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Manual Prático do Integrado

Técnicas de Criação de Ovinos Resumidas

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INTRODUÇÃO

Ainda não é claro quando ou onde ocorreu a origem da civilização. Indubitavelmente, a civilização está
relacionada com a domesticação dos animais e, provavelmente, o cão foi o primeiro animal a ser
domesticado. Certamente, não distante do cão, veio à domesticação dos ovinos, caprinos e bovinos.
Aparentemente, por 10.000 anos, estas espécies têm servido as pessoas.

O relacionamento entre seres humanos e ovinos foi sempre benéfico para ambos. Os carneiros são
insuperáveis na conversão de forrageiras em produtos para o consumo humano de alta qualidade, como a
carne e o leite; já a lã e a pele, protegem o homem do frio. A contribuição do ser humano consiste no
cuidado e proteção dos ovinos.

Onde a domesticação dos ovinos ocorreu, não foi estabelecido firmemente, mas evidências indicam que
provavelmente aconteceu na Ásia Central. A criação de ovinos na Planície Mesopotânica pelos pastores
hebreus, antecede a história escrita. Há 179 referências aos ovinos, 137 a carneiro ou carneiros, 167 a
cordeiro ou cordeiros, no Antigo Testamento. O primeiro animal doméstico citado na bíblia é o ovino
(Gênesis 4:2). Abel, filho de Adão e Eva, era um pastor. Jacó serviu Laban por sete anos como pastor para
ganhar a mão de Raquel. Entretanto, Laban quebrou a sua promessa e exigiu mais sete anos de serviço.
Jacó conseguiu Raquel, mas nenhum salário. O negócio prosperou sob orientação de Jacó, que concordou
continuar a trabalhar para Laban em troca dos ovinos manchados, malhados e listrados do rebanho. Pela
seleção, pelas mutações e utilizando a reprodução dos animais, Jacó produziu os primeiros ovinos de
coloração diferente. Jacó era proprietário de rebanhos numerosos quando deixou o serviço de Laban. Os
descendentes de Jacó selecionaram os ovinos que apresentavam lã mais branca, até conseguirem a
coloração totalmente branca. Davi e Salomão citaram a existência de ovinos brancos em seus escritos. Jacó
pode ser lembrado como o primeiro “melhorista” de ovinos.

OS OVINOS NO MUNDO

O mundo tem uma população ovina de aproximadamente 1,2 bilhões, ocupando grande parte dos ambientes
impróprios para a agricultura, como regiões montanhosas e semi-áridas. Os ovinos estão também
associados aos sistemas tradicionais de subsistência, especialmente nos países em desenvolvimento. Esta
forma de criação tem permanecido inalterada por séculos. Os animais fornecem carne, leite, lã e pele para
seus criadores, sendo considerados nos sistemas tradicionais de criação, conversores eficientes de forragens
em produtos para o consumo humano. Entretanto, este tipo de exploração está mudando. Quando a terra e
outros fatores ambientais são favoráveis, os ovinos podem expressar sua genética através de uma
produtividade mais elevada.

A distribuição dos ovinos no mundo é desigual. Alguns países têm poucos animais enquanto em outros há
uma população elevada. O tamanho dos rebanhos varia de algumas a centenas ou milhares de cabeças. As

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razões para estas concentrações, são explicadas por fatores geográficos, históricos, e comerciais. Em alguns
países, a produção e a exportação de carne e lã foi economicamente importante, quando havia uma
demanda por estes produtos. Determinados fatores geográficos e características climáticas podem favorecer
ou não a produção de ovinos. Há uma maior população ovina em regiões onde os índices pluviométricos
anuais estão na faixa de 50 a 100mm.

CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS

Os fatores históricos e comerciais que influenciaram a produção e a população ovina por todo o mundo são
interessantes. Na Europa, a Grã Bretanha, a Espanha e Países Bálcãs são os três principais locais de
produção ovina. Os Países da Comunidade Econômica Européia têm aproximadamente 92 milhões de ovinos,
dos quais cerca de 11 milhões estão localizados na França e 37 milhões na Grã Bretanha. Historicamente, os
ovinos foram importantes em função da produção de lã para confecção de roupas. A exportação de lã bruta
da Inglaterra para a Europa, foi o primeiro passo neste tipo de comércio, que contribuiu para o
enriquecimento do país, seguido pelo desenvolvimento da comercialização de lã beneficiada. A revolução
industrial, o aumento das indústrias de beneficiamento e o crescimento da população urbana, foram
responsáveis pelo maior poder de compra e maior consumo de carne. Devido a esta maior demanda, os
ovinos passaram a ser uma fonte de carne de grande importância. Seguiu-se então, o desenvolvimento das
raças inglesas para corte, tão conhecidas atualmente e difundidas em todo o mundo. A maior valorização de
rebanhos formados por raças produtoras de carne, em relação a rebanhos produtores de lã, no final do
século XVIII e início do século XIX, manteve a viabilidade da indústria ovina na Grã Bretanha , apesar do
desenvolvimento da produção de lã no hemisfério do sul.

No Hemisfério Sul, há quatro grandes áreas importantes de concentração de ovinos: Argentina e Uruguai na
Ámérica do Sul, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia. Estes países têm uma história econômica
relacionada com os ovinos muito semelhante, começando com a importação de Merinos nos séculos XVIII e
XIX, desenvolvimento do comércio de exportação de lã, seguido pela diversificação com a produção da
carne, que foi incentivada pela introdução da refrigeração. Estes centros novos de produção ovina foram
favorecidos pela terra barata e abundante, por condições climáticas favoráveis e, possuem atualmente,
metade da população de ovinos do mundo. O desenvolvimento da indústria ovina no hemisfério sul, resultou
em uma redução da expansão de Merinos na Europa, e um declínio constante da produção de lã beneficiada
nos países europeus. Além disso, as exportações de cordeiros congelados para a Grã Bretanha e outros
mercados europeus, causaram algumas mudanças dramáticas na economia da indústria ovina, ficando difícil
à lucratividade com este tipo de produção.

Na América do Norte, os ovinos são manejados dentro de sistemas de criação bastante diversificados, desde
o sistema extensivo até o de semi ou total confinamento, incluindo algumas formas de criação por "hobby".
O grau de dedicação do proprietário, a identificação individual dos animais e a escrituração zootécnica,
variam consideravelmente nestes sistemas, e às vezes são inadequados. Uma prática veterinária preliminar

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na criação dos ovinos, é educar produtores sobre os aspectos sanitários e produtivos, enfatizando a
importância da observação constante do rebanho, da identificação dos animais e controle através de
escrituração zootécnica, para a melhoria da saúde e produtividade do rebanho.

O comércio de ovinos no mundo tem como base a lã, a carne e a produção de cordeiros. A lã produzida é
extremamente variável e diversificada. O beneficiamento da lã é complexo por causa da diferença que existe
nas fibras que se misturam durante a manufatura. Uma única peça de roupa pode conter lã de diferentes
continentes. Cerca de 90% da lã merina no mundo é produzida pela Austrália, África do Sul, Argentina e
antiga União Soviética, sendo a Austrália o maior produtor. A lã de ovinos mestiços é produzida na Nova
Zelândia, Argentina, Austrália, e na antiga União Soviética. A lã de tapeçaria, é produzida principalmente na
antiga União Soviética, China, Índia.

O comércio de carne ovina no mundo, é mais limitado do que o de lã. A Comunidade Econômica Européia
tem somente 6% dos ovinos do mundo, mas produz 11,0% do total de carne ovina, e contribui com um
terço no mercado mundial. A Austrália e a Nova Zelândia estimam contribuir com 80% das exportações
mundiais e a Grã Bretanha, França e Japão representam 40% de todas as importações de carne ovina. A
exportação de cordeiro congelado para a Grã Bretanha e a França, tem uma grande importância para a
Nova Zelândia, por ser o seu principal componente do produto nacional bruto. O consumo de cordeiro na
Grã Bretanha tem sido tradicionalmente elevado, mas diminuiu, o que tem afetado seriamente a
prosperidade agrícola na Nova Zelândia. O fornecedor predominante da carne ovina é a Austrália, sendo o
Japão o maior importador.

O leite é uma atividade significativa para a indústria ovina. O leite dos ovinos é altamente nutritivo, sendo
um componente importante no sustento da família, para muitos milhões de pessoas em diferentes regiões
mais favorecidas do mundo. A indústria leiteira se concentra nos países mais desenvolvidos do Mediterrâneo,
e está crescendo na Austrália, Israel e França. O leite ovino é raramente consumido na forma líquida, sendo
mais utilizado na produção de queijos e iogurtes. O leite ovino tem o dobro do rendimento na produção de
queijo, em comparação com o leite de vaca e o de cabra. O iogurte é mais fino, mais leve e em torno de
50% mais nutritivo. A ordenha geralmente é manual, o que exige esforço físico e, freqüentemente, é
realizada ao ar livre, expondo os ordenhadores ao tempo. Apesar da disponibilidade de ordenhadeiras
eficazes, a ordenha mecânica ainda não é largamente adotada. Os problemas sanitários, particularmente os
parasitas internos, a mastite e o foot rot limitam seriamente a produtividade leiteira na Austrália.

A pele, normalmente é um subproduto da produção de carne. Entretanto, existem raças especializadas para
produzir peles, como é o caso da raça Karakul. A produção de pele como subproduto tem grande
importância nas exportações de alguns países, como a Índia e o Paquistão. O mesmo é verdadeiro para
regiões que possuem numerosos rebanhos, como os países da Oceania e da América do Sul.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DEVENDRA,C. & COOP,I.E. Ecology and distribution, editado por COOP, I.E. New York, ed.Elsevier Scientific Publishing Company, v. 1, p. 1-14, 1982.

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RADOSTITS,O.M.; LESLIE,K.E. e FETROW,J. Health and production management for sheeo In: Herd Health: Food Animal, Production Medicine, editado por W.B. Saunders Company,
2a. ed, p. 527-606, 1994.

ROSS, C.V. History and development of the sheep industry In: Sheep Production and Management, editado por Prentice-Hall, I. New Jersey, 10 ed., p. 122-143, 1989.

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INSTALAÇÕES

Objetivo

O objetivo das instalações é viabilizar e facilitar o manejo geral de um rebanho caprino ou ovino, sem causar
estresse aos animais, otimizando o emprego da mão-de-obra, reduzindo custos e favorecendo a produção e
a produtividade do empreendimento.

A Importância

A importância das instalações está fundamentada na extrema capacidade que elas têm em buscar a
otimização da relação homem/animal/ambiente, dentro de um processo de produção, isto é: elas facilitam e
reduzem o uso da mão de obra para as tarefas diárias, favorecem o manuseio do rebanho e o controle de
doenças, protegem e dão segurança aos animais, dividem pastagens, armazenam e reduzem o desperdício
de alimentos, entre outras.

As Principais Instalações

Entre as instalações mais utilizadas na produção de Ovinos , as principais são:

 centros de manejo

 saleiros

 apriscos

 pedilúvio

 currais

 esterqueiras

 bretes

 Cercas

 comedouros

 bebedouros

 galpões

 Confinamento de Cordeiros

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Tamanho ou a área das instalações – O tamanho ou a área de uma instalação diz respeito tão somente
ao tamanho do rebanho. Seja para o pastoreio ou alimentação no cocho, seja para o descanso ou repouso
noturno dos animais, o que se espera é que a instalação disponibilize espaço apenas o suficiente para
propiciar condições favoráveis ao desempenho dos animais. Mais do que isso, é desperdício.

Tamanho exagerado ou área em excesso têm custos mais elevados, sem trazer maiores benefícios. Ver
Quadro abaixo. Tamanho das áreas coberta e descoberta (área de exercício) de um aprisco em Cab/m 2.

ÁREA ( m2 )
CATEGORIAS
COBERTA DESCOBERTA
Matrizes 1,0 > 2,0
Animais Jovens 0,8 > 1,5
Crias 0,5 > 1,0
Reprodutores 3,0 > 6,0
Obs.: Estas mesmas medidas são recomendadas também para Centros de Manejo e Currais de engorda .

Outras recomendações de medidas:

 Cocho: Recomenda-se 0,2 m a 0,25 m linear para cada animal, ou seja utilizar 04 a 05 animais por
metro linear de cocho.

 Brete: Comprimento = 08 m; Largura = 0,25 m na base inferior e 0,35 m na base superior; Altura =
0,85 m.

 Pedilúvio: Comprimento = 2,0 m; Profundidade = 0,10 m; Largura = a mesma largura da porteira.

Observações Gerais

 Material utilizado - Para a construção do aprisco, será utilizado, na medida do possível,


o material da própria fazenda, durável e resistente como: madeira, varas, palhas para
coberta, pedras toscas, etc. sem maiores sofisticação, visando a redução dos custos.

 Localização das construções - para toda construção, a sua localização é de extrema


importância, na medida em que ela deve atender aspectos de ambiente, de espaço, de
tempo e de segurança, no desenvolvimento das atividades diárias com um rebanho. Em
caso de apriscos, por exemplo: eles devem ser construídos em terreno elevado, bem
drenado, ventilado, longe de estradas e próximo à casa do manejador;

 Situação – Em algumas instalações, como é o caso dos apriscos, em especial, a sua


situação com relação aos pontos cardeais é um fator importante, tendo em vista a
predominância dos ventos e das chuvas, em cada localidade, e a redução máxima dos
seus efeitos negativos sobre os animais (as correntes de ar e a umidade em excesso,
entre outros). Assim, os apriscos deverão situar-se sempre no sentido Norte-Sul, para um
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melhor aproveitamento da penetração dos raios solares (manhã e tarde), permitir uma
boa circulação de ar e resguardar os animais de ventos fortes e encanados;

 Funcionalidade – Toda e qualquer instalação tem a obrigatoriedade de ser funcional,


isto é, tem que atender bem às necessidades do rebanho, proporcionando proteção e
segurança ao mesmo; deve facilitar a alimentação e tratamento dos animais e permitir a
divisão dos mesmos em categorias. Atender, também, a uma melhor divisão de
pastagens, ou a um melhor armazenamento de alimentos ou, ainda, permitir o livre
acesso de manejadores e o trânsito fácil dos animais;

 Relação custo:benefício – A fiel observância deste aspecto tem sido recomendado


enfaticamente, na medida em que nem sempre fazer uso de uma instalação qualquer
significa maior rentabilidade para um rebanho. Pelo contrário, muitas vezes, isto implica
numa redução da economia. Portanto, a recomendação para a construção de uma
instalação é questionar sempre: qual o seu custo? Quais os benefícios? E qual é a relação
Custo / Benefício?

