Peixes e descrever práticas de
manejo adotadas no local.
11

3. REVISÃO

As boas práticas de manejo durante à produção são definidas por um conjunto


de intervenções ou procedimentos adotados na rotina de produção, que tem como
principais objetivos proporcionar uma maior eficiência produtiva e segurança da
criação. A utilização de boas práticas de manejo favorece a sanidade o que maximiza
a sobrevivência e o desempenho produtivo dos peixes, sempre utilizando com
eficiência e consciência os recursos disponíveis como a água, infraestrutura de
produção, ração/alimento, insumos, entre outros (KUBITZA, 2008).
Para o produtor, a escolha da (s) espécie (s) que será empregada na produção
não é vista com muita importância, escolhendo por muitas vezes a do seu melhor
agrado, não sendo a mais adaptada as condições de cultivo ou não possuem uma boa
aceitabilidade pelo consumidor. Com o passar do tempo ao perceber o erro, a escolha
equivocada se tornar assim o principal problema da sua produção (OSTRENSKY;
BOEGER, 1988).
A espécie que será utilizada tanto para a produção de alevinos quanto para a
fase de engorda, se tornará o seu produto final utilizado para a comercialização.
Portanto, é fundamental a utilização de espécies que se enquadram tanto a região e
clima utilizado para cultivo, quanto a sua aceitação como produto final no mercado,
tendo em vista as características de peso e conformação exigidas pelo mercado
(OSTRENSKY; BOEGER, 1988).
As espécies escolhidas para a sua utilização na produção comercial podem ser
exóticas (alóctones) ou nativas (autóctones). De modo geral, na produção aquícola,
são denominados nativas as que ocorrem naturalmente nas bacias hidrográficas do
seu país de origem (endêmica ou não), e exóticas aquelas que não são de originárias
do pais em que estão sendo produzidas. Espécies de uma bacia hidrográfica pode
não ocorrer naturalmente em bacias distintas dentro do Brasil, e nesse caso, são
denominados alóctones, apesar de conceitualmente se referirem a espécies não
nativas (LIMA et al., 2013).
As diversas espécies nativas de peixes de água doce no Brasil e o endemismo
das principais bacias hidrográficas são favoráveis ao desenvolvimento da piscicultura
baseada nessas espécies. No entanto, a realidade é o oposto e há
predominantemente o cultivo de espécies exóticas. Dentre as espécies de peixes com
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ocorrência nas bacias hidrográficas brasileiras, podemos destacar 52 espécies nativas


que estão atualmente sendo produzidas ou possuem um potencial para a sua
produção e 11 espécies exóticas que são produzidas e que podem ser encontradas
nas bacias hidrográficas pertencentes ao Brasil (LIMA et al., 2013). Dentre essas
espécies nativas, existem quatro grupos de famílias que se destacam: Characidae
(p.ex.matrinxã e Piracanjuba), Serrasalmidae (tambaqui, pacu e pirapitinga),
Anostomida (piau-açu) e Pimelodidae (surubins, pitado, cacharas e mandis) (LIMA et
al., 2013).
As espécies da família Serrasalmidae, e seus híbridos, popularmente
chamadas de “peixes redondos” devido ao seu formato arredondado e porte robusto,
com dorso alto e região das costelas amplas, o que possibilita a essas espécies bons
cortes para a indústria. Segundo Kubitza (2004), o tambaqui (Colossoma
macopomum) atualmente é a principal espécie Amazônica cultivada no Brasil. Em
ambiente natural há registros em que esta espécie atinge o peso aproximado de 30
quilos, ficando atrás apenas do pirarucu (Arapaiama gigas), sendo considerado o
segundo maior peixe de escamas da bacia amazônica. O tambaqui atualmente é um
dos peixes mais populares da piscicultura brasileira, devido ao seu rápido crescimento
e a facilidade da produção de alevinos.
O tambaqui, tem como particularidade a presença de dentes molares e afiados,
assim possibilitando o consumo de frutos e sementes, mesmo quando estão cobertos
e protegidos com cascas duras e fibrosas. Possuindo também rastros branquiais
desenvolvidos possibilitando o processo de filtragem de zooplâncton, aproveitando-os
de forma eficiente, mesmo para peixes adultos (VIDAL JUNIOR et al., 1998).
A Produção de tambaqui, tem se concentrado nos estados das regiões Norte,
Nordeste e Centro-Oeste do país, onde além serem regiões com clima mais favoráveis
a espécie, possuem uma maior aceitabilidade no mercado regional (KUBITZA, 2004).
A disponibilidade e qualidade da água são fatores essenciais em uma
piscicultura. Apesar de ser aparentemente obvio, o ambiente aquático é o meio onde
os peixes vivem e desenvolvem-se, estando em constante contato com a água,
utilizando-a para obtenção de oxigênio e liberação de gás carbônico, resíduos
nitrogenados, entre outras formas de excreção, dito isto é fundamental o controle da
qualidade de água para que esses animais tenham condições de se reproduzir,
alimentar e crescer, e assim obtenha sucesso nessa atividade produtiva (LIMA et al.,
2013).
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Os peixes presentes nos viveiros influenciam diretamente a qualidade da água


