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Juiz de Fora
2017
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Juiz de Fora
2017
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................. 4
2. REGIÃO ........................................................................................... 6
3. RAÇA ............................................................................................... 8
4. GRANJA ........................................................................................... 8
5. BIOSSEGURIDADE ..........................................................................15
6. GESTÃO AMBIENTAL DE RESÍDUOS NA PRODUÇÃO
DE SUÍNOS ............................................................................ 19
a. DEJETOS LÍQUIDOS E EXCRETAS DA PRODUÇÃO
i. Esterqueiras ......................................................... 20
ii. Biodigestores....................................................... 22
b. DEJETOS SÓLIDOS (CADÁVERES E OUTROS RESÍDUOS
BIOLÓGICOS)
i. Compostagem ...................................................... 24
ii. Método para montagem ....................................... 25
c. LIXO PERECÍVEL E LIXO RECICLÁVEL ........................ 27
7. REPRODUÇÃO .................................................................................. 28
a. MANEJO DOS MACHOS ................................................. 29
b. MANEJO DAS PORCAS .................................................. 29
c. MANEJO DAS LEITOAS .................................................. 29
8. GESTAÇÃO .............................................................................. 30
9. MATERNIDADE ......................................................................... 30
10. CRECHE .................................................................................. 31
11. CRESCIMENTO ....................................................................... 32
12. ALIMENTAÇÃO ....................................................................... 34
a. QUALIDADE DA ALIMENTAÇÃO ................................... 34
b. INGREDIENTES PARA ALIMENTAÇÃO DOS SUÍNOS
i. Alimentos essencialmente energéticos .................. 35
ii. Alimentos energéticos também fornecedores de
proteína. ..............................................................................
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1. INTRODUÇÃO
No caso do Sistema Intensivo (SISCON), ele é caracterizado por ser um
sistema de produção intensivo que busca atingir o máximo de ganho de peso
em espaço de tempo mínimo. Os animais são confinados em espaço reduzido
e possuem rações específicas para cada fase, assistência técnica e mão-de-
obra especializada. O melhoramento genético está presente otimizando a
produção. Todas as ações e atividades são previamente planejadas e
definidas. O grande inconveniente deste sistema são os custos elevados e os
impactos causados ao meio ambiente e bem-estar animal. Um sistema de
produção de suínos deve ser sempre considerado como um empreendimento,
sendo necessário que o produtor saiba administrá-lo através do planejamento
das atividades que serão realizadas a médio e longo prazo.
O Brasil é o país do mundo que as melhores condições para aumentar o
plantel de suínos, dentre eles o clima tropical, mão-de-obra de baixo custo,
facilidade para manejo e tratamento de dejetos pelas grandes dimensões
territoriais e topografia plana, grande produção de grãos (milho e soja), dentre
outros. Desta forma a tendência hoje é de se instalar suinoculturas industriais
na região Centro-Oeste e Sul. O Brasil tem condições de aumentar as
exportações de carne suína que foi aproximadamente 500 mil toneladas em
2003, sendo a grande maioria para a Rússia. E aumentar também o consumo
interno que é apenas de aproximadamente 14 kg/hab/ano, muito distante de
países europeus que chegam a 60 kg/hab/ano. Vale lembrar que a carne suína
é a mais consumida no mundo e que os países europeus, bem como os
Estados Unidos, têm como tendência reduzir o plantel em virtude de problemas
ambientais e altos custos de produção.
No decorrer dos anos, os criadores vêm intensificando suas técnicas de
manejo, mudando-as gradualmente do sistema de criação extensivo para o
sistema intensivo, procurando melhorar o controle sanitário, a eficiência da
mão-de-obra e o desempenho dos animais. Com isso eliminaram-se as opções
de busca, por parte dos animais, de um ambiente mais propício ao seu bem-
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2. REGIÃO
Ao longo de todo o século XX e neste início XXI, o Sul se consolidou
como a principal região produtora. Foi ali que surgiram as primeiras grandes
iniciativas de melhoramento genético do rebanho nacional, o que inclusive deu
origem à Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), na cidade de
Estrela-RS, em 1955. Atualmente, o Brasil conta com aproximadamente 1,7
milhão de matrizes alocadas para a produção industrial/tecnificada, distribuídas
em cerca de 3 mil granjas. Santa Catarina lidera o ranking nacional, com um
número estimado de 420.488 matrizes, ou 24% do total.