 Higienização - A higiene das instalações é, sem sombra de dúvida, um aspecto de


extrema importância na produção de e Ovinos , sobretudo quando se trata de currais,
apriscos e centros de manejo. A maior ou a menor freqüência de limpeza está
condicionada às condições ambientais como: períodos chuvoso e seco, o tipo da
instalação, a categoria de animais e as fazes de produção ( gestação, lactação,
acabamento, etc.). Todavia, o bom senso do produtor ou do manejador é o melhor
referencial indicativo para o estabelecimento da freqüência de limpeza das instalações.

É imprescindível a construção de um curral de manejo, dividido em mangueiras e bretes, para os trabalhos


de vacinação, marcação, descola, vermifugação etc., de acordo com o tamanho do rebanho (recomenda-se
1 m2/cabeça). Para contenção, seringa em área coberta, com tronco de 90 cm de altura x 50 cm de largura
no alto e 30 cm em baixo; pedilúvio de 10 cm, e banheira anti-sárnica profunda, para imersão, com curral
para escoamento contíguo para evitar desperdício do produto. Todo o corredor lateral da seringa deve ter
piso à 50 cm do solo, para facilitar os trabalhos. Para rebanhos grandes, é necessário um galpão de tosquia.
O pasto é o principal alimento dos ovinos e quando este é de boa qualidade a suplementação pode ser
mínima É preferível fornecer pastagens mistas, formadas por gramíneas e leguminosas.
Os carneiros reprodutores, fora da época de monta, são postos em boxes separados ou outras construções.
Utilizar a construção de abrigos nos piquetes para a proteção dos animais contra chuvas e ventos fortes.
Deve possuir escorredouro, currais e bretes para separação e mangas de contenção. As mangas e os bretes
devem ser aparelhados de modo a permitirem a aplicação de vacinas, vermifugações e demais tratamentos
e operações que se fazem no rebanho.

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CERCAS PARA OVINOS (I)

As cercas entre piquetes deverão ser construídas com mourões a cada 10 m, intercalados com 4 ou 5
balancins; formada com seis a sete fios de arame liso, e recomenda-se que o primeiro, de baixo para cima,
esteja a 10 cm do solo e a seguir o espaçamento entre eles seja, consecutivamente: 18, 22 e 28 cm para os
demais, numa altura total de 1,24 m. Quando em consórcio com bovinos, recomenda-se o espaçamento 10,
15, 20, 25, 30 e 30 cm, com altura total de 1, 30m. Se necessário, construir um aprisco (cabanha) para
proteção, próximo às pastagens, em terreno seco e ensolarado.

Devido ao sistema de criação adotado (extensivo larga escala), deve-se providenciar piquetes para as
diversas categorias: ovelhas de cria e seus cordeiros; ovelhas velhas e falhadas, capões, borregos (as),
ovelhas terço final da gestação, etc. As ovelhas de cria são separadas, segundo a qualidade de suas lãs ou
por seu grau de sangue. Quando o plantel possui “pedigree” destinar piquetes de melhor qualidade e de
fácil vigilância.

MODELOS DE CERCAS

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Cerca FLEXINET – Utilizada pelo Projeto Cordeiro Brasileiro – Cerca 100% Móvel - ELÉTRICA

Malha elétrica de Nylon – Importada da Suíça


Obs : a malha elétrica (imagens abaixo) possui
uma série de vantagens em relação as demais
cercas, dentre elas as principais são:

Não necessita de manutenção na linha da cerca


elétrica, pois não aterra, ou seja, com a
FLEXINET o produtor não tem carpir ou utilizar
a carpa química. Alta mobilidade e praticidade –
o piquete é formado em poucos minutos, sem a
necessidade de mão-de-obra especializada.
Alta segurança : a malha possui choque nas
duas direções, vertical e transversal, daí, a fuga
de ovelhas, borregos e cordeiros é
praticamente impossível. Baixo Custo de
implantação e de manutenção Facilidade de
eletrificação. Direta.

O principal é ter mente, quando se planejar a


criação, de que a grande saída para o problema
da cerca esta no ajuste da carga animal, o
traduz-se pela oferta de alimento ajustada à
necessidade do animal.

O tipo de cerca deve obedecer a regra básica,


ou seja, as cercas de divisa devem ser
reforçadas, se possível mistas, elétricas e
convencionais, padrão 6 fios mais 2 elétricos.
As cercas internas podem ser apenas elétricas,
com 2 a 3 fios .

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Cerca para ovinos (II) – Recomendações do Instituto de Zootecnia de Nova Odessa

MANEJO DE PASTAGENS PARA OVINOS, COM USO DE CERCA ELETRIFICADA MÓVEL.

Luiz Eduardo dos Santos1


Eduardo Antonio da Cunha 1
Mauro Sartori Bueno1
Cecília José Veríssimo1

O manejo adequado das pastagens a serem utilizadas por ovinos deve, obrigatoriamente, levar em
conta dois aspectos: a disponibilidade aos animais de forragem em níveis elevados de qualidade e
quantidade e ainda a manutenção de um reduzido nível de contaminação por ovos e larvas de helmintos.
Estes dois pontos irão influir na carga animal a ser utilizada, ou seja, no número de matrizes que as
pastagens poderão manter, bem como no desempenho dos animais.

Tendo-se por objetivo a exploração intensiva das áreas disponíveis, determina-se o número total
de matrizes da criação, ou seja, a carga animal máxima, tomando-se por base a área total de pastagem
efetivamente disponível e o potencial de produção anual de MS da forrageira predominante. Com base
nesses valores, estima-se a disponibilidade anual total de forragem e, considerando-se um consumo médio
diário, por animal, de 3% do seu peso vivo, pode-se estimar a lotação máxima para a área de pasto
disponível.

Na exploração intensiva das pastagens, com ovinos, estas devem ser manejadas,
obrigatoriamente, em esquema de lotação rotacionada, visando possibilitar um manejo mais adequado,
garantindo, principalmente, um período mínimo de repouso para a forragem, que possibilite a sua plena
recuperação antes de um novo ciclo de pastejo. A adoção desse sistema possibilita o rebaixamento
acentuado do relvado, com remoção da quase totalidade da área foliar. Com isso obtém-se a renovação
total da massa de forragem a ser pastejada, garantindo a disponibilização, aos animais, de material novo e
de elevado valor nutritivo, bem como se estimula o surgimento de novos perfilhos nas touceiras,
aumentando a densidade do relvado. O rebaixamento acentuado da forragem, a altura aproximada de 15
cm, possibilita ainda uma insolação plena até a base das touceiras, com alta incidência da radiação solar,
notadamente a ultra-violeta, alterando drasticamente as condições do ambiente, tornando-o menos
favorável às larvas de helmintos parasitas, colaborando na redução do nível de infestação da forragem por
larvas de helmintos.

Deve-se evitar períodos de ocupação superiores a 5 - 7 dias, tendo por objetivo minimizar a
exposição dos animais às larvas infestantes (L 3) eclodidas naquele mesmo ciclo de pastejo (auto
infestação). Dessa maneira, quando a população de larvas infestantes tornar-se significativa, os ovinos já
terão saído daquela área de pastagem, cuja forragem estará bastante rebaixada, ficando as larvas sem
hospedeiros e expostas às intempéries climáticas (radiação solar e ventos). O período de repouso irá variar
em função da época do ano, das condições climáticas, da forrageira e das condições de fertilidade do solo e
visa possibilitar a recuperação da forragem após ter sofrido o desfolhamento severo. Em média considera-se

1
Pesquisadores do Instituto de Zootecnia, Nova Odessa (SP), da Agência de Pesquisa Tecnológica dos Agronegócios - APTA, Secretaria de Agricultura e Abastecimento do
Estado de São Paulo -SAA. E-mail: lesantos@iz.sp.gov.br
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um período de 30 a 45 dias (verão / inverno), como suficiente para se ter uma boa recuperação da
forrageira.

Vale observar que, para o capim Aruana, o rebaixamento do relvado tem ainda um reflexo
importante, que é estimular a emissão de uma maior número de perfilhos, característica típica desse
cultivar, aumentando a densidade do relvado, com talos mais finos e alta relação folha/haste. Como
resultado dessa prática, desde que seja mantido um bom nível de fertilidade e seja respeitado o período de
recuperação e rebrota da forragem, tem-se uma maior produção de forragem, de melhor valor nutritivo.

Perfil do relvado apos pastejo em faixas com uso de cerca eletrificada

Pode-se verificar, ainda, a intensa exposição do remanescente de forragem à radiação solar e à


maior ventilação, aspectos que auxiliam na redução do nível de infestação da pastagem por larvas de
helmintos.

Observa-se, na imagem ao lado, a elevada densidade de perfilhos que, aliada a alta relação
folhas/hastes, garantem uma elevada disponibilidade de forragem, de elevado valor nutritivo.

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Resultados bastante positivos podem ser obtidos dividindo-se a área total de pastagem em cinco
ou seis piquetes. No inverno serão utilizados em rotação direta. No período de verão cada um desses
piquetes será subdividido em três piquetes menores, com uso de cerca eletrificada, liberando-se 1/3 da área
de cada vez, para pastejo em faixas. Nos períodos de condições climáticas intermediárias, primavera e
outono, pode-se reduzir para duas o número de subdivisões de cada piquete.

Nesse esquema, nova faixa é acrescentada àquelas já utilizadas, as quais, apesar de continuarem
acessíveis aos animais, não são mais pastejadas, seja por não possuírem forragem, seja pelo acúmulo de
urina e fezes. Essas áreas, por estarem com a forragem rebaixada, são preferidas pelos animais para
descanso e ruminação, diminuindo, assim, as perdas por acamamento e pisoteio na área em pastejo efetivo.
Esse esquema é visualizado na figura 1:

Figura 1. Esquema de pastejo com lotação rotacionada, em faixas, com uso de cerca eletrificada.

VANTAGENS NA UTILIZAÇÃO

O uso da cerca eletrificada no manejo de pastagens utilizadas por ovinos é bastante prático e
diminui a necessidade de construção de maiores extensões de cerca convencional, apresentando as
seguintes vantagens:

 Racionaliza o uso das pastagens, propiciando melhor aproveitamento da forragem produzida;


 Reduz os custos de instalação e manutenção das cercas;
 Após a sua utilização podem ser removidas e guardadas, garantindo longo período de utilização;
 Possibilita alterações na distribuição das áreas de pastagens, permitindo adequações e melhor ajuste de
lotações.

ALTERNATIVAS DE CERCAS ELETRIFICADAS

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Existem diferentes tipos de cercas eletrificadas. A mais comum é com a utilização de arame de aço
liso, sustentado por palanques de madeira ou barras de ferro com isoladores plásticos. Esse tipo de cerca
normalmente é fixa sendo adequada para as condições de planteis já estabilizados e áreas de pastagens já
definidas.

As mais práticas, por permitiram a montagem e desmontagem rápida e ainda possibilitar a


adequação da área e do número de divisões, são as cercas móveis, constituídas de fio de nylon trançado
com fios metálicos, formando um cordão leve e flexível, que é sustentado por varas plásticas ou barras de
ferro ¼, com isoladores plásticos. Esses cordões são encontrados em diferentes espessuras e cores.

Hastes de ferro e de plástico, Fita, cordão simples e cordão reforçado

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Também são encontradas fitas de nylon, igualmente com fios metálicos entremeados, com 1 a 2
cm de largura. Essas fitas são mais visíveis que os cordões e, por apresentarem menor coeficiente de
distensão, apresentam menos problemas de rompimento dos fios metálicos, fato comum nos cordões de
nylon mais finos que, por isso, apresentam menor vida útil

Existem, ainda, as telas de malha de nylon eletrificadas, que apresentam alta eficiência na
contenção dos animais, todavia apresentam um custo muito elevado, sendo destinadas a usos específicos.

Área de pastagem dividida por cerca eletrificada móvel, com fita de nylon.

Pastagem, manejada com cerca eletrificada, em uso com ovinos Ile de France.

Pastagem, manejada com cerca eletrificada, em uso com ovinos Suffolk

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Área de pastagem dividida por cerca eletrificada móvel, tipo tela de nylon.

É importante frisar que, o desempenho dos ovinos mantidos em pastagens dependerá, tanto da
quantidade de forragem disponível, quanto da qualidade da forragem disponível, valendo lembrar que
ovelhas em final de gestação e em lactação necessitam de um aporte considerável de nutrientes, que só
pode ser obtido em pastagens de forrageiras produtivas e de elevado valor nutritivo, ou seja, de alta
palatabilidade, alta digestibilidade e elevada concentração em nutrientes, por outro lado, também é preciso
ter em mente que as forrageiras que atendem a esses requisitos apresentam, obrigatoriamente, elevadas
exigências de nutrientes no solo, de clima favorável e de manejo adequado.

Dessa maneira, pode-se concluir que a exploração intensiva de ovinos, visando a produção
econômica de cordeiros para abate precoce, depende, entre outras coisas, de boas pastagens, formadas por
forrageiras de alta produtividade, adequadamente fertilizadas e corretamente manejadas.

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Instalações para Confinamento de Cordeiros
Com relação ás instalações, podem ser utilizadas mangueiras, barracões, baias próprias. O piso pode ser
cimentado ou de terra, com cama de material seco (serragem, casca de café, napier picado, etc.). A
cobertura pode ser total ou parcial, cobrindo a linha dos cochos e fornecer sombras para os cordeiros. A
área a ser considerada para cordeiros até 30 kg de peso é de 0,60 m2/cabeça, em instalações totalmente
cobertas e 5m2/cabeça quando somente alinha de cochos é coberta.

Implementos para manejo do rebanho

Tesoura/alicate para aparar os cascos,pistola de vermifugação, tesoura, martelo para tosquia(ou tosquiador
elétrico), elastrador e anéis de borracha para descola (e castração), torquês de Burdizzo para castração,
tintas pata marcação, material para identificação (alicate, brincos), balança, calha para apara de cascos,
pinças, agulhas e seringas hipodérmicas.

Ficha zootécnica

Manter livro/ficha de registros gerais do rebanho e individual dos animais do rebanho; cobertura,
nascimentos, óbitos, doenças, vacinações, vermifugação etc.; Registro contábil de despesas com veterinário,
medicamentos, vacinas, vermífugos etc.; e de receitas com a venda dos produtos.