através da excreção de dejetos e a respiração. A quantidade e qualidade da ração
que se é fornecida influencia também em sua qualidade, já que ao se fornecer rações
em excesso aos peixes, ocorrendo a poluição dos tanques (SILVA et al., 2007).
Segundo Kubitza (1998), na piscicultura intensiva a maioria dos problemas de
qualidade da água está diretamente relacionado a utilização de alimentos de má
qualidade e a estratégias de alimentação inadequadas. A causa de doenças e
parasitoses aumenta proporcionalmente à redução na qualidade nutricional dos
alimentos e na qualidade da água e podem causar significativas perdas durante o
cultivo. Boa qualidade de água e um bom manejo nutricional garantem a saúde e o
bem-estar animal, proporcionado um melhor desempenho produtivo dos peixes.
O conhecimento necessário para se interpretar e analisar os resultados dos
parâmetros da qualidade da água é de grande importância para os piscicultores.
Sendo fatores como oxigênio dissolvido, temperatura entre outros diretamente ligados
ao desenvolvimento dos peixes. Fatores como pH, alcalinidade, dureza e
transparência podendo também afetar o peixe. Estes fatores de qualidade da água
interagem uns com os outros, essas interações podem ser complexas, podendo em
alguns casos serem tóxicas, causa a mortalidade dos animais e em outros casos se
tornar inofensiva (SILVA et al., 2007).
O oxigênio dissolvido na água é um parâmetro essencial na piscicultura. A
maioria dos peixes o capturam por meio e um complexo órgão branquial, utilizando
esse gás para a respiração celular. Sendo assim, a disponibilidade de oxigênio
dissolvido em níveis adequados é fundamental para que os peixes possam se
alimentar e crescer de forma esperada. Para peixes de aguas frias, a concentração
de oxigênio dissolvido na água deve ser sempre superior a 5,0 mg/L. Já para os peixes
de águas mais quentes (tropicais) o ideal é uma concentração acima de 3,0 mg/L. Em
situações nas quais a concentração esteja abaixo desses valores, os animais poderão
sobreviver, contudo resultará no desempenho dos animais sendo abaixo do esperado.
Níveis de oxigênio abaixo de 1,0 mg/L sendo letais para a maioria das espécies (LIMA
et al., 2013).
Durante o dia, é produzido constantemente oxigênio através do processo de
fotossíntese pelas algas, e pelos plânctons presentes no viveiro, transformando gás
carbônico e água em oxigênio e carboidratos durante a presença de luz. Durante o
período noturno o processo é inverso, ocorrendo o processo de respiração na qual é
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consumida o oxigênio que foi produzido durante o dia pelas algas, juntamente com
carboidratos, tendo como produto final gás carbônico (SILVA et al., 2007). Durante a
fotossíntese, o fitoplânctons produz de 50 a 95% do oxigênio presente nos sistemas
de produção. No entanto, o plâncton chega a consumir, durante o processo de
respiração, cerca de 50 a 80% do oxigênio dissolvido (KUBITZA, 1998).
Segundo Kubitza (1998), os parâmetros de oxigênio dissolvido e temperatura
devem ser aferidos diariamente em cada viveiro ou tanque de produção. São
identificados os maiores e menores níveis de oxigênio dissolvidos nos tanques com
baixa renovação de água, respectivamente, no final da tarde e ao amanhecer. O
monitoramento diário destes valores ajudam a prever a ocorrência de níveis críticos
de oxigênio dissolvido, possibilitando a aplicação de aeração de emergência.
A temperatura é um dos fatores químicos e biológicos mais importantes
presentes em um viveiro. Todas as atividades fisiológicas exercidas pelos peixes
(digestão, respiração, reprodução, alimentação, entre outros), estão diretamente
ligadas à temperatura ambiente, ajustando sua temperatura corporal de acordo com
a temperatura da água. Cada espécie possui uma temperatura na qual é mais
adaptado e melhor se desenvolve, sendo esta faixa de temperatura chamada de
temperatura ótima. Temperaturas abaixo ou acima dessa faixa ótima acarretam na
redução de seu crescimento, e em casos de temperaturas extremas acarretando a
morte dos animais (SILVA et al., 2007).
De um modo geral, o pH é um parâmetro que está diretamente ligado a
concentração de íons hidrogênio (H+) dispersos na água. Essa concentração e
mensurada através da unidade de pH, podendo variar de 0 a 14. Valores de pH igual
a sete significa que a água é neutra, deste modo valores de pH maior que sete é
considerada alcalina e abaixo de sete ácida (OSTRENSKY; BOEGER, 1988).
O pH considerado ideal varia de acordo com cada espécie de peixe. De modo
geral, o valor recomendado para que haja um ótimo desenvolvimento da maioria das
espécies é entre 6,5 a 8,5. Valores superiores a 8,5 e inferiores a 6,5 podem acarretar
problemas fisiológicos diversos tanto na reprodução quanto no crescimento dos
animais. O valor do pH varia de acordo com outros parâmetros de qualidade como
dureza e alcalinidade (LIMA et al, 2013).
Como definição técnica, a alcalinidade total é a concentração de bases
existentes na água, expressa em partes por milhão (ppm) ou miligramas por litro
(mg/L) de carbonato de cálcio (CaCO3). Podendo-se dizer que a alcalinidade mede a
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quantidade de íons de carbonato (CO3) e bicarbonato (HCO3) presentes na água.


Sendo na maioria das vezes esses carbonados e bicarbonatos compostos de cálcio e
magnésio (carbonato de cálcio, bicarbonato de cálcio, carbonato de magnésio e
bicarbonato de magnésio) (OSTRENSKY; BOEGER, 1988).
Níveis menores de alcalinidades presente nos viveiros podem proporcionar ao
longo do dia variações no pH, já que proporciona um meio com baixa capacidade de
tampão da água (desequilíbrio ácido-base). Durante a noite cessa-se a fotossíntese,
continuando apenas o processo de respiração dos fitoplânctons e animais ali
presentes. Consequentemente a um aumento da concentração de gás carbônico
(CO2), reagindo com a água e formando o ácido carbônico (H2CO3). Este se dissocia
em carbonatos e íons de hidrogênio (H+), reduzindo assim o pH do meio. Os
carbonatos livres na forma de íons, principais responsáveis pela alcalinidade, em meio
aquoso geram bicarbonato e hidroxila (OH-), que tem capacidades de neutralização
do cátion de hidrogênio, por fim regulando o equilíbrio ácido-base (LIMA et al., 2013).
Mensalmente deve-se monitorar os parâmetros de alcalinidade e dureza,
principalmente em viveiros com filtração excessiva, ocorrendo diluição dos efeitos da
calagem devido a necessidade de reposição da água. Para que haja um bom
funcionamento mínimo do sistema tampão da água é necessário valores de dureza e
alcalinidade total acima de 30mg CaCO3/L (KUBITZA, 1998). Entretanto, sugestões
mais recentes segundo Lima et al (2013), os parâmetros de dureza total, alcalinidade
e transparência total deve ser mensurados semanalmente, uma vez ao dia sendo o
suficiente para que estes parâmetros sejam avaliados.
Segundo Lima et al. (2013), a medida de dureza total é quantificada pela
concentração de íons metálicos presentes na água, principalmente cálcio (Ca +2) e
magnésio (Mg+). Portanto a unidade de medida da dureza total é expressa em
equivalente de cálcio (mg de CaCO3/L). Porque os íons de cálcio e magnésio estão
ligados de bicarbonato e carbonato, responsáveis pela alcalinidade, podendo assim
valores de alcalinidade e dureza total se equipararem na piscicultura.
De acordo com Kubitza (2008), a amônia total é um composto nitrogenado
excretado pelos peixes e também produzido com a decomposição da matéria orgânica
presente na água (fezes dos peixes, restos de ração, plâncton em decomposição e
adubos orgânicos). Os fitoplânctons utilizam a amônia como fonte de nitrogênio para
o seu crescimento, removendo esse composto tóxico dá água. Entretanto, quando
ocorre maior fornecimento de ração, o nível de amônia na água pode ser mais rápido
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do que o fitoplâncton é capaz de remover. Assim tendo maiores concentrações de


