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ABATE DE
SUÍNOS
SÉRIE ALIMENTOS E BEBIDAS
ABATE DE
SUÍNOS
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
Conselho Nacional
ABATE DE
SUÍNOS
© 2015. SENAI – Departamento Nacional
A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico,
mecânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização,
por escrito, do SENAI.
Esta publicação foi elaborada pela equipe da Gerência de Educação e Tecnologia do SENAI
de Santa Catarina, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada
por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.
FICHA CATALOGRÁFICA
FICHA CATALOGRÁFICA
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CDU: 637.513
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Lista de ilustrações
Figura 1 - Evolução da espécie de suíno produtor de banha para suíno produtor de carne................15
Figura 2 - Rampa para carregamento de suínos....................................................................................................17
Figura 3 - Caminhão com carroceria dupla e divisões internas.......................................................................19
Figura 4 - Exemplo de pocilgas....................................................................................................................................22
Figura 5 - Confinamento com os animais soltos no ambiente.........................................................................23
Figura 6 - Suínos em dieta hídrica...............................................................................................................................27
Figura 7 - Fluxograma de abate...................................................................................................................................41
Figura 8 - Condução dos animais pelo corredor de entrada da insensibilização......................................42
Figura 9 - Insensibilização manual..............................................................................................................................44
Figura 10 - Ponto certo de fazer a sangria e cortar os grandes vasos sanguíneos....................................47
Figura 11 - Esterilizador de facas.................................................................................................................................48
Figura 12 - Processo de gotejamento e liberação total do sangue.................................................................50
Figura 13 - Tanque de escaldagem manual.............................................................................................................52
Figura 14 - Depiladeira....................................................................................................................................................55
Figura 15 - Lança chamas e a característica que a carcaça apresenta...........................................................56
Figura 16 - Sistema de toalete na carcaça externa................................................................................................57
Figura 17 - Carcaça suína com as vísceras expostas.............................................................................................59
Figura 18 - Separação das vísceras.............................................................................................................................60
Figura 19 - Conjunto de vísceras vermelhas...........................................................................................................61
Figura 20 - Conjunto de vísceras brancas.................................................................................................................62
Figura 21 - Momento da abertura da carcaça.........................................................................................................66
Figura 22 - Carcaça em câmara de refrigeração.....................................................................................................73
Figura 23 - Gráfico representativo da queda do pH da carne...........................................................................75
Figura 24 - Carcaça suína, com subdivisões dos cortes padronizados industrialmente.........................76
Figura 25 - Separação da carcaça suína em cinco cortes....................................................................................79
Figura 26 - Cortes de carne suína................................................................................................................................83
Figura 27 - Cortes da barriga de suíno......................................................................................................................84
Figura 28 - Cortes subtraídos da desossa da sobrepaleta..................................................................................85
Figura 29 - Cortes padronizados do lombo.............................................................................................................86
Figura 30 - Processo de desossa da paleta...............................................................................................................88
Figura 31 - Iridescência da carne suína.....................................................................................................................94
3 Abate de suínos...............................................................................................................................................................31
3.1 Legislação para o processo de abate ...................................................................................................32
3.2 Etapas do abate de suínos........................................................................................................................40
3.2.1. Restreiner.....................................................................................................................................41
3.2.2. Técnicas de condução.............................................................................................................42
3.2.3. Insensibilização..........................................................................................................................43
3.2.4. Sangria..........................................................................................................................................47
3.2.5. Escaldagem.................................................................................................................................51
3.2.6. Depilação.....................................................................................................................................54
3.2.7. Flambagem.................................................................................................................................56
3.2.8. Toalete...........................................................................................................................................57
3.2.9. Evisceração..................................................................................................................................58
3.2.10. Tipificação.................................................................................................................................66
4 Desossa de suínos..........................................................................................................................................................71
4.1 Resfriamento.................................................................................................................................................72
4.1.1. Objetivo da refrigeração........................................................................................................74
4.1.2. Rigor mortis................................................................................................................................74
4.1.3. Espostejamento.........................................................................................................................76
4.1.4. Método de espostejamento..................................................................................................76
4.2 Desossa das carcaças suínas....................................................................................................................79
4.2.1. Técnicas de desossa.................................................................................................................82
4.3 Influência da temperatura na padronização dos cortes................................................................90
4.4 Qualidade da carne.....................................................................................................................................91
Referências............................................................................................................................................................................97
Índice................................................................................................................................................................................... 101
Introdução
O pré-abate aborda as condições em que os suínos são submetidos durante o carregamento, transporte
e descarregamento, fatores que interferem diretamente na qualidade da carne e, posteriormente, em seus
produtos derivados. O que deverá ser feito para melhorar as condições de estresse dos suínos e a qualidade
da carne produzida.
As técnicas de abate apresentam as etapas em que os suínos são submetidos, desde a insensibilização
até a obtenção da carcaça a ser refrigerada. Apresenta, também, as técnicas de operacionalizações em cada
etapa, conceitos e definições dos procedimentos adotados no abate de suínos.
Seja bem-vindo e bom estudo!
Você já deve ter escutado alguém falar em abate humanitário e bem-estar animal. Você
sabe qual o procedimento adotado para atender esses processos?
Neste capítulo você irá adquirir conhecimento suficiente para entender e aplicar no seu dia
a dia de trabalho, melhorando as condições de manejo dos animais. Com isso, você também
será beneficiado com algumas adequações que devem ser feitas na empresa, reduzindo esfor-
ço físico e melhorando sua autoestima no trabalho.
Este tema abordará elementos de controle de sanidade animal e as operações de transpor-
te, carga e descarga, registros e bem-estar animal.
Nesta etapa, serão apresentadas as condições, normas e procedimentos da operacionalização
do abate de animais, além de todas as técnicas necessárias para garantir a qualidade da carne
durante a sequência do abate; identificação das características e condições físicas dos animais;
apontar soluções de problemas que possam ser decorrentes do transporte; fazer os registros
e conduzir os animais nas etapas pré-determinadas no processo, respeitando o bem-estar dos
mesmos.
Você sabe que etapas de pré-abate1 são fundamentais para a qualidade da carne que chega
a mesa do consumidor?
A carne passa por várias transformações bioquímicas quando o animal ainda está vivo, e
estas transformações continuarão após a sua morte, principalmente nas primeiras horas. Estas
reações são mais ou menos intensas, dependendo da metodologia aplicada nas etapas de pré-
abate. A qualidade da carne segue uma sequência, representada pela eficiência do transporte
bem como foi feita a condução dos animais.
Ao final deste capítulo você terá uma visão crítica das operações de pré-abate, como o pro-
cesso de carregamento e descarregamento, transporte e dieta hídrica dos suínos.
1 São todas as etapas em que os suínos são submetidos desde o carregamento da granja até a etapa de sangria.
ABATE DE SUÍNOS
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Todas as espécies de animais têm suas características próprias de comportamento, rusticidade2, sensibi-
lidade ao estresse, anatomias musculares, tamanho, estrutura óssea e até mesmo a alimentação.
Os suínos são classificados conforme sua característica físico-química, composição de gordura e carne,
sexo, idade e raça. Estes fatores são importantes para a realização do planejamento de abate e produto fi-
nal, pois eles interferem na qualidade da carne em relação a cor, odor, sabor e textura formada pelo tempo
de vida de cada animal.
Os animais mais velhos, normalmente, são reprodutores e apresentam maior concentração de gordura
e a cor da carne é mais avermelhada, devido a constante irrigação de sangue no músculo. O material apre-
senta textura mais resistente (dura), isso se dá pelo tempo em que fica exposto ao esforço físico durante
a fase de reprodução; os machos inteiros apresentam odor mais acentuado, graças a presença de duas
substâncias: aldosterona e escatol3. Para evitar que isso ocorra, o animal é submetido a castração antes de
ir para o abate.
Os animais considerados ideais para se obter boa qualidade na carne - em relação ao padrão de cor,
sabor e textura - devem possuir peso aproximado de 90 a 120 kg, com idades entre 80 a 150 dias. Esses são
os requisitos mínimos para uma boa aceitação no mercado nacional e mundial, pela suavidade no odor,
cor, sabor e textura.
RAÇAS
As principais raças são representadas pelos animais híbridos provenientes das raças: Landrace, Large
White, Duroc e Pietran e/ou cruzamentos destes, com o intuíto de melhoramento genético.
Perceba a diferença significativa, e a qualidade dos animais em relação a quantidade de carne e gordura
que cada raça produz. Eles devem apresentar boa conformação de carcaça, com músculos acentuados na
região lombar, pernil e paleta.
2 Animais que sobrevivem em condições adversas, não pegam doenças tão fácil.
3 Substancias que alteram o sabor da carne.
2 RECEPÇÃO DOS ANIMAIS
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A seguir visualize as figuras que demonstram a evolução da espécie de suíno produtor de banha para
suíno produtor de carne.
Thinkstock ([20--?])
Suíno produtor de banha Suíno produtor de carne
Figura 1 - Evolução da espécie de suíno produtor de banha para suíno produtor de carne
A evolução das espécies de suínos têm sido alavancada, desde os anos 70, por pesquisadores de Institu-
tos, uma parceira neste desenvolvimento é a EMBRAPA de Concórdia, Santa Catarina - Brasil. As constantes
pesquisas relacionadas com os animais na melhoria em sanidade animal, alimentação balanceada, manejo
e melhoramento genético, substituiram os suínos primitivos produtores de banha por produtores de car-
ne. Outro fator que impulciona a alta produtividade de carne é a criação intensiva4 destes animais, com
baixa conversão alimentar5.
CASOS E RELATOS
4 É a produção dos animais em confinamento. Isto proporciana maior produtividade em menor espaço físico.
5 É determinada pela quantidade de ração que o animal consome, para a produção de carne.
ABATE DE SUÍNOS
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No dia em que iniciou suas atividades na firma, foi logo analisando as reclamações mais perti-
nentes ao produto, percebendo que as mesmas tinham o mesmo desfecho, pois eram produtos
de tamanhos e espessuras variadas, sem cor de produto defumado.
A partir destes levantamentos, e baseado na documentação, fez uma estimativa na produção, a
fim de encontrar o problema. Durante o processo foi detectado que as mantas de barriga retiradas
para a formação de bacon eram de animais muito grandes, e com excesso de gordura. Esse mate-
rial dá um formato sem padrão de espessura, a gordura não absorve coloração durante a defuma-
ção e, além disso o cliente tem preferência por um bacon defumado e com carne.
A solução apresentada por Carlos foi de produzir bacon a partir de barrigas de animais menores e
light, destinando para os embutidos as barrigas que antes eram transformadas em bacon.
Você sabe o que são técnicas de manejo? Como deve ser realizado o carregamentos dos suínos? Para
que serve a guia de trânsito animal (GTA)? Você já ouviu falar em planejamento do número de animais por
caminhão? Para conhecer estas respostas prossiga com seus estudos.
As técnicas de manejo são adotadas para minimizar as perdas na fábrica, por hematomas e fraturas,
além de atender as legislações vigentes de bem estar animal.
CARREGAMENTO DE SUÍNOS
Normalmente os animais são transportados em caminhões. O carregamento dos suínos deve ocorrer
nas horas mais frias do dia, a condução deve ser através de corredores e, para subir nos caminhões, devem
ter rampas antiderrapantes e, de preferência, no mesmo nível da carroceria do caminhão. Os suínos não
são ágeis ao embarcar ou desembarcar, portanto é necessário o uso de instrumentos para conduzi-los,
este material não deve ser rústico e que agrida o animal, além disso, não é recomendada a aplicação de
pequenos choques elétricos, ferrões pontiagudos, madeira e chicotes. O uso mais recomendado são os
aspersores de ar6 e garrafas pet vazias, estes instrumentos fazem barulho conduzindo os animais até o
caminhão.
A rampa de acesso dos animais ao caminhão deve ter pouca inclinação, em um ângulo de no máximo
15°, possuir faixas no piso para evitar o escorregamento e facilitar o embarque dos mesmos, ter proteção
nas laterais com altura mínima de 75 cm favorecendo a segurança dos suínos nesse processo.
Percebe-se, na figura anterior, que o sistema antiderrapante no piso da rampa serve para a melhor con-
dução dos animaisas proteções laterais são para que eles não visualizem a área externa e se assustem,
facilitando seu acesso. As condições das instalações diminuem também o esforço físico dos trabalhadores
na atividade.
As rampas podem ser construídas de alvenarias, mas também são indicadas de madeira. Porém, deve-
-se ter um cuidado maior nas rampas de madeira, para que com o tempo elas não se danifiquem e surjam
pedaços pontiagudos ou pontas de pregos, que durante o carregamento venham a danificar a pele dos
animais, provocando ferimentos.
Quando o carregamento for em caminhões de dois pisos, as rampas de madeira facilitam a movimen-
tação e alinham a altura das duas plataformas base do caminhão, já as de alvenaria são necessárias duas
para atender a demanda.
Nenhuma Guia de Trânsito Animal, será emitida num futuro próximo, ou seja,
nenhum animal será transportado sem a apresentação da Licença Ambiental ou
CURIOSI Autorização. Portanto, é importante que todos os produtores, cuja propriedade não
DADES se enquadre nas normas ambientais, procurem o escritório mais próximo da FATMA
para tomar as devidas providências, evitando desta forma situações constrangedoras
na obtenção da GTA para movimentação de animais. (PROVENZANO, 2007)
Parece ser uma tarefa fácil, o transporte dos animais, mas se não executada de maneira correta afetará
diretamente o bem estar dos mesmos e a qualidade da carne.
O transporte deve ocorrer nas horas mais frias do dia, principalmente nas regiões mais quentes do País,
eles não devem ficar expostos ao sol por longo período, com o caminhão parado. Nas temperaturas acima
de 18°C os suínos terão perda de peso, isso se agrava quando o calor for úmido, o que leva-os a terem maior
dificuldade de eliminar o calor corporal e, em casos mais drásticos, eles apresentam aumento nos batimen-
tos cardíacos, o que pode leva-los à morte.
2 RECEPÇÃO DOS ANIMAIS
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Observe a seguir, a figura de um caminhão com carroceria dupla e divisões internas, usado para o trans-
porte de suínos.
A carroceria é construída em metal, com abertura nas laterais e na parte superior, para facilitar a venti-
lação e conforto térmico aos animais. É feita uma vistoria de rotina no caminhão, para que o mesmo não
apresente problemas mecânicos durante a viagem, ficando parado com os animais expostos ao sol e sem
água, prejudicando o bem estar desses. Para melhor acomodação dos suínos o caminhão possui divisões,
sendo seis repartições na parte inferior e seis na parte superior, totalizando 12 repartições por caminhão. A
cada repartição são acomodados em média nove suínos de peso entre 90 a 110 kg.
Quando o caminhão for de carrocerias duplas é necessário o uso de rampas móveis ou de duas abas
para a realização do carregamento e descarregamento dos suínos. A mais indicada é a rampa móvel, pois
facilita à adequação do nível da carroceria do caminhão.
Na sequência, você estudará como é realizada a recepção dos suínos. Acompanhe.
A recepção dos suínos no abatedouro deve ocorrer de forma tranquila, e o descarregamento deve ser
da mesma forma que no carregamento, em rampas fixas ou móveis que assegurem o deslocamento dos
animais, de maneira mais tranquila possível, sem o uso de instrumento que agrida os mesmos.
