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Universidade Federal de Tocantins

Campus Universitário de Gurupi


Engenharia Florestal

Fertilidade do Solo e Adubação

Aula 4
Calagem

Professor: Renisson Neponuceno de Araújo Filho

Gurupi-TO 1
CALAGEM

✓ A acidez é a primeira característica do solo que deve ser levada em


consideração em uma área a ser cultivada.
✓ Os solos brasileiros apresentam na sua grande maioria, valores de pH
inferiores a 5,5, gerando condições inadequadas ao desenvolvimento de
plantas.
✓ Além da ocorrência natural da acidez do solo, o próprio cultivo tende a
acentuar o problema devido a absorção de cátions pelas raízes das
plantas, como também, pela aplicação ao solo de fertilizantes
acidificantes.

2
CALAGEM

✓ A correção da acidez do solo, também denominada calagem, tem por


finalidade corrigir a acidez proveniente do H+, precipitar Al3+ e fornecer
Ca2+ e Mg2+ para as plantas, agindo assim como corretivo de condições
adversas do solo e também como fertilizante.

✓ A calagem proporciona um maior crescimento do sistema radicular, uma


maior absorção de água e nutrientes, e por conseguinte, um aumento
na produtividade.

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MATERIAIS CORRETIVOS DA ACIDEZ

✓ Dentre os materiais corretivos da acidez do solo, o calcário é o mais


utilizado no Brasil. Seu constituinte neutralizante é o CaCO3, carbonato
de cálcio, normalmente associado ao MgCO3, carbonato de magnésio.

✓ Além do calcário, outros materiais também podem ser utilizados como


corretivos, como óxidos ou hidróxidos de cálcio ou magnésio e
escórias de siderurgia.

calcário dolomítico hidróxidos de cálcio escórias de siderurgia


MATERIAIS CORRETIVOS DA ACIDEZ

✓ Calcários
✓ São obtidos pela simples moagem de rochas calcárias. O seu uso é
justificado pela abundância das jazidas mais ou menos bem distribuídas
no Brasil e por cumprirem os objetivos da calagem, ou seja, são capazes
de neutralizar a acidez, precipitam Al+++, fornecem Ca++ e Mg++ e os
produtos de sua reação no solo são inertes.

✓ A ação neutralizante do calcário, ocorre de acordo com as seguintes


reações, tomando como exemplo o CaCO3 e MgCO3
MATERIAIS CORRETIVOS DA ACIDEZ
➢ Calcários
✓ Ação neutralizante do calcário
Ca (Mg)CO3 + H2O Ca+2 (Mg+2)O + CO3 -2
CO3 -2 + H2O ⇄ HCO3 - + OH-
HCO3 - + H2O ⇄ H2CO3 -+ OH-
H+OH ⇄ H2O
✓ Portanto, o ânion acompanhante do cálcio ou do magnésio é o
responsável pela neutralização.
✓ CO3 é uma base fraca isto é, formação dos íons neutralizantes OH- é
lenta. Por isso a necessidade de se aplicar calcário com a devida
antecedência.
✓ Calcário calcítico – menos de 10% MgCO3 ou menos 5% MgO
✓ Calcário magnesiano – 10 a 25% MgCO3 ou menos 5 a 12% MgO
✓ Calcário dolomítico – mais 25% MgCO3 ou mais de 12% MgO
MATERIAIS CORRETIVOS DA ACIDEZ
➢ Óxidos
✓ Os óxidos de cálcio e magnésio, são obtidos através da calcinação completa do
calcário. O óxido de cálcio é conhecido como cal virgem. A calcinação ocorre
segundo a reação:
Ca (Mg)CO3 calor Ca (Mg)O + CO2
✓ A ação neutralizante dos óxidos se deve a reação abaixo:
Ca (Mg)O + H2O ⇄ Ca+2(Mg+2) + 2OH- + calor
✓ A aplicação da cal virgem requer certos cuidados, pois sua reação no solo libera
calor podendo danificar sementes, plântulas e microrganismos. Assim, sua
aplicação requer uma certa antecedência do plantio.
✓ A calcinação parcial do calcário, produz o calcário calcinado, onde nem todo o
CaCO3 e MgCO3 são decompostos, resultando em uma mistura de CaCO3,
MgCO3, não decompostos e CaO e MgO.
MATERIAIS CORRETIVOS DA ACIDEZ