Figura 1 – Distribuição do rebanho suíno brasileiro por grande região (Efetivo em cabeças) – 2015
Fonte: IBGE/ Pesquisa Pecuária Municipal (2016)
Figura 2 – Distribuição do rebanho suinícola de Santa Catarina por Mesorregião (efetivo em cabeças) –
2015
Fonte: IBGE/ Pesquisa Pecuária Municipal (2016)
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3. RAÇA
O suíno da raça Landrace é um dos mais produzidos no Brasil.
Caracterizados pela pele e pelagem finas, os animais adultos podem chegar a
pesar entre 200 e 300 quilos. Eles atingem idade ideal para o abate por volta
dos 6 a 7 meses de vida, com aproximadamente 80 quilos. As fêmeas da raça
têm grande capacidade reprodutiva e são amplamente utilizadas como
matrizes.
4. GRANJA
A disposição das instalações deve ser racional, com o que se conseguirá
maior rendimento da mão-de-obra, boa movimentação dos insumos ou
produtos finais, bom destino final dos subprodutos a consequentemente
maiores lucros.
Quando da seleção de áreas para implantação de uma exploração
pecuária devem ser observados os seguintes aspectos:
- Proximidade dos centros de consumo;
- Infraestrutura relacionada à meios de comunicação, disponibilidade de
insumos (ração, matrizes), de energia elétrica, abastecimento d'água, facilidade
de crédito, de assistência técnica médico-veterinária), etc.;
- Clima, no que se refere às condições adequadas de temperatura e umidade
relativa do ar, ventilação, radiação, etc. Normalmente, são estabelecidas
condições próprias para cada raça idade e na maioria das vezes, é preferível
instalar a granja em locais de temperaturas médias e com boa ventilação
natural;
- O local deve apresentar boas condições de salubridade no que se refere à
drenagem do solo, insolação, espaço físico, topografia (terreno com inclinação
mais suave), vias de acesso apropriadas para períodos chuvosos a secos,
controle de trânsito;
- Enfim, o próprio espaçamento entre galpões é fator de suma importância, o
que justifica a preocupação com o espaço físico disponível. Normalmente, para
evitar a transmissão de doenças, galpões que abrigam animais de mesma
idade são espaçados entre si 10, 20 ou 30 metros e os que abrigam animais de
idades diferentes, 100 a 200 metros.
Em relação a localização da construção das granjas deve se levar em
conta a topografia, procurando por terrenos planos, solos de boa drenagem e
presença de espaço físico para todos os barracões. Além disso, uma ventilação
natural tendo aproveitamento dos ventos predominantes da região pela
vantagem de amenizar o calor e renovar o ar e a posição solar de forma que o
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5. BIOSSEGURIDADE
A palavra “biossegurança” é utilizada com frequência, de forma
equivocada, em detrimento à palavra “biosseguridade”, que é por definição
“um conjunto de procedimentos técnicos no qual o objetivo é, de forma
direta e indireta, prevenir, diminuir ou mesmo controlar os desafios gerados
na produção de animais, frente aos agentes patogênicos”, enquanto a
definição de biossegurança é “condição de segurança alcançada por um
conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar
riscos inerentes às atividades que possam comprometer a saúde humana,
animal e o meio ambiente”.
chão e em local seco e arejado. Deve-se evitar que animais silvestres e pragas
tenham acesso a esse alimento estocado, uma vez que podem ser fonte de
contaminação.
Controle de pragas:
6.1.1. Esterqueiras
As esterqueiras consistem em um simples sistema de armazenamento
de resíduos líquidos em um compartimento isolado do solo. O isolamento
ocorre através de uma lona impermeabilizante ou através de uma construção
de alvenaria. Fazer a decomposição e estabilização dos resíduos orgânicos
para posterior aproveitamento como adubo constitui o objetivo principal desse
sistema. Devemos lembrar que para cada propriedade haverá um tamanho
especifico de esterqueira dependendo da quantidade de resíduos gerados pela
produção e que ela deve suportar esses dejetos por no mínimo 120 dias para
que ocorram os devidos processos biológicos de fermentação anaeróbia.
Uma maneira fácil e muito utilizada para direcionar os resíduos líquidos
para a esterqueira é o sistema de calhas, no qual as excretas dos suínos
juntamente com a água utilizada na limpeza das instalações vão diretamente
para a esterqueira.
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6.1.2. Biodigestores
Os biodigestores constituíram um grande avanço nos modelos de gestão
ambiental de matéria orgânica nas últimas décadas, apesar de não possuírem
uma diferença estrutural muito de grande em relação às esterqueiras (pelo
menos os modelos mais simples de biodigestores) eles possuem um processo
de decomposição anaeróbia de melhor qualidade. Mas essa qualidade não é
seu ponto mais forte, a grande diferença de uma simples esterqueira para o
sistema de biodigestores é que eles possuem canulações que permitem a
captação dos gases produzidos pela decomposição anaeróbia.