As técnicas utilizadas na recepção consistem na condução dos suínos do caminhão transportador até
as pocilgas, o que pode variar entre as empresas. Nas de porte menor é feita a pesagem ou tatuagem dos
suínos no descarregamento.
ABATE DE SUÍNOS
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Quando os suínos chegam à empresa é necessário preencher o protocolo de recebimento dos animais.
Esse processo é feito em uma planilha, com os seguintes dados: hora de chegada do caminhão, quanti-
dade de animais presentes, número da GTA (Guia de Trânsito de Animais), tempo de transporte, além das
condições dos animais.
A empresa deve ter um documento que, junto com a GTA, faze o controle de entrada e situação em que
se encontram os animais, como por exemplo, se eles apresentam sinais de cansaços, se têm dificuldade
de locomoção, machucados, fraturados e/ou mortos.
Observe a seguir um exemplo de planilha de guia de recepção dos animais.
O GTA funciona como um atestado de sanidade dos animais e procedência dos mesmos, aonde espe-
cifica a origem da carga e seu destino, serve ao frigorífico para rastrear de onde vêm caso seja necessário.
Leia a seguir os motivos de uma rastreabilidade:
a) Reclamação de consumidor, identificando o gosto da carne de suíno, reprodutor macho, isso ocorre
por conta de uma castração recente;
b) Presença de parasitas e doenças nos animais;
c) Anomalias provocadas pelos maus tratos destes animais;
d) Através da técnica de identificação de origem, os animais são classificados conforme a quantidade
de carne, gordura e osso; os melhores apresentam maior quantidade de carne e baixa quantidade de
gordura. As carcaças perfeitas receberão uma bonificação, a empresa pode se beneficiar utilizando
este material como referência para outros produtores, disseminando técnica e genética, melhorando
assim os plantéis.
2 RECEPÇÃO DOS ANIMAIS
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É importante analisar junto ao GTA se os animais foram submetidos a algum tipo de vacinação, caso o
resultado seja positivo , verificar se foi atendido o período de carência7 determinado pelo médico veteriná-
rio. No caso de dúvidas, o serviço de inspeção do frigorífico deverá ser consultado.
Os animais são retirados dos caminhões através de plataformas móveis ou fixas, dependendo da estru-
tura que o frigorífico oferece, elas devem assegurar que os suínos sejam conduzidos de forma a assegurar
sua integridade.
Os animais são conduzidos em lotes ou individuais para a pesagem, após são conduzidos para as
pocilgas8 em lotes padronizados, conforme o tamanho, o proprietário e a situação de comportamento
do animal, como por exemplo, machucados ou sem condições de movimentação, causadas pelo longo
período de transporte.
FIQUE Sempre que tiver animais maiores e com diferenças de idades para serem abatidos,
ALERTA deve-se comunicar a gerencia do abatedouro para providenciar a regulagem das
máquinas.
Em frigoríficos que o pagamento ao produtor é por qualidade de carcaça, o suíno não é pesado no mo-
mento do descarregamento. É feita uma tatuagem em cada animal, identificando-os de acordo com cada
criador, através do código aplicado no pernil do animal.
7 É o tempo necessário para que a droga veterinária aplicada como medicação ao suíno faça seu efeito e seja eliminada pelo orga-
nismo do animal.
8 São instalações construídas de concreto, têm como finalidade receber os suínos e aloja-los para a espera do abate; também
conhecidas como currais de matança.
9 É um equipamento que mede a espessura da gordura na região lombar, relacionando com o peso o frigorífico saberá a quantida-
de de carne deste suíno.
ABATE DE SUÍNOS
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POCILGAS
As pocilgas devem apresentar condições ambientais adequadas para que os animais sintam-se confor-
táveis para fazer o descanso e relaxamento dos músculos através da respiração, atendendo o bem-estar
animal. Para compreender como é este ambiente veja na figura a seguir, um exemplo de pocilgas.
As pocilgas devem conter água disponível ao consumo dos animais, ter aspersores10 de água para fazer
uma breve neblina sobre os suínos, principalmente em dias de maior calor. Esta neblina reduz a temperatu-
ra corporal dos animais, deixando-os mais calmos, também auxilia na liberação das sujidades presentes na
pele, além de ajudar na redução da contaminação, quando os animais passarem pelo corredor equipado
com chuveiros.
Você já ouviu falar em bem estar animal? Você sabe como é oportunizado o bem-estar para os suínos?
Descubra na próxima seção as respostas para estes e possíveis outros questionamentos.
O bem-estar dos suínos é oportunizado em três momentos: a granja, o transporte e a carga e descarga.
Acompanhe a seguir as explicações.
GRANJA
O bem-estar dos animais caracteriza-se pelas condições de conforto a que são submetidos. Eles são cria-
dos em sistema intensivo, em galpões construídos de alvenaria, equipados com ventiladores para os perí-
odos mais quentes e cortinas plásticas para protegê-los do vento nos dias mais frios, água em boas condi-
ções, com alimentação balanceada, fornecida de forma automatizada ou manual (não faltar alimentação).
Os galpões que dispõe destes equipamentos conseguem melhores resultados de conversão alimentar,
pelo conforto oferecido ao animal.
Para medir o bem-estar animal, leva-se em conta a comparação do comportamento dos mesmos em
confinamento, com os soltos ao ambiente. Os suínos são criados, somente em confinamento.
Visualize na figura a seguir o comportamento dos animais soltos no ambiente, para compreender o que
é bem-estar animal, perceba que esse deve ser o desempenho dos animais em confinamento.
Thinkstock ([20--?])
Figura 5 - Confinamento com os animais soltos no ambiente
CARGA E DESCARGA
Os animais devem ser conduzidos na maior tranquilidade e sem presa, fazendo com que, por vontade
própria, sejam dirigidos em formação para a carga e posterior descarga. Não é permitido ter outros animais
que produzam barulhos e assustem-nos, como por exemplo, cachorro latindo nas proximidades.
Agora que já pôde aprender como acontece o bem-estar animal, responda o que são parâmetros de
qualidade? Para que servem esses parâmetros? Quais processos de qualidade que o animal e a carne de
suíno devem passar? Para obter estas respostas leia a próxima seção.
A permanência dos produtos no mercado depende da qualidade que estes oferecem e , para que estes
produtos tenham essa capacidade, é necessário que os animais possuam os requisitos básicos , para isso,
eles devem apresentar carne de qualidade nutricional e sanitária.
ABATE DE SUÍNOS
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SANIDADE ANIMAL
Assim que os animais são descarregados é efetuada a inspeção ante mortem,11 para posteriormente se-
rem encaminhados às pocilgas, aonde permanecerão em dieta hídrica12 aguardando o momento de abate.
Para a avaliação de inspeção ante mortem é analisada a GTA referente às condições de sanidade dos
animais e os certificados de vacinação, isso auxiliará na verificação dos mesmos, e os que serão separados
por apresentarem algum tipo de suspeita na inspeção post mortem, nessa etapa de abate.
Nesta etapa, são analisadas as condições higiênico-sanitária dos animais, avaliando sintomas e doen-
ças, lesões, sintomas de fratura ou fraturas expostas, fêmeas em estado avançado de gestação ou recém-
-paridas, sem condições de movimentação.
Os animais que se apresentarem cansados, estressados, fraturados, sem condições de caminhar, devido
ao desgaste ocorrido no transporte, são separados para uma melhor avaliação. Os fraturados são destina-
dos ao abate de emergência e, os que apresentarem sintomas de cansaço e não resistirem em aguardar na
dieta hídrica e ao abate, também seguem para o abate de emergência.
Os suínos que apresentarem boas condições são direcionados para as baias, onde ficam em condições
de dieta hídrica, pulverizados com aspersores de água em temperatura ambiente, pelo tempo que varia de
acordo com a distância percorrida da granja até a indústria, e das condições ambientais.
ABATE DE EMERGÊNCIA
O abate de emergência ocorre assim que o animal é identificado com alguma gravidade e que não su-
porte o tempo de espera para ser abatido.
Como o animal ao ser descarregado vai direto para o abate, é necessário um cuidado maior durante a
evisceração, pois, as vísceras estão cheias de conteúdo gastrointestinal e pode ocorrer rompimento quan-
do não tomado os devidos cuidados, tendo como consequência a condenação parcial das partes atingidas
ou total da carcaça.
SALA DE NECROPSIA
Encontra-se instalada ao lado do abate, onde os animais abatidos com lesão grave, doenças, que che-
gam mortos ou que venham a morrer nas dependências do abatedouro são destinados à produção de
subprodutos (farinha de carne), e esse material é destinado para ração animal.
Para transformar a carne em farinha são utilizados autoclaves ou biodigestores que operam em tempe-
raturas e pressão acima de 121°C e 1,5 bar respectivamente. Nestas condições os possíveis contaminantes
e doenças serão eliminados.
13 É a característica da carne que apresenta as condições mole, sem cor e liberando água, carne com baixa qualidade.
ABATE DE SUÍNOS
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No período da dieta hídrica os suínos recebem condições favoráveis ao descanso, com temperatura
controlada e água em tempo integral. O descanso dos animais antes do abate, é necessário para restabele-
cer o equilíbrio entre o glicogênio e o ácido láctico14.
Durante o transporte e manejo da granja até a empresa, os animais perdem energia, pelo movimento
e esforço físico que estes animais fazem. A energia dos animais esta na forma de glicogênio presente no
músculo e quando os animais se movimentam este glicogênio que é a reserva energética dos animais se
forma em ácido láctico, se não repor o glicogênio a qualidade da carne será afetada, com aumento de con-
taminação, perda de cor, de umidade e de textura.
O quadro a seguir, representa a finalidade e as vantagens dos frigoríficos abatedouros em fazerem uma
dieta hídrica correta nos animais.
A estrutura física do frigorífico deve oferecer condições à dieta hídrica, conforto térmico aos animais,
chuveiro aspersores de água e água para consumo. A água atua como relaxante, evitando que os animais
fiquem agitados e reativa a circulação sanguínea, restabelecendo os níveis de glicogênio da massa muscu-
lar, diminuindo a incidência de carne PSE.
A figura a seguir, mostra os suínos em dieta hídrica com a presença de aspersores de água que ajudam
a minimizar a temperatura corporal, além do que, a água auxilia no amolecimento das sujidades presentes
na pele, facilitando o trabalho dos chuveiros com pressão no corredor de acesso ao abate.
14 É uma transformação bioquímica que ocorre na carne, quando gasta um forma o outro,e vice-versa.
2 RECEPÇÃO DOS ANIMAIS
27
Assim que os animais são conduzidos ao abate, as pocilgas são lavadas com água pressurizadas, e,
quando necessário, por suspeita de contaminação patológica, são desinfetadas com produtos químicos
para evitar a contaminação de outro lote. A dieta hídrica é a ultima etapa do pré-abate.
RECAPITULANDO
O manejo para o abate tem seu início na propriedade, com a retirada da alimentação dos animais,
a partir deste momento começa a etapa de pré-abate dos suínos. Para garantir o bem-estar dos
animais várias técnicas devem ser adotadas, garantindo a qualidade da carne.
O manejo no carregamento deve ser conduzido com cuidado, para não agredir os animais, provo-
cando lesões e hematomas. O transporte não deve expor os animais a temperaturas elevadas, sem
condições de manter o conforto dos mesmos, excesso de carga, o que pode levar ao sufocamento
e lesões na pele, por pisoteando, entre outros danos. Estes cuidados, durante o manejo e o trans-
porte, são importantes para que não interfiram na qualidade da carne durante o abate, especial-
mente quando a carcaça será inspecionada para a retirada de lesões e hematomas.
ABATE DE SUÍNOS
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Além disso, devem-se considerar as informações fornecidas através da GTA conduzida pelo trans-
portador destes animais, principalmente as informações relacionadas à qualidade higiênico-san-
itária e procedência. Estes subsídios orientam as equipes e responsáveis técnicos das empresas a
tomarem decisões imediatas e assertivas, antes que o problema ocorra nas etapas subsequentes
do processo de abate. Se for encontrado um animal com doença grave, todos os outros vindos da
mesma propriedade devem ser melhor reavaliados antes de irem para o abate, o que ocasionaria
problemas de contaminação durante o processo.
O bem-estar animal, que em um primeiro momento é necessário para atender a legislação vigente,
torna-se muito mais do que isso, trazendo benefícios para a carne, tornando-a de melhor quali-
dade.
Durante a dieta hídrica o animal fica descansando para recuperar a energia perdida durante as
etapas a que foi submetido. Também repõe o glicogênio e elimina conteúdo fecal, reduzindo a
contaminação durante a evisceração pelo rompimento dos intestinos cheios.
Portanto, é de extrema importância que todos os cuidados sejam tomados nessas etapas de pré-
abate, para evitar ao máximo a ocorrência de lesões, fraturas e expor o animal a situações descon-
fortáveis, já que estes são fatores que influenciam diretamente na qualidade da carne durante o
abate.
Abate de Suínos
A partir de agora você terá a oportunidade de conhecer as técnicas adotadas para a realiza-
ção do abate de suínos. Ao final deste capítulo você terá conhecimentos para operar e controlar
os processos de insensibilização, sangria, escaldagem, depelagem, evisceração e resfriamento.
Você já fez um abate de suíno? Parece ser fácil. Mas para isso precisa ter conhecimento sufi-
ciente das técnicas, para manter as características e a qualidade da carne.
Conforme você estudou no capítulo anterior, viu que é possível obter carne com diferentes
aspectos de qualidade, se não tiver cuidado no manejo. O abate também precisa de muito cui-
dado e algumas medidas de controle para manter a qualidade da carne, interferindo o mínimo
possível.
Você sabe o que é uma contaminação?
Ela é provocada pelos manipuladores, durante as atividades do abate. Então, de quem é a
responsabilidade pela contaminação, o operador da atividade fim?
Sim, estas contaminações podem ser reduzidas ou eliminadas através do uso correto de
técnicas nas operações de abate, e ocorre por uma série de fatores. Siga em frente para apro-
fundar seus conhecimentos em técnicas de abate, mantendo a qualidade da carne que todos
gostariam de consumir.
Neste capítulo você estudará as técnicas de abate de suínos, as legislações aplicadas, os
procedimentos executados e a importância que isso traz para a qualidade do alimento e a
competitividade da indústria.
Antes de estudar como é feito o abate de suínos, você conhecerá as legislações pertinentes
e as condições higiênico-sanitárias que o abatedouro precisa apresentar para iniciar o processo
de abate.
ABATE DE SUÍNOS
32
Para o processo de abate é necessário atender algumas legislações que vão desde questões ambientais,
de como proceder com os dejetos e resíduos gerados durante o abate dos suínos. E, para isso, o RIISPOA
(Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal) é muito eficiente e ex-
plicativo, pois mostra como deve ser conduzido o processo, bem como as portarias, circulares e normas
regulamentadoras que descrevem as condições de higiene, higienização e segurança durante a atividade
do abate.
RIISPOA
A principal legislação, que regulamenta o abate de animais, é o RIISPOA (Regulamento de Inspeção
Industrial e Sanitário de Produtos de Origem Animal) é um documento bem antigo, publicado pelo
Ministério da Agricultura, em 23 de março de 1952, porém, aplicado com muita eficiência até os dias de
hoje, regulamentando processos produtivos de abatedouros e indústrias processadoras de produtos de
origem animal. No entanto, é comum ocorrer publicações de normativas e portarias, em adequação as
legislações mais antigas, acompanhando a evolução tecnológica do setor, aprimorando a qualidade dos
produtos produzidos no Brasil.