➢ Hidróxidos
➢ Resultam da hidratação dos óxidos de cálcio e magnésio, como mostra a
reação abaixo
Ca (Mg)O + H2O ⇄ Ca (Mg)(OH)2 + calor

➢ A ação de neutralização do hidróxido de cálcio, também chamada cal


hidratada, deve-se a reação abaixo:

Ca(Mg) (OH)2 + H2O ⇄ Ca+2 (Mg+2) + 2OH-


➢ A cal hidratada é um pó branco de difícil e desagradável manuseio
durante a aplicação no solo.
MATERIAIS CORRETIVOS DA ACIDEZ

➢ Escórias de siderurgia

✓São subprodutos da indústria do aço, contendo silicatos e óxidos de cálcio


e magnésio, além de fosfatos. Sua ação neutralizante deve-se a ação dos
óxidos de cálcio e magnésio e silicatos de cálcio e magnésio, que se
comportam de forma semelhante ao calcário.

Ca(Mg) SiO3 + H2O ⇄ Ca++ (Mg++) + SiO3-2


SiO3-2 + H2O ⇄ HsiO3-+ OH-
HsiO3- + H2O ⇄ H2SiO3+ OH-
BENEFICIOS PRÁTICA DA CALAGEM

➢ Diminuir toxidez de H+, Al+3 e Mn+2


➢ Aumentar a mineralização da MO, consequentemente aumentando a
disponibilidade de nutrientes: N,S, P e B.
➢ Aumentar a disponibilidade de cálcio e magnésio, por adição direta no
solo.
➢ Aumentar a disponibilidade de fosforo e molibdênio presentes em
formas fixadas e de menor disponibilidade no solo.
➢ Aumentar a fixação simbiótica e não simbiótica do N2.
➢ Aumentar a atividade de bactérias nitrificadoras.
➢ Aumentar a CTC do solo, reduzindo problemas de salinidade e
lixiviação de cátions.
➢ Aumentar a eficiência da adubação.
PODER DE NEUTRALIZAÇÃO

➢ O poder de neutralização de um corretivo é dado pela quantidade de


ácido que o mesmo é capaz de neutralizar, o que depende de sua
natureza química e do grau de pureza.

➢ Os diferentes constituintes do calcário têm diferentes capacidades de


neutralização da acidez. Afim de que o teor de neutralizantes reflita a
capacidade de neutralização relativa entre eles, este teor é expresso em
percentagem equivalente de carbonato de cálcio – %ECaCO3, tomado
como padrão, ao qual se atribuiu o valor de 100%.
PODER DE NEUTRALIZAÇÃO

➢ A capacidade de neutralização dos outros constituintes dos corretivos, é


calculada com base no princípio da equivalência química, e estão
expressos na tabela abaixo:

Espécie Química % ECaCO3

CaCO3 100
MgCO3 119
CaO 179
MgO 248
Ca(OH)2 135
Mg(OH)2 172
CaSiO3 86
MgSiO3 100
PODER DE NEUTRALIZAÇÃO

➢ O poder de neutralização de um corretivo da acidez é determinado


analiticamente, fazendo-se a reação de uma amostra do corretivo, com
uma quantidade conhecida e em excesso de HCl. Após a reação,
determina-se o excesso de ácido, e por diferença calcula-se a
quantidade de ácido neutralizada pelo corretivo, que é o seu PN,
expresso em %ECaCO3.

➢ A determinação do PN, apesar de expressa em %ECaCO3, indica


apenas o conteúdo de neutralizantes, mas não a natureza deles. Nos
corretivos da acidez do solo, os neutralizantes devem estar associados
ao cálcio ou ao magnésio, razão pela qual, estes dois constituintes
também precisam ser determinados, e são expressos
convencionalmente em %CaO e %MgO.
PODER DE NEUTRALIZAÇÃO