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ALIMENTAÇÃO DE OVINOS (RECOMENDAÇÕES IZ – NOVA ODESSA – SP)

Ovinos são animais ruminantes e devem ser alimentados com forrageiras de boa qualidade, produzidas a
baixo custo. Um sistema intensivo de produção animal, com grande número de cordeiros produzidos
durante o ano inteiro, necessita de alimentos de boa qualidade, o que pode ser conseguido através de
uma produção vegetal eficiente. Deve-se planejar o plantio de boas pastagens para as ovelhas, com
correção de solo (acidez e fósforo) e aplicação de nitrogênio para aumentar a capacidade de suporte e o
valor nutritivo da forrageira. Também é necessário o cultivo de forrageiras de corte para animais
estabulados. Deve-se planejar o plantio de milho ou outro cereal, quando possível, para colheita e
armazenamento em grão ou espigas, ou ainda a confecção de silagem para uso durante o período de
estiagem.

Produção de leguminosas, para corte ou pastejo direto, na propriedade pode resultar em custos mais
baixos que a produção de gramíneas, pois as leguminosas dispensam a adução nitrogenada. A produção
desse tipo de forragem, na propriedade, resulta na diminuição da necessidade de aquisição de farelos
protéicos, que tem preço elevado. Isto tudo diminui o custo da alimentação, item de grande expressão
no preço final, na produção do cordeiro para abate precoce.

Machos adultos, fora da estação de monta e ovelhas sem crias ao pé, até a parição, em sistema de uma
parição por ano têm as suas exigências nutricionais plenamente atendidas se alimentadas exclusivamente
com volumosos de bom valor nutritivo. Todavia, animais em crescimento acentuado ou em atividade
reprodutiva intensificada (intervalo entre partos de 8 meses ou menos), na fase final de gestação e na
amamentação necessitam de suplementação alimentar com ração concentrada, devido à sua elevada
exigência nutricional.

ALIMENTOS VOLUMOSOS

Assim são denominadas as forragens verdes (pasto, capim elefante, leguminosas, etc.) ou conservadas,
como silagens e fenos.

Pastagem

As espécies recomendadas são aquelas de bom valor nutritivo e alta produção por área como os capins
dos gêneros Cynodon (coast cross, tiftons e estrelas) e Panicum (aruana, tanzânia, massai, áries, green
panic, etc). Pode-se também utilizar ainda o pangola, rhodes, pensacola, etc.

As braquiárias apresentam baixo valor nutritivo e menor produção por área, sendo que a Brachiaria
decumbens pode, ainda, causar intoxicação e, em algumas situações, fotossensibilização. Pequenas áreas
com braquiária podem ser utilizadas, mas a predominância das pastagens com tal capim não é
recomendado.

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Volumosos de corte para o verão

Devem ser plantados próximos às instalações dos animais a serem alimentados, devendo ser
adequadamente adubados, para se conseguir elevada produção por área.

Capim elefante (capim Napier)

Excelente valor nutritivo quando colhido entre 35-45 dias (1,5-1,7 m de altura). Possui entre 8-12% de
proteína bruta (PB) e 55-60 % de nutrientes digestíveis (NDT) e bom teor de cálcio e fósforo. Produz
entre 120-300 ton. de matéria verde/ha/ano.

Feijão guandu

Excelente volumoso para corte; rico em proteína e cálcio e de boa aceitação pelos animais. Diminui a
necessidade de suplementação protéica com concentrados. No período seco perde as folhas e não pode
ser utilizado. Susceptível à geada e deve ser replantado a cada 2 anos, pois seu rebrote fica prejudicado,
apos vários cortes. Plantar em solo com pH corrigido, adensado: 5-8 sementes por metro linear e
espaçamento entre linhas de 0,6 a 1 m. Não necessita de adubação nitrogenada.

Amoreira

Alimento de alta palatabilidade, de excelente nível de proteína (22% PB), produzindo cerca de 50 ton. de
matéria verde/ha/ano. Deve-se plantar no espaçamento de 0,50 x 0,50 m, fornecendo as ramas picadas
ou inteiras ,em manjedouras. Ressalte-se que devido às características da própria planta, no período do
inverno a seu crescimento é lento e quando as plantas estão altas as suas folhas caem. No verão, podem
ser efetuados de corte entre 45-60 dias, podendo ser armazenada na forma de feno.

SILAGENS E FENOS

Durante a “época das secas” as pastagens e as forrageiras de corte diminuem seu crescimento e seu
valor nutritivo. Para uma exploração racional da ovinocultura é essencial a conservação de alimentos
produzidos na “época das águas”, para uso no período de escassez.

Silagem de milho

É alimento de valor energético muito bom, mas apresenta baixo teor protéico, necessitando ser
suplementado com fontes de proteínas (farelo de soja ou de algodão, uréia, etc) para ser eficientemente
aproveitado pelos animais. Deve-se colher no ponto certo, quando apresentar grãos farináceos, ser
picado, compactado eficientemente e coberto com lona plástica até o momento de seu uso. Não
necessita de aditivos, pois sua fermentação é muito boa, produzindo

alimento de ótima aceitação pelos animais. O milho a ser plantado deve ser o de maior produção de
grãos para a região. Quando bem plantado e fertilizado adequadamente, produz 30-50 ton/ha de massa
verde a ser ensilada.

Silagem de sorgo

Excelente alimento volumoso conservado. Pode ser utilizado em substituição à silagem de milho, pois
apresenta valor energético similar. Deve-se optar por variedades graníferas e mistas, pois estas

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apresentam valor energético superior às demais. Boa silagem é feita com ponto de colheita adequado
(grãos farináceos).

A silagem de sorgo tem um custo de produção menor que a de milho, visto ser uma cultura menos
exigente em termos de tratos culturais e pode produzir até dois cortes.

Silagem de capim elefante

O capim elefante apresenta bom valor nutritivo quando colhido precocemente, entre 35 a 45 dias.
Contudo neste estádio apresenta teor elevado de umidade o que dificulta sua ensilagem, produzindo
alimento com frementação inadequada, resultando em baixa aceitação pelos animais. Para se obter
silagem de boa qualidade deve-se diminuir o teor de umidade, fazendo o emurchecimento no campo,
todavia esse sistema é trabalhoso e pouco eficiente. Pode-se adicionar, no momento da ensilagem,
algum material seco, objetivando o aumento do teor matéria seca da massa ensilada para 25-28%. Pode-
se utilizar para esse fim milho moído ou rolão de milho ou polpa cítrica desidratada na quantidade de 5-
10%.

Silagem de girassol

Apresenta-se como opção para plantio na “safrinha”, principalmente após a colheita do milho, e em
regiões ou épocas com maior probabilidade de deficiência hídrica, pois seu sistema radicular pivotante
garante maior profundidade de exploração do solo. Sua silagem é de boa aceitabilidade pelos animais,
com teor protéico (11%) e em óleo (10%) mais elevado que silagens de cereais (milho ou sorgo),
todavia seu teor energético é inferior. Deve ser colhido quando os seus receptáculos (flores) estão
voltados para baixo, com a parte dorsal na coloração amarelo escuro e grande quantidade de folhas
secas.

FENOS

Fenos de gramíneas são alimentos volumosos de boa aceitação pelos animais. Um bom feno tem cor
esverdeada, grande quantidade de folhas, macio ao tato e com mais de 10% de proteína bruta. Fenos
pálidos, duros e com grande quantidade de talos são inferiores. Coast-cross, Tifton,

Rhodes, Áries e Aruana produzem feno de boa qualidade e devem ser colhidos com 28-40 dias de
vegetação.

A chuva é o grande problema na produção de feno, pois fenos “chuvados” são de qualidade muito
inferior.

Feno de alfafa é de excelente qualidade, mas é caro para ser adquirido. Sua produção necessita de
excelente fertilidade do solo.

Para pequenas criações, o capim elefante e outras forrageiras (guandu, leucena, colonião, etc...) também
podem ser desidratados e produzir fenos de boa qualidade. Devendo ser picados e secos em terreiro em
camada fina, revirando varias vezes ao dia e cobrindo a noite. Após secos podem ser ensacados ou
armazenados a granel. Confecção contínua de pequenas quantidades durante o verão é o mais
adequado.

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CANA-DE-AÇÚCAR

Forrageira que se conserva “in natura”, pois seu maior valor energético é no período “da seca”, quando
deve ser utilizada. Produz até 120 toneladas de massa verde/ha/ano. Apresenta o inconveniente de
possuir grande quantidade de açúcar altamente solúvel no rúmen, que prejudica a digestão da fibra do
bagaço. Possui, ainda, baixo teor protéico, devendo ser suplementada com farelos de oleaginosas ou
uréia (0,5-1,0 % na matéria original, após período de adaptação). Pode ser utilizada para animais menos
exigentes como ovelhas “secas” e animais adultos em geral.

RESTOS DE CULTURA E SUBPRODUTOS AGRÍCOLAS

Alguns resíduos produzidos durante ou após a colheita de cereais, oleaginosas, tuberculos ou raízes e
mesmo do processamento de frutíferas, podem ser utilizados para alimentação de ovinos. As palhadas
são, geralmente, pobres em proteína, com baixo valor energético e palatabilidade. Podem ser utilizadas
para manutenção de ovelhas secas, devidamente suplementadas com alimentos protéicos. A utilização de
palhas e cascas de arroz não é recomendada devido a sua baixa digestibilidade. Palhadas de milho,
sorgo, aveia e trigo podem ser utilizadas para manutenção de ovelhas secas, suplementando-se com
uréia (0,5-1,0 %, com período de adaptação) e farelos de oleaginosas ou ração concentrada com elevado
teor protéico (18-20%). Devem ser picadas ou moídas e misturadas a alimentos mais palatáveis.
Palhadas de soja e feijão apresentam teor mais elevado de proteína bruta que as palhadas de cereais,
mas também apresentam baixo teor energético, podendo ser utilizadas se complementadas neste
aspecto. As vagens apresentam valor nutritivo mais elevado e as cascas dos grãos tem bom valor
nutritivo.

Não é recomendada a utilização do bagaço de cana cru na alimentação de ovinos devido seu baixo valor
nutritivo e palatabilidade, porém, quando hidrolizado, o bagaço de cana apresenta

maior digestibilidade e, consequentemente, um valor energético maior, podendo ser utilizado na


alimentação de ovelhas secas e animais pouco exigentes. Pode compor dietas para ovelhas secas, em até
40% na matéria seca e para cordeiros, em pequena proporção (10 a 20%), em dietas com elevada
proporção de concentrados.

As ramas de mandioca, após a colheita das raízes e aproveitamento das manivas para novo plantio,
podem ser utilizadas. Deve-se aproveitar o terço superior, que apresenta maior quantidade de folhas e
menor de talos. Apresentam bom valor nutritivo e alta palatabilidade; possui entre 9-15% de proteína
bruta e bom valor energético. Podem ser picadas e secas ou conservadas como silagem, sem
necessidade de aditivos ou emurchecimento. As variedades de mesa (mansas) apresentam baixo teor de
ácido cianídrico, mas as variedades para farinha, denominadas bravas, apresentam teor elevado desta
toxina; picagem, secagem e ensilagem diminuem o teor desta substância e assim não causam problemas
aos animais. Para fornecimento “in natura” deve-se picá-la com antecedência (12 horas) para que o
processo de autólise enzimática diminua a toxidez. Também é aconselhável a introdução gradativa das
ramas na dieta, visando adaptar os animais ao seu consumo.

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Resíduos de farinheiras são ricos em amido e podem ser utilizados para todas as categorias. Apresentam
baixo teor de proteína bruta e minerais, principalmente cálcio e fósforo, mas bom valor energético, que
varia em função do seu teor em amido e fibra. Substitui, parcialmente, o milho ou polpa cítrica e pode
combinar-se com uréia ou farelos. Cascas de mandioca podem ser utilizadas, desde que seu conteúdo de
solo aderido seja pequeno.

O resíduo de cervejaria úmido tem ao redor de 25% de proteína bruta e 60-65 % de NDT na matéria
seca, podendo ser fornecida até 3 kg por ovelha/dia. Tem elevado teor de fibra e é bem aceito pelos
animais, sendo considerado um alimento muito bom para ruminantes. A forma úmida, geralmente a mais
disponível no mercado, apresenta o inconveniente de ter que ser utilizada rapidamente, pois sofre
degradação rápida e acentuada, com o desenvolvimento de fungos, com o passar do tempo, podendo ser
armazenada na forma de ensilagem. Utilização por mais de 5 dias deve ser evitada por perigo de
intoxicação. A forma desidratada apresenta a vantagem de poder ser armazenada mais eficientemente,
pode ser fornecido até 1,0 kg/ovelha/dia, todavia o custo é superior.

CONCENTRADOS

São denominados os ingredientes de elevado teor energético ou protéico utilizados como complemento
das dietas volumosas. São concentrados energéticos o milho e outros cereais (aveia, trigo, arroz), os
altamente protéicos os farelos de soja, de algodão e de girassol, e os de valor protéico inferior os farelos
de trigo e arroz.

CONCENTRADOS ENERGÉTICOS

Milho grão: Excelente fonte energética por ser rico em amido. Possui baixo teor de proteína e cálcio,
moderado de fósforo, devendo ser combinado com farelos de oleaginosas para compor rações com
adequado teor protéico.

Rolão de milho (milho desintegrado com palha e sabugo): Apresenta valor energético e protéico
inferior ao milho-grão devido a presença do sabugo e palha.

Polpa cítrica: possui valor energético similar ao do milho e pode substituí-lo integralmente em rações
para ovinos. Deve ser utilizada quando apresentar preço de até 85% do milho. Possui elevado teor de
cálcio e baixo de fósforo e proteína. Deve ser armazenado adequadamente, pois absorve umidade com
facilidade, o que leva a proliferação de fungos e bolores prejudiciais aos animais.

Mandioca raiz: Bom valor energético, mas pobre em proteína e minerais. Pode ser utilizada para
compor a dieta em até 30%, ou até 1,5-2kg de raiz úmida/animal/dia para ovelhas de 60kg. Deve ser
fornecida picada, devendo os animais serem previamente adaptados ao seu consumo, iniciando com um
terço da quantidade que se desejar fornecer e aumentar progressivamente até atingir o máximo em sete
a dez dias. Pode ser armazenada na forma seca: picar em pedaços pequenos ou em raspas e secar em
terreiro; ou na forma de ensilagem, não necessitando de aditivos.