amônia total presentes na água. A amônia está presente em duas formas na água, a
forma ionizada (NH4+), e a forma não ionizada (NH3), sendo esta segunda a forma
tóxica aos peixes. A mensuração da amônia total deve ser realizada no período da
tarde, preferencialmente em um dia ensolarado, já que neste horário o pH é mais
elevado durante o dia, proporcionando maiores níveis de amônia tóxica em relação a
amônia total.
Segundo Lourenço et al. (1999), a amônia tóxica pode causar desbalanço
fisiológico ao animal, falhas renais, supressão da excreção de amônia endógena,
resultando em falhas neurais e citológicas, também falhas nas brânquias, dificultando
a troca gasosa.
O fornecimento de uma alimentação adequada é essencial para que se possa
otimizar as características de ganho de peso e conversão alimentar dos peixes. A
nutrição influencia no seu desempenho produtivo, bem como qualidade,
desenvolvimento e sobrevivência das pós-larvas e alevinos. O fornecimento de rações
de alta qualidade contribui para a saúde e vigor dos peixes, além da preservação da
qualidade da água, deixando-os menos susceptíveis a agentes patógenos e
suportando maiores pressões de manejo. Deste modo a qualidade das rações é um
dos elementos mais importantes para se obter sucesso no seu empreendimento
(KUBITZA, 2010).
Muitas das vezes as negociações na aquisição da ração são pautadas somente
de acordo com o preço do produto, sendo que muitas dos detalhes importantes são
esquecidos nessa negociação. Entre estas, estão os resultados de crescimento e
conversão alimentar, melhora no desempenho reprodutivo, menores impactos sobre
a qualidade da água, proporcionando melhores condições de saúde aos animais
(KUBITZA, 2010).
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4. RELATÓRIO DE ESTAGIO

O estágio foi realizado na Piscicultura Bom Futuro Genética de Peixes,


localizada no distrito do Coxipó do Ouro, Cuiabá – MT, com início no dia 12 de Junho
de 2017 e finalizado no dia 03 de Agosto de 2017.
A empresa conta, segundo o projeto de criação (Figura 1), com uma área total
de 9,54 ha de lâmina d’agua, destes 3,44 ha dos viveiros e 6,10 ha pertencente ao
reservatório de água e esse projeto está sendo concluído atualmente. Foi finalizado a
escavação e compactação dos últimos tanques e a construção do biofiltro, os quais
estarão em pleno funcionamento na segunda quinzena de agosto.
A Piscicultura Bom Futuro Genética de Peixes, iniciou-se em novembro de
2016, sendo o gerente Darci Carlos Fornari, contando com uma equipe de sete
funcionários, sendo dois zootecnistas (um responsável pelo laboratório e o programa
dos tambaquis melhorados e outro pelo desenvolvimento e estocagem dos alevinos
em viveiros escavados), um tratador, dois funcionários responsáveis por manutenção
despesca e manejos em geral e duas funcionárias responsáveis pela limpeza do
laboratório, moagem e produção das almondegas e limpeza da sede.
No início do projeto, os funcionários contavam com diversas dificuldades na
reprodução dos animais, principalmente em relação a infraestrutura. A reprodução era
feita em um antigo barracão, que atualmente foi demolido, de tamanho pequeno,
possuindo uma pequena quantidade de incubadoras para a eclosão dos ovos, e ainda
assim durante a safra, obtiveram uma produção de 800 mil tambaquis e 50 mil
pintados-da-amazônia. Para a próxima safra tem como meta uma produção de 2,5
milhões de pintados-da-amazônia e 2,5 milhões de tambaquis, totalizando uma
produção de 5 milhões de alevinos para que possam inicialmente atender as
demandas do grupo Bom Futuro e atender aos demais compradores, já que
atualmente contam com uma ótima estrutura para a reprodução e estocagem desses
animais.
A empresa Piscicultura Bom Futuro Genética de Peixes, tem como principal
intuito, produzir alevinos de peixes da espécie de tambaqui (Colossoma
macropomum), melhorados geneticamente, e o hibrido pintado-da-amazônia, obtidos
entre o cruzamento da cachara (Pseudoplatystoma punctifer), e jundiá-da-amazônia
(Leiarius marmoratus), e distribuir aos diversos associados do grupo Bom Futuro
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distribuídos por todo o país que trabalham na engorda e venda de pescado. Trabalha
também com a venda de alevinos e juvenis das espécies de tambaqui e pintado da
Amazônia. Possuindo 150 matrizes de cachara, 100 matrizes de tambaqui
(Colossoma macropomum), e 100 matrizes de jundiá (Leiarius marmoratus).

Figura 01: Projeto de implantação da Fazenda Bom Futuro Genética de Peixes.

Fonte: Proprietário Darci Carlos Fornari

Dentre as estruturas presentes na fazenda estão:

1- Barracão (Figura 02 e Figura 03) - Conta com uma área de 1.400,0m²


(20mx70m), contendo uma sala com escritório, almoxarifado, laboratório de
reprodução e indução das matrizes, sala de eclosão de artêmias, depósito de
ração e sal, área pertencentes as incubadoras onde serão realizadas a eclosão
dos ovos e as caixas que são feitas o treinamento dos pintados, classificação
e retirada dos canibais.
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Figura 02: Vista frontal do barracão.

Fonte: Acervo Pessoal

Figura 03: Vista frontal e lateral do barracão de reprodução.

Fonte: Acervo Pessoal


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1.1- Escritório (Figura 04) - Onde são realizadas as reuniões com os funcionários
da empresa e é feita a recepção e fechamento de vendas com os clientes.

Figura 04: Sala de escritório.