➢ A capacidade de neutralizar a acidez que um calcário apresenta,


também pode ser determinada, aproximadamente, a partir da %CaO e
%MgO do corretivo. A conversão destes óxidos em %ECaCO3 é
denominado de Valor Neutralizante – VN, que pode ser calculado pela
fórmula:
VN = %ECaCO3 = ( (%CaO x %ECaCO3) + (%MgO x %ECaCO3))/100
➢ O valor de VN pode superestimar o valor de PN do calcário. Um PN ou
VN de um corretivo igual a 120%, indica que 100Kg deste corretivo,
correspondem a 120Kg de CaCO3, da mesma forma que um PN ou VN
de 80% indica que 100Kg deste corretivo, correspondem a 80Kg de
CaCO3.
PODER DE NEUTRALIZAÇÃO

➢ A legislação brasileira determina que os corretivos comercializados


devem possuir as seguintes características mínimas:

Material % PN %CaO + MgO


Calcário 67 38
Cal virgem agrícola 125 68
Cal hidratada agrícola 94 50
Calcário calcinado 80 43
Escórias 60 30
Outros 67 38
Reatividade - Re

➢A ação neutralizante ou eficiência dos corretivos também depende do


tamanho das partículas, pois a velocidade de reação depende da área
superficial de contato (superfície específica) da partícula com o solo.
Quanto menor a partícula, maior a velocidade de reação.
➢O tamanho das partículas nos corretivos é muito variável, considerando
como referencial o tempo de três meses para a reação, isto é, a reatividade
ou eficiência relativa refere-se ao percentual do corretivo que reage em três
meses.

Fração granulométrica ( em mm) Peneira ABNT Reatividade (%)


>2,00 Retida na peneira 10 0
2,00 – 0,84 Passa na peneira 10
Retida na peneira 20 20
0,84 – 0,30 Passa na peneira 20
Retida na peneira 50 60
>0,30 Passa na peneira 50 100
Reatividade - Re

➢A reatividade do corretivo será igual a média ponderada da reatividade das


classes de partículas, considerando a granulometria da amostra analisada.

Re = (A x 0) + (B x 20) + (C x 60) + (D x 100)


100
onde: A = % de partículas retidas na peneira 10 (> 2,00mm)
B = % de partículas retidas na peneira 20 (< 2,00mm e > 0,84mm)
C = % de partículas retidas na peneira 50 (< 0,84mm e > 0,30mm)
D = % de partículas que passaram na peneira 50 (> 0,30mm)

➢A atual legislação determina as seguintes características mínimas: Passar


95% em peneira de 2,00mm (ABNT 10), 70% na peneira de 0,84mm (ABNT
20), e 50% em peneira de 0,30mm (ABNT 50).
Poder Relativo de Neutralização Total – PRNT
➢O poder relativo de neutralização total, engloba as características químicas, ou
seja, o poder de neutralização de um corretivo, e sua característica física ou sua
granulometria. O PRNT é dado pela fórmula:
PRNT = (PN x Re)/100
➢O PRNT expressa a quantidade do PN de um calcário que reagirá no solo, em um
período de três meses.

➢O significado deste índice é o seguinte: Um calcário com PN = 97% e Re = 80%


terá um PRNT = 77,6%. Lembrando que Reatividade é o percentual da ação do
corretivo em um período de 3 meses devido à granulometria, o PRNT significa então
que 80% (Re) do seu potencial de neutralização (PN = 97%) será exercido em 3
meses. Isto é, o seu PN de 97% estará assim dividido: 77,6% agirá em 3 meses e o
restante (97 – 77,6), 19,4% agirá posteriormente.
Poder Relativo de Neutralização Total – PRNT
➢Assim, calcários que apresentam o mesmo PRNT, possuem efeitos semelhantes
nos três primeiros meses, mas podem apresentar diferentes efeitos residuais, como
exemplifica a tabela abaixo:

Calcários PN Re PRNT Ação do PN


3 meses Posterior
A 100 70 70 70 30
B 80 87 70 70 10
C 70 100 70 70 0
➢Assim, fica claro, que apenas o PRNT de um calcário não permite uma adequada
avaliação dos corretivos, razão pela qual, a legislação exige a garantia do PN além
do PRNT dos calcários.
➢ Embora a atual legislação não apresente nenhuma classificação dos
calcários quanto a faixa de PRNT, é comum encontrar na literatura especializada a
classificação dos calcários em quatro faixas de acordo com o PRNT:
➢ FAIXA A = PRNT entre 45,0 e 60%; FAIXA B = PRNT entre 60,l e 75%; FAIXA C
= PRNT entre 75,l e 90%; FAIXA D = PRNT maior que 90%
METODOS PARA A DETERMINAÇÃO DA NECESSIDADE DE CALAGEM

➢Necessidade de calagem é a quantidade de um corretivo da acidez


necessário para a neutralizar a acidez do solo, de uma condição inicial até
uma condição desejada.