Para complementar o RIISPOA, e adequar ainda mais as condições dos abatedouros frigoríficos, são
utilizadas outras portarias e normativas, como as que seguem:
a) Portaria nº 326 de 30 de julho de 1997;
b) Portaria nº 46 de 10 de fevereiro de 1998;
c) NR 12 e NR 36 de 18 de abril de 2013;
d) Circular nº 175/176 de 16 de maio de 2005; e
e) Portaria nº 711, de 1º de novembro de 1995.
O RIISPOA estabelece normas que regulamentam a inspeção industrial e sanitária de produtos de ori-
gem animal, além de regulamentar as condições de estrutura física e instalações para o abate, beneficia-
mento e industrialização de produtos de origem animal.
É fundamental que os produtores e manipuladores de alimentos de origem animal conheçam a Legis-
lação brasileira, pois conforme apresenta o RIISPOA, no artigo 2, da pág. 1.
A inspeção a que se refere o presente artigo abrange, sob o ponto de vista industrial e
sanitário a inspeção “ante” e “post mortem” dos animais, o recebimento, manipulação,
transformação, elaboração, preparo, conservação, acondicionamento, embalagem,
depósito, rotulagem, trânsito e consumo de quaisquer produto e subproduto,
adicionados ou não de vegetais, destinados ou não à alimentação humana. (BRASIL,
1952, p. 1).
3 ABATE DE SUÍNOS
33
Além dessas informações o RIISPOA prevê outras normas que devem ser respeitadas e seguidas crite-
riosamente como:
a) Artigo 2: definição das empresas sujeitas a inspeção e reinspeção;
b) Artigo 5: define os locais de inspeção;
c) Artigo 8: define o que significa um estabelecimento de produtos de origem animal;
d) Artigo 12: define as responsabilidades do DIPOA;1
e) Artigo 21: define a classificação dos estabelecimentos;
f ) Artigo 33: define as necessidades básicas para a operação dos estabelecimentos;
g) Artigo 34: define as necessidades básicas de construção para a operação dos estabelecimentos;
h) Artigo 107: define a entrada de animais ao abate;
i) Artigo 108: define a inspeção ante mortem dos animais; e
j) Artigo 130: matança de emergência.
O artigo 33 do RIISPOA “apresenta informações mínimas para a operação de um abatedouro frigorífico.”
(BRASIL, 1952, p. 8). Veja a seguir, os assuntos abordados nesse artigo:
a) localização do abatedouro e áreas ao redor;
b) sistema de ventilação e iluminação;
c) especificação de pisos, paredes e teto;
d) barreiras sanitárias nas etapas de processo;
e) especificação dos materiais de fabricação dos equipamentos;
f ) abastecimento de água;
g) rede de esgoto;
h) necessidade de vestiário e sanitários para os funcionários;
i) tipo de pavimentação externa;
j) sede para a Inspeção Federal;
k) sistema de frio e vapor;
l) altura mínima do pé direito para liberação de abate;
m) possuir equipamentos para a operação; e
n) distância mínima para armazenamento de inflamáveis.
SAIBA Estas são algumas normas que regulamentam o artigo 33 do RIISPOA. Agora convido
você a ampliar seus conhecimentos a respeito deste regulamento de Inspeção Federal
MAIS acessando o site: http://www.agricultura.gov.br. Boa leitura.
DEFINIÇÃO DE APPCC
A APPCC é uma metodologia que identifica o risco, através de análises no processo e fornece medidas
preventivas para controle, com o objetivo de garantir a qualidade e a segurança do alimento. Baseia-se na
prevenção, eliminação ou redução dos perigos2 em todas as etapas do processo produtivo. (BRASIL, 98).
2 São contaminantes de natureza biológica, química ou física presente nos alimentos, tornando o mesmo impróprio para consumo,
quando ingerido pode causar dano a saúde ou a integridade do consumidor.
3 ABATE DE SUÍNOS
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NR 12
A NR 12 é a norma regulamentadora no uso de máquinas e equipamentos do Ministério do Trabalho. A
diretriz define os princípios técnicos fundamentais e medidas de proteção para garantir a saúde e a inte-
gridade física dos trabalhadores, e estabelece requisitos mínimos na prevenção de acidentes no trabalho.
(BRASIL, 2013).
Esta normativa regulamenta os princípios técnicos de proteção aos equipamentos disponibilizados na
indústria. Todos as máquinas industriais devem disponibilizar itens de segurança como proteção a serra-
fita, dispositivo de travamento automático e sensores para travamento, quando da presença de pessoas
não autorizadas. Além disso, a empresa deve disponibilizar os EPIS para os manipuladores que utilizam
materiais cortantes.
Os locais de trânsito de equipamentos, produtos, circulação de pessoas e de animais sob trilhos, devem
estar identificados com faixas e livres para a locomoção.
SAIBA Para você obter mais conhecimento relacionado aos itens de segurança, acesse o site:
MAIS portal.mte.gov.br e ler a normativa do Ministério do Trabalho NR 12.
NR 36
A NR 36 é uma norma regulamentadora que estabelece os requisitos mínimos para a segurança e saúde
dos trabalhadores, nas empresas de abate e processamento de carne e derivados das mais diversas espé-
cies de animais abatidos no Brasil. (BRASIL, 2013).
Esta é uma norma regulamentadora que foi publicada para que os frigoríficos atendam os requisitos
mínimos de segurança e saúde dos funcionários. Deve ser seguida, para que os funcionários não sofram
acidentes e fiquem afastados do trabalho.
ABATE DE SUÍNOS
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CIRCULAR 175
A circular n° 175/176, de 2005, revisa os procedimentos de inspeção federal com atributos aos auto-
controles dos estabelecimentos em específico o PPHO (Procedimento Padrão de Higiene Operacional). A
publicação da circular 175/176 foi com a finalidade de esclarecer eventuais dúvidas da circular n° 245/96 do
DIPOA que, ao determinar a implantação do programa de PPHO, o definia em duas partes, procedimento
pré-operacional e procedimento operacional, porém deixava dúvida quanto a verificação dos elementos
de Inspeção. Ou seja, na verificação do programa muitas empresas adotavam o PPHO como uma atividade
de PSO (Procedimento Sanitário Operacional). (BRASIL, 2005).
Os procedimentos padrões de higiene operacional, são implementados com a finalidade de avaliar as
condições de higienização dos setores de pré-abate, abate e industrialização de carne. Estes procedimen-
tos, quando executados adequadamente, garantem que os equipamentos não interfiram na qualidade da
carne.
PPHO PRÉ-OPERACIONAL
Quando o procedimento de higienização (lavagem e sanitização) é efetuado antes das atividades ope-
racionais, ou no final do trabalho, seja de abate, da desossa ou da industrialização. Esse procedimento é
realizado no final das atividades de trabalho, pois as ações químicas dos detergentes são mais eficazes
quando a sujidade ainda está com bastante umidade. Portanto, é o processo realizado entre o final e início
de uma jornada de trabalho.
PPHO OPERACIONAL
É a realização da atividade de higienização dos equipamentos e utensílios, nos intervalos entre turnos,
intervalos de almoço e de descanso. Esta higienização é mais rápida não contemplando a higienização de
parede, piso e alguns equipamentos mais complexos que necessitem de montagem e desmontagem.
O que é higienização?
A higienização é dividida em duas grandes etapas, a limpeza e a sanificação ou sanitização. A limpeza
visa reduzir ou lavar as sujidades grosseiras, aquelas visíveis como sangue, pelos, restos de carne, restos de
ossos, entre outras sujidades. A sanificação ou sanitização, conforme queira ou seja denominada na sua
região, é a etapa que visa reduzir o número de microrganismos até os aceitáveis pela normalização. Leia a
seguir como deve ser realizada a limpeza:
1) remoção das sujidades, através de espátulas ou de rodos se estiver no chão;
2) enxague, realizado com aspersão de água para a remoção dos resíduos menores;
3) lavagem, que é a aplicação de detergente,esfregando manualmente quando o equipamento propor-
cionar ou o uso de outros métodos; e
4) enxague, é passada água com pressão para remover o detergente e a sujidade.
A sanitização é realizada logo após a limpeza, que se configura na aplicação de produtos químicos
capazes de eliminar microrganismos presentes nas superfícies dos equipamentos e estrutura física. A sani-
tização é realizada em duas etapas, veja a seguir:
1) aplicação da solução sanificante; e
2) enxague com água.
O enxague com água é necessário quando o uso do sanitizante é corrosivo, ou quando este deixar
resíduos químicos sobre a superfície, com potencial contaminante (químico) aos alimentos ou a danifica-
ção dos equipamentos. Para maiores conhecimentos dos sanitizantes adequados para uso, bem como seu
potencial microbiológico, concentração de uso e poder de corrosão é indicado entrar em contato com o
representante comercial da sua região, pois existem vários tipos de produtos com nome comercial diferen-
te, mas com o mesmo poder ativo.
Conheça a seguir alguns tipos de sanitizantes mais utilizados em frigoríficos:
a) quaternário de amônia;
b) ácido peracético;
c) compostos clorados;
d) compostos Iodados; e
e) peróxido de hidrogênio.
Alguns fatores que interferem na eficiência dos sanitizantes estão relacionados diretamente as condi-
ções de limpeza. Por exemplo, a presença de sujidades como matérias orgânicas (sangue, gordura, carne) e
a presença de detergente poderá reagir com o sanitizante reduzindo a eficiência do produto e diminuindo
o tempo de contato do mesmo com a superfície ou no ambiente, além das baixas concentrações do pro-
duto e a escolha do agente químico em relação a contaminação presente.
ABATE DE SUÍNOS
38
PORTARIA Nº 711
A portaria nº 711 é específica ao abate de suínos, aonde explica as condições técnicas necessárias para
as instalações de pré-abate e abate desses, bem como os métodos utilizados nas etapas de cada processo.
Esta portaria descreve as necessidades do frigorífico para operacionalização, como por exemplo, a distân-
cia entre a pocilga e a área de abate, que deve ser de 15 metros, a temperatura da carcaça a ser desossada,
de no mínimo 7 °C.
Além disso, nos anexos dessa portaria estão descritas as necessidades mínimas dos equipamentos uti-
lizados em abate de suínos.
Leia o que diz a portaria 711, no item 1.2.1, letra “c”, “para o desembarque dos animais é necessário de
uma rampa móvel, construída em aço metálico, antiderrapante que atenda todos os níveis da carroceria
do caminhão, devendo ser protegida com cobertura”. Para o abate de até 800 suínos por dia é necessário
uma rampa, porém, quando o número de animais for maior do que esta quantidade são necessárias mais
rampas, ou seja, a quantidade de um dependerá da quantidade de outro. (BRASIL, 1995).
Acompanhe a seguir, alguns exemplos das dimensões que a portaria 711, de 1995, recomenda:
a) área para dieta hídrica dos suínos - 1m2 para cada animal;
b) pressão da água de chuveiro, 1,5 atm, e tempo de 3 minutos para a lavagem dos suínos na condução
ao abate;
c) altura do trilho após a sangria de 3 metros da calha coletora de sangue;
d) distância dos trilhos da parede de 1 metro;
e) altura do pé-direito 5 metros - altura do teto na área de abate (área suja);
f ) área disponível de 3,5 m2 por suíno/dia, ou seja, em um abate de 10 suínos/dia precisa uma construção
de 35 m2;
g) temperatura de 62 a 72 °C, e tempo de 2 a 5 minutos de escaldagem;
h) dimensões dos trilhos e quantidade de carcaça nas câmaras de resfriamento.
Agora convido você a conhecer a principal Legislação utilizada para o abate de suínos.
SAIBA Nas tabelas de 1 a 6 você encontrará todas as dimensões necessárias para o abate,
MAIS acesse o site: http://sistemasweb.agricultura.gov.br/sislegis/action/detalhaAto.do?me
thod=consultarLegislacaoFederal
RESOLUÇÃO Nº 430
A resolução 430 do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) dispõe sobre os parâmetros de
gestão do meio ambiente, através de padrões permitidos de lançamento de resíduos sólidos aos cursos de
água.
Agora que você já estudou sobre a Legislação brasileira, chegou a hora de conhecer as etapas de abate
de suínos, e entender por que as legislações são necessárias e nos auxiliam no dia a dia.
As técnicas utilizadas para o abate de suínos são as mesmas, tanto para abatedouros de pequeno quan-
to de grande porte. O que diferencia o processo entre eles são as automações, pois, em alguns, os equi-
pamentos são mais automatizados, o que propicia menos esforço físico aos funcionários, já nos pequenos
abatedouros aparecem mais as condições manuais, o que leva a menor produtividade, pois a velocidade
do abate é mais lenta, ou seja, com um número menor de animais abatidos por hora, portanto, há necessi-
dade de mais mãodeobra para a execução das atividades.
ABATE DE SUÍNOS
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Na apresentação do abate de suíno você perceberá que serão abordadas as duas condições, a manual e
a automatizada. Você deverá entender as duas formas, pois poderá propor melhorias para facilitar as suas
atividades e aumentar a produção do frigorífico. Siga em frente com seus estudos e conheça, na próxima
seção, as etapas do abate de suínos.
O abate de suínos é executado em etapas separadas, porém dependentes uma das outras, isso quer
dizer que para um passo ser iniciado, necessita-se que o anterior esteja finalizado. Mas qual é a caracte-
rística correta que devo destinar ou receber o suíno para a operacionalização? Isso será apresentado de
forma separada nas seções a seguir, pois como você já pôde aprender no início deste capítulo, alguns dos
problemas ocorridos na operacionalização são falhas da etapa anterior, aonde a atividade não foi realizada
de forma correta.
Nesse sentido, para diagnosticar os problemas ocorridos dentro da indústria, precisa-se conhecer todos
os processos, ter uma visão ampla de todo o sistema e das possíveis causas dos problemas que possam
ocorrer.
Algumas empresas de abate de suínos padronizam-nos por tamanho, onde são abatidos somente os de
peso normal de carcaça - entre 90 e 120 kg cada – e os animais grandes, como os machos reprodutores e
as matrizes fêmeas, são destinados a outros abatedouros frigoríficos.
Podem-se abater animais de vários tamanhos no mesmo ambiente? Sim. Mas, para isso, precisa-se de
um planejamento e organização de toda a equipe de trabalho, pois as operações são iguais, mas deman-
dam tempos e condições diferentes.
O abate de animais grandes e de peso ideal de carcaça pode ocorrer no mesmo dia, desde que, eles
sejam separados por tamanho. Primeiro deve-se abater os animais de tamanho padrão de carcaça e depois
os maiores. Lembre-se que sempre que isso acontecer você precisa reprogramar todo o processo de abate,
pois a velocidade do abate é menor quando os animais são maiores, portanto, precisa regular os equipa-
mentos para atender o espaço físico que estes animais ocupam, principalmente o tanque de escaldagem,
depiladeira, entre outros fatores relacionados ao tamanho do animal.