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CONCENTRADOS PROTÉICOS

Farelo de soja: é uma das melhores fontes protéicas utilizadas na alimentação de animais domésticos.
Possui 45 a 47% de proteína bruta. Deve compor preferivelmente rações para cordeiros ( creep-feeding e
confinamento), devido seu preço elevado.

Farelo de algodão: Fonte protéica de boa qualidade para ruminantes, utilizado para todas categoria,
inclusive machos reprodutores , pois apresenta-se detoxificada. No comércio pode ser encontrada com 28
ou 38% de proteína bruta.

Farelo de trigo: Possui teor protéico médio (16%) e maior teor de fibra que as demais fontes protéicas.
É excelente fonte de micro-elementos minerais, como selênio, zinco e outros. Possui elevadíssimo teor de
fósforo e desta maneira não deve ser utilizado em grande quantidade, máximo de 20-25% da ração
concentrada, pois a ingestão elevada de fósforo pode causar a urolitíase obstrutiva (cálculos na uretra),
principalmente em machos.

Uréia: É uma fonte de nitrogênio-não-protéico que pode ser convertido, pelos microrganismos ruminais,
em proteína microbiana e ser, assim, aproveitada pelos animais. Deve ser direcionada, preferivelmente
para animais adultos, com grande capacidade de fermentação ruminal, como

ovelhas e animais em fase final de crescimento. Pode compor rações a base de cereais, como milho, trigo
ou cevada, ou ainda polpa cítrica, na proporção de 1% e no máximo 2%. Pode, ainda, ser utilizada para
aumentar o teor protéico de volumosos úmidos, como silagem de milho ou sorgo, cana-de-açúcar, na
quantidade de 1%.

Fenos de qualidade inferior, palhas em geral e pastagens pobres a fim de melhorar seu aproveitamento
pelos animais. Pode-se, neste caso, preparar mistura de 2 partes de sal mineral e uma de uréia e deixar
disponível em saleiros. Animais adultos, quando já adaptados podem consumir até 0,5 g/kg de peso
vivo/dia. Consumo excessivo (10g de uma só vez), por animais não adaptados, pode levar a intoxicação
por amônia. Os sintomas de intoxicação por consumo excessivo de uréia são salivação excessiva,
incoordenação motora e levando a óbito. O fornecimento de uréia deve ser acompanhado da utilização
de fonte de enxofre (S), na quantidade de 10 partes de N para uma de S (flor de enxofre, sulfato de
amônio ou de cálcio), dessa maneira podemos utilizar 8 partes de uréia para duas de sulfato de cálcio ou
uma parte de sulfato de amônio. Não deve ser utilizado para cordeiros desmamados precocemente até
90 dias.

Soja em grão: Apresenta elevado teor protéico e energético; contudo devido ao seu elevado teor de
óleo e presença de princípios não nutritivos tem seu consumo restrito. Animais adultos podem receber
até 20 % da dieta total (MS),ou até 400-500g dia/ovelha

Caroço de algodão: Como a soja grão, tem bom valor energético e protéico, rico em óleo e com
presença de substancias tóxicas. Jamais fornecer para machos reprodutores, pois possui elevado teor de
gossipol, que pode causa r infertilidade. Pode ser utilizado em quantidades moderadas para ovelhas e

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borregas, na quantidade de 200-500g/dia, por períodos não muito longos para se evitar problemas
hepáticos devido ao gossipol.

MISTURA MINERAL

Utilizada para suprir as carências minerais encontradas nas pastagens, pois as gramíneas geralmente
apresentam baixos teores de fósforo e os animais, quando em pastejo, estão sujeitos a deficiências desse
elemento, que deve ser suplementado na forma de mistura mineral. A suplementação de micro-
elementos minerais é também necessária, principalmente cobalto, selênio, zinco, cobre e outros, pois
muitas vezes estão deficientes na forrageira, dependo da região e solo onde são cultivadas.

As misturas minerais, prontas para uso, encontradas no comércio são, em sua maioria, compostas de sal
iodado (NaCl) e fontes de minerais (cálcio, fósforo e micro-elementos). Devem estar sempre à
disposição dos animais em saleiros adequados. Atenção especial deve ser dada ao teor de cobre da
mistura, pois ovinos são susceptíveis à intoxicação por excesso deste elemento. Uma boa mistura mineral
pronta deve conter ao redor de 8% de fósforo e no máximo entre 300 ppm de cobre.

Ovelhas adultas consomem entre 20-40g/dia desta mistura mineral, dependendo do seu peso, categoria,
etc.

Animais em confinamentos e suplementados com ração concentrada a base de grão de cereal não
necessitam esta suplementação, pois, como já mencionado, grãos de cereais são ricos em fósforo e os
outros minerais normalmente são encontrados em quantidades adequadas na maioria dos componentes
de rações.

Machos reprodutores que consomem ração concentrada e ainda tem mistura mineral à disposição,
podem apresentar consumo diário excessivamente elevado de fósforo, o que pode levar ao
aparecimento de urolitíase (cálculo uretral)

VITAMINAS

Ruminantes geralmente não necessitam de suplementação com vitaminas do complexo B, pois as


sintetizam através dos microorganismos ruminais. Em algumas situações, animais consumindo
quantidades muito elevadas de concentrado, podem apresentar deficiência de vitamina B1 e apresentar
necrose corticocerebral, com sintomas nervosos (cabeça virada para cima). As vitaminas E e K são
encontradas nos alimentos usuais, não havendo necessidade de suplementação, no entanto, a carne de
cordeiros suplementados com vitamina E apresenta escurecimento menos intenso no processo de
armazenagem a frio. Nesse caso a suplementação pode ser utilizada para melhorar a apresentação do
produto final. A vitamina C é sintetizada pelos tecidos em quantidade suficiente, não havendo
necessidade de suplementação.

A vitamina D é sintetizada pela pele, a partir da luz solar, não sendo necessário suplementá-la, todavia,
se os animais permanecerem confinados por muito tempo em ambiente fechado e sem acesso à luz

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solar, podem apresentar sintomas de deficiência. Fenos curados ao sol, de boa qualidade, são boas
fontes alimentares precursores de vitamina D.

A suplementação com a vitamina A pode ser necessária, quando os animais, principalmente fêmeas em
lactação e animais em crescimento, forem, por longos períodos (mais de 3 meses), sujeitos à
alimentação pobre nesta vitamina. Forragens verdes, assim como o milho amarelo, são fontes excelentes
de vitamina A. Já os volumosos com pouca coloração são pobres: palhas, pastagens velhas, fenos
amarelados, com pouca pigmentação, silagens de baixa qualidade e outros alimentos sem pigmentação.

A forma adequada de suplementar é adicionando as vitaminas à ração concentrada. No caso de animais


que não se alimentam de ração pode-se adiciona-las à mistura mineral ou adquirir formulações prontas.

ALIMENTAÇÃO DAS DIVERSAS CATEGORIAS

Ovelhas

Ovelhas solteiras e até o terço final da gestação podem ser alimentadas exclusivamente com volumosos
de media qualidade (ao redor de 9% de proteína bruta, 55% de NDT e 0,2% de cálcio e 0,2% de
fósforo) e sal mineral. Neste período apresentam consumo voluntário ao redor de 2 a 2,5% de matéria
seca. No período das águas podem ser alimentadas com pastagens, capins cortados, leguminosas, etc.
Na seca devem alimentadas com pastagens diferidas e suplementadas com volumosos conservados
(silagens ou feno) ou cana-de-açúcar, com adequação do teor protéico da dieta, o que permite mantê-las
em bom estado corporal. Pode-se utilizar volumosos mais pobres, com palhadas ou bagaço de cana
hidrolisado, com pequena quantidade de ração concentrada.

No terço final da gestação o crescimento fetal é acentuado, principalmente no caso de gestação de


gêmeos. Neste período o requerimento energético fica aumentado devido ao crescimento fetal e sua
exigência nutricional é por volta de 11% de proteína bruta e 60% de NDT, 0,35% de Ca e 0,23% de P.
Consomem ao redor de 3-3,5% do peso vivo em matéria seca. Devem receber pastagens de boa
qualidade ou serem suplementadas com ração concentrada com 14 -16 % de PB (300-600 g/dia). Nesta
fase a ingestão de energia deve ser aumentada para promover adequado crescimento fetal e preparação
para a lactação. Consumo baixo de energia em ovelhas excessivamente magras leva a baixo peso ao
nascer das crias, diminuição da produção de leite, redução da habilidade materna e a diminuição da
viabilidade dos cordeiros recém nascidos e conseqüente aumento de mortalidade das crias. Também os
problemas parasitários são aumentados. Deve-se manter a ovelha em bom estado corporal e evitar
animais excessivamente gordos. Fêmeas jovens ou em gestando fetos múltiplos, podem apresentar
sintomas de deficiência de energia, denominada toxemia da gestação, dessa maneira, na fase final da
gestação, os cuidados com a alimentação devem ser redobrados.

Após a parição as exigências energética e protéica são aumentadas devido a produção de leite. Logo
após o parto, o consumo de alimento é menor e aumenta progressivamente. Ovelhas de grande
produção de leite perdem peso durante as primeiras 4 semanas de lactação, assim sendo, devem ingerir
quantidade mais elevada de energia e proteína. Necessitam dietas com aproximadamente 64-68% de
NDT, 12-14% de proteína bruta, 0,33% de Ca e 0,27% de P e consomem entre 3,5 e 4% do seu peso
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vivo em matéria seca. Da parição até o desmame, as ovelhas devem ser alimentadas com volumosos de
boa qualidade e ração com 14-16% de proteína (400-800g/dia), dependendo do tamanho da ovelha,
número de crias e estado corporal.

A ovelha atinge seu pico máximo de produção de leite entre a terceira e quarta semana após o parto,
diminuindo progressivamente nas semanas seguintes, sendo que já na oitava semana a produção de leite
é muito pequena. O período inicial da lactação concentra-se nas 8 primeiras

semanas pós-parto, representando 75% da produção. Deve-se ter especial atenção na alimentação dos
animais até 30-45 dias pós-parto, diminuindo, gradativamente, o fornecimento de ração concentrada até
o desmame, para facilitar o processo de secagem da glândula mamaria, evitando mastite, bem como
estimular o cordeiro a procurar alimento sólido no “creep-feeding”.

A raça Santa Inês, em seu processo de formação, teve a participação de animais de elevada aptidão
leiteira, como da raça Bergamacia, em razão do que apresenta curva de lactação mais longa que as raças
de corte, tornando o desmame precoce mais difícil. Aconselha-se nesse caso, diminuição acentuada da
alimentação 20-30 dias antes do desmame e, após o desmame, jejum de alimento sólido por 48 horas e
hídrico por 24 horas.

As ovelhas, na cobertura, devem ser alimentadas com pastagens ou volumoso de boa qualidade ou ração
concentrada. O aumento da ingestão de energia imediatamente antes (10 dias) e durante a cobertura
(flushing), garantindo ganho de peso nesse período, pode estimular ovulações múltiplas e ocasionar
nascimento de maior número de gêmeos. Quando o sistema de manejo reprodutivo adotado procura a
obtenção de intervalos entre partos de 8 meses, ou menos, a alimentação deve ser acompanhada com
maior cuidado, devendo se trabalhar com alimentos de melhor qualidade e valor nutritivo.

O nível nutricional dos animais também influi na sua capacidade imunológica. Ovelhas melhor nutridas,
recebendo dietas com teores mais elevados de proteína, tendem a apresentar maior capacidade de
resistir à ação da verminose, seja por dificultar a fixação das larvas de helmintos no trato intestinal, seja
por apresentar uma reação fisiológica mais forte, dificultando ou mesmo impedindo o seu
desenvolvimento, ou seja ainda por uma maior capacidade orgânica frente à ação espoliativa dos
parasitas.

Cordeiros em acabamento (confinamento)

A correta alimentação de cordeiros em acabamento deve prever o estimulo, ainda no período de


amamentação, à máxima ingestão de alimentos de elevado valor nutritivo, visto que nesse período os
animais apresentam ótima conversão alimentar. A maneira mais fácil é através do fornecimento de ração
concentrada através do creep-feeding, que se constituem em cochos separados e inacessíveis às ovelhas
e aos quais só os cordeiros tem acesso. Nesses cochos pode-se utilizar rações a base de milho, farelos de
soja, algodão, trigo e outros, com 18-22% de proteína bruta, com alta palatabilidade, e que passa a ser
fornecida para os cordeiros a partir de 10-15 dias de idade. Estes aumentam gradativamente seu
consumo à medida que a disponibilidade de leite da ovelha diminui, atingindo um consumo de 150 a 200
g/cordeiro/dia ao desmame. Esse consumo deve ser estimulado, pois resulta em aumento acentuado de
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peso dos cordeiros ao desmame, que nesta fase tem conversão ao redor de 2:1, ou seja, cada 2 kg de
ração ingerida promove um ganho de peso de 1kg, o que pode ser muito vantajoso do ponto de vista
econômico.

Cordeiros desmamados precocemente (50-60 dias) são muito exigentes em nutrientes, principalmente
em energia e proteína. O acabamento é feito por um período ao redor de 60 dias, com peso inicial de 14-
16 kg, até um peso final de 30 a 35 kg. Ganhos diários de peso acima de 250 g são adequados, todavia,
esse ganho pode alcançar mais de 400g/dia, em animais especializados e de elevado potencial para
ganho de peso, provenientes de reprodutores de elevado peso adulto. A conversão alimentar gira ao
redor de 3-3,5:1, sendo, portanto, excelentes transformadores de alimento de origem vegetal, em carne
nobre. A exigência nutricional nessa fase situa-se ao redor 14-16% de PB; 70-78% de NDT; 0,45% de Ca
e 0,25% de P na matéria seca total, consumindo ao redor de 4,5-5 % do peso vivo em matéria seca,
sendo aconselhável o fornecimento, no mínimo, de 60% de ração concentrada, a base de milho e farelos
de oleaginosas, na dieta total.

Cordeiros recém desmamados possuem menor capacidade fermentativa ruminal que cordeiros
desmamados tardiamente, portanto com menor capacidade de digestão de fibras. Dietas com elevadas
concentrações em energia e proteína são necessárias para se conseguir elevados ganhos de peso.
Cordeiros devem ganhar 200-300g/dia para atingirem o peso de abate (28-30kg) antecipadamente.
Devem ser alimentados com volumosos de alta qualidade (silagem de milho ou sorgo, capim elefante
picado e fenos de boa qualidade), a vontade e ração concentrada, com 16-18% de proteína, na
quantidade de 2-4 % do peso vivo. Essa alimentação perdura até os 30 kg de peso vivo ou até 4 meses
de idade (peso ou idade de abate).