Fonte: Acervo Pessoal

1.2- Sala de Eclosão de artêmias (Figura 05) - Paralelo a indução, reprodução e


eclosão dos peixes, é realizada a eclosão dos ovos de artêmias em
pequenas incubadoras de 60 litros cada, com um total de 36 incubadoras,
que são fornecidas como uma fonte de alimento os pintados em período de
crescimento e adaptação nas caixas.
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Figura 05: Sala de eclosão de artêmias.

Fonte: Acervo Pessoal

1.3- Almoxarifado (Figura 06) - Local em que são armazenadas as diversas


ferramentas que poderão ser utilizadas como, canos, cotovelos, balança de
precisão, oxímetro, kit de medição de parâmetros da água (reagentes de
amônia, pH, dureza total, alcalinidade), galochas, botas, martelo, serrote
entre outros.

Figura 06: Sala de almoxarifado.

Fonte: Acervo Pessoal


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1.4- Sala de Deposito de Ração e Sal (Figura 07) - Sala na qual são estocadas
as diversas rações que são fornecidas aos alevinos e juvenis, de acordo com
o tamanho e suas exigências nutricionais, e o sal que será fornecido devido
as diversas circunstancias que possam causar ou ser um fator estressante
aos peixes durante esse período.

Figura 07: Depósito de ração e sal.

Fonte: Acervo Pessoal


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1.5- Sala de reprodução (Figura 08) - local na qual são colocadas em caixas
d’agua de 1000 litros, sendo seis caixas no total, na qual é aplicado o extrato
de hipófise, induzindo as matrizes produção e maturação de ovócitos
espermatozoides, e assim acompanhadas contabilizando as horas grau
necessárias, serão extraídos os ovócitos das fêmeas e o espermatozoide
dos machos maturados, misturando-os, fecundando-os e levados
posteriormente as incubadoras para a eclosão. Local também onde é
colocado um moedor, que realiza o processamento da carne de lambari,
para a confecção das almondegas, que são armazenas em um freezer, para
posteriormente serem fornecidos as matrizes de jundiá e cachara.

Figura 08: Sala de reprodução - local onde ocorre reprodução das matrizes e
processamento das almondegas.

Fonte: Acervo Pessoal


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1.6- Grande parte da área do barracão é destinada a localização das incubadoras


e as caixas de adaptação dos pintados (Figura 09), possuindo um total de
96 incubadoras de 120 litros e 56 caixas de 1000 litros, que são colocados
os ovos já fecundados para posterior eclosão. Após 5 dias as larvas de
tambaqui são soltas nos viveiros escavados para desenvolvimento. Já os
pintados, são levados as caixas de 1000 litros, onde serão treinados,
classificados, retirados os canibais e adicionados posteriormente aos
viveiros escavados.

Figura 09: Pavilhão destinadas a eclosão dos ovos e treinamento dos alevinos
nas incubadoras e caixas.

Fonte: Acervo Pessoal


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2. Tanques de estocagem dos peixes do programa de melhoramento genético


(Figura 10 e Figura 11) - ao lado do barracão estão localizados 85 viveiros
escavados, responsáveis pela estocagem de peixes do programa de
melhoramento genético de tambaqui, com um total de 57 famílias melhoradas.

Figura 10: Vista de cima, dos tanques de estocagem.

Fonte: Acervo Pessoal

Figura 11: Vista dos tanques de estocagem.

Fonte: Acervo Pessoal


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3. A fazenda dispõe de um total de 18 viveiros de estocagem e crescimento de


alevinos (Figura 12) atualmente com a construção do último tanque, com
dimensões variadas entre 300,0 m² a 3.800,0 m², e três viveiros na qual são
alocadas as matrizes, dois com dimensões de 1.500,0 m² e um de 2.700,0 m².

Figura 12: Tanques de crescimento e estocagem de alevinos a esquerda e


reservatório 03 a direta.

Fonte: Acervo Pessoal

4. A fazenda dispõe de um total de três reservatórios de água (Figura 12 e Figura


13), com dimensões de 2,60 ha, 2,20 ha e 1,30 ha, comum total de 6,10 há de
lâmina d’agua.
Figura 13: Reservatório de água 01.

Fonte: Acervo Pessoal


27

5. Sede (Figura 14) - local onde estão localizados os dormitórios e os alojamentos,


na qual os funcionários podem dormir caso precisem. É onde está localizado
também o refeitório dos funcionários.

Figura 14: Sede da fazenda, local onde se encontram os dormitórios e é realizada


as refeições dos funcionários.

Fonte: Acervo Pessoal


6. Decantação e Biofiltro (Figura 15) - Encontra-se atualmente no processo de
finalização do projeto. É um sistema responsável por receber toda a água
proveniente dos viveiros e do laboratório, chegando a um pequeno reservatório
onde a água será decantada e passará por um biofiltro, filtro mecânico e biológico
e, após ser tratada, será mandada novamente para os reservatórios através de
bombas d’agua, havendo um melhor aproveitamento da água que é utilizada na
fazenda de reprodução.

Figura 15: Sistema de Biofiltro da fazenda.

Fonte: Acervo Pessoal


28

5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E DISCUSSÃO

Durante o período de Estágio Supervisionado foram conduzidas diversas


atividades, tais como: fornecimento de ração aos peixes, despesca, práticas de
calagem e manutenção dos viveiros, parâmetros de qualidade da água (pH, amônia
toxica, dureza total da água, alcalinidade, temperatura e oxigênio dissolvido), controle
de lodo por meio de algicidas (Sulfato de cobre), fornecimento de Sal (NaCl),
construção de linhas nos tanques para combater a predação por pássaros,
fornecimento de “almondegas” aos pintados, jundiás e cacharas.
Foi utilizado sal comum (NaCl) nos viveiros escavados de melhoramento
genético dos tambaquis (Figura 16). Estes viveiros possuem dimensões de dois
metros de largura por 5 metros de comprimento e 1,5m de profundidade, com uma
área total de 10m² e 15m³, no qual foi padronizado 3kg de NaCl distribuídos a lanço
em cada viveiro, considerando para efeito de cálculo 200g de NaCl/m³. O sal comum
é utilizado na piscicultura de diversas maneiras, estimula a produção de muco
cobrindo feridas que podem ser causados durante a despesca, ou para alívios de
estresse durante manejos em caixas de transporte a longas e curtas distancias,
biometrias e classificações de tamanho, aliviando estresse e estimula a produção de
muco com problemas como bacteriose, auxiliando na recuperação dos animais
(KUBITZA,1997).
O Cloreto de sódio foi utilizado, principalmente, com o objetivo de reduzir e
amenizar o estresse causados pela queda brusca de temperatura ambiente, causando
quedas bruscas na temperatura da água e consequentemente um maior estresse a
esses animais que são originários da bacia Amazônica adaptados a temperaturas
mais altas. Segundo Teixeira, (1997), temperaturas ideias que proporcionam um maior
conforto térmico estão entre 26°C a 30°C.
29

Figura 16: Utilização de sal nos tanques do programa de melhoramento genético de


tambaqui.