Visualize a seguir o fluxograma de abate de animais e a explicação de cada etapa do processo. Perceba
que o fluxograma segue as etapas, conforme o animal passa pelo abatedouro. Além disso, os funcionários
devem executar suas atividades de forma adequada em cada passo momento, pois, caso não desempenhe
de forma correta a fase atribuída, consequentemente, dificultará o processo de execução das seguintes.
3 ABATE DE SUÍNOS
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As principais consequências são a perda de tempo, baixa produtividade, contaminação física ou micro-
biológica, resultando em uma carcaça de baixa qualidade ou até mesmo perdas por condenação.
Independente da amplitude dos estabelecimentos ou das estruturas que o frigorífico possuir, todos os
suínos abatidos deverão ser submetidos a estas etapas, veja o que é feito e quais as técnicas aplicadas em
cada operação nas seções, a seguir.
3.2.1. RESTREINER
Nesta seção será tratado das condições dos suínos que serão destinados ao abate bem como a forma
de conduzi-los.
Você já viu o ambiente que o suíno é criado no campo, quanta sujidade de fezes o suíno traz aderida na
pele? Será que pode-se abater este animal nestas condições, ou deve ter uma maneira de reduzir este pro-
blema? Quando os abatedouros atendem todos os pré-requisitos das legislações têm condições suficientes
para reduzir estas sujidades. Acompanhe a seguir as condições e como fazer este trabalho com eficiência.
ABATE DE SUÍNOS
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A condução dos animais deve ocorrer de forma que eles sintam como se fosse para um passeio, sem
estressá-los. Seu ponto de partida são as pocilgas, que devem ser construídas de alvenaria e localizadas
próximas a área de abate, com contato somente a esse espaço. É por esse espaço que são conduzidos até
a sala de insensibilização.
Antes de encaminhar a insensibilização, os animais receberão 30 minutos de jatos de água a uma pres-
são de 1,5 atm. Esta ducha, neste período, serve para o relaxamento dos suínos, além de ser muito impor-
tante na limpeza das sujidades externas da pele do animal, como fezes e poeiras.
Nesse sentido, os animais que estão nas pocilgas durante a dieta hídrica, devem receber pulverizações
de água para ir amolecendo as sujidades externas, aderidas a pele e pelos. A pressão atmosférica da água
e o tempo devem ser controlados, para que se obtenha uma boa limpeza do animal. Quanto menor for a
contaminação presente no suíno, menor serão os problemas encontrados nas etapas de abate, principal-
mente na sangria, aonde ocorre o primeiro corte e a exposição da carne a contaminantes externos, além
de passar pela escaldagem e depilação.
Portanto, a condução dos animais deve ser em grupo, calmamente em fila, sem ruídos e agressões,
passando pelos chuveiros e mantendo a umidade externa favorecendo a condutividade elétrica durante a
insensibilização.
Além disso, durante a condução dos animais não é permitido o uso de choques elétricos, ferrões, ma-
deiras ou outros objetos que possam agredir ou assustá-los. Os suínos devem ser conduzidos, através do
corredor que antecede ao restreiner, em grupos aproximados de 10 animais, para evitar acúmulo e facilitar
o manejo. Quando conduzidos em grupo, a interferência relacionada ao medo e ao estresse é menor.
3.2.3. INSENSIBILIZAÇÃO
SISTEMAS DE INSENSIBILIZAÇÃO
A insensibilização pode ocorrer em dois sistemas, manual e automatizado. Ambos os sistemas são
eficientes e podem apresentar as mesmas características insensibilizadoras, desde que alguns cuidados
sejam tomados em relação ao tempo, voltagem e amperagem aplicada.
ABATE DE SUÍNOS
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INSENSIBILIZAÇÃO MANUAL
É executado com atordoador manual em forma de “V” aplicado diretamente no animal até que se perce-
ba a completa insensibilização. Observe a figura a seguir que demonstra este processo.
Pode-se verificar, através da figura, que o animal foi conduzido pelo corredor de acesso até o corredor
de insensibilização. Nesse momento o animal fica preso e leva o choque elétrico para insensibilizá-lo. Em
seguida é aberto uma das laterais e o suíno cai sobre uma mesa, aonde é feita a sangria e coleta do sangue.
Leia a seguir quais vantagens e desvantagens do atordoamento manual.
Vantagens:
a) menos custo de aquisição do equipamento;
b) ideal para pequenos abatedouros;
c) agilidade em pequenos lotes;
d) mais preciso em lotes com animais de diferentes pesos e idade; e
e) definição do tempo pelo operador através das reações do animal.
Desvantagens:
a) variação de tempo de insensibilização para cada animal;
b) necessidade de mão de obra;
c) operador com conhecimento e treinamento;
3 ABATE DE SUÍNOS
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INSENSIBILIZAÇÃO AUTOMÁTICA
Realizado ao final do restreiner através de um censor de presença, na aproximação do animal o sensor
registra a presença dele parando o restreiner, neste momento é acionando o comando da insensibilização.
Através de uma programação automatizada os animais receberão uma descarga elétrica com amperagem
e voltagem padrão para todos aos animais
O restreiner é composto por duas correias largas em forma de “V”, que suspende os animais do chão
direcionando ao insensibilizador, sem a agitação e movimento dos animais. No final do restreiner está
localizado o sistema de insensibilização, que após receber a descarga elétrica caem por uma calha até a
mesa de sangria.
A insensibilização automática proporciona maior agilidade ao processo, menor esforço físico aos fun-
cionários e padroniza a descarga de energia na insensibilização, reduzindo os riscos de problemas ocorri-
dos pelo excesso ou pouco tempo de insensibilização.
Vantagens:
a) padronização da insensibilização, voltagem, frequência e amperagem;
b) agilidade no processo;
c) não requer mão de obra;
d) não ocorrem fraturas;
e) determina o ritmo de produção;
f ) menor incidência de carne PSE, provocado na insensibilização; e
g) os animais não terão mais contato com o piso, menor sujidade na pele.
Desvantagem:
a) necessidade de padronização dos lotes;
b) tempo para regulagem quando os animais forem de tamanhos diferentes;
c) manutenção preventiva dos equipamentos restreiner e insensibilizadores; e
d) alto custo de aquisição do equipamento.
ABATE DE SUÍNOS
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A insensibilização automática é utilizada nos frigoríficos que abatem grande número de animais por
dia. Esses precisam atender uma exigência da indústria em relação ao padrão de carcaça, ou seja, precisam
estar em uma faixa de peso padrão, não podendo ser pequenos (leitões) e nem animais grandes (matrizes).
Além disso, a insensibilização é feita com o animal suspenso do chão pela correia em forma de “V”, des-
sa forma não consegue se movimentar obtendo uma carne sem hematomas, machucados ou fraturas de
ossos, além de proporcionar menos sujidades na pele pois, e a partir deste momento, o suíno não entrará
mais em contato com o chão.
Observe que todos os métodos de insensibilização, tanto o manual como o automatizado, precisam de
um bom controle operacional, sendo que os dois métodos são eficientes e atendem a demanda frigorífica,
apesar de possuírem particularidades diferentes na operação. Agora veja como são as técnicas de insenbi-
lização.
TÉCNICAS DE INSENSIBILIZAÇÃO
Para uma perfeita insensibilização, através da eletro-narcose, os suínos passam por um prévio banho de
água a pressão de 1,5 atm, a umidade corporal facilita a condutividade elétrica pelo corpo do animal. Será
aplicada uma descarga elétrica de ± 220 volts, 60HZ e com amperagem de 0,8 a 1,5 A, aplicado nas fossas
temporais do animal (pescoço, logo atrás das orelhas) por um tempo suficiente de 6 a 10 segundos, porém
este tempo pode ser alterado conforme o tamanho do animal a ser abatido.
Na utilização da eletro-narcose para promover a insensibilização, precisa-se ter muito cuidado com os
parâmetros de voltagens e amperagem, estes devem estar de acordo com o peso do animal, para não
comprometer a qualidade da carne. Como visto anteriormente, o choque insuficiente pode levar o animal
a recuperar a consciência antes da etapa de sangria. Por outro lado, quando o choque for excessivo, pode
ocorrer o rompimento de pequenos vasos sanguíneos, provocado pelo aumento da pressão sanguínea,
caracterizado como salpicamento hemorrágico.
A utilização de insensibilizadores, através de correntes elétricas, causa a perda imediata da consciência
do animal, sendo caracterizado como uma anestesia aonde o animal perde a consciência num tempo mui-
to curto entre 7 a 9 segundos, diminuindo o tempo de dor e angústia do animal, caracterizando em abate
humanitário. Veja a seguir, algumas vantagens do método da insensibilização:
a) promove um tratamento humanitário;
b) maior drenagem do sangue;
c) melhor qualidade da carcaça;
d) atende as legislações vigentes;
e) menor incidência de carne PSE;
f ) menor agitação dos animais; e
g) facilita a sangria.
Lembre-se de que as áreas de insensibilização e sangria devem ser próximas e que facilitem a operação,
o tempo entre um processo e outro não pode ser maior que 30 segundos.
3 ABATE DE SUÍNOS
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3.2.4. SANGRIA
Na etapa da sangria ocorre o corte dos grandes vasos sanguíneos do pescoço, a drenagem do sangue
e a morte do animal.
Assim que os animais forem insensibilizados deve ocorrer a sangria, em um tempo máximo de 30 se-
gundos. Quanto menor for este tempo, maior será a quantidade de sangue drenado dos animais. Após
a insensibilização o coração dos animais continua pulsando por alguns minutos, o ritmo de pulsação vai
diminuindo conforme for passando o tempo. Então, o quanto antes for feito a sangria, mais sangue sairá
do suíno, aproveitando o tempo de pulsação mais forte (batimentos cardíacos), quanto mais sangue sair,
melhor será a qualidade da carne. Leia a seguir como são realizadas as técnicas de sangria.
TÉCNICAS DE SANGRIA
A sangria é feita com os animais deitados sobre uma mesa rolante ou fixa, construída de forma que o
sangue seja drenado e canalizado até a área de subprodutos, para a fabricação de farinha de sangue, que
serve como suplemento na ração para outros animais.
Assim que ocorre a sangria, os suínos são suspensos (pendurados) por uma das patas traseiras para
melhor drenagem do sangue.
Observe na figura a seguir, o ponto certo de fazer a sangria e cortar os grandes vasos sanguíneos.
Andressa Vieira (2015)
A sangria é executada com uma faca esterilizada, efetuando um corte longitudinal na região do pescoço
(papada) mais próximo da paleta, ele é realizado para abertura da pele e gordura, expondo os grandes
vasos. Com a mesma faca é feita a incisão cirúrgica nos grandes vasos sanguíneos, cortando de forma trans-
versal a veia jugular e a artéria carótida.
ABATE DE SUÍNOS
48
Cuidado para não aprofundar muito o corte, pois poderá cortar a traqueia e ou interferir na sobrepaleta,
espalhando sangue nos cortes próximos a carcaça. Quando o operador tiver a habilidade de sangrar suí-
nos, no mesmo movimento de abrir a papada ele gira a faca e faz o corte dos grandes vasos.
Faz-se necessário a esterilização das facas, para que os suínos não sejam contaminados durante a san-
gria. Somente será diagnosticada a presença de doenças nos animais após a evisceração e inspeção de
carcaça, ou seja, se um dos suínos tiver alguma doença e, durante a sangria, não foi realizada a esterilização
das facas, o sangue presente no material será uma fonte de contaminação para os outros que virão. A con-
taminação ocorrerá até que a faca passe por uma esterilização, ou seja trocada.
3 ABATE DE SUÍNOS
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Muito cuidado, não adianta somente lavar a faca é preciso esterilizá-la. A contaminação não sai somente
com água, ela pode reduzir, porém a água quente a eliminará.
Você já ouviu falar que a coleta de sangue do suíno tem várias utilidades? Prossiga com sua leitura para
conhecer quais são.
TÚNEL DE SANGRIA
Após ocorrer a sangria, que é o corte das veias do suíno com a faca, eles são pendurados por uma das
patas traseiras e colocados na nória, ou em trilho para facilitar a drenagem de sangue. Os suínos, antes de
entrarem na escaldagem, devem permanecer por um tempo de no mínimo 3 minutos para gotejamento
total do sangue e morte do animal, o cumprimento deste tempo entre a sangria e a escaldagem é determi-
nado pelo MAPA. Neste momento o sangue é coletado por calhas, não entrando em contato com o chão.
Logo após o corte das veias inicia a liberação do sangue com um volume maior nos primeiros segundos,
reduzindo conforme o tempo e o volume de sangue presente na carcaça. Nos primeiros 45 segundos os
suínos liberam a maior parte de sangue, em torno 80 a 85%, este fator se dá pela forte pressão sanguínea
realizada durante a insensibilização, que acelera os batimentos cardíacos e a maior quantidade de sangue
presente no animal.
A seguir visualize na figura, os suínos dependurados após a sangria, realizando o processo de goteja-
mento e liberação total do sangue.
ABATE DE SUÍNOS
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Além disso, é importante saber que quanto menos sangue presente na carcaça melhor será a qualidade
da carne.
Thinkstock ([20--?])
Figura 12 - Processo de gotejamento e liberação total do sangue
O sangue é um excelente meio de cultura por possuir muita água e proteína disponível, além de ter
temperatura e pH ótimo aos microrganismos, o que favorece o crescimento e o desenvolvimento destes
seres vivos, o que não se consegue ver a olho nu. Os microrganismos presentes na carne podem apresentar
cheiro desagradável, alteração na cor e limosidade. Além dos microrganismos patogênicos que não alte-
ram as características da carne como cor, cheiro e limosidade, mas causam mal ao ser humano.
Você já viu carne com pontos esverdeados, com cheiro forte e ao pegar apresenta limosidade? Isto ocor-
re porque ouve um crescimento microbiológico e a carne não poderá ser consumida.
Conheça a seguir as vantagens da sangria:
a) o sangue deve ser retirado do corpo do animal, pois é um excelente meio de cultura para os micro-
rganismos;
b) evita formação de coágulos de sangue na paleta;
c) menor quantidade de sangue residual na carcaça;
d) reduz a contaminação microbiana na carcaça;
e) evita que o animal recupere a consciência;
f ) reduz a incidência de carne PSE;
g) aumento da vida útil da carcaça.
Perceba que a sangria precisa ser realizada de forma adequada, para que se tenha uma carne de qua-
lidade e a morte do animal ocorra antes de entrar na escaldagem, que é a primeira etapa após a sangria,
processo esse em que o suíno não pode entrar vivo, por determinação dos órgãos fiscalizadores e legisla-
ção vigente do MAPA.
3 ABATE DE SUÍNOS
51
A seguir você estudará a forma de remoção dos pelos de suínos, que se divide na etapa de escaldagem
e depilação.
3.2.5. ESCALDAGEM
A escaldagem é utilizada para amolecer as cerdas dos suínos, facilitando a remoção durante a retirada
dos pelos (depelagem).
Para facilitar a remoção dos pelos é necessário efetuar um aquecimento na pele dos suínos, que torna
as ligações dos folículos4 com a proteína do colágeno5 menos resistentes, liberando o pelo e facilitando
a remoção. Existem dois tipos de escaldagem, a automática e a manual. Conheça a seguir cada processo.
ESCALDAGEM AUTOMÁTICA
Os suínos já pendurados pelo pé traseiro, junto a nória, passam por um túnel de escaldagem com água
quente a temperatura de 62 a 65°C (nos dias quentes) e de 68 a 70°C (nos dias frios), por um tempo apro-
ximado de 5 minutos.