Esses gases são excelentes fontes de energia complementar para a
granja após sua queima, o que reduz consideravelmente os gastos na
manutenção da produção além de reduzir impactos ambientais, tendo em vista
que o dióxido de carbono produzido na queima é menos agressivo ao ambiente
do que o metano (24 vezes mais prejudicial) produzido na decomposição
anaeróbia.
Assim como a esterqueira, o biodigestor também gera produtos que
serão utilizados para a fertilização de pastagens e culturas, mas ele também
possui a capacidade de promover um efluente mais limpo para ser depositado
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nos leitos de rios e lagos. Parte desse efluente está sendo utilizado para a
manutenção do conforto térmico das matrizes e leitões através do sistema de
cogeração utilizado em alguns lugares.
6.2.1. Compostagem
A compostagem é um processo barato se comparado com outras opções, pode
ser modulado para o tamanho necessário de decomposição, é de fácil manejo
tendo como única restrição a aquisição de maravalha para fazer as leiras.
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7. REPRODUÇÃO
8. GESTAÇÃO
Importante que o ambiente onde as gestantes iram ficar esteja limpo e
bem arejado, que seja fornecida uma alimentação de qualidade e em
quantidade. Deve ser adotado sistema de uso contínuo e serem feitas limpezas
diárias e desinfecção toda semana das baias e uma completa por ano, não se
esquecendo da temperatura adequada na faixa de 16° a 22°. As fêmeas devem
ser mantidas em ambiente calmo durante os 30 primeiros dias da gestação e a
alimentação em duas refeições diárias, de acordo com a fase da gestação.
Importante que se faça três diagnósticos de gestação, nos intervalos de
18 a 23 dias, na presença do macho; entre 30 e 40 dias, usando um ultrassom
e visualmente, aos 90 dias de gestação. Água deve ser fornecida à vontade, de
boa qualidade e com temperatura máxima de 20°C. Descartar as fêmeas que
apresentarem algumas alterações, como:
- Ausência de cio (anestro) em leitoas que não entraram na puberdade nos
prazos previstos para o lote durante o período de indução com o macho;
- Danos severos nos aprumos;
- Duas repetições seguidas de cio;
- Dificuldades no parto;
- Vulva infantil (leitoas);
- Qualquer ocorrência de doença;
- Baixa produtividade em pelo menos duas parições;
Fêmeas devem ir para a maternidade 7 dias antes da data do parto
previsto, após lavá-las antes de serem alojadas na sala de maternidade,
evitando situações de estresse, sempre utilizando tábua de manejo e
realizando esta tarefa em horários de temperatura mais amena.
9. MATERNIDADE
É a fase mais importante do manejo, devendo ter alguns cuidados
essenciais. Todas as salas da maternidade devem ser manejadas de acordo
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10. CRECHE
Essa fase é muito importante para o leitão, visto que ele deixa a
companhia da mãe para se alimentar somente de ração, sendo transferidos
para um outro ambiente e são agrupados, formando uma espécie de
sociedade. Cruciais cuidados devem ser tomados para evitar diarreia, queda no
desempenho e morte.
As salas da creche devem seguir o sistema “todos dentro, todos fora",
estando limpa e desinfetada, com temperatura controlada e livre de correntes
de ar. Alojar os leitões na creche no dia do desmame, formando grupos de
acordo com a idade, sexo e peso e caso as baias de creche permitam, manter
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11. CRESCIMENTO
As salas de crescimento devem ser manejadas segundo o sistema
“todos dentro, todos fora, serem alojados nas baias de crescimento no dia da
saída da creche, mantendo os mesmos grupos formados na creche, ou
refazendo os lotes por tamanho e sexo, utilizando a lotação mínima de 1
animal/m². Manter a temperatura das salas entre 16°C e 18°C, de acordo com
a fase de desenvolvimento dos animais, monitorando-a com o uso de um
termômetro. Deve ser fornecido ração de crescimento à vontade aos animais
até os 105 dias de idade, ração de terminação 1 dos 105 até os 126 dias de
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idade e ração de terminação 2 dos 126 dias de idade até o abate, ou alimentar
os animais no sistema de restrição alimentar seguindo o protocolo de cada
programa alimentar.