Fonte: Acervo Pessoal

A utilização de algicidas foi realizada rotineiramente, na tentativa de reduzir a


abundância de fitoplânctons nos viveiros de produção mais intensiva. Os algicidas
sintéticos possuem uma vida residual longa, podendo acarretar em baixos níveis de
oxigênio dissolvido. O sulfato de Cobre possui uma vida residual curta e é comumente
recomendado para reduzir essa abundância de fitoplânctons nos viveiros e, em
particular, a presença de algas verdes-azuis (QUEIROZ; SILVEIRA, 2006).
Também foi utilizado Sulfato de Cobre (CuSO4) nos demais viveiros. Ele é um
importante algicida que combate o crescimento exagerado de algas, fitoplânctons e
quando há presença de lodo nos viveiros e, além disso, possui um efeito profilático,
combatendo fungos e bactérias. Alguns viveiros apresentaram lodo nas bordas,
prejudicando a qualidade da água, tendo maior oscilação no nível de Oxigênio nesses
respectivos viveiros, com maiores níveis de oxigênio dissolvido durante o dia devido
a fotossíntese realizada pelo grande número de fitoplânctons e algas presentes nos
viveiros consumindo o CO2 presentes e liberando Oxigênio. Contudo durante o
período da noite esse oxigênio é consumido durante o processo de respiração,
causando uma grande variação do oxigênio dissolvido presente na agua, atingindo o
pico próximo ao meio-dia e níveis próximo a zero durante a noite, causando estresse
aos animais, e hipóxia.
30

Ao ser utilizado o sulfato de cobre como algicida e controle de parasitas de


peixes deve-se considerar o nível de sensibilidade da espécie utilizada ao cobre, e
principalmente o pH da água que será utilizada como fonte de abastecimento dos
viveiros (CARVALHO; FERNANDES, 2006). Não se recomenda a utilização de sulfato
de cobre quando se tem viveiros que apresentam bloom de algas que possam cobrir
grande parte do viveiro, causando morte repentina nas algas e consequentemente
resultando na diminuição do oxigênio dissolvido, sufocando os peixes (WURTS,
DURBOROW, 1992).
A forma tóxica do sulfato de cobre é o íon cúprico, e esta concentração de íons
depende do pH, na proporção de que quanto maior for o pH maior será a dose exigida
de sulfato de cobre para matar as algas do tanque. A recomendação usual da
dosagem de sulfato de cobre que deve ser utilizada é igual a 1% da alcalinidade total
da água, sendo que em águas com dureza da água inferior a 50 mg/L o sulfato de
cobre se torna um agente extremamente tóxico (QUEIROZ; SILVEIRA, 2006).
Segundo Kubitza (1998), não é recomendado a aplicação de sulfato de cobre em
águas com alcalinidade total inferior a 40mg CaCO3/L.
O piscicultor deve conhecer com exatidão o perfil da água de abastecimento
dos tanques, viveiros e laboratórios em sua propriedade. Segundo Lima (2013), é
fundamental o controle da qualidade de água para que esses animais tenham
condições de se reproduzir, alimentar e crescer, e assim obtenha sucesso nessa
atividade produtiva. Assim, é necessário fornecer um ambiente de qualidade, dentro
dos parâmetros ideais para que os peixes possam expressar todo o seu potencial de
crescimento e assim fornecer um ambiente propicio, evitando fatores que possam
causar estresse aos animais, e consequentemente evitar o seu adoecimento e
possíveis perdas por mortalidade.
Duas vezes ao dia, antes de cada arraçoamento, na Fazenda Bom Futuro
Genética de Peixes, era realizada a mensuração dos parâmetros de Oxigênio
dissolvido e temperatura dos viveiros (Figura 17), assim condizendo com o que é
recomendado Segundo Kubitza (1998), os parâmetros de oxigênio dissolvido e
temperatura devem ser aferidos diariamente em cada viveiro ou tanque de produção.
São identificados os maiores e menores níveis de oxigênio dissolvidos nos tanques
com baixa renovação de água, respectivamente, no final da tarde e ao amanhecer. O
monitoramento diário destes valores ajudam a prever a ocorrência de níveis críticos
de oxigênio dissolvido, possibilitando a aplicação de aeração de emergência.
31

Com base nesses dois parâmetros, junto ao comportamento dos animais era
decidido se seria fornecido ração ou não para cada viveiro individual, sendo o oxigênio
dissolvido com valores menor que dois, durante a parte da manhã e valores menores
que quatro durante a parte da tarde era suspendido o arraçoamento. Segundo Lima
et. al (2013), quando ocorre alterações dos níveis dos parâmetros como O 2 dissolvido,
amônia, pH e a salinidade, podem afetar no consumo dos peixes. Para os peixes de
águas mais quentes (tropicais) o ideal é uma concentração acima de 3,0 mg/L (LIMA
et al., 2013).
Semanalmente, uma vez ao dia eram mensurados os parâmetros de pH (Figura
18), alcalinidade total (Figura 19), dureza da água (Figura 20), amônia total (Figura
21) e gás carbônico (Figura 22) dos viveiros, através do kit de análise Acqua Supre
(Figura 23). Condizendo em partes com que é recomendado segundo Lima et al
(2013), os parâmetros de dureza total, alcalinidade e transparência total deve ser
mensurados semanalmente uma vez ao dia, entretanto pH, amônia, temperatura e
oxigênio dissolvido devem ser mensurados diariamente, duas vezes ao dia antes do
nascer do sol e ao final da tarde. Já segundo Kubitza (1998), parâmetros de
alcalinidade e dureza devem ser avaliados mensalmente, principalmente em viveiros
com filtração excessiva, ocorrendo diluição dos efeitos da calagem devido a
necessidade de reposição da água.