Perceba que a temperatura da água é controlada conforme a temperatura do ambiente, tipo de pela-
gem do animal, idade e fator relacionado ao binômio tempo e temperatura.
ESCALDAGEM MANUAL
Este sistema é realizado em tanque individual, os suínos são desprendidos da nória e colocados em
tanques de escaldagem, movimentando o animal manualmente (virar o animal dentro do tanque com o
auxílio de um tubo de metal). Este sistema é mais demorado e precisa de muito cuidado para que não seja
deixado por pouco ou muito tempo o suíno dentro do tanque de escaldagem.
Na sequência, você estudará as principais diferenças do processo de escaldagem manual e automático.
Acompanhe.
Processo automático:
a) menor esforço físico dos funcionários;
b) controle padrão de tempo, através da velocidade da nória;
c) todos os animais receberão a mesma temperatura e tempo no tanque;
d) padronização da velocidade de produção de abate;
e) necessidade de animais padronizados em tamanho, idade e pelagem.
Processo manual:
a) não necessita de padronização de animais;
b) menor custo de investimento;
c) menor espaço físico;
d) necessidade de mãodeobra o que torna uma desvantagem em relação ao processo automático;
e) necessidade de funcionário treinado para analisar o tempo e a temperatura em relação ao animal;
f ) maior variação de escaldagem, ou seja, pouco ou excesso de tempo.
A figura a seguir, apresenta um tanque de escaldagem manual, onde o suíno está submerso em água
quente.
O tanque é construído em inox com entrada de água e vapor para aquecimento, equipado de um leitor
de temperatura para acompanhamento e registros da temperatura de escaldagem, além de possuir um
sistema basculante para a retirada do suíno após atingir o tempo de permanência na água quente.
A temperatura da água do tanque é um fator crítico a ser observado, se o equipamento não oferecer
controladores automáticos de entrada de vapor para manter a temperatura constante, certamente terá
problemas na depilação. Conheça a seguir os principais problemas relacionados a escaldagem.
3 ABATE DE SUÍNOS
53
CASOS E RELATOS
6 São substâncias visíveis a olho nu, ao qual não fazem parte daquele ambiente, que possa causar dano a saúde ou problemas
relacionados a apresentação (estética) do produto final.
ABATE DE SUÍNOS
54
A empresa rapidamente elaborou uma investigação para descobrir onde estava o problema e per-
cebeu que as carcaças abatidas, nesse período, apresentavam pelos na pele suína. De imediato es-
tas informações foram passadas ao setor de abate para tomar as medidas necessárias e solucionar
o problema.
Chegada a informação no setor de abate, o encarregado do setor de escaldagem disse ao demais
colaboradores: é fácil solucionar este problema, pode deixar que já resolvo. O excesso de confiança
nas questões estava nítido, é só aumentar a temperatura da água, é obvio disse o encarregado e a
equipe não questionou sobre as consequências em aumentar a temperatura.
No dia seguinte, desencadeou outro problema além de pelo presente, os animais apresentavam
pele rasgada. Com duas dificuldades para resolver, a equipe de colaboradores se reuniu e montou
um plano estratégico para solucionar o que se apresentava.
Foi montado um plano de controle de tempo e temperatura para cada lote de animais, analisando
no final do abate as características de cada suíno. Consideraram quais dos suínos apresentaram
maior qualidade, para surpresa de todos foram os animais que passaram pela temperatura mais
baixa da água, porém com um tempo maior dos animais na escaldagem.
Esta espécie específica tem uma composição mais fina de couro, a temperatura alta coagulava a
proteína no folículo deixando o pelo impregnado e dificultando a remoção.
Até aqui você estudou como deixar os pelos soltos e fáceis de serem removidos, agora conheça como
estes são retirados das carcaças dos suínos.
3.2.6. DEPILAÇÃO
A depilação é a etapa que visa à remoção dos pelos dos suínos, logo após serem submetidos ao proces-
so de escaldagem.
Para ampliar seus conhecimentos leia o artigo 142 do RIISPOA que torna obrigatória a
SAIBA raspagem de todas as carcaças com prévio aquecimento em água quente, não sendo
MAIS permitido o chamuscamento para depilação. Este material está disponível em: www.
agricultura.gov.br.
Os suínos após serem escaldados em água quente nos tanques de escaldagem, são transferidos via
nória ou sistema mecânico até a depiladeira.
3 ABATE DE SUÍNOS
55
A depiladeira é um equipamento com cilindros rotativos acoplados com raspadores de borrachas, que
ao tocar nas carcaças dos suínos faz a remoção dos pelos. Na sequência, visualize um modelo de depila-
deira.
Quando a depilação for manual, deve ser feita sobre uma mesa com canos em inox e espaçamento
entre os canos de aproximadamente 5 cm, para que os pelos sejam projetados para baixo da mesa e cole-
tados em calhas, os pelos não podem ser direcionados ao chão. Esta operação de retirada manual deve ser
feita o mais rápido possível para que não ocorra o resfriamento da carcaça antes da remoção dos pelos, se
isso ocorrer dificultará a remoção, permanecendo o material na carcaça.
Na maioria das vezes a carne de suínos é comercializada com pele, isso faz com que seja necessário o
controle da limpeza e retirada dos pelos por completo, para uma boa comercialização e redução das recla-
mações do consumidor ao adquirir estes produtos. Quando a carne é comercializada sem pele é efetuada
a remoção e limpeza da pele que tem um bom valor comercial para a industrialização.
Na depilação por equipamento os suínos saem da máquina de depilação e são colocados na nória, com
o auxílio de uma travessa de inox, com ganchos nas duas pontas. Para que ocorra a pendura dos suínos,
precisa ser efetuada a abertura da pele na altura do joelho do animal, expondo os tendões para dependu-
rar no gancho. A partir deste momento o suíno será suspenso pelos dois joelhos traseiros e será realizada
a remoção dos pés traseiros.
Durante a depilagem dos animais pode ocorrer de ficarem pelos aderidos a carcaça, para que ocorra a
remoção total é utilizada a técnica de flambagem.
ABATE DE SUÍNOS
56
3.2.7. FLAMBAGEM
A flambagem é a operação realizada após a depilação para a remoção total dos pelos com o uso de fogo
para a queima. Também conhecida como chamuscamento da carcaça, ela ocorre logo após a etapa de de-
pilação, e é efetuada através de calor forçado a gás, diretamente na carcaça, lança-se as chamas e os pelos
restantes serão queimados. Além disso, esse processo auxilia na eliminação de contaminantes presentes
na superfície da carcaça.
Veja na figura a seguir, o uso do lança chamas e a característica que a carcaça apresenta durante o pro-
cesso.
Percebe-se que no mesmo momento que é executado a flambagem na carcaça, aparecem pontos escu-
ros, que são os pelos queimados em forma de carvão. Continue com seus estudos e na sequência conheça
o que fazer para melhorar este aspecto.
A flambagem que você pôde visualizar na figura anterior é feita de forma manual, também existe a
automática, onde os suínos precisam estar pendurados na nória automática. Quando passar pelo equi-
pamento flambador serão acionado os censores e disparados jatos de fogo em toda a região da carcaça.
Para esta etapa é necessário o mínimo possível de pelos, pois esta técnica só elimina os pelos presentes,
não eliminando os que estão junto a pele. Porém, em animais em que a pelagem seja de cor, você poderá
visualizar pequenas partículas de pelo entremeadas na pele.
Durante a flambagem, os pelos restantes são queimados formando pequenos pontos pretos na superfí-
cie da carcaça, sendo necessário removê-los na etapa seguinte que é conhecida como toalete.
3 ABATE DE SUÍNOS
57
3.2.8. TOALETE
A toalete é a técnica de remoção dos pelos e limpeza final da carcaça. Com o auxílio de uma faca os fun-
cionários fazem uma raspagem da carcaça de suíno iniciando pelos pernis dos suínos, seguindo pela parte
lombar, costelas, barriga, paletas, papada e cabeça. Esta sequência faz-se necessário para que os pelos
sejam conduzidos da parte superior à inferior, conforme a gravidade.
Observe na figura a seguir como é realizado o sistema de toalete na carcaça externa.
Esta raspagem é a retirada dos pelos e demais sujidades, como os pontos pretos apresentados pela
flambagem nos pelos (carvão dos pelos queimados durante a flambagem). Esta remoção é necessária para
reduzir a contaminação presente na superfície da carcaça.
Na sequência, as carcaças são submetidas a uma lavagem por aspersão de água sobre pressão de 3 atm.
O líquido utilizado para a lavagem das carcaças deve ser de cloração maior, com o objetivo de eliminar
possíveis contaminantes físicos ainda presente na pele do suíno.
FIQUE Esta é a última etapa do processo de abate considerado zona suja, a partir da
ALERTA próxima etapa é considerado zona limpa. Para passar para zona limpa, os suínos
devem ter sido submetidos ao critérios de qualidade as etapas anteriores.
ABATE DE SUÍNOS
58
Além disso, o fluxo de ar também tem sua corrente direcionada da área limpa para a mais suja, isso con-
tribui para uma maior qualidade do produto final.
Assim que a carcaça passou por todas as etapas da zona suja, será encaminhada para a zona limpa, na
mudança de ambiente as carcaças serão transferidas de nória.
A primeira etapa da zona limpa inicia pela evisceração. Conheça a seguir, como ocorre a evisceração.
3.2.9. EVISCERAÇÃO
Na etapa de evisceração ocorre a retirada das vísceras dos animais, separação das vísceras comestíveis
das não comestíveis e encaminhamentos aos setores responsáveis pela limpeza e armazenamento.
Para a realização da evisceração alguns passos importantes devem ser tomados. O principal cuidado
está em não contaminar a carcaça com fezes presentes nas vísceras. A sequência está descrita, conforme
os tópicos a seguir:
a) remoção dos pés dianteiros;
b) remoção do reto;
c) abertura da cavidade torácica e exposição da língua;
d) desarticulação da cabeça;
e) abertura da cavidade abdominal;
f ) exposição e remoção das vísceras brancas;
g) exposição e remoção das vísceras vermelhas;
h) inspeção das vísceras, brancas e vermelhas;
i) inspeção da carcaça;
j) toalete da carcaça;
k) abertura da carcaça; e
l) lavagem da carcaça.
A evisceração inicia-se com a retirada dos pés dianteiros. Em seguida, ocorre a oclusão do reto através
de equipamento automático ou corte manual, com a finalidade de expô-lo. Essa parte é a que expõe a
maior contaminação, por isso, é necessário colocar uma embalagem plástica ao redor do mesmo quando
for exposto, amarrando para que não ocorra a saída de fezes e a contaminação da carcaça durante as de-
mais técnicas de remoção das vísceras.
Sempre que for realizada a remoção do reto, manual ou automático, os equipamentos que entram em
contato precisam ser lavados e esterilizados, como por exemplo, a faca ou o extrator automático, esse pro-
cesso ocorre em água quente, conforme você já pôde conhecer na etapa de sangria.
3 ABATE DE SUÍNOS
59
Após a oclusão do reto, outro funcionário faz a abertura abdominal e exposição da língua. A retirada
da cabeça inicia pela desarticulação da última vertebra da coluna, retirando totalmente ou deixando presa
pela papada para a inspeção sanitária.
Observe que a figura mostra um suíno com a abertura abdominal e a exposição das vísceras brancas e
vermelhas. Para a exposição das vísceras o funcionário faz um corte no abdômen do suíno cuidando para
não cortá-lo e derramar contaminantes, retirada do pênis dos machos e do útero das fêmeas, além da re-
moção das vísceras brancas como estômago, bexiga, intestinos (tripas) e pâncreas, essas ficam na região
abdominal, separadas das vísceras vermelhas pelo diafragma.
Após a remoção, as entranhas são colocadas em bandejas nas esteiras rolantes ou em calhas separa-
damente, e próximas da carcaça para a realização da inspeção pós-morte. Isso é necessário para avaliar as
vísceras e a carcaça. Este procedimento visa examinar e identificar de qual animal elas correspondem, em
caso de contaminação efetuar uma melhor avaliação da carcaça correspondente parte contaminada.
As vísceras vermelhas como o fígado, coração, pulmão, rins, língua, baço e o diafragma, são retiradas e
colocados em bandejas ao lado das vísceras brancas e, também, são inspecionadas.
ABATE DE SUÍNOS
60
Lembre-se de que as vísceras brancas e vermelhas não devem mais ter contato uma com as outras após
a retirada da carcaça.
Na evisceração, tendo em vista os riscos de ordem sanitária, devem ser tomados cuidados especiais
durante o procedimento como evitar a perfuração de órgãos e vísceras que possam contaminar a carcaça,
bem como outros órgãos.
Recomenda-se que o tempo entre a morte do animal e a evisceração não ultrapasse 30 minutos.
Posteriormente as vísceras são destinadas a limpeza e embalagens. As vermelhas são destinadas ao
consumo humano in natura ou para a fabricação de produtos, e as brancas à limpeza, além do uso como
embalagem também podem ser encaminhadas a subprodutos.
Na sequência, você estudará como são realizadas as linhas de inspeção do suíno.
Visualize a seguir, o conjunto de vísceras brancas logo após a remoção da carcaça, aguardando a sepa-
ração e avaliação da inspeção sanitária.
Art. 85 - Deve haver câmara para resfriamento de carcaças que forem sequestradas, lo-
calizada anexa ao DIF (Departamento de Inspeção Federal), com trilho de entrada direto
para a câmara e comunicando-se diretamente com a desossa de sequestro.
Art. 86 - A câmara de sequestro do DIF deverá ter trilhagem com capacidade para aco-
modar no mínimo 3% (três por cento) da capacidade diária por turno de abate. (BRASIL,
2014).
3 ABATE DE SUÍNOS
63
TOALETE DA CARCAÇA
A toalete é a operação que visa melhorar a apresentação comercial da carcaça, retirando as ínguas da
papada, gordura inguinal14, medula óssea, hematomas e gorduras aparentes. Também é retirada a banha
interna, proporcionando melhores condições de conservação.
VÍSCERAS VERMELHAS
A língua é colocada em água quente, em seguida faz-se a remoção da pele e a limpeza. Este produto é
utilizado para embutidos e venda in natura.
O coração, o fígado, os rins e o baço devem ser lavados e embalados para venda in natura ou adicionado
para os industrializados cozidos.
VÍSCERAS BRANCAS
As vísceras brancas são destinadas a fabricação de ração para alimentação animal ou processadas para
a utilização em embutidos como envoltório, o que dará maior lucratividade as empresas. Normalmente o
processo de beneficiamento de vísceras é terceirizado, uma empresa recolhe de todos os frigoríficos e faz
o beneficiamento.
No intestino são retiradas as gorduras externas das vísceras (tripa), desfazendo o formato do intestino e
transformando-o em fios longos. Esses, por sua vez, são submetidos a uma máquina com três rolos cilíndri-
cos que comprime e remove a parte interna das entranhas. No primeiro cilindro é removido os resíduos de
fezes e, nos demais são as outras camadas como a mucosa e a cerosa16. Na sequência, as tripas passam por
um processo de lavagem e limpeza das gorduras externas ainda presentes, após é realizada a calibração e
a medição de cada fio, formando maços de 72 a 90 metros cada.