A ração concentrada deve ser composta de cereais (milho, aveia, arroz, trigo) e farelos de oleaginosas
(soja, algodão, girassol, etc...) e subprodutos de bom valor nutritivo (polpa cítrica, levedura de cana,
resíduo de cervejaria, subprodutos da industria de sucos e de milho etc).

Borregas para reposição (dos 4 meses até a cobertura)

Nesta fase as fêmeas são preparadas para serem futuras reprodutoras e fazer parte do plantel de fêmeas
adultas. Quanto mais cedo forem cobertas maiores serão os índices produtivos da propriedade.

Nesta fase as fêmeas apresentam exigência nutricional de 11% de proteína bruta, 65% de NDT e
0,4%de cálcio e 0,2% de fósforo na matéria seca total ingerida e consomem entre 3,5 e 4% do peso vivo
em matéria seca. Devem ser alimentadas com volumosos de boa qualidade, à vontade, e quantidade
moderada de ração (aproximadamente 1,5-2% do peso vivo) com 14-16% de proteína. A partir dos cinco
meses podem ser adaptadas às pastagens e devem atingir o peso de cobertura (70% do peso adulto)
entre 8-14 meses.

Fêmeas de primeira cria

Atenção especial deve ser dada no terço final da gestação, pois a cobertura antecipada (8-12 meses),
leva à somatória das necessidades nutricionais de crescimento, com as da gestação. Deve-se mantê-las

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separadas das adultas e fornecer alimentação de melhor qualidade, acompanhando seu o estado
corporal, aumentando a suplementação em caso de condição corporal inferior a 2-2,5.

Reprodutores

Carneiros adultos devem ser alimentados preferencialmente à base de volumosos de boa qualidade e
pequena quantidade de ração concentrada, com 14-16% de proteína bruta, na quantidade máxima de
0,5 a 0,7 kg/dia dependendo da idade e do peso dos animais. Dietas com excesso de ração concentrada
e pouco alimento volumoso levam ao aparecimento de urolitíase obstrutiva (cálculos na uretra) em razão
da formação de cristais de fosfato no sistema urinário, levando a sua obstrução. Caracteriza-se por
dificuldade para urinar ou obstrução total da urina, inviabilizando o reprodutor.

Excesso de peso é também um problema com reprodutores adultos, normalmente nas raças de maior
peso adulto, devendo ser evitado através do fornecimento de quantidade restrita de ração concentrada
além de exercícios.

DISFUNÇÕES DE ORIGEM NUTRICIONAL

Toxemia da gestação ou cetose


Acomete animais no final da gestação devido ao crescimento acentuado do(s) feto(s). Fêmeas com
crescimento comprometido, magras, as mais jovens e as excessivamente gordas são mais susceptíveis.
No final da gestação, o aumento do volume uterino causa compressão do aparelho digestivo e o
consumo de alimentos fica diminuído. A necessidade de energia da matriz aumenta consideravelmente
devido ao aumento na velocidade de crescimento do feto e um aporte inadequado de alimentos pode
levar à deficiência de glicose para atender o crescimento fetal. Nessa situação o organismo animal
queima gordura corporal para atender esta demanda energética, liberando excesso de corpos cetônicos,
que devem ser metabolizado pelo fígado, pois é tóxico ao organismo. Se a quantidade de corpos
cetônicos liberados superar a capacidade hepática de metaboliza-los, advém um quadro de cetose: o
animal tem dificuldade de locomoção, se afasta do rebanho, deita e tem dificuldade para levantar,
apresenta sintomas nervosos e dificuldades visuais. O procedimento adequado para a prevenção seria a
separação das fêmeas jovens ou magras e em gestação e o fornecimento de suplementação com ração
rica em amido (milho ou outro cereal). Quando os sintomas são observados deve se aplicar solução à
base de gluconato de cálcio, por via endovenosa, além da adequação da alimentação.

Calculo urinário ou urolitíase obstrutiva

É uma doença relativamente comum em reprodutores de maior valor econômico e potencial zootécnico,
já que acomete, com maior freqüência, animais que ficam confinados em baias, recebendo grande
quantidade de concentrado. A doença é causada pela ingestão excessiva de fósforo; ingestão de dietas
com baixa relação cálcio:fósforo e/ou baixa ingestão de alimentos volumosos e água. O excesso de
fósforo é eliminado pela urina, que por ser alcalina, favorece a formação de cálculos ricos em fósforo,
que se acumulam e bloqueiam o fluxo de urina pela uretra, ocasionando dificuldade de urinar e cólicas,
sendo que, muitas vezes a obstrução é total. Freqüentemente o problema leva o animal à morte.

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O tratamento é preventivo, devendo-se evitar alta ingestão de ração concentrada e sal mineral
conjuntamente, pois os dois são ricos em fósforo. O problema pode ser agravado pela pequena ingestão
de alimento volumoso, pois o consumo de alimento volumoso estimula a salivação, que está ligada ao
processo de excreção de fósforo. A restrição na ingestão de água, por aumentar a concentração de sais
na urina, também é fator predisponente da urolitíase.

A ingestão de concentrado, por carneiros adultos, não deve ultrapassar 500-700g/dia (dependo do peso
e idade do animal) por longos períodos e sempre com fornecimento de volumosos. Muitas vezes, o
cálculo fica retido no apêndice vermiforme (prolongamento da uretra após a glande), e sua retirada não
atrapalha a ejaculação do animal, podendo-se salvar o carneiro, sem prejuízo acentuado de sua
capacidade reprodutiva.

ADITIVOS ALIMENTARES

Cordeiros confinados estão sujeitos à cooccidiose (eimeriose), caracterizada por diarréia escura e fétida,
devido à presença de sangue decorrente das lesões provocadas pelos parasitas na mucosa intestinal.
Causa grande prejuízos para os cordeiros em crescimento pois, diminui acentuadamente o ganho de peso
e pode levar a desidratação e óbito. O uso de ionóforos na ração previne a cooccidiose. Tais substâncias
modificam também a flora ruminal, melhorando o ganho de peso e a conversão alimentar; não sendo
absorvidas pelo trato digestivo e assim não deixam resíduos na carcaça. Os ionóforos mais utilizados são
a monensina sódica (Rumensin) e lasalocida (taurotec). O Rumensin pode ser incorporado à ração
concentrada na proporção de 600 g/tonelada.

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ESPECIAL – CONFINAMENTO DE CORDEIROS – OBSERVAÇÕES

Os melhores resultados para terminação de cordeiros para abate ou recria de machos são obtidos com
cordeiros confinados. As principais vantagens são:

 Menor taxa de mortalidade, pois, quando confinados os cordeiros, praticamente elimina-se


o problema de verminose, a principal causa de morte de cordeiros durante a recria;

 Máximo aproveitamento da área disponível, pois não haverá necessidade de reservar uma
área para desmame dos cordeiros. Esta área (25% da área ocupada pelas matrizes) pode
ser utilizada para elevar o número de fêmeas produzindo cordeiro.

Sua desvantagem está no elevado custo, principalmente com alimentação e mão-de-obra que deve ser mais
bem preparada. Optando-se pelo confinamento dos cordeiros, estes devem ser recém-desmamados (45 a 90
dias) e estar em bom estado físico e sanitário. Os melhores animais para confinamento são os provenientes
de cruzamento industrial, pois devido à heterose, apresentam excelente ganho de peso. Com relação às
instalações, pode-se utilizar mangueiras, barracões, cercados ou mesmo a própria cabanha. O piso pode ser
ripado, cimentado ou de terra, evitando-se, no entanto, a existência de locais onde a água fique empossada
e onde nasçam gramíneas. As coberturas totais são desnecessárias. Estas podem cobrir somente a linha de
cochos e fornecer alguma sombra aos animais. A área a ser considerada para cordeiros até 30 kg é de 0,60
m2/an., em instalações totalmente cobertas e 5,0 m2/an. quando somente a linha de cocho é coberta.

Cuidados a serem tomados:

 Consumo de alimento: 3 a 4% P.V. - Deve-se programar sempre a mais, para evitar


mudanças de ingredientes da ração, bem como dos níveis, de energéticos, e proteína, que
poderão causar atrasos e perdas de peso;

 Sal mineral deve estar sempre à vontade;

 A castração e a descola não são necessárias aos cordeiros confinados, executando-se


machos e fêmeas que seriam recriados para reprodução;

 A tosquia no início do confinamento poderá aumentar o consumo de alimentos e


conseqüentemente o ganho de peso;

 Deve-se formar lotes com idade e tamanho homogêneos, para diminuir o efeito da
dominância;

 No caso de usar feno como volumoso na ração, aconselha-se picar e mistura-lo ao


concentrado, a fim de evitar perdas e aumentar o consumo deste ingrediente;

 Deve-se vermifugar os cordeiros antes de entrarem no confinamento;

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 Quinze dias antes do desmame, os cordeiros devem ser vacinados contra enterotoxemia,
carbúnculo sintomático e gangrena gasosa (Sintomatina polivalente) com uma dose de
reforço 15 a 21 dias após a primeira

 Para o produtor conseguir recuperar os custos adicionais em instalações e alimentação,


deve-se buscar cordeiros com alto potencial genético para ganho de peso e uma boa
conversão alimentar.
O ganho muscular do cordeiro ocorre até o início da puberdade por volta de 5 a 6 meses de idade, a partir
daí, o cordeiro começa a depositar gordura na carcaça.
É importante estabelecer o peso ótimo de abate. Fatores podem interferir no crescimento do cordeiro:
 Peso ao nascer: cordeiros que nascem com baixo peso por fatores genéticos, ou má
nutrição da ovelha durante a gestação apresentam alta taxa de mortalidade;
 Idade e sexo: Quanto mais jovem o animal for abatido, menor será a diferença entre
sexos, não havendo portanto necessidade de castrar os machos. Os cordeiro inteiros em
função da maior velocidade de crescimento, apresentam maior peso vivo e de carcaça,
maior compacidade corporal e superiores áreas de músculos ;
 Peso Mínimo: Trabalhos demonstram que o peso mínimo para o cordeiro entrar no
confinamento e ser economicamente rentável é de 15 kg;
 Cruzamentos: Ovelhas de lã cobertas com carneiros tipo carne produzirão cordeiros com
maior peso ao desmame e maior potencial de ganho de peso em confinamento;
 Peso ótimo de abate: Para a região Sudeste o peso médio indicado para abate deve ser
entre 28 e 30 kg, pois com a elevação do peso de abate leva a um aumento do teor de
gordura. Por outro lado, o custo de manutenção de cordeiros além do peso ótimo de
abate, interfere no ganho da renda líquida.
 Os cordeiros a serem confinados devem ser recém-desmamados (45 a 90 dias) e estar em
bom estado físico e sanitário.
O consumo de alimentos é de cerca de 3 a 4 % do peso vivo/cab/dia em matéria seca. Os cordeiros devem
ser vermifugados antes de entrarem no confinamento e vacinados quinze dias antes do desmame contra
enterotoxemia, carbúnculo e gangrena, com uma dose de reforço 15 a 20 dias após. O sal mineral deve ser
fornecido á vontade.
A seguir alguns exemplos de dietas para confinamento. A escolha por outro ingrediente vai depender de sua
disponibilidade e custo, em cada região:

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Rações Completas

1 – Feno de gramínea .......................................................... 38 %


Milho (fubá) ..................................................................... 37,5 %
Farelo de algodão .......................................................... 23 %
Calcário calcítico .......................................................... 1,5 %
Valores nutricionais : 14 % PB; 62 % NDT; 0,7 % Ca e 0,35 % P
2 – Feno de gramínea .......................................................... 20 %
Milho (fubá) .................................................................... 31 %
Farelo de soja ................................................................ 22 %
Farelo de trigo ............................................................... 14 %
Calcário calcítico .......................................................... 2%
Valores nutricionais: 15 % PB; 68 % NDT; 0,9 % Ca e 0,4 P
3 – Feno de gramínea ......................................................... 30 %
Rolão de milho .............................................................. 55 %
Farelo de soja ............................................................... 15 %
Calcário calcítico ......................................................... 1,5 %
Valores nutricionais: 13,5 % PB; 62 NDT; 0,7 % Ca e 0,3 % P

Concentrados
1 – Rolão de milho .............................................................. 60 %
Farelo de algodão .......................................................... 40 %
Calcário calcifico .......................................................... 2%
Valores nutriconais: 16 % PB; 60 %NDT; 0,9 % Ca e 0,5 % P
OBS>: Este concentrado, pela quantidade de fibra existente, cerca de 12% de FB, pode ser usado sem
volumoso.

2 – Milho (fubá) ................................................................. 58 %


Farelo de soja ............................................................. 27 %
Farelo de trigo ............................................................ 12 %
Calcário calcítico ....................................................... 1%
Sal mineral para ovinos ............................................. 1%
Valores nutricionais: 20 % PB; 75 % NDT; 0,9 Ca e 0,35 % P
3 – Rolão de milho .......................................................... 70 %
Farelo de soja ............................................................ 30 %
Calcário calcítico ........................................................ 1,3 %

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Se a ração completa for utilizada, esta deve ser oferecida á vontade aos cordeiros. No caso de utilizar
concentrado e volumoso separadamente, deve-se fornecê-los na seguinte proporção: ½ da matéria seca em
volumoso e ½ de concentrado.
Exemplo: cordeiro com 15 kg de peso vivo, o consumo de MS é da ordem de 0,6 kg/cab/dia; portanto, deve-
se fornecer aproximadamente 0,3 kg de concentrado e 0,3 kg de MS de volumoso, ou seja, 1,2 kg de
matéria verde.
Cocho privativo ou “Creep-feeding”

Trata-se de um sistema em que os cordeiros em amamentação têm acesso á uma suplementação alimentar.
O sistema pode ser aplicado a partir dos 10 dias de idade dos cordeiros. A instalação deve ser disposta
em local sombreado e coberto (quando em pastagem) ou em baias.
A ração do cocho privativo deve ser fornecida á vontade formulada por concentrados com valores altos de
proteína e energia:
1 – Milho em grão moído ou fubá ......................................... 76 %
Farelo de soja ................................................................. 20 %
Açúcar ............................................................................. 2 %
Sal mineral para ovinos .................................................. 1,5 %
Valores nutricionais: 17 PB; 78 % NDT; 0,6 % Ca e 0,3 % P
2 – Milho em grão moído ou fubá ......................................... 70 %
Farelo de algodão ........................................................... 26 %
Açúcar ............................................................................ 2%
Calcário calcítico ............................................................ 1,5 %
Sal mineral para ovinos .................................................. 0,5 %
Valores nutricionais: 15 % PB; 75 % NDT; 0,8 % Ca e 0,4 % P

Observações:

 Alimentação para gestação: é responsável pelo crescimento do feto e formação dos


folículos responsáveis pela produção de lã;

 Cordeiro - aleitamento: responsável pelo desenvolvimento dos folículos existentes;

 Ovelhas em lactação: produção de leite e lã (Proteína)

 Considerando que os requerimentos nutricionais dos animais e as disponibilidades dos


pastos variarem consideravelmente durante o ano, um bom esquema de

 manejo é aquele que é adequado aos períodos de maior necessidade alimentar dos
animais (prenhez, lactação, crescimento) com os períodos de maior disponibilidade de
pastos, todavia, isto depende das condições climáticas que varia muito a cada ano.
Entretanto, o emprego de normas adequadas permite melhorar os principais parâmetros
que caracterizam uma produção deficiente:
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 alta mortalidade dos cordeiros nascidos em relação ao número de ovelhas
acasaladas;

 pouco desenvolvimento dos animais na fase de crescimento;

 baixa quantidade de lã produzida por animal e

 alta porcentagem de lã de categoria inferior.