A qualidade da água utilizada nos viveiros de cultivo de organismos aquáticos,


como a piscicultura, é influenciada pela diversidade de interações entre os
componentes químicos presentes dentro deste ambiente. Variando diariamente o pH
dos viveiros devido aos processos de fotossíntese e respiração pelos organismos
presentes neste meio, assim altas concentrações desses organismos, produzindo e
consumindo Oxigênio e gás carbônico, nos tanques, proporcionam uma maior
oscilação desses parâmetros, que é prejudicial a esses animais (WURTS;
DURBOROW, 1992).
Os parâmetros de temperatura e o Oxigênio dissolvido nos viveiros foram
aferidos através de um aparelho denominado Oxímetro (Figura 17). Variações bruscas
de temperaturas provocam choque térmico nos animais, os peixes apresentam baixa
tolerância a essas variações bruscas, sendo extremamente os ovos, larvas e alevinos,
podendo haver problemas com variações bruscas de mais ou menos 5ºC (SILVA et
al., 2007). Já para os peixes de águas mais quentes (tropicais) o ideal é uma
32

concentração acima de 3,0 mg/L (OSTRENSKY; BOEGER, 1988). Temperaturas


ideias que proporcionam um maior conforto térmico entre 26°C a 30°C (TEIXEIRA,
1997).
Segundo a metodologia da Acqua Supre, para medição de pH, foram coletados
5 ml de amostra em um tubo de plástico e em seguida adicionado 6 gotas do Reagente
1, misturando-os até homogeneização. A cor que resultar na mistura foi comparada à
escala de cores do pH obtendo assim o resultado (Figura 18).
No teste de Alcalinidade Total foram coletados 51,5 ml de água que foram
analisadas, se adicionou duas gotas do reagente 1 e misturando, e logo após o
reagente 2 que fala a titulação, de acordo com o número de gotas necessárias para
mudar a cor da água de verde para cinza-rosado, multiplicado por três, se obteve o
valor da Alcalinidade total da água (Figura 19). De modo geral, o valor recomendado
para que haja um ótimo desenvolvimento da maioria das espécies é entre 6,5 a 8,5.
Valores superiores a 8,5 e inferiores a 6,5 podem acarretar problemas fisiológicos
diversos tanto na reprodução quanto no crescimento dos animais (LIMA et al., 2013).
Para medição do parâmetro Dureza Total da água foram necessários três
reagentes1. Inicialmente foi coletado 51,5 ml dá água do viveiro que foi analisado e
transferido ao tubo de erlenmeyer e colocadas posteriormente 8 gotas do reagente 1,
uma medida do reagente dois e misturavam. A quantidade de gotas do reagente 3
necessários para mudar a água da cor vinho para azul, multiplicado por 3 determina
a dureza total da água (Figura 20).
Na mensuração da quantidade de Amônia Total da água, foram coletados 5ml
de água a ser analisada com o Tubo de Ensaio e adicionado 1 gota do Reagente 1,
misturando-os até homogeneização. Posteriormente foram adicionadas 4 gotas do
Reagente 2 se fazendo necessário aguardar 5 minutos para mudança de cor do
líquido. Após obter o resultado da coloração, o tubo era analisado quando aproximado
ao fundo branco da escala (Figura 21). Segundo Kubitza (1998), para que haja um
bom funcionamento mínimo do sistema tampão da água é necessário valores de
dureza e alcalinidade total acima de 30mg CaCO3/L.
No parâmetro de níveis de Gás Carbônico (CO2) presente na água, foram
coletados 51,5 ml de água, em sequência foi colocado duas gotas do indicador 1 e
dissolvido na água, assim o Reagente 2 foi utilizado como titulação, em que o número

1 Reagente 1, Reagente 2 e Reagente 3 (Figura 20).


33

de gotas necessárias para deixar a cor dá amostra rosa claro, multiplicado por dois,
determina o nível de mg de CO2 presente na água por litro (Figura 22). Durante o
período da noite, ocorrendo o processo de respiração, na qual é consumida o oxigênio
que foi produzido durante o dia pelas algas, juntamente com carboidratos, tendo como
produto final gás carbônico (SILVA et al., 2007).

Figura 17: Mensuração da temperatura e o Oxigênio dissolvido nos viveiros.

Fonte: Acervo Pessoal

Figura 18: Reagente utilizado para mensurar o pH da água dos respectivos viveiros.

Fonte: Acervo Pessoal


34

Figura 19: Reagentes utilizados para realizar o teste de Alcalinidade Total da água.

Fonte: Acervo Pessoal

Figura 20: Reagentes utilizados para mensuração da Dureza total da água.

Fonte: Acervo Pessoal


35

Figura 21: Reagentes utilizados para mensuração do parâmetro de Amônia Total da


água.

Fonte: Acervo Pessoal

Figura 22: Reagentes necessários para realização dos parâmetros de níveis Gás
Carbônico (CO2) presente na água.

Fonte: Acervo Pessoal


36

Figura 23: Kit de análise de água Acqua Supre, utilizado para mensuração dos
parâmetros de qualidade d’agua na Fazenda Bom Futuro Genética de Peixes.