Os maços de tripas são colocados em uma solução sanificante a base de ácido peracético17 a 3% por
um período de 20 a 30 minutos, após este tempo de permanência nessa solução são mergulhados em
água clorada de aproximadamente 2 ppm para fazer o enxague, em seguida deixa-se escorrer o máximo
da umidade. Coloca-se os maços de tripas sobre estrados plásticos perfurados e com uma breve inclinação
para facilitar a drenagem da água, a cada camada de tripa usa-se uma camada de sal grosso, pois auxilia na
15 São os órgãos ou a carne comercializados na forma encontrada no animal, podendo ser somente lavado ou limpo, ou seja, sem
processo de tratamento térmico ou adição de aditivos e ou condimentos.
16 São as camadas de proteínas que reveste as tripas internamente.
17 Solução sanificante.
3 ABATE DE SUÍNOS
65
desidratação. Repetir a operação de salga uma ou duas vezes. Retirar os maços de tripas e colocar em bom-
bonas, com uma camada de sal mais fino (pouco sal) para comercialização. O sal utilizado deve ser trocado
a cada manipulação, sempre utilizar produto seco para melhor desidratação do material. O sal pode ser
reutilizado, desde que seja secado em estufas a uma temperatura de 90 a 100°C para remoção da umidade
presente e da eliminação microbiológica.
Para saber o tempo que as tripas precisam ser deixadas desidratando em sal, leva-se em conta a forma
que vai ser comercializada. Se este produto for usado pela própria indústria na utilização de embutidos,
não se faz necessário a salga. Se as tripas forem beneficiadas para comercialização, devem ficar 24 horas
em cada etapa de salga.
Além disso, para melhor clarificação das tripas as mesmas são colocadas em uma solução de sal com
gelo, isto favorecerá a remoção do sangue presente nas vísceras.
A bexiga, o estômago e o pulmão são destinados à farinha de vísceras e transformados em ração para
outros animais, bem como os pelos, cascos e ossos são destinados a fabricação de farinhas.
Após a serragem e obtenção das duas partes da carcaça é realizada uma limpeza por aspersão de água,
visando a remoção de fragmentos de ossos e sangue. Além disso, essa operação permite identificar absces-
sos e anormalidades presentes na carcaça.
LAVAGEM DA CARCAÇA
Após a abertura da carcaça é retirada a medula dorsal, que faz parte do tecido nervoso do animal. A me-
dula dorsal e o cérebro dos suínos devem ser removidos e incinerados (queimados em caldeiras normais),
pois apresentam a possibilidade de transmitir doenças entre os animais. Na sequência ocorre a lavagem
da carcaça, que é feita com água pressurizada para a remoção do sangue e farelo de osso que possa estar
presente na carcaça, provocado pela abertura e corte da serra.
Com esta etapa finaliza-se o processo de evisceração, e a carcaça está pronta para ser pesada e
encaminhada para câmara de resfriamento.
Nas empresas onde o pagamento ao produtor não é somente por peso, realiza-se a tipificação para
pagamento pelo teor de carne magra.
3.2.10. TIPIFICAÇÃO
Você deve estar pensando se não pesar o suíno quando ele chega ao abatedouro como será realizado o
pagamento correto ao produtor?
A tipificação tem como finalidade premiar os produtores que produzem suínos com melhor qualidade,
além de incentivá-los a utilizar das melhores tecnologias, melhores raças, um bom manejo e sempre me-
lhorar a raça suína.
3 ABATE DE SUÍNOS
67
Você sabe como é feita a tipificação? Ela é realizada com uma pistola automática de alta precisão, intro-
duzida na região lombar acima da última costela e cinco centímetros da região lombar onde foi realizado o
corte da divisão entre as meias carcaças. É necessário fazer a medida somente em uma das meias carcaças.
A pistola, através de seus sensores, faz a leitura da espessura do toucinho (a gordura reflete mais luz do
que a carne, o que facilita medir a espessura do toucinho) estimando a quantidade de carne magra refe-
rente ao suíno.
No mesmo instante em que se faz a tipificação, a carcaça está sobre uma balança localizada na mesma
linha da nória, com o sistema informatizado obtém-se o registro do peso e quantidade de carne magra.
Além disso, registra-se no sistema o código de cada suíno através da tatuagem feita na recepção.
Através destas informações a empresa terá dados para efetuar o pagamento ao produtor por qualidade
dos animais fornecidos, quem produzir com mais qualidade receberá um valor maior por kg de carcaça.
As carcaças, para serem desossadas, devem atingir uma temperatura mínima exigida pela legislação. A
seguir recapitule este tópico e, no próximo você estudará como é realizado o resfriamento e desossa destes
animais.
RECAPITULANDO
Neste capítulo você estudou os processos de abate de suínos, desde a recepção até a tipificação
com a aplicabilidade das técnicas operacionais. Esses conceitos ajudarão você a realizar o processo
de abate, auxiliando a equipe através dos conhecimentos aqui adquiridos e colocando em prática
as atividades realizadas, com a finalidade de manter a qualidade da carne e a produção de carcaças.
Como foi possível observar a eficiência da sangria depende da insensibilização, haja vista que esse
processo faz com que os animais bombeiem para fora do seu corpo a maior quantidade de sangue.
Por sua vez, a depilação não ocorre de forma correta se a escaldagem for ineficiente, tanto em
temperaturas muito quentes quanto em muito frias, os problemas de contaminação vão aumentar,
seja pela presença de pelos ou quantidade de peles rasgadas, expondo a carne a contaminantes.
A evisceração vai mais além, depende praticamente de todas as etapas, principalmente a da dieta
hídrica. Se o intestino do animal estiver cheio dificulta a abertura do abdômen e pode ocorrer
o rompimento das vísceras e contaminação da carcaça por fezes, além do que quando cheias
dificultam a limpeza e possível uso em embutidos.
ABATE DE SUÍNOS
68
Neste capítulo você estudará as técnicas executadas nas indústrias, para a obtenção dos
cortes padronizados através da desossa. Conhecerá os tipos de cortes, as estruturas físicas e a
composição da carne.
Você já participou de uma festa do porco pizza ou do porco recheado? É muito bom, não é?
Quer aprender as técnicas de desossa e realização dos cortes de suínos? Ao final deste capítulo
você terá conhecimentos suficientes para desossar um suíno. Vamos lá?
Este capítulo está dividido em seções e subseções, para melhorar o seu aprendizado. Na
sequência você verá como é feito o resfriamento da carcaça de suínos e quais suas vantagem
em relação as técnicas de desossa, qualidade dos cortes bem formados e definidos.
Você já tem conhecimentos dos cortes de carnes suínas? Sabe de qual parte é retirada para
fazer o tender bolinha, muito procurado nas festas de final de ano? Isso mesmo, vem do pernil,
do corte patinho suíno.
Os cortes de carne suína vêm se destacando no cenário brasileiro, e a importância da qualifi-
cação dos profissionais que manipulam estes cortes é de fundamental importância para padro-
nizar os cortes e agregar valor comercial aos produtos, gerando a sustentabilidade da empresa,
garantindo o seu posto de trabalho.
Economicamente a desossa é vista como um grande ganho para as companhias, tendo em
vista os aspectos tecnológicos em questão. A carcaça quando desossada perde 30% do seu
peso inicial, entre ossos e aparas que são removidos. Deste montante retirado durante a desos-
sa, tudo é aproveitado - aparas, gorduras e aponervoses1. Estes recortes são destinados a indus-
trialização de produtos embutidos, e os ossos para fabricação de farinha de osso, suplemento
adicionado na ração para alimento animal. Outro fator é a redução do volume de transporte e
a melhor acomodação das carnes nos caminhões frigoríficos, reduzindo o custo de transporte
sobre o peso do produto transportado (PARDI, 2001).
4.1 RESFRIAMENTO
O sistema de resfriamento de carcaça constitui técnicas generalizadas de conservação das carnes, atra-
vés da redução do calor sensível presente nas peças, tanto para transporte, como para desossa e industria-
lização.
SISTEMAS DE RESFRIAMENTO
O resfriamento normalmente ocorre em duas etapas: nas câmaras de choque térmico e nas câmaras de
equalização. O uso das duas etapas aumenta a eficiência do processo, pois as mesmas apresentam tempe-
raturas diferentes, consequentemente, a carcaça que entra na segunda câmara obterá menor quantidade
de calor sensível.
As carcaças são submetidas ao sistema de refrigeração, sendo que todas, após o abate, devem ser refri-
geradas a uma temperatura menor que 7°C, para posterior desossa ou comercialização de carcaça inteira,
conforme a especificação da Portaria nº 711, de 01 de novembro de 2005.
4 DESOSSA DE SUÍNOS
73
Veja o que diz os artigos 2.3, sobre instalações de frio, da respectiva portaria :
A verificação da temperatura das carcaças é efetuada na peça maior, ou seja, no pernil, visto o mesmo
ser a peça que dispõe de maior quantidade de carne, sendo o ponto mais quente, isto é, a parte em que
a temperatura de resfriamento (7°C) atingirá por último. Com o uso de um termômetro do tipo espeto,
ou leitor eletrônico, é verificada a temperatura no centro do pernil, se não atender a legislação vigente a
carcaça não pode ser expedida e nem encaminhada a desossa. Visualize a seguir a figura da carcaça em
câmara de refrigeração.
Thinkstock ([20--?])
Após as carcaças passarem pela evisceração e tipificação, são conduzidas a câmara de choque térmico e,
posteriormente a câmara de equalização, com temperaturas aproximadas de -25°C e 0°C respectivamente.
Por um tempo de mais ou menos 1 hora no choque térmico e, no mínimo 12 horas nas câmaras de resfria-
mento.
Quando a empresa não dispõe de câmara de choque térmico, as carcaças são colocadas em câmaras
de equalização, com temperatura próxima de 0oC. Elas devem ser colocadas a uma distância de 25 cm,
sendo quatro carcaças por metro linear de trilho, isso para meia carcaça pendurada em ganchos, quando
as carcaças forem suspensas por balancim2, a distância é de 33 cm entre as mesmas, sendo 3 carcaças por
metro linear de trilho. (BRASIL, 1995).
2 Uma haste em inóx suspenso pela nórea com dois ganchos um em cada ponta onde é fixado o tendão do quarto traseiro para
pendura da carcaça suína na nórea.
ABATE DE SUÍNOS
74
A qualidade da carne depende do sistema de refrigeração aplicado sobre a mesma. Vários são os fatores
benéficos correlacionados ao uso de sistemas a frio nesse material. Veja a seguir as vantagens do uso desse
processo:
a) Reduz o crescimento de microrganismos patogênicos e deteriorantes;
b) Retarda a atividade enzimática;
c) Aumento do prazo de vida útil da carne;
d) Facilita a desossa;
e) Aumento de rendimento na desossa;
f ) Proporciona cortes mais uniformes; e
g) Melhora a padronização das peças.
O resfriamento não interfere desfavoravelmente na qualidade nutricional da carne, ao contrário, o ma-
terial que não for submetidio a esse processo tem maior crescimento microbiológico dos micro-organis-
mos patogênicos e dos deterioradores, tornando-o imprópria ao consumo.
Durante o resfriamento ocorrem várias transformações bioquímicas na carne. Após o animal ser sangra-
do ocorre o colapso respiratório (morte do animal), e inicia o processo de rigor mortis3.
Neste estágio de rigor mortis ocorrem várias modificações na carne, como a transformação do músculo
vivo em carne, que continua se transformando através de uma série de reações bioquímicas entre o glico-
gênio e o ácido láctico, estabilizando o pH da carne.
Com a sangria do animal para a transferência de oxigênio que é fornecido aos músculos. Na falta desse
gás, o metabolismo anaeróbio é ativado para produzir energia, mantendo a integridade das célula, nesse
procedimento ocorre a degradação do oxigênio e acúmulo de ácido láctico, diminuindo o pH da carne até
que ocorra a estabilidade no final do rigor mortis. (PARDI, 2001).
A velocidade da queda do pH é um dos fatores mais importantes,e pode ser medido para determinar as
condições que os animais foram submetidos antes de serem abatidos. Através da velocidade dessa queda,
pode-se concluir se o animal foi conduzido de forma correta nas etapas de pré-abate ou não, se a dieta
hídrica não foi realizada de forma correta, além de perceber se houve cuidados humanitário durante a
criação do animal.
A velocidade do declínio do pH, assim como o valor atingido no final de sua estabilização, depende das
características e propriedades da carne. Acompanhe.
3 É o processo de transformação do músculo em carne após o abate do animal. Assim que o animal para de respirar ocorre uma
reação bioquímica de destendimento do músculo.
4 DESOSSA DE SUÍNOS
75
a) O pH da carne normal cai lentamente atingindo pH próximo de 5,5, em 24 horas após abate.
b) O pH da carne PSE cai rapidamente para pH próximo de 5,3, em 45 minutos.
c) O pH da carne DFD cai pouco, com pH final em torno de 6,2, após 24 horas.
Para você compreender melhor estes tópicos, visualize a seguir o gráfico representativo da queda do
pH da carne.
7,2
6,8
6,4
6
pH
DFD
5,6
NORMAL
5,2 PSE
4,8
Tempo (h)
No gráfico representativo da queda do pH nas carnes, você pode verificar que apresentam-se diferenças
significativas desse material pH, e isso depende das condições a que os suínos foram submetidos antes do
abate.
A melhor carne é a normal, produzida por animais que foram colocados nas melhores condições técni-
cas e, principalmente, tiveram uma boa dieta hídrica.
A queda brusca do pH da carne PSE, causa desnaturação das proteínas, e o grau disso depende da
temperatura. Quanto maior a temperatura do músculo, menor será o pH e maior a desnaturação proteica.
Portanto, perceba como é importante o frio.
A desnaturação proteica torna a carne pouco atrativa para a industrialização, sem poder de retenção de
água, com perdas na qualidade, aspecto e coloração.
Após este período de rigor mortis e a temperatura da carcaça, as mesmas podem ser destinadas a co-
mercialização na forma inteira, para isso é necessário a colocação de um filme plástico (saco) transparente,
para proteger a peça durante o transporte e armazenamento.
As carcaças destinadas a desossa são encaminhadas para a sala de espostejamento4 e posterior desossa
das mesmas. A seguir, você estudará as técnicas aplicadas.
4.1.3. ESPOSTEJAMENTO
O processo de espostejamento consiste em separar a carcaça suína em cinco cortes secundários, padro-
nizando para o processo de desossa.
As carcaças, após permanecerem por um tempo mínimo de 14 horas sob refrigeração, são destinadas a
espostejamento ou congelamento, para venda das peças inteiras. A sala aonde é realizado esse trabalho é
equipada com mesas estáticas e serra-fitas.
Para compreender melhor este método de espostejamento você deve estudar primeiro a anatomia dos
cortes da carne suína. Visualize na figura a seguir a carcaça suína, com as subdivisões dos cortes padroni-
zados industrialmente.
Como é possível identificar na figura anterior, o suíno é subdividido em 5 cortes principais. O pernil é a
maior parte do animal, com vários cortes nobres. A barriga fará parte do corte da costela e a manta para
produção de bacon. Por sua vez o carré com pele, que tem o lombo como seu corte mais nobre, e a paleta
com maior proporção de carne magra, além da sobrepaleta, também conhecida como pescoço do suíno.
