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RAÇA PIEMONTESA

Origem

A raça Piemontesa é muito antiga, derivada, de acordo com estudos


paleontológicos e anatômicos, de um ramo do Bos indicus primigenius (Zebu
primigenius) que penetrou na área do Piemonte, há cerca de 25.000 a 30.000 anos,
provindo do Paquistão, e lá se fixou, uma vez bloqueado pelos Alpes.
Naquela região houve a miscigenação com um bovino antigo do tipo
europeu, chamado de Aurochs (Bos primigenius), e desta fusão surgiram os
primeiros exemplares Piemonteses.

Distribuição

Atualmente, na Itália, além do Piemonte, encontra-se difundida também nas


regiões da Liguria e da Lombardia. Neste país, o plantel de animais Piemonteses
supera os das outras raças de corte somados. A raça é encontrada também no
Canadá, Estados Unidos, México, Bolívia, Argentina e Brasil, que já possui um dos
melhores rebanhos do mundo.

Características

As criações na Itália, em geral, são pequenas, com 3 hectares e 20 cabeças


em média. Por isso, procura-se um animal de altíssima produtividade. Desta forma,
deu-se muita importância à sua característica mais notável que é a chamada dupla
coxa ou dupla musculatura (hipertrofia muscular), que se apresenta com freqüência
e que se firmou graças a uma seleção persistente e rigorosa.
Como resultado desta seleção eficiente e cuidadosamente dirigida,
consolidou-se esta característica que é, hoje, um traço dominante definido e estável.
O animal portador de dupla coxa é melhor que os animais "normais" em
crescimento, eficiência de conversão de alimentos e rendimento de carcaça (os
fatores mais importantes para a produção de carne).
O rendimento de carcaça é, sem dúvida, uma das diferenças mais notáveis.
Chalet e cols., 1965 e Ramenelli, 1965, assinalam uma diferença de 6 a 8% a favor
dos animais com dupla musculatura, comparados aos "normais".
Segundo a associação italiana da raça (Anaborapi), o rendimento de
carcaça dos animais puros chega a 72%. Outras características de grande
importância são a pele e a pelagem.
Com pele e mucosas pretas e pelos brancos, tendendo ao cinza, o
Piemontês apresenta o padrão ideal para adaptar-se bem ao clima tropical, de
temperaturas elevadas, e vai bem de encontro ao gosto do criador de zebu. Além
disto, possui cascos pretos e resistentes e prepúcio (umbigo) curto, que facilitam a
movimentação em pastagens altas. A precocidade reprodutiva é muito alta, tanto
nos machos quanto nas fêmeas.
Um touro puro, na Itália, inicia a coleta de sêmen aos 13 meses de idade. A
fêmea sofre a primeira cobertura entre 14 e 16 meses de vida. O Piemontês chegou
a ser considerado um animal de tripla aptidão, orientado para a produção de carne,
leite e tração.
Há algumas décadas, o objetivo de sua seleção foi dirigido exclusivamente
para a produção de carne, combinada a uma adequada produção leiteira. Na Itália,
uma vaca pura fecha a lactação - 305 dias - com 2.300 Kg, ou seja, 7,54 Kg/dia. Os
machos confinados são abatidos com 15 meses e 550 Kg de peso vivo, em média.
Se calcularmos um rendimento de carcaça médio de 68%, chegaremos a 374 Kg ou
24,93 @.

Seleção e Melhoramento

A seleção dos machos é rigorosa. Os animais passam por uma Prova de


Performance no Centro Genético da Anaborapi, na cidade de Carrù, na qual são
avaliados o ganho de peso, o padrão racial e a conformação para produção de
carne. Aprovados, passam por uma análise da qualidade do sêmen.
Se passarem por essa fase vão para o Teste de Progênie. O resultado sai
um ano depois e somente os animais aprovados em todas as etapas poderão se
tornar doadores de sêmen em centrais de inseminação artificial.
De um universo de 23.000 machos nascidos por ano, na Itália, 168 animais
entram em prova e apenas 10 a 20 touros são aprovados para as centrais de
inseminação. Os animais que não passam pelos testes são abatidos.

A Raça no Brasil
O Piemontês foi introduzido no Brasil em meados de 1974, mas passou a
ocupar um espaço significativo na Pecuária nacional a partir dos anos 90. A
fundação do Nudirapi (Núcleo de Divulgação da Raça Piemontesa), que conseguiu a
transferência da Associação Brasileira de Criadores de Bovinos da Raça
Piemontesa (ABCBRP) para a cidade de Avaré / SP, foi de fundamental importância
para o crescimento da raça.
Em Avaré, a Associação contou com apoio das autoridades locais, o que
facilitou, e muito, o trabalho dos criadores. Logo após a mudança, a entidade pode
contar com currais para a implantação de provas de ganho de peso da raça.
O objetivo da Diretoria era mostrar, por meio de testes e números concretos,
a superioridade do Piemontês. Desde 1995, a ABCBRP vem realizando essa prova
com acompanhamento técnico da Faculdade de Medicina Veterinária da Unesp, de
Botucatu / SP, com o objetivo de identificar os melhores animais em ganho de peso
e na avaliação morfológica, para destiná-los, posteriormente, a testes de progênie.
Atualmente, o Brasil conta com um rebanho puro (PO) controlado de 1.600 animais,
mas o rebanho não controlado de PO, puro por cruza (PC) e mestiços ultrapassa a
casa das 20.000 cabeças.
Nos últimos três anos a raça registrou crescimento da ordem e 175%, mas
tem muito mais para crescer. Suas características produtivas e sua semelhança com
o nelore agradam muito aos criadores de gado zebu. Acima de tudo, a raça prova,
em números, suas virtudes. E, como contra números não há argumentos, o futuro do
Piemontês no Brasil é extremante promissor.

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