Fonte: Acervo Pessoal


37

De acordo com Kubitza (2012), existem dois caminhos para que se possa ter
uma produção com eficiência e aos mesmo tempo reduzindo custos. O primeiro é
cuidar de fato da qualidade da água na criação. Em geral, os produtores enfatizam
que a qualidade da água é de extrema importância para atividade, mas poucos
realmente a monitoram de forma profissional. A grande maioria nem a monitora. O
segundo é tomar para si a responsabilidade pelo bom resultado das rações que usa
na piscicultura, já que a ração escolhida e a forma de seu fornecimento é inteiramente
da escolha do produtor, e não atribuir essa responsabilidade aos fabricantes. Vê-se
então a necessidade de registrar os resultados e índices de produção, avaliando a
qualidade das rações utilizadas, controlando os resultados e utilizando com melhor
eficiência a ração.
A alimentação adequada dos peixes é de suma importância para que haja um
bom empreendimento na piscicultura, já que, peixes estocados em viveiros não
conseguem obter a quantidade de nutrientes necessários para mantença e
crescimento. Então, é necessário que se forneça um alimento de boa qualidade e que
seja aproveitado devidamente pelos animais.
Segundo Kubitza (2010), fornecer uma adequada alimentação é essencial
para que se possa otimizar as características de ganho de peso e conversão alimentar
dos peixes. Podendo também influenciar no seu desempenho produtivo, bem como
qualidade, desenvolvimento e sobrevivência das pós-larvas e alevinos. O
Fornecimento de rações de alta qualidade contribui para a saúde e vigor dos peixes,
além de uma boa preservação da qualidade da água, deixando-os menos susceptíveis
a agentes patógenos e suportando maiores pressões de manejo. Deste modo a
qualidade das rações é um dos elementos mais importantes para se obter sucesso no
seu empreendimento.
O arraçoamento na fazenda Bom Futuro era realizado duas vezes ao dia todos
os dias. Às 7:00h da manhã e às 13:00h da tarde eram fornecidas rações da marca
Guabi mirim QS com 1 mm de tamanho para alevinos até 5 cm de comprimento e
acima de 5 cm Guabi pira alevino de 2 a 3 mm de espessura (Figura 24). Segundo
Ribeiro et al. (2015), recomenda-se que na fase de alevinagem, o fornecimento de
ração deve ser distribuir de duas a três vezes por dia. Já os horários que se deve
fornecer a ração, varia de acordo com a espécie cultivada. Porém, espécies onívoras
e carnívoras, recomenda-se o fornecimento nas primeiras horas do dia e o entardecer.
38

Sendo o ideal fornecer a ração sempre nos mesmos horários, todos os dias, e assim
ocorra um condicionamento dos peixes.

Figura 24: Fornecimento de ração aos alevinos.

Fonte: Acervo Pessoal

Uma das atividades realizadas foi dispor linhas de pesca na horizontal,


distribuídas paralelamente na superfície dos viveiros de crescimento e estocagem dos
alevinos. O principal objetivo da utilização de linhas de pescas nos viveiros é evitar
e/ou dificultar a predação dos juvenis e alevinos produzidos e estocados, já que, estes
animais são atraídos pela abundância de peixes nos viveiros, ao seu pequeno
tamanho e a sua facilidade de captura, tornando-se alvos de aves (Figura 25).
A predação por aves pode causar grandes estragos econômicos aos
produtores de alevinos, durante as experiências vivenciadas durante o estágio na
fazenda de reprodução e alevinagem, como por exemplo, o tanque 09 possuía
estocado 15 mil alevinos de tambaquis, durante um determinado período ocorreu a
predação constante por aves como Garça branca (Ardea alba) e o Biguá
(Nannopterum brasilianus), que ao final quando realizada a despesca desses animais
para a comercialização foram retirados aproximadamente 3 mil alevinos, causando
uma perda de aproximadamente 80% dos animais produzidos apenas por predação
de aves, considerando que o milheiro é vendido nos valores de 200 a 400 reais , tendo
sido perdidos 12 mil alevinos por predação, a empresa arcou com um prejuízo de R$
39

2.400,00 a 4.800,00 , apenas neste viveiro, verificando a importância da utilização de


redes que assegurem uma maior proteção contra pássaros.
Durante o período de vivência de estágio demonstrou que a utilização das
linhas de pesca impossibilitou a predação dos alevinos, ainda afastando esses
animais dos tanques, diminuindo os prejuízos da empresa.

Figura 25: Demonstra as linhas de pescas dispostas em um dos tanques de


alevinagem.

Fonte: Acervo Pessoal

O método da despesca é caracterizada como uma operação rotineira nas


pisciculturas, foram realizadas após cada etapa da criação (classificação e
transferência dos peixes para outras unidades de produção) ou ao final do cultivo, na
qual os peixes serão retirados para comercializados (Figura 26). Em viveiros
escavados geralmente são utilizadas redes de arrasto. Estas redes devem ter, no
mínimo, uma altura duas a três vezes superior à profundidade do tanque, e um
comprimento pelo menos 50% maior que a largura dos tanques. A abertura da malha
também deve ser ajustada ao tamanho dos peixes que serão capturados (pós-larvas
– malhas com abertura de 1mm; alevinos – malhas de 3 ou 5mm; juvenis – malhas de
5 ou 8mm; peixes adultos e reprodutores – malhas de 10, 15 ou 20mm, dependendo
da espécie e tamanho dos peixes). Após serem capturados com a rede, os peixes
podem ser transferidos diretamente das redes para as caixas de transporte (montadas
sobre caminhões ou carretas agrícolas) (Figura 27). Alevinos e juvenis geralmente são
40

carregados com baldes ou sacos plásticos. Peixes de maior tamanho devem ser
carregados com sacolas de vinil ou mesmo com sacos de ráfia (em geral são usados
sacos de ração) (KUBITZA, 2009).

Figura 26: Funcionário se preparando para início da despesca dos alevinos.

Fonte: Acervo Pessoal


41

Figura 27: Caixa utilizada na despesca e transporte dos alevinos.

Fonte: Acervo Pessoal

As almondegas (Figura 28) são produzidas na fazenda como uma fonte de


complemento na dieta das matrizes de cachara e jundiá, já que foram fornecidas as
matrizes todos os dias, duas vezes ao dia a ração extrusada da marca Guabi Pirá de
14mm, contendo 28% de Proteína Bruta. Três vezes na semana (segunda-feira, terça-
feira e quarta-feira) a almondega foram fornecidas. As almondegas eram processadas
em uma proporção de 50% de lambari (Astyanax spp) e 50% de ração farelada
(Guabitech Mirim QS Pó com 55% de Proteína Bruta), na qual era formadas de forma
circular, e depois congeladas em porções, na qual posteriormente seriam fornecidas
as matrizes e reprodutores.
A boa nutrição das matrizes é talvez um dos grandes entraves para produtores
nessa área de alevinagem, já que normalmente são lembrados apenas durante o
período de reprodução, e esquecidos o resto do ano, sendo que para que para que
esses animais estejam aptos para reprodução, se é necessário um acompanhamento
e uma boa nutrição durante o ano todo, para que assim o animal possa expressar todo
o seu potencial como um bom reprodutor, produzindo ovócitos e espermatozoides de
qualidade e quantidade significativas.
42