4 DESOSSA DE SUÍNOS
77
Além disso, você também poderá avaliar as carcaças através do aspecto de apresentação, ou seja, a pa-
dronização e qualidade do produto; a conformação da carcaça, através da anatomia; a qualidade da carne
e a apresentação de limpeza, sem a presença de sangue proveniente de sangria, nódulos e pelos.
Todas as carcaças devem apresentar o carimbo - que é aplicado pelo médico veterinário durante a análi-
se de inspeção, logo após o abate do animal - Este contém informações sobre a procedência do frigorífico
e o órgão fiscalizador.
Para a separação das partes, as carcaças são conduzidas das câmaras de resfriamento, e no trilho já é re-
alizada a remoção da paleta, depois o pernil, sobrepaleta e, por último, a separação da barriga com o carré.
Esta sequência de operação pode ser alterada de acordo com as condições de cada frigorífico, como por
exemplo, possuir equipamentos com mais recursos tecnológicos.
Temperatura da carcaça: verificar, com o uso de termômetros, a temperatura na maior massa muscular
do suíno que, para mercado interno, deve estar menor que 7°C, sendo que para exportação a exigência
depende do mercado, por exemplo, o mercado Russo exige que a carcaça esteja com a temperatura de 4°C
após quatro horas do abate.
Condições higiênicas: é realizada uma avaliação visual ou por contato sobre as condições higiênicas
sanitárias, para posterior liberação de uso da sala para a desossa. Em algumas datas são realizadas análises
de superfície, para a determinação da qualidade microbiológica dos equipamentos e ambiente.
Disponibilidade de equipamento: analisar a quantidade de equipamentos e utensílios, conforme o
planejamento e número de funcionários. Isso reduz as horas paradas de funcionários, aumentando a pro-
dução.
A partir do momento em que a sala está liberada para a realização da desossa, as carcaças são retiradas
da câmara e destinadas para a separação dos principais cortes, iniciando pela remoção da paleta.
ABATE DE SUÍNOS
78
REMOÇÃO DA PALETA
A primeira peça da carcaça a ser desarticulada é a paleta. Com a peça ainda dependurada pelo pernil,
efetua-se um corte na região da pele na forma transversal. Para identificar a localização do corte é impor-
tante verificar a quinta vértebra da costela, contar cinco ossos de costela do dianteiro, aí indica a altura em
que se deve efetuar o corte para a remoção da paleta. Após efetuar o corte transversal na pele, com uma
profundidade de dois a três cm, abre-se a paleta pela parte da membrana, removendo somente essa, no
formato redondo, conforme exemplificado na figura, a seguir.
Para a remoção das demais peças a carcaça é retirada da nória e colocada sobre a mesa para que seja
cortada com serra-fita. No entanto, as empresas que dispõe de serra elétrica manual , podem executar al-
guns cortes de separação da espinha dorsal e costelas, com a carcaça dependurada na nória.
REMOÇÃO DO PERNIL
O segundo corte a ser removido é o pernil, por representar um peso maior, com a remoção do pernil
facilita-se a separação das outras partes da carcaça. Essa parte é separada na altura da primeira vértebra do
suan (osso que, na sequência, liga-se ao rabo do suíno) com a vertebra da coluna. Faz-se um corte transver-
sal separando-o. Porém, quando a comercialização do filé mignon for realizado de forma inteira, deve-se
retirá-lo antes de efetuar a separação do pernil.
A carcaça se divide em cinco cortes principais, e essas podem ocorrer de forma a atender o mercado
consumidor, ou agregar valor ao produto de maior venda da empresa. Isso significa que os cortes podem
ser padronizados em outros formatos, aumentando ou diminuindo o tamanho da peça. Essa padronização
dos cortes é definida pela empresa, conforme seu interesse comercial.
Você já viu como é realizada a desossa das carcaças suínas? Você sabe quais são os aspectos que devem
ser avaliados nesse processo? Prossiga com seus estudos para obter estas respostas na próxima seção.
Na medida em que evoluem os sistemas de fomentos aliados a grandes redes de distribuição, há uma
tendência de comercialização dos cortes de carne sem osso ou semidesossados. As demandas de merca-
do - impulsionadas pelos consumidores mais exigentes em absorver cortes nobres, em porções menores
e sem a ocorrência de desperdício de alimentos ou resíduos - despertaram na indústria o interesse em
atender este público.
As técnicas de cortes e desossa de carnes são aplicadas com o objetivo de agregar valor comercial ao
produto, fornecer aos consumidores cortes menores, padronizados, com uma praticidade no manuseio e
preparação.
Atualmente ainda se encontram o fracionamento de carcaças em açougues, casas de carne, butiques
de carne, entre outros. O estudo dos cortes interessa não apenas ao conhecimento da anatomia, a prática
dos cortes e a denominação de venda, mas também pelas diretrizes traçadas pelo Ministério da Agricultura
para a obtenção do entendimento dos padrões oficiais. (PARDI, 2001).
ABATE DE SUÍNOS
80
A desossa consiste na técnica de remoção dos ossos presentes na carne dos suínos. É realizada sobre as
mesas, não sendo executado nenhum procedimento em trilhos aéreos. Antes das operações de desossa,
deve-se organizar o ambiente de trabalho. Alguns funcionários, devidamente treinados, entram meia hora
antes no ambiente para providenciar os materiais necessários na operação e avaliam as condições da sala
de desossa.
Veja a seguir os aspectos que devem ser avaliados e providenciados para a execução da operação de
desossa:
a) Avaliação das condições de temperatura da sala, que deve estar menor que 16°C para início da
operação;
b) Verificar se todos os equipamentos estão funcionando corretamente;
c) Avaliar, através de métodos visuais ou por contato, as condições de higiene do setor. Caso não es-
teja adequada, solicitar de imediato a higienização do local para não atrasar o início da operação de
desossa;
d) Se as condições de higiene estiverem perfeitas, aplicar um sanificante ácido peracético em concen-
trações baixas sobre as mesas e utensílios que entrar em contato com a carne, antes das operações,
para garantir a sanidade da sala e qualidade do produto;
e) Identificação dos EPIs necessários, conforme a NR 12, para todos os funcionários que estiverem em
operação;
f ) Identificação e separação dos utensílios necessários para a produção, como por exemplo, bacias para
produtos e subproduto, facas, chairas, placas de cortes, entre outros;
g) Embalagens primárias e secundárias, com a data de fabricação do dia da operação. As embalagens
com datas anteriores ao processo não poderão ser utilizadas;
h) Planejar a produção conforme o número de animais e pedidos do PCP (Planejamento e Controle de
Produção);
i) Verificar a temperatura das carcaças, bem como as das câmaras; e
j) Dividir o número de animais pelas horas/homens trabalhados, lembrando que nas primeiras horas o
ritmo é maior que no final do dia.
4 DESOSSA DE SUÍNOS
81
CASOS E RELATOS
Situações como estas nos ensinam prestar atenção no processo e avaliar como um todo,
considerando as possíveis causas que possam interferir, tanto no processo como na qualidade do
produto.
A organização e planejamento do setor e da produção deve acontecer antes da equipe iniciar o proces-
so de desossa. A partir desta avaliação consegue-se diagnosticar e solucionar possíveis problemas do dia a
dia, que possam atrasar o processo, minimizando as perdas de produção.
A seguir você conhecerá as técnicas de desossa e os cortes industriais subtraídos das peças de carne
suína.
A realização dos cortes necessita de conhecimento anatômico das peças e habilidades para obter os
peças uniformes.
DESOSSA DO PERNIL
Para a realização da desossa do pernil é necessário a remoção da pele com a gordura, nas empresas
onde não se dispõe de descoreadeira - máquina de remoção da pele com a gordura a técnica é realizada
de forma manual.
Na realização da remoção da pele com a gordura, inicia-se com a abertura da mesma sobre o coxão
mole até o músculo do joelho. Nesse processo deve-se efetuar a retirada de toda a parte gordurosa efetu-
ando o corte rente a carne, cuidando para não remover demais desconfigurando as peças.
Se o objetivo da empresa for vender peças de picanha, ao retirar a pele deve-se deixar uma camada de
gordura sobre a parte.
A desossa anatômica5 do pernil inicia-se na divisão entre as peças do coxão mole e do patinho, deslo-
cando através da membrana até o osso, que deve ser removido iniciando pela parte do músculo da canela,
liberando toda a carne retida.
Durante o processo de desossa do pernil deve-se ter cuidado em não efetuar cortes em excesso, o que
pode causar muitos retalhos na limpeza da peça para comercialização inteira.
Como você pode visualizar na figura a seguir, o pernil proporciona os principais cortes nobres para a
produção de presunto, tender bolinha e produtos temperados ou in natura, como por exemplo, a picanha,
o alcatra, entre outros cortes.
Quando as peças de pernil forem comercializadas inteiras, a determinação de padrão da peça é acorda-
da entre as partes interessadas, empresa e cliente. Ele pode ser oferecido comercialmente em peça normal
inteira, inteiro sem pele, sem osso, com redução de osso (retirado a tíbia e a fíbula, ossos da canela).
CURIOSI Você sabia que para a produção de pernil recheado com pele é necessário efetuar a
desossa, iniciando pelo osso do fêmur até a junção do joelho retirando o fêmur, em
DADES seguida desarticular as carnes aderidas nos ossos da tíbia e fíbula.
DESOSSA DA BARRIGA
Inicia-se pela separação entre a costela e a barriga, com uma faca efetua-se um corte paralelo a costela,
deixando meio centímetro de carne no osso, quando os animais forem grandes essa quantidade pode ser
maior. A quantidade de carne presente na costela valoriza mais o produto, quando essa for muito rapada,
com pouca carne, é desvalorizada frente ao mercado consumidor.
A barriga que restou, após a retirada da costela, normalmente é direcionada ao corte e padronização
para formar o bacon. Nesse processo são realizados cortes de alinhamento em forma retangular, remo-
vendo uma tira na parte ventral da barriga para a remoção dos mamilos (tetos) após o bacon estar nesse
formato é feita a remoção do excedente de carne que, por ventura, possa ter deixando toda a manta de
bacon com a mesma espessura. Deve-se ter cuidado com a camada de gordura e carne do bacon, para que
não ocorra o mesmo problema do caso relatado no capítulo 1 deste material, onde o excesso de gordura
não permite a uniformidade de cor na defumação.
ABATE DE SUÍNOS
84
Os recortes da barriga, para a transformação do bacon, devem passar por um processo de separação da
pele, carne e gordura. A primeira pode ser destinada a produção de emulsões, torresmos ou venda direta
para empresas de desenvolvimento de gelatina. Já os outros dois, podem ser destinados à produção de
artigos frescais e cozidos.
Para melhor compreender o assunto estudado, visualize na figura a seguir os cortes obtidos da barriga
dos suínos.
Na preparação do bacon existem vários tipos de cortes e formatos, o citado no texto é o mais tradicional.
Da barriga pode ser feito vários tipos de bacon, com mais ou menos aproveitamento. Acompanhe a seguir:
a) Podemos fazer bacon especial, retirando somente os ossos da costela;
b) Bacon em cubos, aonde é feita a remoção da pele antes da defumação: não é necessário fazer a re-
moção dos mamilos e nem a padronização da peça. Com aproveitamento de 100%;
c) Bacon sem pele, aproveitamento da barriga como um todo, sendo necessário padronizar a peça; e
d) Barriga recheada, comercializada resfriada e temperada.
DESOSSA DA SOBREPALETA
Na desossa da sobrepaleta é importante localizar a copa, para a remoção de forma adequada, propi-
ciando um bom aproveitamento da peça. Inicialmente é realizada a remoção da gordura superficial com a
pele e a papada, fazendo-se a separação desses.
4 DESOSSA DE SUÍNOS
85
Para a desossa é realizado um corte transversal da carne sobre o meio da costela, o que dividirá a carne
da copa. Depois disso feito a peça é retirada raspando sempre rente aos ossos.
Visualize na figura a seguir, os cortes subtraídos da desossa da sobrepaleta.
Os ossos removidos das peças podem ser destinados à defumação e formação de kit feijoada ou comer-
cializados in natura. A carne pode ser encaminhada para produtos frescais6 ou cozidos, e na copa deve ser
realizada a limpeza da peça, dando a essa o formado cilíndrico.
DESOSSA DO CARRÉ
Na realização da desossa do carré é importante localizar os cortes nobres e que tipo de material a in-
dústria produzirá.
Os mais tradicionais dessa peça são: costelinha, lombo, filé mignon e o toucinho. Para a realização des-
se trabalho é necessário retirar o filé mignon, caso isso já não tenha sido feito nas etapas anteriores. Para
a remoção do lombo é feito a retirada da pele com o toucinho rente a carne, cuidando para não cortar a
membrana presente na superfície da carne, se isso ocorrer ela perde qualidade.
A separação da pele do toucinho é importante para a produção de capa de presunto e formação de
cubos, para adição em mortadelas com cubos de gordura.
6 São produtos congelados ou resfriados sem ter passado por cozimento ou defumação.
ABATE DE SUÍNOS
86
Para isso você deve retirar o lombo com uma faca rente as costelas, porém deixando um percentual de
carne; limpar o lombo, removendo o excesso de carne e gordura, além de cortar as costelinhas na serra fita,
próximo a espinha dorsal.
Visualize a figura a seguir que apresenta os cortes padronizados do lombo.
Se a empresa comercializar bistecas, o lombo não é separado das vertebras da costela e espinha dorsal,
este é congelado e fatiado com o osso em serra fita ou fatiadores automáticos.
4 DESOSSA DE SUÍNOS
87
DESOSSA DA PALETA
A paleta não apresenta um corte nobre específico, mas para um bom aproveitamento da peça e pro-
dutividade na desossa e limpeza da peça, é necessário o conhecimento técnico de como é realizado o
processo.
A primeira identificação é de qual produto pretendo fazer, visto serem vários os que podem ser elabo-
rados e comercializados.
Conheça a seguir, alguns produtos realizados a partir da paleta:
a) Paleta inteira com pele: é necessário fazer somente uma limpeza dos recortes de carne e gordura;
b) Paleta tender defumada: é necessário a remoção da parte do osso rádio ulna - osso abaixo do joelho;
c) Paleta sem pele: deve-se fazer a remoção da pele;
d) Bisteca da paleta: é o corte da paleta sem pele; e
e) Paleta de desossada: necessidade de remoção da pele e do osso.
A desossa da paleta é realizada com a retirada da pele com a gordura, separando-as através de equipa-
mento próprio ou manual. Para a realização da separação manual entre pele e gordura é necessário cortar a
manta em tiras de 5 a 7 centímetros, depois é só pressionar o fio da faca sobre a gordura na metade da tira,
puxá-la fazendo com que a faca deslize sobre a pele separando a gordura, virar a tira e fazer do outro lado.
Para que ocorra a desossa da paleta sem deixar muita carne, inicia-se com uma limpeza da carne na par-
te interna da escápula ou raquete, raspando rente ao osso. O segundo corte é efetuado com um risco rente
ao osso do meio (osso úmero), deixando visível, na sequência inicia-se a liberação dos músculos do osso
da canela (osso rádio e ulna). Segurando no osso da canela faz-se a limpeza do osso do meio, procurando
sempre raspar bem, para não deixar carne no osso e também cuidar para não picar muito a carne. No final
é feita a limpeza da parte externa da raquete, para a completa remoção da carne é preciso raspar bem o
osso logo após a junta, depois é só posicionar a faca no centro do nervo e empurrar, a força exercida entre
carne e osso faz com que ambos sejam separados.