➢Existem vários métodos de determinação da necessidade de calagem em


uso no Brasil. Em todo e qualquer método, está implícito o uso de calcário
com PRNT = 100%. Isto porque, os corretivos têm sua eficiência expressa
em termos de %ECaCO3, padronizada como 100%.
MÉTODO DA INCUBAÇÃO
➢Consiste na incubação de amostras de solo com doses crescentes de calcário ou
CaCO3 p.a., com um teor de umidade abaixo da capacidade de campo, no ponto de
friabilidade, por um período de 45 a 60 dias. Decorrido este período de tempo, os
solos são analisados. A partir dos resultados analíticos, são feitos gráficos entre a
quantidade de calcário e o pH, e ou a saturação de bases, através dos quais
determina-se a necessidade de calagem para um dado valor de pH ou de saturação
de bases.

➢Este método é considerado padrão, usado em pesquisa e na aferição e


desenvolvimento de outros métodos. Apresenta alguns inconvenientes devido a
mineralização da matéria orgânica durante a incubação e o efeito de sais solúveis,
que por afetar a força iônica, causam erros na medida do pH em água, que pode ser
evitado, fazendo a leitura do pH em CaCl2 0,01M.
MÉTODO BASEADO NA NEUTRALIZAÇÃO DO AL3+

➢Trabalhos de Colemann et al., 1959, e Kamprath, 1970, preconizaram a idéia de


que a calagem deve ser suficiente para neutralizar o Al3+, pois em solo ácidos, com
pH inferior a 5,0 o cátion predominante é o Al3+ e não o H+. Ficou estabelecido que
a acidez trocável é constituída principalmente pelo Al3+, que afeta o crescimento das
plantas, ficando também evidenciado que a valores de pH 5,5 ou acima, os solos
não contém Al3+.

➢Este método foi adotado no Brasil, sendo a dose de calcário, recomendada pela
expressão:
NC = Y . Al3+
➢Onde Y assume os valores de 1, 2 ou 3, para solos de textura arenosa, média ou
argilosa, respectivamente.
Método baseado na neutralização do Al+++ e elevação dos teores
de Ca++ + Mg++
➢Variação do método original de Kamprath, levando-se em conta também os níveis
de Ca2+ e Mg2+ do solo. Duas versões deste método vêm sendo utilizadas:

➢4ª aproximação (CFSEMG, 1989). Por esta versão, a dose de calcário é


recomendada pela expressão:
NC = Y . Al3+ + [ X - ( Ca2+ + Mg2+ ) ]

➢Onde: Y é fator relacionado ao solo, assumindo os valores 1, 2 ou 3, para solos de


textura arenosa, média ou argilosa, respectivamente;
X é fator relacionado à planta, assumindo também os valores de 1, 2 ou 3, para
culturas tolerantes a acidez, maioria das culturas e culturas exigentes,
respectivamente. No caso do teor de Ca++ + Mg++ já estar igual ou superior ao
valor de X, o cálculo será feito com base apenas na primeira parte da
expressão, ou seja: NC = Y . Al+++
Método baseado na neutralização do Al+++ e elevação dos teores
de Ca++ + Mg++
➢5ª aproximação (CFESEMG, 1999). Na tentativa de sanar parte das deficiências
da versão anterior, nesta versão considera-se ao mesmo tempo características do
solo e exigências das culturas. Procura-se por um lado, corrigir a acidez do solo e
para isto leva-se em conta a susceptibilidade, ou, a tolerância, da cultura à elevada
acidez trocável (considerada a máxima saturação de Al+++ tolerada pela cultura, mt
) e a capacidade tampão do solo (Y) e, por outro, se quer elevar a disponibilidade
de Ca++ e Mg++ de acordo com as exigências das culturas nestes nutrientes (X).