 Ao programar suas atividades, o produtor deve ter claros os seguintes aspectos que
incidem diretamente na sua produção:

 o momento de acasalar, sinalar e desmamar os cordeiros;

 o momento de dosificar, vacinar, banhar os animais e

 quando selecionar os animais.

 Tem-se observado que a falta de conhecimento sobre alimentação, entre a


maioria dos criadores, é um dos fatores que mais contribui para a baixa
produtividade das diferentes espécies e pelo manejo inadequado dos rebanhos
em diferentes épocas e em determinadas circunstâncias.

 Os nutrientes reconhecidos como essenciais são, geralmente, classificados de acordo com


as propriedades químicas, físicas e biológicas em 6 grupos: água, hidratos de carbono,
proteínas, gorduras, minerais e vitaminas.

Necessidades nutricionais básicas

Água: auxilia na dissolução ou suspensão de outros nutrientes; responsável pela conservação da forma do
corpo e é vital no controle da temperatura corporal. Ela representa ao redor de 70% da composição do
corpo do cordeiro, O ovino consome 1 -6 l/d.

Hidratos de carbono ou glicídios: os açúcares, o amido e a celulose são hidratos de carbono que
apresentam quase a mesma composição química, mas difere no processo de digestão pelo organismo
animal. O hidrato de carbono não contém N, que é o elemento característico das proteínas, por isso, são
encontrados como E.N.N. (açúcares, amido, hemicelulose) a outra parte dos hidratos de carbono são
chamados de fibra bruta (celulose e outros glicídios). O valor destas duas

frações para os ovinos se apresenta sob dois aspectos: 1º- a parte fibrosa dá volume à ração, fator
importante na alimentação dos herbívoros; 2º- a fração dos hidratos de carbono solúveis funciona como
fonte de energia de utilização imediata.

Proteínas: são formadas nas plantas pelo nitrogênio, fosfatos e outros sais obtidos do solo e combinadas
com o carbono, oxigênio e hidrogênio. As proteínas que o ovino consome são quase exclusivamente de
origem vegetal. As folhas e as sementes das plantas são fontes ricas em proteínas. A qualidade da proteína,
nos ruminantes é sintetizada desde que receba materiais necessários, os diferentes aminoácidos, que são
por sua vez formadores de proteínas. A principal função das proteínas é construir ou reparar os tecidos, que
constituem os músculos, pele, órgãos internos, parte do tecido ósseo e nervoso. A lã é constituída por um
composto protéico, a queratina.
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Gorduras: possuem os mesmos elementos químicos que os hidratos de carbono, porém, com menor
proporção de oxigênio. Nos vegetais, pastos, fenos e silagens, o termo gordura, não diz respeito a gordura,
propriamente dita, mas também outras substâncias esteróis, ceras, fosfolipídios, clorofilas, carotenos e
outros pigmentos vegetais. Nas sementes, porém, o seu conteúdo em gordura, representa gordura
verdadeira. A função da gordura é destinada a produção de calor e energia.

Minerais: são indispensáveis para o animal e aumentam grandemente o valor da forragem. Os elementos
minerais mais importantes geralmente contidos nos alimentos são; cálcio, fósforo, potássio, magnésio,
sódio, ferro, cobre, enxofre, iodo, zinco, cloro e cobalto. Destinam-se, no organismo animal a atender às
seguintes finalidades:

 Formar os ossos e dar-lhes a necessária rigidez;

 Constituir uma parte dos músculos, células do sangue e lã;

 Integrar as substâncias solúveis que compõem a parte líquida do corpo;

 Estimular a absorção dos alimentos e preservar de decomposição os princípios orgânicos


consumidos;

 Tonificar todos os sistemas do organismo animal, reforçando a resistência as doenças.

A quantidade de minerais contidos nas plantas forrageiras será diretamente proporcional ao teor desses
alimentos contidos no solo.

 Vitaminas: importante para perfeito estado de saúde dos animais.

 Vitamina “A” - sintetizada pelo animal à partir do caroteno das plantas: deficiência;
cegueira noturna, perda de apetite, aborto, natimorto, infecções respiratórias é
importante na reprodução; fonte;- forragens verdes, principalmente fenos;

 Vitamina “K” - anti-hemorrágica, função: garantir a saúde dos vasos capilares. Os


ruminantes a sintetizam no rúmen;

 Vitamina “D” - regula a assimilação do Ca e P, evitando o raquitismo. É sintetizada pela


presença do sol;

 Vitamina “E” - importante na reprodução, está presente na maioria das forragens. A


doença muscular branca em cordeiros é resultante de uma deficiência de vitamina E.

 Vitamina “C” - é sintetizada pela maioria dos animais, sua inclusão é necessária para os
cordeiros recém-nascidos.

 Vitamina “B” - é sintetizado pelo rúmen do animaL O complexo B estimula o apetite,


protege contra distúrbios nervosos e gastrointestinais e é essencial para a reprodução e
lactação.

Exigências Nutricionais

As exigências nutricionais dos ovinos, em proteína, energia, minerais e vitaminas, variam em função de:

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Raça: as mais precoces e de grande porte, como as especializadas na produção de carne, em geral
apresentam maior exigência nutricional que as produtoras de lã ou mistas. Já as raças deslanadas tendem a
serem ainda menos exigentes;

Idade: os animais mais jovens apresentam maiores exigências nutricionais , em razão do maior ritmo de
crescimento;

Categoria ou situação fisiológica: as exigências nutricionais variam significativamente conforme o


estado fisiológico apresentado pelo animal. A gestação, particularmente, em seu 1/3 final, e a lactação,
levam a um aumento dessas exigências. Animais doentes, em fase de tratamento e recuperação, exigem
maiores cuidados nutricionais;

Em criações extensivas onde os animais têm que percorrer grandes distâncias entre áreas de pastejo, cocho
de sal ou bebedouros, as necessidades nutricionais, principalmente energéticas, tendem a ser maiores que
as de animais em pastagens menores e mais produtivas.

Em geral, os ovinos podem ser mantidos exclusivamente em regime de pasto, tendo sempre à disposição
água e sal mineral à vontade. Em determinadas épocas do ano pode ser necessário o fornecimento de
forragem conservada como complemento alimentar. Também são recomendáveis suplementares algumas
categorias, como ovelhas no 1/3 final de gestação, e lactação, cordeiros desmamados e reprodutores em
serviço.

Alimentação de animais de Cabanha: a instalação é adotada para reprodutores e matrizes de alta


linhagem, bem como animais que estão sendo preparados para exposição ou cordeiros (machos e fêmeas)
destinados à venda para reprodução. Estes animais são mantidos na cabanha para que se possa dar uma
alimentação mais adequada de modo que estas categorias manifestem todo o seu potencial genético. A
alimentação destes animais pode ser feita basicamente de 2 formas; a primeira, com ração completa, ou
seja, já com o volumoso incluído, ou fornecendo separadamente, o volumoso (capineira/feno) mais o
concentrado. Na segunda opção, fornecimento de volumoso e concentrado, o volumoso (feno, capineiras ou
silagem), deve estar sempre à disposição do animal e apresentar boa qualidade.

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PASTAGENS PARA OVINOS

Hábito de pastejo: pasteja de preferência gramíneas, realizando corte uniforme e baixo nos vegetais, a
medida que andam pela pastagem, já as raças deslanadas tendem a apresentar um comportamento
semelhante ao dos caprinos, ingerindo uma quantia considerável de ramos e folhas fazendo um pastejo mais
seletivo e menos uniforme. Outro aspecto importante do comportamento dos ovinos em pastagem é o fato
de evitarem pasto alto (acima de sua altura). Nessa situação, o plantel tende a permanecer na periferia do
pasto, penetrando na pastagem somente após o rebaixamento do mesmo, através do pastejo ou pisoteio
por bovinos ou roçadeiras.

Forrageiras adequadas: Se for considerado o hábito de pastejo do ovino, de pastejo baixo, ou seja, colhe
as forragens bem próximas ao solo, as forrageiras mais indicadas são; Pangola (Digitaria decumbens c. v.
Pangola) , Estrela Africana (Cynodon plectastachyns), Pensacola (Paspalum notatum), Coast-Cross (Cynodon
dactdon), e Quiquio (Penninsetun Clandestinum). Outras forrageiras podem ser utilizadas, desde que
manejadas baixas, como; Capim de Rhodes (Chlorys Gayanus), Andropogon (Andropogon Gayanus) e
algumas variedades de Panicum (Centauro, Tanzânia). Estas forrageiras são muito bem aceitas pelos ovinos
e apresentam bom valor nutricional. Em regiões de clima ameno, pode-se fazer uso de forrageiras de
inverno como a Aveia Preta (Avena Strígosa) ou o Azevém (Lolium Multzflorum), quando são anuais.

A escolha das forrageiras utilizadas nos pastos se baseará nas características de clima e solo da região onde
se localiza a propriedade, sendo interessante utilizar mais de uma espécie, este método garantirá maior
variedade de nutrientes oferecidos, além de representar uma garantia adicional quanto á diminuição da
ocorrência de pragas, doenças, intempéries climáticas, já que diversas forrageiras se comportam de maneira
diferente diante das condições ambientais. O consórcio gramínea/leguminosa em pastagem para ovinos é
um procedimento aconselhável, não só no âmbito da nutrição (eleva o nível de proteína da dieta) como
também melhora a produtividade da pastagem, devido à capacidade das leguminosas, em fixar N
atmosférico pelas bactérias (Rhizobium) que vivem em simbiose com suas raízes.

De acordo com o tamanho do rebanho será necessário formar bons pastos, que devem ser suficientes para
poder dispensar suplementação; recomenda-se fazer uma análise do solo para correção de deficiências
(calagem). O pasto deverá ser preferencialmente em terras altas, divididos

em piquetes para fêmeas gestantes e recém-paridas, borregos e borregas, reprodutores, cordeiros de 2 a 6


meses, capões e ovelhas solteiras. Se não houver aguada natural no local de pastagem, providenciar
bebedouro higiênicos, que deverão ser mantidos sempre limpos. Se não existirem abrigos naturais, como
árvores de boa copa ou bosques, construir abrigo rústico de sapé, com capacidade compatível com o
tamanho do rebanho; sob o abrigo, providenciar cocho para sal mineral.

Sem uma boa alimentação, é inútil pensar-se em raças especializadas. Esta é necessária para a economia e
o aperfeiçoamento de um rebanho, pois é sabido que as raças especializadas são conseguidas em boa parte,
com os cuidados com a alimentação.

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Os ovinos preferem pastos rasteiros, vegetais baixos, forragens finas, macias, leguminosas, arbustos.

Preferem lugares altos, descampados, secos e permeáveis. Fogem às umidades das baixadas, os campos de
carrapichos. Escolhem campos abrigados dos fortes ventos por eucaliptos e outros arvoredos que lhes
servem de proteção.

Os ovinos produziram mais, recebendo boa alimentação. Daí ser necessário cultivar forrageiras de alto valor
nutritivo. As pastagens devem ser racionalmente divididas, e o emprego de arame liso.Algumas forrageiras
recomendadas:

 Exigentes em fertilidade do solo – capim-elefante, colonião, coastcross, tifton, estrela


africana, braquiarão, festuca, falaris, soja perene, leucena, guandú, alfafa, trevo
vesiculoso, trevo vermelho e trevo subterrâneo;
 Baixa exigência em fertilidade de solo – Brachiaria decumbens, Hemarthria,
Andropogon, Brachiaria humidicola, Brachiaria ruziziensis, siratro, estilosantes, desmódio,
centrosema, ervilhaca, pueraria e cornichão;
 Quanto ao uso, caracterizam-se como mais adaptadas ao pastejo: andropogon,
colonião, setárias, brachiarias, grupo Cynodon, falaris, festuca, hemarthria, azevém,
estilosantes, desmódio, galactia, centrosema, pueraria, amendoim forrageiro, cornichão,
ervilhaca e trevos;
 Para corte - capim-elefante, cana-de-açúcar, aveia, palma forrageira e ervilhaca;
 Para fenar - bons resultados têm sido obtidos com o coastcross, tifton, estrela (grupo
Cynodon), brachiarias, soja perene, centrosema, galactia, alfafa, cornichão, centrosema e
siratro, logicamente quando se leva em conta o manejo adequado para essa prática;
 Quanto ao hábito de crescimento - as principais forrageiras cespitosas para uso em
pastejo são o andropogon, colonião, azevém e, entre as estoloníferas, destacam-se o
grupo Cynodon, Hemarthria, Brachiaria humidicola e Brachiaria decumbens;
 quanto ao rendimento - ocorrem diferenças entre espécies e também dentro da
mesma espécie. Citam-se, como forrageiras mais aptas para uso com ovinos e de bom
rendimento, o grupo Cynodon e, com menor grau de adaptação mas com bom
rendimento, o colonião, capim napier, andropogon, entre outras.