A carne quando removida da paleta encontra-se com cartilagem, membranas, músculo e nervos. Nestas
condições esse material só poderia ser utilizado para embutidos emulsionados7 como salsichas e as mor-
tadelas, ou comercializado como paleta desossada inteira. Para um melhor aproveitamento em produtos
com valor agregados mais caros é preciso fazer a limpeza da peça, o que é feito com faca específica para a
atividade, removendo músculos, tendões, membranas e cartilagens presentes.
7 Produtos processados com massa fina, é uma mistura de água, gordura e proteína, triturados várias vezes até ficar uma massa
bem fina.
ABATE DE SUÍNOS
88
Você sabe como ocorre o processo de desossa da paleta e a separação dos cortes? Conheça esse proces-
so visualizando as figuras a seguir, que são apresentadas em forma de fluxograma.
A carne da paleta é destinada a industrialização de produtos nobres como por exemplo o salame, a cala-
bresa, o apresuntado, as linguiças frescais especiais, as mortadela tipo Bologna, entre outros. Os músculos,
pele e recortes que foram retirados da carne da paleta são destinados a produtos emulcionados.
Visualize a seguir um quadro com exemplos de rendimentos dos cortes suínos, relacionados a carcaça
e a peça de carne.
RENDIMENTO EM
ITENS PESO % DA PEÇA % SOBRE A CARCAÇA
CARCAÇA SUÍNA
Copa 1100g 25,88 3,82
Pele 100g 02,35 0,35
Sobre paleta 4,250 kg Papada 400g 09,42 1,39
Osso 780g 18,35 2,71
Carne 1870g 44,00 6,49
Os cálculos de rendimento foram feitos sobre meia carcaça suína, sendo o peso 28,8 kg; após calculado
o rendimento de cada corte, relacionou-se o percentual sobre a peça e sobre a carcaça.
Você sabe como a temperatura pode interferir na padronização dos cortes? Prossiga com seus estudos
e conheça este assunto na próxima seção.
As peças de carne passam por um processo de limpeza e padronização, após serem retiradas da carca-
ça. Primeiramente são retiradas aparas, membranas, cartilagens, hematomas, entre outros aspectos que
desfavorecem a qualidade do produto. Durante esta limpeza, se as carnes estiverem em temperaturas
mais baixas, o trabalho de retirada destes recortes é facilitado. As carnes resfriadas têm maior rendimento
e melhor apresentação, favorecidos pela precisão durante a remoção dos retalhos.
A refrigeração exerce papel fundamental na conservação da carne, pois impede o crescimento micro-
biológico, aumentando o tempo de conservação.
Como é realizada a avaliação sobre a qualidade da carne? Existem fatores que possam interferir na qua-
lidade da carne? Você sabe por quais tipos de qualidade a carne é submetida? Continue com seus estudos
e conheça as respostas na próxima seção.
Para que a carne apresente qualidade existem vários parâmetros, a apreciação depende muitas vezes
do consumidor. O que pode determiná-la são os fatores intrínsecos e extrínsecos, fatores esses que deter-
minam diferentes características da carne em relação a cor, sabor, textura e suculência. Pode-se dizer que a
carne apresenta fatores relacionados à qualidade microbiológica, físico-químico e sensorial. Estas caracte-
rísticas podem ser isoladas ou muitas vezes estão correlacionadas umas as outras. A seguir você estudará
os aspectos de qualidade da carne.
QUALIDADE MICROBIOLÓGICA
Os microrganismos presentes na carne são classificados em dois principais grupos: os microrganismos
deterioradores e os patogênicos.
Os microrganismos deterioradores são aqueles que têm como finalidade deteriorar a carne, ou seja, de
certa forma estragá-la, estes microrganismos durante o seu crescimento apresentam cor, textura, cheiro e
limosidade no produto. Já os microrganismos patogênicos são aqueles que prejudicam a saúde humana,
sem provocar alteração na carne. Eles crescem e se multiplicam sem que se consiga identificar a olho nu.
(LAWRIE, 2005).
Na maioria das vezes os microrganismos se encontram na carne por contaminação post mortem do ani-
mal. A contaminação externa da carne pode surgir desde o momento da sangria até o consumo humano.
No abatedouro existe um grande número de fontes potenciais de contaminação, iniciando na quantidade
de contaminantes no pelo dos suínos, passando pela atividade de sangria, evisceração, inspeção, abertura
e estocagem da carcaça, através de ambientes e equipamentos contaminados e, principalmente, nos atos
não higiênicos dos manipuladores. Talvez as doenças bacterianas de maior impacto sejam as do gênero
Salmonella e Coliformes. (Lawrie, 2005).
Você sabe como deve ser a condição da água?
ABATE DE SUÍNOS
92
A água pode se tornar um grande contaminante e um grave problema, para fabricação de alimentos e
consumo humano ela deve ser tratada e clorada. Os controles durante o tratamento e o monitoramento no
frigorífico garante a qualidade da água.8
Você sabia que Lawrie, autor do livro Ciência da Carne, cita que na maioria das vezes
CURIOSI a contaminação é provocada pelo consumo de carne infectada por vermes parasitas.
E que pode haver, no mundo, um total de 27 milhões de casos de triquinose e 42
DADES milhões de casos de, e doenças causadas por vermes provocada pelo consumo de
carne bovina e suína.
8 Pessoas infectadas pelo verme trichinella, presente em animais criados soltos e que não tem inspeção durante o abate.
9 Produto que esta dentro da embalagem sem a presença de ar.
4 DESOSSA DE SUÍNOS
93
A carne que tem baixa coloração, também apresenta baixo odor, resultado de pouca mioglobina no
músculo, caracterizando um animal mais jovem ou uma carne PSE. Esta carne tem relação direta com a
textura, é mais macia, porém mais seca e com pouca suculência.
Há outros problemas relacionados à cor da carne, como os seguintes:
a) Carne escura: surge quando é deixada em ambientes sem controle de temperatura por um longo
período, caracterizando carne velha;
b) Carne esbranquiçada: quando congelada sem proteção de embalagem, aqui tem-se um fator
conhecido como “queima pelo frio”, a carne é desidratada e perde a água presente na superfície;
c) Carne com cor esverdeada: ocorre quando há uma interferência de microrganismos deterioradores,
alterando a cor e o odor da carne;
d) Carne com limosidade: também é interferência da contaminação causada pelos microrganismos de-
10 Proteína presente no sangue dos animais, responsável pela coloração vermelha do sangue, que transfere ao músculo através da
circulação.
ABATE DE SUÍNOS
94
pH 5,80 pH 5,57
Mateus Gadotti (2015)
11 É o reflexo da luz que incide sobre a carne que tem alterações de pH.
4 DESOSSA DE SUÍNOS
95
Além de tudo isso, tem-se a textura da carne. A maciez da carne é um dos fatores mais importantes, pois
influencia o paladar, sendo considerada a característica organoléptica12 de maior relevância para o consu-
midor. Isso é facilmente confirmado a partir da diferenciação de preço entre os cortes do animal. Inúmeros
métodos tecnológicos e industriais são utilizados com a finalidade de melhorar a maciez da carne após o
abate, o mais conhecido é o resfriamento lento com o objetivo da transformação do músculo em carne
através do rigor mortis, também utilizado no processo de maturação enzimática da carne.
A qualidade da carne depende de vários fatores após o abate dos suínos, e que, durante o processo de
manipulação, devemos preservar esta qualidade sensorial de sabor, cor, textura, aroma e de ataques de
agentes microbiológicos. É através da qualidade da carne que a marca da emprese é lembrada, portanto,
para manter esta qualidade, é necessário controlar a temperatura de resfriamento. Lembre-se disso, o res-
friamento é o melhor controle para a qualidade da carne.
RECAPITULANDO
O resfriamento é o principal controle para a qualidade da carne, portanto, deve-se estar atento as
temperaturas das câmaras de resfriamento e congelamento, bem como da temperatura presente
nas carcaças, pois além de favorecer as etapas de desossa e padronização das peças, também aux-
ilia no rendimento, sendo assim um ponto positivo para a empresa e necessário para atender a
qualidade do produto e a legislação vigente.
As técnicas utilizadas na desossa de carcaça padronizam os cortes conforme as necessidades dos
clientes, quando executados de forma correta aumentam o rendimento, dão um aspecto mais atra-
tivo ao corte, aproveitando melhor a carcaça e aumentando a sustentabilidade e competitividade
da empresa.
Os fatores intrínsecos e extrínsecos da qualidade da carne dependem do manejo do animal em
todas as etapas do abate, dos controles e o uso correto dos equipamentos disponíveis em cada
empresa, principalmente na higiene do trabalhador e na higienização dos equipamentos e dos
utensílios utilizados.
Você está finalizando os estudos sobre o abate de suínos, em todo este tempo de aprendizagem
foi relacionando a teoria com a prática, pois quando se conhece um processo no todo, do início do
abate até a expedição, é neste momento que entende-se o porquê da necessidade em se realizar
as etapas, conforme tecnologias utilizadas.
Lembre-se de que as instalações não são iguais para todos os abatedouros, a parte técnica de
abate dos animais deve ser a mais próxima possível do apresentado neste material didático, aten-
dendo as legislações e promovendo qualidade nos produtos ofertados aos clientes.
MILTO DEFAVERI
Graduado em Tecnologia em Alimentos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SE-
NAI/SC. Especialista em MBA em Gestão para Segurança de Alimentos pelo Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial - SENAI/SC. Possui experiência na indústria de alimentos como supervi-
sor nas áreas de industrialização de carne suína. Atualmente é docente nos cursos Superior de Tec-
nologia em Alimentos, Técnico em Alimentos na Unidade Curricular de Tecnologia e Industrializa-
ção de Carnes e Derivados. Tutor no curso EaD de Tecnologia de Carnes e Derivados. Pesquisador
do Instituto SENAI/SC de Tecnologia em Alimentos e Bebidas com Projetos e Pesquisa de Inovação
nas Espécies de Rã, Pescados, Ovinos, Bovinos, Suínos e Aves.
ÍNDICE
A
Abate 9, 10, 13, 14, 18, 21, 24, 25, 26, 27, 28, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 46, 49, 51, 54,
57, 62, 63, 67, 68, 72, 74, 75, 77, 92, 93, 95, 97
Água 19, 22, 24, 25, 26, 27, 33, 34, 37, 39, 42, 43, 46, 48, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 57, 58, 64, 66, 75, 87,
91, 92, 93
Animais 9, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 32, 33, 35, 36, 38, 39, 40, 42, 43,
44, 45, 46, 47, 48, 49, 51, 52, 53, 54, 55, 56, 58, 62, 63, 65, 66, 67, 74, 75, 80, 81, 83, 90, 92, 93, 95
Ante mortem 24, 33
B
Barriga 15, 16, 57, 76, 77, 78, 83, 84, 89
C
Câmaras de resfriamento 39, 73, 77, 95
Caminhões 16, 17, 21, 71
Características 13, 14, 25, 31, 38, 43, 50, 54, 74, 91
Carcaça 10, 14, 21, 24, 27, 34, 38, 39, 40, 41, 46, 48, 49, 50, 53, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 65, 66,
67, 68, 71, 72, 73, 75, 76, 77, 78, 79, 89, 90, 91, 92, 95
Carne 9, 10, 13, 14, 15, 16, 18, 20, 21, 23, 25, 26, 27, 28, 31, 34, 35, 36, 37, 42, 43, 45, 46, 47, 50, 53, 55,
63, 64, 66, 67, 68, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 79, 80, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93,
94, 95, 98, 99
Carré 76, 77, 89
Cavidade abdominal 58
Cavidade torácica 58
Classificados 14, 20, 91
Contaminados 48, 91
Costela 67, 76, 78, 83, 84, 85, 86, 89
D
Desossa 9, 36, 53, 62, 65, 67, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 90, 95
Dieta hídrica 13, 24, 25, 26, 27, 28, 39, 43, 67, 74, 75
Doenças 14, 20, 24, 25, 38, 48, 60, 61, 62, 63, 66, 91, 92
E
Eletro-narcose 43, 46
Espécie 15, 54
Estar 13, 16, 18, 19, 21, 22, 23, 25, 28, 35, 46, 56, 66, 77, 80, 83, 90, 95
Etapa 10, 13, 24, 27, 37, 40, 46, 47, 50, 51, 54, 56, 57, 58, 65, 66, 68
F
Faca 47, 48, 49, 57, 58, 64, 83, 86, 87
G
GTA 16, 17, 18, 20, 21, 24, 28
Guia de trânsito de animais 17
I
Indústrias 9, 14, 32, 34, 49, 71, 94
Inox 49, 52, 55
Insensibilização 10, 26, 31, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 49, 67
Inspeção 21, 24, 32, 33, 34, 36, 48, 49, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 65, 77, 81, 91, 92, 97
L
Lombo 25, 76, 78, 85, 86, 88, 89, 94
M
Machucados 18, 20, 21, 46
Manejo 9, 13, 15, 16, 18, 26, 27, 31, 43, 66, 95
Meio de cultura 49, 50
Microrganismos 37, 38, 50, 74, 91, 92, 93
P
Paleta 14, 47, 50, 63, 76, 77, 78, 87, 88, 89
Pernil 14, 21, 25, 63, 71, 73, 76, 77, 78, 82, 83, 89
Planejamento 14, 16, 18, 40, 77, 80, 81, 82
Pocilgas 19, 21, 22, 24, 25, 27, 42, 43
Post mortem 24, 32
Pré-abate 9, 10, 13, 25, 27, 28, 36, 38, 74, 93
Premiar 66
Q
Qualidade 9, 10, 13, 14, 15, 18, 21, 23, 25, 26, 27, 28, 31, 32, 34, 35, 36, 38, 41, 42, 46, 47, 49, 50, 53,
54, 57, 58, 63, 66, 67, 68, 71, 72, 74, 75, 77, 80, 81, 82, 85, 90, 91, 92, 93, 94, 95
R
Raças 14, 66
RIISPOA 32, 33, 34, 54
S
Sangria 13, 31, 39, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 48, 49, 50, 58, 67, 68, 74, 77, 91
Sangue 14, 21, 26, 37, 39, 42, 44, 46, 47, 48, 49, 50, 65, 66, 67, 77, 93
Sanidade 9, 13, 15, 17, 20, 24, 49, 62, 80
Suíno 9, 15, 20, 21, 23, 25, 31, 39, 40, 41, 43, 44, 46, 47, 48, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 57, 59, 60, 63, 64,
65, 66, 67, 71, 76, 77, 78, 84, 97
T
Temperaturas 18, 25, 27, 53, 67, 72, 73, 91, 95
Transporte 10, 13, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 24, 26, 27, 71, 72, 75
V
Vísceras 24, 26, 58, 59, 60, 61, 62, 64, 65, 67
Vísceras brancas 58, 59, 60, 61, 62, 64
Vísceras vermelhas 58, 59, 61, 64
SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP
Waldemir Amaro
Gerente
Cleberson Silva
Coordenação do Desenvolvimento dos Livros Didáticos
Milto Defaveri
Elaboração
Andressa Vieira
Mateus Gadotti
Ilustrações e Tratamento de Imagens
i-Comunicação
Projeto Gráfico