Dispor de bebedouros de fácil acesso para os animais, com altura,
vazão e pressão corretamente reguladas, inspecionar cada sala de
crescimento pelo menos duas vezes pela manhã e duas vezes à tarde, para
observar as condições dos animais, dos bebedouros, dos comedouros, da
ração e da temperatura ambiente. Limpar diariamente, as baias de crescimento
com pá e vassoura e esvaziar e lavar, semanalmente, as calhas coletoras de
dejetos. Depois de lavá-las, manter, no fundo, uma lâmina de 5 cm de água, de
preferência reciclada e implementar ações corretivas imediatamente, quando
for constatada qualquer irregularidade, especialmente problemas sanitários.
Por último registrar as medicações usadas individualmente ou em grupos de
animais.
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12. ALIMENTAÇÃO
Em um sistema de criação como SISCON, cada fase ou estágio de
criação exigem um balanceamento e uma ração característicos para cada
fisiologia e comportamento digestivo dos animais. O consumo de matéria seca
apresenta variações em relação às diferentes fases de desenvolvimento do
suíno, e está relacionado a fatores ambientais, genéticos, de manejo, às
instalações e à fisiologia digestiva, sendo assim cada fase tem um
determinado gasto de ração.)
Os animais do SISCON se alimentam de ração balanceada
(concentrado) durante todo o ciclo produtivo, sendo abatidos com peso vivo em
torno de 100 Kg, aos 165 dias de idade. Estes animais são abatidos a partir de
100 Kg porque a partir deste peso, se inicia um processo metabólico ondehá
uma maior síntese de gordura (ácidos graxos) na carcaça e uma menor
conversão alimentar.
A aplicação dos conhecimentos de nutrição deve contribuir para a
preservação do ambiente e isto significa que o balanceamento das rações deve
atender estritamente às exigências nutricionais nas diferentes fases de
produção.
O excesso de nutrientes na ração é um dos maiores causadores de
poluição do ambiente, portanto, atenção especial deve ser dada aos
ingredientes, buscando-se aqueles que apresentam alta digestibilidade e
disponibilidade dos nutrientes. Em complementação, a mistura dos
componentes da ração deve ser uniforme e o arraçoamento dos suínos deve
seguir boas práticas que evitem ao máximo o desperdício.
13.1. PRÉ-COBRIÇÃO
Machos
Fornecer aos machos de 2 a 2,5 kg de ração de crescimento ou ração
específica de reposição por dia dependendo do seu estado corporal, até
iniciarem a vida reprodutiva. Após o início de vida reprodutiva fornecer dieta
específica para cachaços, ou, na sua falta, dieta de gestação, ao redor de 2
kg/dia;
Leitoas
Fornecer diariamente às leitoas de 2,5 a 3,0 kg de ração de crescimento ou
ação específica de reprodução, visando a redução da variabilidade de peso do
lote, em duas refeições, até duas semanas antes da cobrição. Os produtores
que não formulam essas dietas podem substituí-las por ração de lactação;
Porcas
Fornecer ração de lactação à vontade, do desmame até a cobrição;
Parto
Não fornecer ração para as porcas, deixando apenas água disponível.
Pós parto
Fornecer cerca de 2,0 kg de ração e aumentar gradativamente até o terceiro.
A partir daí fornecer ração à vontade fornecer ração pré-inicial aos leitões, em
comedouro próprio, a partir do sétimo dia de vida, cuidando para que não fique
ração úmida ou suja no comedouro.
13.4. CRECHE
Fornecer ração à vontade aos leitões, de acordo com os seguintes critérios:
Ração pré-inicial 1: do desmame até os 35 dias de idade;
Ração pré-inicial 2: dos 36 até os 45 dias de idade
Ração inicial: dos 45 dias de idade até a saída da creche;
14. CONCLUSÃO
A produção em sistema SISCON para suínos da raça Landrace, como
qualquer outro sistema de produção, possui vantagens e desvantagens. As
vantagens passam principalmente pela possibilidade de gerar-se uma
produção em escala maior com otimização de espaço, melhor controle da
alimentação e das condições ambientais às quais o animal é submetido,
podendo-se corrigir eventuais falhas no manejo. A principal desvantagem é o
desafio que um sistema SISCON traz com relação ao atendimento das
exigências de bem-estar animal da espécie, que é muito bem adaptada ao ar
livre e pouco adaptada ao confinamento.
Para melhores resultados, é de suma importância que o produtor atente-se
aos tópicos abordados acima, além de sempre contar com a assistência de um
médico veterinário competente para o trabalho.
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REFERENCIAS