Lotação e Manejo dos pastos: um dos aspectos mais importantes no manejo das pastagens é a
determinação da carga animal que permanecerá no pasto. Considera-se a produtividade da forrageira
utilizada em MS e o consumo médio diário de um animal adulto 3% PV em MS. A lotação pode ser estimada
de 8 a 10 an./ha., sendo que este número poderá ser maior ou menor, conforme as condições ambientais.

Aguadas: permanentes correntes; na ausência há necessidade de construção de bebedouros.

Tranqüilidade: é necessário recolhe-las à noite em abrigos. Deve ter abrigos para os ovinos se protegerem
das grandes chuvas e ventos fortes (pode-se empregar bosques de eucaliptos). Evitar presença de cães, que
são inimigos naturais.

Sistema de pastejo
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Contínuo: diminui a necessidade de cerca e bebedouros e como desvantagem é o menor aproveitamento da
forragem disponível;

Rotacionado: melhor aproveitamento da forragem (controla a intensidade e a uniformidade de pastoreio),


facilita o controle de verminose (o período de descanso diminui o nível de infestação de larvas sob a ação
radiação solar e ventos). Períodos de descanso 35 a 42 dias. Sazonalidade de produção de pastagens:
dependendo das condições climáticas de cada região estas determinarão duas estações definidas - chuva ou
calor e seca com temperaturas baixas. Essas duas estações provocam, nas espécies forrageiras, um ritmo de
crescimento bastante intenso na estação das águas em confronto com baixas taxas de crescimento no
período seco. Esse problema poderá ser contornado com a utilização de fenos e silagens ou produção das
forrageiras de inverno (como aveia, azevém ou centeio).

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REPRODUÇÃO ANIMAL

Manejo dos cordeiros

Aleitamento artificial para cordeiros fracos: (nascidos de partos múltiplos) com o fornecimento de colostro
nos primeiros dias, leite de ovelha até o 300 dia e após leite de vaca (fazer adaptação prévia) e óleo de soja
(01 colher sopa/500 ml de leite) até o desmame (média de 02 meses);

desmame tardio de 03 a 04 meses. Fornecer a partir do 7º dia feno e ração à vontade de boa qualidade. Os
cordeiros poderão ser confinados a partir do 2º mês de idade (evitando-se a exposição à verminose). Para a
engorda mais rápida, pode-se oferecer ração 150 g/an./dia, sal mineral e água devem ser fornecidos à
vontade.

Obs.: Aborto é muito freqüente nas ovelhas, sendo as causas mais comuns as pancadas, os apertões nas
porteiras.

Para um bom aleitamento é preciso que as ovelhas sejam bem alimentadas, tenha bom pasto e
suplementação com ração, aveia, alfafa, silagem.

Nem sempre a ovelha aceita com facilidade o seu cordeiro, sendo forçoso habituá-la com a sua presença, o
que se consegue colocando a cria em pequeno curral, obrigando a mãe a deixá-lo mamar, até que fique
acostumada a isso. Esse fato é freqüente na raça Merina, que requer maior vigilância que as outras.

Práticas com os cordeiros

 Desmama - 3 a 4 meses: gradualmente com fornecimento de ração, os animais são


liberados algumas horas com a mão e aumentar gradativamente o número de horas de
separação, levado somente à noite para mamadas;

 após 03 dias, separação total das mães.

 2 meses (vantagens): menor infestação verminótica nos cordeiros separados das mães;

 uma vez separados os cordeiros comem mais pasto, apresentam um maior crescimento,
pois não dependem do leite materno;

 sem o cordeiro a ovelha produz mais lã e chega em melhor estado ao próximo


encarneiramento;

 marcação sobre a lã no costado com tinta removível na lavagem industrial (Bayer,


Cooper), tatuagens, brincos.

 Descola: método dos anéis nas primeiras 30 horas de vida, ou cirúrgica até o 100 dia para
evitar hemorragia grave.

 Assinalamento: utilizam-se tatuagens, chapas de pressão ou brincos.

 Marcação: para classificar o rebanho segundo a idade, grau de sangue, parentesco, etc.
Realizadas na região do lombo e paleta. Geralmente com ferro de marcação de bovinos,

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molhando-se em tinta e aplicando sobre a lã. Deve ser remarcado sempre que a marca
inicial for dissolvida ou enfraquecida pela ação do sol.

 Derrabagem: seu objetivo é favorecer a estética e higiene dos animais (evitar acúmulo
de fezes e terra). Feita na primavera (setembro), na mesma ocasião em que são
assinalados e castrados.

 Procedimento: cauda é cortada próximo à base, com medidas diferenciadas para


macho e fêmeas, o que facilita a identificação dos sexos. Utiliza-se faca em forma
de cunha (aquecida em brasa) ou anel de borracha.

Considerações gerais Reprodutivas

 Maturidade sexual: a atividade das glândulas sexuais e suas manifestações,


ovulação e espermatogênese não duram toda a vida do indivíduo. Durante o primeiro
período elas permanecem latentes e só entram em funcionamento na época da
maturidade sexual. Esta é em geral tanto mais retardada quanto mais longa é a vida do
animal e nas raças elevaria na razão direta da precocidade ou da facilidade de nutrição. O
aproveitamento prematuro da função sexual é inconveniente tanto no macho como na
fêmea. Em ambos os casos há prejuízo no desenvolvimento normal dos indivíduos,
especialmente da fêmea, que, se reproduzir muito jovem, terá que fornecer o material,
necessário ao feto em formação e ao seu próprio desenvolvimento.

 Os Ovinos geralmente atingem a maturidade sexual dos 8 a 10 meses, e


estão em idade de reprodução aos 18 meses.

 Instinto genésico: é a tendência natural que todos os animais possuem, ao


chegarem à maturidade sexual a fim de perpetuarem a espécie. (nas fêmeas corresponde
ao período do cio; o macho é despertado pela presença da fêmea no cio).

 Maturação: Ovogênese; maturação do óvulo, Espermatogênese; maturação


do espermatozóide.

 Fecundidade - Macho: a fertilidade varia quanto à quantidade e qualidade


dos espermatozóides contidos no líquido seminal. Pode variar de acordo com os casos
patológicos, repouso prolongado ou saltos muito repetidos e em intervalos curtos. As
temperaturas elevadas prejudicam muito o sêmen do carneiro, podendo causar a
infertilidade;

 Fêmeas: o número de óvulos que atingem a maturidade durante o cio da


ovelha depende do hormônio secretado pela hipófise anterior. As variações desse
hormônio na circulação sanguínea é que determinará as diferenças de fertilidade entre
fêmea de uma mesma raça e entre raças distintas.

Condições essenciais para a reprodução

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Há necessidade que as ovelhas estejam fisiologicamente preparadas; que manifestem o cio. A idade indicada
para o acasalamento dos ovinos é no mínimo 18 meses.

Método: é feita nos currais, onde o carneiro realiza a monta nas ovelhas que apresentam cio. Quando se
possui um grande número de ovelhas, usa-se identificar previamente o “rufião” (macho vasectomizado) com
buçal marcador.

Época de reprodução: período de janeiro á abril com nascimentos concentrados entre agosto e setembro.

Quadro Planejado (Monta em regime orientado ou dita direcional controlada)


JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
PERÍODO DE NASCIMENTOS Desmama Forçada
PERIODO DE MONTA CONTROLADA
CREEP CONFINAMENTO DOS CORDEIROS

Quadro Não Planejado (Monta em regime natural) Base Estado de SP – Raças


Européias
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Período de nascimentos Intervalo Monta Natural
Monta Natural
Nascimentos Desmama Forçada + Confinamento

Idade dos reprodutores: deve ser observadas, a fim de evitar o emprego de animais pouco vigorosos,
especialmente as ovelhas que devem ser eliminadas da reprodução depois de seis anos.

Percentagem de carneiros: varia de acordo com o tamanho do rebanho e extensão da área, idade dos
animais e sistema de criação adotado. Na prática aconselha-se de 3 a 4% de machos.

Fecundação: é o ato fisiológico, em virtude da reprodução, do qual entram em contato e se fundem numa
única célula o espermatozóide e o óvulo, através da cobertura ou padreação.

Desenvolvimento embrionário: a implantação do ovo na parede do útero ocorre nos ovinos durante o 15º ao
20º dia da fecundação. A placenta apresenta “cotilédones” nos pontos de contato efetivo com a mucosa do
útero. Período embrionário: 15º dia ou 20º dia até 34º dia. Período fetal: 34º dia até 142º dia ou 148º dia.

Inicio da idade reprodutiva: as fêmeas apresentam cio á partir do 6º mês, mas deverão ser iniciadas à
reprodução com 18 meses ou 40 - 50 kg nas raças pesadas e 38 kg nas raças leves, raças deslanadas entre
9 e 10 meses e machos de 12 meses (até 15 fêmeas) e 18 meses (até 50 fêmeas). O cio na ovelha dura de
24 a 48 horas, intervalo de 15 a 20 dias. A ovulação se verifica no terço final do cio.

Escolha de reprodutores: A sua escolha é de fundamental importância para o criador. As fêmeas


empregadas na reprodução devem ser fortes, de boa constituição, saúde perfeita, pois o tamanho e

a saúde dos cordeiros dependem dessas qualidades. Da escolha do reprodutor depende o melhoramento do
rebanho, a conservação da raça em sua pureza, a finura de suas lãs, o ganho de peso (corte), como
também a preservação ou aumento de todas as qualidades desejáveis.

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Características masculinas: boca dos animais (agnata/prognata)- idade: boca cheia de dentes +ou - 8 anos;
2 dentes centrais =ou- 2 anos (obs.: Os dentes de leite são pequenos), órgãos reprodutores (testículos
presentes, descidos e livres na bolsa escrotal), não deve ter mais que 2 tetos, presença de chifres nas raças
mochas (é sinal de degeneração e falta de pureza racial), exame do velo; deve cobrir totalmente o animal,
observa-se bem tanto o comprimento, como a forma das mechas; a densidade, finura, ondulação e
uniformidade das lãs, devem ser isentas de pêlos, cabruns ou fibras meduladas, aprumos perfeitos, largura
do peito, grande afastamento dos membros posteriores, garupa larga, tórax profundo. Linha dorso lombar
reta, costado comprimento acentuado, etc.

Estação de Monta

Inicio na reprodução aos 18 meses de idade (não ultrapassar mais de 20 ovelhas); quando o seu
crescimento estiver terminado, próximo ao 28º e 30º mês; poder-se-á aumentar o número de ovelhas que
não deverá ultrapassar de 60. O mais recomendável é 1 x 30. A época escolhida é ditada pelo momento
mais favorável que se apresenta para o nascimento dos cordeiros; entre final de janeiro e meados de abril
(nascimentos concentrados entre agosto e setembro (primavera), isto propiciará melhor cobertura do velo,
ao entrar no inverno, evitando grande morte de cordeiros, evita-se presença de moscas que provocam
bicheiras nos cordeiros, melhor qualidade das pastagens, facilita o manejo (vermifugação, descola,
marcação). Para se obter “sincronização de cio”, recomenda-se colocar os carneiros no piquete ao lado das
ovelhas 15 dias antes da Estação de Monta. Utiliza-se o sistema de Monta Natural ou Monta Controlada. Em
monta controlada utiliza-se o “rufião” equipado com buçal marcador(pó xadrez). Separar as fêmeas para
cobertura em piquete especial com um macho para 30 fêmeas. As ovelhas falhadas na estação de monta
poderão ser submetidas artificialmente a um regime de luz e sombra 8/16 (com um macho, em galpão
arejado mas totalmente vedado para luz, no (mês de julho), esperando-se que entrem no cio cerca de 20
dias depois; as ovelhas falhadas deverão ser descartadas. Para rebanhos acima de 500 cabeças pode ser
empregada a Inseminação Artificial.

Pode-se fazer uso da técnica da sincronização de cios, aplicando-se hormônios para induzir cios, iluminação
artificial, meios que facilitariam em muito a inseminação artificial, economizando mão-de-obra.

Cio silencioso: a fêmea não manifesta que está no cio externamente (comportamento), mas o rufião detecta
pelo olfato.

Dados reprodutivos:

- Gestação: 05 meses (143 a 156 dias); partos múltiplos: de 3 a 4

- Lactação: 03 meses

- Descanso: 03 meses

- Cobertura: 01 mês

Flushing Reprodutivo

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Para aumentar o número de ovulações, é importante restringir a estação de monta ano máximo 03 meses,
mantendo as ovelhas bem alimentadas. O flushing consistirá em melhorar a alimentação das fêmeas
fornecendo 200 a 250g de ração/an./dia, e melhores pastagens um mês antes do início da estação de
monta.

Cascarreio: as ovelhas deverão estar em pastos de alta qualidade, tranqüilo, não submete-las a partir do 4º
mês de gestação a banhos sarnicidas ou vermifugação, aparar a lã dos quartos traseiros em redor das tetas
e da vulva (reservando a lã para venda). Após o Cascarreio, separar as fêmeas em piquete maternidade.

Sinais da proximidade do parto: flancos deprimidos, ventre caído, mamas com presença de colostro, vulva
intumescida, muco, depressão entre as pontas das nádegas e base da cauda devido ao relaxamento dos
ligamentos da região. A placenta, após o parto, deverá ser liberada até 2 horas.

Cuidados com o recém-nascido

As ovelhas parem freqüentemente dois cordeiros, sendo necessário observá-las, pois é comum haver perdas
por hipotermia dos cordeiros ou rejeição das crias.

Cuidados:

 Limpar e secar os cordeiros logo após o parto;

 Cortar o cordão umbilical e desinfetá-lo com solução de iodo;

 Ajudá-lo para mamar o colostro logo após o nascimento;

 Em caso de abandono ou partos múltiplos providenciar o fornecimento do colostro por


mamadeiras, ou verificar a adoção por outra fêmea. O fornecimento deverá ser de 500 ml
em 03 mamadas.

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MANEJO SANITÁRIO

Os principais mecanismos no controle sanitário são as vacinas, dosificações, banhos e normas de manejo.

Todavia, o método mais efetivo para um bom controle sanitário é iniciar-se com ovinos sadios, assegurar-se
que todo o animal que entra na propriedade esteja livre de doenças, (os animais adquiridos devem ser
vacinados, banhados e dosificados antes de serem incorporados ao rebanho), e, finalmente, manter um
programa sanitário.