➢A necessidade de calagem é assim calculada:


NC = Y[ Al3+ - ( mt . t/100 ) ] + [ X – (Ca2+ + Mg2+) ]
Onde: Y é um valor variável em função da capacidade tampão da acidez do solo
(CTH) e que pode ser definido de acordo com a textura do solo.
Método baseado na neutralização do Al+++ e elevação dos teores
de Ca++ + Mg++
➢5ª aproximação (CFESEMG, 1999). Na tentativa de sanar parte das
deficiências da versão anterior, nesta versão considera-se ao mesmo
tempo características do solo e exigências das culturas.

➢Procura-se por um lado, corrigir a acidez do solo e para isto leva-se em


conta a susceptibilidade, ou, a tolerância, da cultura à elevada acidez
trocável (considerada a máxima saturação de Al+++ tolerada pela cultura,
mt ) e a capacidade tampão do solo (Y) e, por outro, se quer elevar a
disponibilidade de Ca++ e Mg++ de acordo com as exigências das culturas
nestes nutrientes (X).
Método baseado na neutralização do Al+++ e elevação dos teores
de Ca++ + Mg++
➢ A necessidade de calagem é assim calculada:
NC = Y[ Al+++ - ( mt . t/100 ) ] + [ X – (Ca++ + Mg++) ]
Onde: Y é um valor variável em função da capacidade tampão da acidez do
solo (CTH) e que pode ser definido de acordo com a textura do solo.

Textura do solo % de argila Valor de Y


Arenosa 00 - 15 0,0 - 1,0
Média 15 - 35 1,0 - 2,0
Argilosa 35 - 65 2,0 - 3,0
Muito Argilosa 65 – 100 3,0 - 4,0
Método baseado na neutralização do Al+++ e elevação dos teores
de Ca++ + Mg++
➢ O valor de Y também pode ser definido de acordo com o valor de fósforo
remanescente (P-rem), que é o teor de P da solução de equilíbrio após
agitar durante 1h a TFSA com solução de CaCl2 0,01M, contendo 60mg/L
de P na relação 1:10.
➢ O uso da determinação do P-rem como estimulador da CTH, em lugar do
teor de argila, além das vantagens práticas e operativas que apresenta,
deve-se ao fato da CTH e o valor de P-rem dependerem não somente do
teor de argila, mas também da sua mineralogia e do teor de matéria
orgânica (CFSEMG, 1999).
P – Rem (mg/L) Valores de Y
0 - 4 4,0 - 3,5
4 - 10 3,5 - 2,9
10 - 19 2,9 - 2,0
19 - 30 2,0 - 1,2
30 - 44 1,2 - 0,5
44 - 60 0,5 - 0,0
Método baseado na neutralização do Al+++ e elevação dos teores
de Ca++ + Mg++

➢ O valor de X, é variável em função dos requerimentos de Ca e Mg pelas


culturas, o valor mt é a máxima saturação de Al3+ tolerada pela cultura,
em %, e t, é a CTC efetiva do solo, expresso em cmolc/dm3.

➢ No caso do teor de Ca2+ + Mg2+ já estar igual ou superior a X, o cálculo


será feito com base apenas na primeira parte da expressão, ou seja:
NC = Y[Al3+ - (mt . t/100)]
MÉTODO DA SATURAÇÃO DE BASES
➢ Este método baseia-se na elevação da saturação de bases do solo, a
valores desejados para diferentes espécies vegetais, considerando a
estreita relação entre a percentagem de saturação de bases e o pH do
solo. A necessidade de calagem é dada pela expressão:
NC = ((V2 – V1) T)/100
➢ Onde: V2 = Percentagem de saturação de bases desejada, de acordo com as
necessidades das culturas (tabela anexa); V1 = Percentagem de saturação de
bases atual do solo; T = CTC potencial (CTC a pH 7,0) atual do solo; Para solos
com alto teor de matéria orgânica, o valor de V2 deve ser de 10 a 20 pontos
abaixo daquele normalmente recomendado.
➢ Vantagens: Considera a saturação de bases ideal para a máxima
produção; Integra os fatores do solo que afetam a capacidade tampão;
maior efeito residual da calagem; maior eficiência global na absorção de
nutrientes.
DETERMINAÇÃO DA QUANTIDADE DE CALAGEM
➢ A necessidade de calagem calculada pelos métodos anteriores, indica a
quantidade de um calcário PRNT = 100%, a ser incorporado por hectare, a uma
profundidade de 20cm. Entretanto, dificilmente o calcário apresentará PRNT =
100% e em alguns casos, poderá ser incorporado a menos de 20cm de
profundidade (culturas perenes instaladas) ou a profundidades maiores. No caso
das culturas perenes instaladas, deve-se ainda levar em conta somente a área
que efetivamente receberá calagem. Assim a NC calculada, deverá ser ajustada
proporcionalmente a estas outras condições, podendo para isto ser utilizada a
expressão:
QC = NC x 100 x PF x SE
PRNT 20 100

