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TERAPIA INTENSIVA
MÓDULO: ASPECTOS PSICOLÓGICOS DO TRABALHO NA UTI
PROFESSORA: FERNANDA GOMES LOPES
FORTALEZA - CEARÁ
2022
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Esse foco na cura e recuperação teve início no século XX, com o avanço
tecnológico, quando os profissionais de saúde passaram a ser orientados a partir do
modelo biomédico (GALRIÇA NETO, 2010), que é organizado a partir da
especialização do saber, partindo de um olhar fragmentado e objetificado do
paciente, priorizando as práticas curativas em detrimento das práticas de cuidado
(CANO, 2014).
Observa-se, portanto, que a incorporação de tecnologias e conhecimentos
científicos viabilizou a redução de mortalidade de pacientes que antes não
sobreviviam (KNOBEL, 2008). Outrossim, os pacientes que não respondem ao
esperado tornam-se símbolo de impotência (MCCOUGHLAN, 2004), à medida que
as intervenções médicas se aperfeiçoam, mas não acompanhadas de reflexões
sobre o impacto dessa nova realidade na vida das pessoas (MORITZ et al., 2008).
À vista disso, as formações em saúde não disponibilizam capacitação
necessária à superação do modelo curativo, tendo como foco apenas a cura e
recuperação. Para atuação na UTI, os profissionais são formados visando adquirir
conhecimentos especializados e habilidades adicionais àquelas que adquirem em
suas formações de base, mas voltadas principalmente para aspectos técnicos. E,
portanto, ainda é incipiente a transmissão de conhecimentos associados a aspectos
emocionais e relacionais necessários ao trabalho com pacientes e familiares no
ambiente hospitalar (CANO, 2014; ESSLINGER, 2004).
Destaca-se, assim, a importância de um olhar holístico e cuidado integral,
impulsionando a interação entre uma atuação técnica e uso de tecnologias, com
uma assistência humanizada, que considere aspectos subjetivos e relacionais
(RODRIGUES et al, 2020).
Como demonstrado por Mondadori et al. (2016, p. 294), o trabalho do
fisioterapeuta não depende apenas de suas habilidades técnicas, mas também dos
aspectos relacionais, à medida que questões psicológicas e físicas estão
interligadas, tal como apresentado a seguir:
ampliação do olhar para esses pacientes como sujeitos e não objetos, com
intervenções que podem ser feitas de maneira contínua pelos profissionais, como
informar ao paciente quando for realizar algum procedimento, evitar assuntos que
poderiam ser mobilizadores de angústia perto do paciente e etc.
Com os pacientes conscientes, destacamos aspectos ambientais e
psicossociais que devem ser considerados em todo atendimento multiprofissional.
Gomes e Carvalho (2018) em sua revisão integrativa de literatura demonstram
múltiplos estudos que destacam os agentes estressores do ambiente hospitalar e da
interrupção de rotina do paciente que influenciam no seu estado emocional. Dessa
maneira, construímos a tabela abaixo com algumas das principais alterações
percebidas. A divisão dos dois fatores é meramente didática, pois entende-se que
ambos se interligam e retroalimentam.
✔ Comunicação eficaz:
Contudo, se não for possível acesso a essas tecnologias duras, podem ser
utilizados recursos mais simples, construídos pela própria equipe com papel e lápis
de cor, ou mesmo imagens encontradas na internet para realização de uma
comunicação alternativa que cumpram o objetivo de ampliar o repertório
comunicacional.
Dessa maneira, apresentaremos a seguir cartões de comunicação, pranchas
de figuras, letras e palavras para auxiliar o desenvolvimento de habilidades de
expressão e comunicação entre a equipe e paciente.
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● Cartões de comunicação:
Fonte: https://www.tobii.brasil.com
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Fonte: https://www.tobii.brasil.com
Neste local, logo é possível perceber que intensiva não é apenas a conduta
terapêutica médica, mas, também, a angústia e as relações entre os
profissionais, pacientes e familiares, afetados por significantes como
“grave”, “instável” e “morte”. Trata-se de um ambiente fértil para mal-
entendidos e conflitos, que frequentemente demanda intervenções no
sentido de regular as relações que ali se estabelecem. (SABOYA et al.,
2014, p. 24).
REFERÊNCIAS
COSTA, J.; MARCON, S.; MACEDO, C.; JORGE, A.; DUARTE, P. Sedação e
memórias de pacientes submetidos à ventilação mecânica em unidade de terapia
intensiva. Rev Bras Ter Intensiva, v. 26, n. 2, p. 122-129, 2014.
ENGWALL, M.; FRIDH, I.; JOHANSSON, L.; BERGBOM, I.; LINDAHL, B. Lighting,
sleep and circadian rhythm: an intervention study in the intensive care unit Intensive
Crit. Care Nursing, v. 31, p. 325–35, 2015.
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FELICIANO, V.; ALBUQUERQUE, C.; ANDRADE, F.; DANTAS, C.; LOPEZ, A.;
RAMOS, F. et al. A influência da mobilização precoce no tempo de internamento na
Unidade de Terapia Intensiva. ASSOBRAFIR Ciência, v. 3, n. 2, p. 31-42, 2012.
FUMIS, R. A família do paciente crítico. In: PADILHA, R.; FUMIS, R. (Eds.) UTI
Humanizada: cuidados com o paciente, a família e a equipe. São Paulo:
Atheneu, 2016.
PUGGINA, A. C.; IENNE, A.; CARBONARI, K.; PAREJO, L. S.; SAPATINI, T. F.;
SILVA, M. Percepção da comunicação, satisfação e necessidades dos familiares em
Unidade de Terapia Intensiva. Escola Anna Nery, v. 18, n. 2, p. 277-283, 2014.
SABOYA, F.; RIEFFEL, E.; COSTA, F.; MEDRADO, M. O papel do psicólogo junto
aos familiares. In: KITAJIMA, K. (Org.). Psicologia em unidade de terapia
intensiva: critérios e rotinas de atendimento. Rio de Janeiro, RJ: Revinter, 2014.