VERMINOSE

Os helmintos ou parasitos internos constituem-se, provavelmente, no maior problema com que se defrontam
os criadores de ovinos. Os principais fatores correlacionados com a verminose ovina são:

Idade e Estado Fisiológico do animal

Os trabalhos citados por PINHEIRO (1983), têm evidenciado que os cordeiros até as 8-10 semanas de idade
apresentam baixas cargas de parasitos internos. Entretanto, estes animais, após o desmame, tornam-se
altamente sensíveis às helmintoses, e os efeitos dos parasito, nesta categoria animal, poderão ser
permanentes ou irreversíveis.

Taxa de Lotação

A taxa de lotação influencia no nível de contaminação das pastagens. Isto é importante para nematódios e
cestódios sendo de menor importância para trematódios, onde a multiplicação do parasita ocorre no
hospedeiro intermediário.

Espécies como Haemonchus contortus, que os estágios de vida livre são vulneráveis à dessecação - uma alta
densidade de ovinos por unidade de área poderia influir na descontaminação do piquete.

Alimentação

A alimentação está intimamente relacionada ao parasitismo. Entretanto, algumas espécies de helmintos


como Haemonchus contortus e Fasciola hepatica, podem ocasionar infecções agudas e mortes em rebanhos
de excelente nível nutricional; estes surtos aparecem quando as condições ambientais e climáticas
favorecem o desenvolvimento de ovos, estágios de vida livre ou larvas infestantes.

Manejo da Exploração

A intensificação e especialização implica em maiores infestações. A integração de ovinos com outras


espécies animais tende a menores infestações.

PROGRAMAS DE CONTROLE DE VERMINOSE

Visam a reduzir ou eliminar os efeitos dos parasitos através de métodos práticos e econômicos. Os principais
tipos ou programas de controle são:

Controle Curativo

Os animais são tratados somente quando ocorrem sintomas clínicos evidentes ou mortes pelo parasitismo.
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Controle Estratégico

Utilizado em regiões onde as estações do ano são distintas, de forma a se evitar helmintos em épocas
predeterminadas.

Controle Tático

Utilizado sempre que as condições ambientais favorecem o aparecimento de surtos de verminose, como
chuvas, concentração de ovinos ( na inseminação artificial) ou na compra de animais.

Controle Supressivo

Os animais são dosificados cada duas ou quatro semanas, havendo referências até mesmo de tratamento
semanal

EXAME DE FEZES – OPG

Amostragem de 3% dos animais de cada categoria (totalmente ao acaso).


A) carneiros
B) ovelhas
C) borregos
D) Borregas
E) capões
F) cordeiros(as)
Se o número de animais for inferior a 200, o número de amostras não será inferior a 5.
Ex.: Rebanho de cria de 500 ovelhas e 300 cordeiros.
Ovelhas: 15 amostras Cordeiros: 9 amostras
Etiquetar sacos plásticos: Nome da fazenda: Data: Nº de ovelhas: Nº de amostras:
-Amostras colhidas diretamente do reto, colocadas em vidro de boca larga (2 cm) com capacidade para 45
ml; o volume de fezes deve ser 1/3 de altura do vidro

Vermifugação

A verminose pode ser considerada um dos principais problemas que afetam ovinos, sendo mais critica nos
animais em crescimento. Dependendo do grau de infestação, os parasitas provocam perda corporal, e no
crescimento e qualidade da lã, chegando a causar mortalidade; nos animais em crescimento, pode também
comprometer a produção futura.

Devemos considerar 2 tipos de populações de parasitas ovos e larvas nas pastagens, e larvas infectantes e
parasitas adultos no animal.

As dosificações devem ser acompanhadas com normas de manejo tanto do animal como das pastagens. De
uma maneira geral, o objetivo principal de um controle parasitológico deve ser o de reduzir ou eliminar os
efeitos adversos dos parasitas através de métodos práticos e econômicos.

Os principais métodos de controle da verminose são as dosificações estratégicas e as baseadas em exames


de fezes. Exemplo: antes do acasalamento, após a parição, após o período de chuvas com temperatura

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elevada, na incorporação de novos animais, na troca de piquetes, na entrada de pastagens cultivadas, na
sinalação, após a tosquia e ao desmame.

Banho

Uma vez ao ano os ovinos devem ser banhados para mantê-los livres de piolhos e sarna. Os rebanhos
previamente afetados devem receber dois banhos seguidos, com intervalos de 10 a 12 dias. É fundamental
banhar todos os animais ao mesmo tempo.

Teoricamente a melhor época para banhar os animais e entre 4 a 6 semanas após a tosquia. Considera-se
que nesse tempo as feridas decorrentes dos cortes durante a tosquia estejam cicatrizadas, evitando-se
assim a possibilidade de contaminação durante o banho e também, porque o conteúdo graxo que recobre a
fibra de lã tende a secar, permitindo uma melhor penetração do inseticida.

Aspectos a serem considerados:

Preparar o banho 2 a 3 dias de antecedência, limpando o banheiro, checando os boxes de secagem e o


sistema de drenagem e medindo corretamente a quantidade de água a ser usada;

Seguir as recomendações técnicas do fabricante do produto;

Deixar presos os animais na noite anterior, com suficiente água, para reduzir a contaminação do banheiro
pelas fezes e evitar a ingestão do produto pelo consumo de água;

Banhar com tempo bom, iniciando e terminando cedo para assegurar que todos os animais banhados
estejam secos ao anoitecer;

Banhar todos os animais, pois bastam poucos parasitas num animal não banhado para provocar uma
infestação em todo rebanho;

Banhar primeiro os carneiros. Cordeiros não desmamados devem ser banhados separados das ovelhas;

Cada animal deve permanecer entre 20 a 40 segundos, dependendo da quantidade da lã, devendo a cabeça
ser submersa 2 vezes;

Manter os animais após o banho nos boxes de drenagem até o termino do escorrimento da água, deixando-
os secar completamente antes de levá-los aos poineiros;

Recarregar adequadamente o banheiro segundo as instruções do fabricante;

Na “descarga” do banheiro, evitar a contaminação de cursos de água ou alimentos passíveis a serem usados
pelo homem ou animais.

Observação dos animais

Para que a criação de ovinos tenha sucesso, alguns cuidados essenciais não podem ser esquecidos. O
criador deve correr diariamente a criação para verificar nascimentos, óbitos e doenças; deve também
observar os cascos periodicamente, corta-los e trata-los se necessário.

Ferimentos devem ser desinfetados e tratados com medicamento repelente de insetos para evitar o
aparecimento de miiases, problema comum em ovinos.

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As principais causas de mortalidade entre os cordeiros são a hipotermia logo após o nascimento e as
verminoses, principalmente a haemonchose; entre os adultos, a podridão do casco (foot-rot). Todas podem
ser, evitadas Com manejo higiênico sanitário correto. Efetuar manejo dirigido à prevenção conta verminoses
(rodízio de pasto/espécie), febre aftosa e carbúnculo (vacinações), além dos cuidados básicos de higiene
sempre que forem realizadas intervenções como castração, descola e até mesmo tosquia, desolhe ou
cascarreio.

Higienizar instalações, pastos e piquetes. Vacinar as ovelhas prenhes contra enterotoxemia e tétano no
terceiro mês de gestação e os filhotes contra aftosa no terceiro mês de vida (revacinações a cada 4 meses).

Fazer exame de fezes e vermifugar o rebanho periodicamente. Não descuidar da alimentação, procurando
oferecer pasto de boa qualidade, suplementando, se necessário, com feno; fornecer ração e sais minerais.

Examinar a fonte de água (natural ou artificial) e manter bebedouros limpos. Descartar animais fracos ou
doentes, pois comem mais do que produzem; e evitar a presença de gatos pois podem transmitir doenças
aos ovinos.

PRINCIPAIS DOENÇAS E SUA PROFILAXIA

Infecciosas

Aftosa - causada por vírus (A, O e C), afeta ovinos de todas as idades, provocando aftas na mucosa bucal,
úbere, coroa e unha; as lesões transformam-se em porta de entrada para infecções bacterianas secundárias,
resultando em manqueira. A prevenção é feita por meio de vacinação do rebanho a cada 4 meses (primeira
aos 3 meses) e isolamento dos animais doentes.

Carbúnculo hemático: (antrax) - causado pelo Bactilus anthracis, esporulado, resistente, presente em
tecidos, sangue, secreções de animais; solo, forragens e água; contaminação por ingestão ou inalação,
causando febre hemorrágica, fatal na forma aguda.

Carbúnculo sintomático: causado pelo Clostridium chauvei, esporulado, resistente, que penetra no
organismo através de feridas em mucosas; afeta ovinos jovens, provocando o aparecimento de tumores no
pescoço e quartos posteriores e a manifestação de febre, inapetência, apatia e freqüentemente a morte
entre 12 e 16 horas; para prevenção, vacinação dos cordeiros com 4 meses, repetindo-se após um ano.

Diarréia dos cordeiros: causa por coliformes, produz debilidade, depressão, cólicas e fezes líquidas; a
mortalidade é alta quando não é feito tratamento; profilaxia por meio de alimentação controlada, higiene,
proteção dos filhotes e separação dos doentes.

Ectima contagioso (dermatite pústular): causada por vírus dermotrópico, afeta ovinos de todas as idades
e também o homem (zoonose), provocando pequenas bolhas nos lábios dos cordeiros ou na coroa do casco,
vulva ou prepúcio dos adultos, evoluindo para pústulas e depois crostas como verrugas. A profilaxia é feita
pela vacinação dos cordeiros aos dois meses e do rebanho uma vez, pois a imunidade é duradoura.

Brucelose ovina: causada pela bactéria Brucela ovis, afeta ovinos de todas as idades provocando aborto e
epididimite; pode ser transmitida ao homem através do leite. Não existe tratamento e a prevenção é impedir
a entrada de animais positivos em um rebanho sadio; animais positivos devem ser eliminados.

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Tétano: toxemia causada pelo Clostridium tetani, anaeróbio esporulado, resistente, causando rigidez
muscular de membros posteriores, cabeça mastigação demorada, deglutição difícil resultando
freqüentemente na morte do animal. Para prevenção, vacinar as fêmeas prenhes 2 meses antes do parto e
os cordeiros aos 3 meses; revacinar em caso de ferimento.

Pododermatite (foot-rot, manqueira): causada pelo bacilo Sphaerophorus necrophorus, produz


inicialmente inflamação e congestão dos tecidos e a seguir descola do estojo córneo, com necrose do tecido,
formação de grandes coleções purulentas, impedindo o aprumo normal e provocando a manqueira. Para
evitar o aparecimento da doença, manter os animais em terreno seco, observar os cascos a cada 3 meses e
aparar o excesso caso necessário, evitar pastos contaminados e isolar os doentes.

Pneumonia: geralmente secundária, pode ser causada por vírus, bactérias, fungos, vermes e corpos
estranhos; provoca febre, inapetência prostração, respiração difícil (membros anteriores abertos). A doença
pode ser evitada se os animais forem mantidos em locais secos, sem correntes de ar, especialmente após a
tosquia ou banhos terapêuticos.

Enterotoxemia: causada pelo bacilo anaeróbico Clostridium perfringens, que é encontrado normalmente
no solo e no trato intestinal dos ovinos; em animais superalimentados pode haver uma multiplicação
exagerada, com produção de exotoxina, que atua nos intestinos provocando cólicas, diarréia fétida,
sintomatologia nervosa, com excitabilidade até convulsão, ranger de dentes, movimentos de pedalar,
podendo provocar morte súbita. A profilaxia é feita por meio da vacinação das ovelhas 3 semanas antes do
parto e dos jovens 15 dias antes da desmama.

Oftalmia contagiosa (peste de chorar): causada por microorganismos, do gênero Moraxella caracteriza-se
por fotofobia, conjuntivite e alteração da córnea, a propagação da doença é favorecida pela presença de
moscas e quando os animais são submetidos a stress alimentar ou ambiental e a profilaxia depende do
isolamento e tratamento dos doentes.

Doenças parasitárias

Sarna (psoríase): causada principalmente por ácaros do gênero Psoroptes equi v. ovis, forma lesões
externas, formando placas e crostas, com prurido e queda da lã com menos freqüência, pode ser causada
pelo Chortoptes bovis.

Piolho: infestação por insetos da ordem Anoplura, principalmente pelos grupos chamados sifunculados e
malófagos; com perda de peso, coceira, lã empastada e com falhas.

Bicheiras ou miiases: infestações por larvas de moscas, principalmente da espécie Callitroga americana,
que depositam ovos em feridas e crostas de sangue; as larvas penetram na carne, causando inquietação, e
coceiras; as pontas de lã puxadas podem ser um sinal da ocorrência da doença.

Oestrose (rinite parasitária): bicheira casa por larvas da mosca Oestrus ovis, que se localizam nas fossas
nasais e seios frontais dos ovinos; os sintomas mais comuns são espirro e agitação.

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Carrapatos: a espécie Boophtlus microplus é a mais comum em ovinos e parasitam principalmente animais
recém tosquiados ou deslanados; provoca irritação e emagrecimento.

Verminose: é a mais freqüente causa de mortalidade entre os ovinos, especialmente dos cordeiros. O
principal parasita é o nematóide Haemonchus contortus, que se aloja no estômago, causando anemia,
prostração, inapetência, diarréia, lã áspera pela falta de lanolina.

Eimeriose: causada principalmente pelo protozoário Elmeria arloingi, provoca depressão, emagrecimento e
diarréia sanguinolenta em cordeiros.

Broncopneumonia verminótica: pneumonia causada a principalmente pelo helminto Distyocaulus fylaria;


provoca tosse seca, respiração difícil, fadiga e emagrecimento até a caquexia.

Fasciolose (baratinha-do-fígado): causada pela Fasciola hepática, que em uma fase de vida se multiplica em
caramujos e na fase adulta parasita o fígado dos ovinos.

Distúrbios Metabólicos

Hipotermia: afecção que ataca cordeiros recém nascidos expostos a baixas temperaturas ao nascer ou que
são abandonados pelas mães; também pode afetar os cordeiros que tiveram dificuldade para mamar o
colostro; pode ser evitada com vigilância dos piquetes maternidade para assistência aos cordeiros.

Toxemia da prenhez: afeta ovelhas prenhes com fetos duplos ou triplos, que foram sub ou super
alimentadas, provocando depressão nervosa com apatia, incoordenação e cegueira na fase final. A
alimentação adequada evita o aparecimento da doença.

Cálculos: podem ocorrer na uretra em ovinos alimentados com pouco verde e ração muito rica em fosfato,
causando retenção de urina e morte por uremia.

Elaboração e Coleta de Informações – Lúcio L M Dias Filho

(Zootecnista do Projeto Cordeiro Brasileiro)

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