➢ Onde: PRNT = PRNT do calcário a ser utilizado; NC= Necessidade de calagem


em ton/ha obtida por qualquer método; PF= Profundidade de incorporação do
calcário, em cm; SE= Superfície de calagem ou área que receberá efetivamente
calagem, expressa em %
EFEITO RESIDUAL DA CALAGEM
➢ O efeito residual da calagem depende de vários fatores de acidificação do
solo já estudados, poder tampão e da granulometria do calcário.
➢ Quanto a este último item, vale ressaltar que nem sempre um calcário de
PRNT elevado e granulometria fina, é o mais recomendado.
➢ Um calcário que apresenta PRNT = 110%, irá reagir todo ele, em um
período inferior a três meses.
➢ Um calcário com PRNT = 70%, indica que 70% do seu poder de
neutralização irá reagir em três meses, porém os outros 30% reagirão
após este tempo, aumentando o poder residual da calagem.
➢ Assim, na calagem que antecede a implantação de culturas perenes e
pastagens ou a implantação do sistema de plantio direto, deve-se dar
preferência a calcários de granulometria mais grosseira.
EFEITO RESIDUAL DA CALAGEM
➢ O efeito residual da calagem será tanto menor, quanto maior for a ocorrência de
um dos seguintes fatores:
▪ Uso de fertilizantes nitrogenados amoniacais, notadamente o sulfato de amônio;
▪ Remoção de bases por colheitas sucessivas;
▪ Precipitação elevada;
▪ Chuva ácida;
▪ Cultivo de plantas acidificadoras da rizosfera;
▪ Cultivo em solo de baixo poder tampão;
▪ Uso de corretivos de alta reatividade;
▪ Uso de doses de corretivos abaixo da dose recomendada.
➢ Em condições favoráveis, o efeito residual pode chegar a cinco anos, mas
somente a análise química do solo poderá avaliar a necessidade ou não de nova
calagem. Depois da aplicação da dose recomendada para a elevação do pH do
solo a um nível desejado, a dose necessária nas aplicações subseqüentes para
mantê-lo neste nível, serão menores que a primeira.
ASPECTOS ECONÔMICOS DA CALAGEM

➢ A calagem deve ser considerada como um investimento e desta forma,


deve-se considerar um período de amortização, igual ao seu efeito
residual, de 1 a 4 anos.

➢ O calcário é um insumo relativamente barato em vista da abundância e


distribuição de jazidas no Brasil, entretanto, pode Ter o seu preço elevado,
em função do custo de transporte. Assim, na escolha do corretivo, em
condições comparáveis, considerando apenas o custo do corretivo, o
calcário mais econômico é aquele que apresentar menor custo por
tonelada efetiva, ou seja, aquela que efetivamente reagirá no solo,
conforme a expressão:
Preço por tonelada efetiva (PTE) = Preço por tonelada na propriedade X 100
PRNT
ÉPOCA E FORMA DE INCORPORAÇÃO

➢ A solubilidade em água dos calcários é baixa, e devido a isto, as reações


são lentas. Assim, a solubilização do calcário, sem a qual não há
neutralização da acidez, demanda tempo e exige sua incorporação para
aumentar o contato entre o corretivo e as partículas do solo.

➢ É por isto que a calagem deve ser feita com a maior antecedência
possível, pelo menos 2 a 3 meses antes da semeadura. No caso da
utilização de calcários calcinados e outros materiais mais reativos, a
calagem pode ser feita de 30 a 60 dias antes do plantio.

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