Na criação de peixes, a nutrição proteica, é um fator essencial para o aumento


da sua produtividade. Contudo, vê-se a importância de se reconhecer os requisitos
nutricionais do perfil de aminoácidos de cada espécie (LIMA et al., 2015).
Gunasekera e Lam (1997), realizaram testes sobre a influência da proteína na
maturação gonadal, desova e fecundação em tilápias (Oreochromis niloticus),
trabalhando com diferentes níveis de proteina, constataram que reprodutores tratados
com níveis entre 32 a 40% de proteína apresentaram antecipação da puberdade,
tendo também um amadurecimento dos ovócitos mais rápida do que os reprodutores
alimentados com níveis menores de proteína.
Segundo Navarro et al. (2010), os reprodutores na piscicultura necessitam de
uma nutrição adequada e de alta qualidade, principalmente no início do
desenvolvimento gonadal e no período da vitelogênese. Sendo que a má nutrição por
consequências pode causar retardamento no desenvolvimento gonadal, baixa
eclodibilidade, diminuição na fertilização e baixa motilidade espermática,
comprovando a importância da nutrição no desenvolvimento reprodutivo.
43

Figura 28: A primeira imagem são almondegas já congeladas e prontas, a segunda é


o lambari congelado que após processamento será utilizado como componente das
almondegas e a última imagem são as almondegas já finalizadas.

Fonte: Acervo Pessoal

Em tanques com baixa renovação de água, a reposição realiza apenas devido


a perdas por infiltração e evaporação, geralmente não excedendo a 5% do volume do
tanque diariamente. As perdas por infiltração são pequenas em tanques construídos
adequadamente (com permeabilidade baixa). Todavia, tanques que apresentam
maiores perdas por infiltração consequentemente possuem uma alta taxa de
reposição de água, podendo muitas vezes superar 30% do volume total do tanque por
dia (KUBITZA, 2008).
Devido ao perfil do solo da região, sendo mais pedregoso e com maiores
percentagens de argila e assim mais propícios a rachaduras e consequentemente
causando infiltração, juntamente com o tempo em que aqueles viveiros foram
escavados, houve necessidade de uma reforma de alguns dos tanques da
propriedade, devido a essa constante perda de água por infiltração (Figura 29). Após
a despesca e retirada dos alevinos, todos os viveiros que apresentavam problemas
com infiltração, foi escoada toda a água e posteriormente retirada todo o sedimento e
44

material eutrofizado presente no fundo dos tanques, foi colocado uma nova camada
de solo no fundo dos tanques e refeito os taludes, e por fim devidamente compactado
o solo para que não haja uma posterior infiltração.

Figura 29: A primeira imagem mostra o viveiro seco após a despesca, e a segunda
imagem o mesmo viveiro após a retirada do material eutrofizado e reconstrução do
viveiro.

Fonte: Acervo Pessoal


Na piscicultura ainda persiste a realização de manejos de forma empírica, como
a própria escolha da espécie utilizada, fornecimento de sal, fontes de alimento
alternativos no lugar da ração, ou a utilização de medicamentos, muitas vezes
passada de um produtor para o outro, sem ter a real comprovação cientifica de sua
utilidade. Dito isso, monstra a importância da atuação da área cientifica junto a pratica,
comprovando ou desmistificando alguns desses relatos, dando uma maior segurança
ao produtor.
45

As atividades realizadas durante o período de estágio na Fazenda Bom Futuro


Genética de peixes, em sua grande maioria, foram realizadas de forma a atender os
parâmetros que são sugeridos na literatura como ideais para uma boa produção em
uma piscicultura, como foi descrito neste trabalho. Destacando sempre a importância
desses manejos durante a produção e comercialização do produto final, se tornado
fundamental para o sucesso na atividade.
46

6. CONCLUSÕES

As práticas de manejo utilizadas durante todo o processo de produção, como a


escolha da espécie, monitoramento dos parâmetros da água, ração utilizada, entre
outros. Torna-se o diferencial na obtenção de bons índices produtivos, garantindo
assim uma boa lucratividade ao produtor. Vê-se a importância do monitoramento dos
parâmetros ideais da água para que se proporcionem um bem-estar aos peixes,
oferecendo um ambiente propício para o crescimento e ganho de peso e reprodução.
Bem como a qualidade da ração fornecida e as perdas econômicas que são
proporcionadas pela predação desses animais. Conscientizando o produtor da
importância de se manter uma nutrição adequada das matrizes e reprodutores o ano
todo, assim chegando ao período reprodutivo aptas para indução e reprodução desses
animais.

Portanto, vê-se a importância da utilização de boas práticas de manejo durante


a produção fornecendo condições ideias para que assim possa se explorar todo o
potencial produtivo das espécies que serão utilizadas.
47

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A vivência do estágio supervisionado é de grande importância para que os


graduandos utilizem dessa oportunidade e assim coloque em prática todo o
conhecimento adquirido durante o período de graduação. Vivenciando experiências
importantes para o aprendizado, somando assim o seu conhecimento teórico ao
pratico, para que tal conhecimento possa ser empregado da melhor forma possível
em diversas situações futuras que venham ser necessitadas, tendo em vista que cada
localidade se distinguiu uma das outras de acordo com sua estrutura, ambiente e o
sistema empregado na propriedade.

É importante destacar a excelente estrutura da empresa e a capacidade de


produção, bem como a equipe de funcionários. Contudo, vê-se a importância da
realização de algumas melhorias, como por exemplo, a redução do número de
matrizes utilizadas, evitando maiores gastos no fornecimento da ração. Bem como um
melhor acompanhamento da ração utilizada durante todo o período de produção e se
os peixes estão respondendo, sem que prejudique a qualidade da água. Importante
também destacar a boa nutrição e importância que dão as matrizes durante todo o
ano, este é um fator essencial, e um grande entrave na produção de alevinos.

Na piscicultura em geral, principalmente com relação às espécies nativas, ainda


há um grande campo de atuação a ser explorado pela área de pesquisa, já que ainda
há poucos trabalhos comprovando o potencial desses animais, e pelo pouco tempo
de exploração dessas espécies não atingindo ainda o patamar na área de
melhoramento genético vivenciada por espécies mais avançadas, como é o caso da
tilápia. Com isso vê-se a importância do programa de melhoramento genético de
tambaquis realizado na fazenda Bom Futuro Genética de peixes.
48

REFERÊNCIAS

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