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10 de abril de 2024
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INTRODUÇÃO
Pondé (2017), sugerem que a partir dessa conscientização, o internato também possibilita
o envolvimento dos discentes com as diretrizes da Saúde Pública, assumindo, para além
o fazer psicológico deste nível é amplo, abarcando fatores diversos, como: a compreensão
rotina e nas relações familiares; delinear e fortalecer a rede de apoio do paciente; auxiliar
teve como objetivo oferecer atendimento psicológico pré e/ou pós-operatório para
frente ao adoecimento visual enfrentado pelos pacientes em conjuntos com seus sistemas
conceituais e práticas para a realização de intervenções assertivas. Tudo isso ocorreu sob
basilares em sala de aula até orientações em casos de maior delicadeza e de difícil manejo.
com aquilo que já era de entendimento teórico robusto pelos estudantes, servindo para
raciocínio clínico, todos entendidos como ferramentas que conduziriam nossa escuta nos
modelo interno próprio de condução que abarcasse um pensar clínico diagnóstico, social
seus acompanhantes. De acordo com Mitchell (1997), o método mais comum para
Para que essa intervenção fosse possível era necessário entender sobre os
intervenções plausíveis em cada caso. Iniciando pela catarata, caracterizada como uma
opacificação do cristalino, lente natural do olho humano, se tinha como principal técnica
cirúrgica adotada a Facoemulsificação, que visava substituir essa lente danificada por
uma artificial, sendo caraterizada como uma operação simples e rápida. Já o glaucoma é
estabilização do quadro em questão, não restaurando a visão perdida, mas impedindo sua
piora. No que tange as retinopatias, elas variam de acordo ao ocorrido com esse
componente do globo ocular, indo desde inflamação até descolamento, tendo técnicas
Dando continuidade ao trajeto teórico feito pelos estudantes, foi investigado como
prevalência de pacientes idosos se fez nítida, posto que esse público tem maior tendência
biopsicossociais diante dessa realidade. A nível individual, a terapia com idosos tem como
está inserido, sua história de vida e emoções, além de visar as particularidades de cada
sujeito. De acordo com Ribeiro (2015), faz-se necessária a compreensão ampliada sobre
vida para propiciar um atendimento de qualidade. A terceira idade é marcada por diversas
mudanças, sendo elas fisiológicas, psíquicas, sociais e/ou espirituais, porém a repercussão
dessas se diferencia para cada indivíduo, sendo importante considerar sua subjetividade
como parte do processo terapêutico. A fase senil, naturalmente, é acometida também por
grupo também se faz presente dentro do contexto hospitalar. A princípio, o objetivo dela
Nessa modalidade de psicoterapia, podem ser utilizados métodos e técnicas diversas que
devem ser adaptados de acordo com o perfil e demanda do grupo. Na psicoterapia grupal
a que serão/foram submetidos e os cuidados que devem ser tomados após o processo. O
psicoterapia de grupo, o paciente confronta-se não só com situações da sua vida, mas
também com as dos outros membros. De acordo com Yalom (1970), a universalidade dos
processo.
forma didática sobre seu quadro e o procedimento realizado na operação. M relatou estar
luto pelo falecimento da irmã mais nova, ocorrido uma semana antes, de quem expôs ser
muito próxima. Perante o relato, afirmou esquivar-se do que a faria ter lembranças do
ocorrido. Para além, M apontou outras situações que envolviam a morte de pessoas
próximas, sendo elas um filho, de quem afirmou ter tido dificuldade para conseguir
engravidar e tê-lo; sua mãe, de quem disse ser muito próxima e “grudada”; e seu marido,
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outro”. Diante desses lutos, a paciente alegou uma mudança de humor e postura, onde
vida. Diante disso, foi utilizada a técnica da cadeira vazia, referente à sua irmã e à sua
declarou a religiosidade como forma de canalizar a dor e como foi acolhida através da fé,
citando uma mudança na sua forma de agir frente ao outro, tornando-se mais “calma” e
“tranquila”. Ademais, a paciente afirmou ser ansiosa e, por determinado período, fazer
uso de medicação para dormir. Relatou proximidade com a família, principalmente sua
filha L, sua neta e sua sobrinha e morar com seu cônjuge, aparentando ter uma rede de
apoio sólida. Ao final, para manejar a ansiedade e celeridade da paciente, foi feito
foi bem recebido pela paciente, que incentivou que fosse conversado com L, sua filha e
A Paciente C., 64 anos, foi atendida no dia 01/04/24 no Hospital Humberto Castro Lima.
apreensiva. Sinalizou ter dificuldade para lidar com o ambiente hospitalar, embora tenha
realizado três outros procedimentos em outras partes do corpo para retirada de tumores
que iria realizar a operação, por conta de um trauma familiar recente, ocorrido no cenário
hospitalar: a perda de sua avó. Relatou que desde o acontecido tem sentido frequente
medo de morrer, como um possível castigo do divino pelo mal que possa ter feito a
pessoas que fizeram-na sofrer, como seu ex-marido. Em adição, trouxe à tona que a maior
figura de afeto de sua vida havia sido esta avó, mostrando-se profundamente mobilizada
nos momentos em que falava sobre ela. Notificou que a ansiedade sentida lhe trazia
desconforto geral, taquicardia, tensão muscular e crise de choro, e que passou a sentir em
situações diversas do seu cotidiano, tendo sido necessário ingerir uma medicação para se
uma solução para seus pensamentos, solicitou que algo fosse feito para aliviar a ansiedade
que sentia e demonstrou rede de apoio estruturada. Comunicou também que seus filhos
saíram de casa, que tem sido delicado lidar com isto e com o diabetes e a pressão alta.
visualização e estímulo à vivência do momento presente. Para elaborar o luto da avó, foi
Lima. Era irmã da paciente que realizaria a cirurgia naquele dia, uma outra jovem de 28
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preocupada sobre a operação cirúrgica da irmã, uma vez que já havia tentado duas vezes
e não conseguido êxito devido à pressão alta e glicose desregulada da paciente nas
apresentadas e do receio de não fazer a cirurgia mais vez, gerando mais stress e fadiga
e mãe, que segundo ela deveriam revezar nos cuidados necessários para a manutenção e
sobre a operação. Durante o atendimento, foi possível notar tristeza, angústia, raiva e
acompanhar sua irmã nos procedimentos de saúde que essa realizava três vezes na semana
de hemodiálise na cidade de Paulo Afonso, 3h do município que essas moram. Logo, isso
institucionais alinhados com suas expectativas para o próprio futuro profissional, tendo
atendimento realizado, bem como pelas reflexões trazidas. Um ponto que chama atenção
continuidade nisso, muito também ocasionada pela presença quase que exclusiva dessa
para com os cuidados da irmã. Finalizado atendimento psicológico ofertado por Lucas
Ivana Guerra.
ARTICULAÇÕES TEÓRICO-PRÁTICAS
inclusive, dos três pacientes relatados no presente documento. A relação que cada um
deles estabeleceu com o hospital e com o procedimento partia da relação que tinham com
familiar que o desenvolvimento pessoal ocorre. Diante disto, é esperado que existam
ser um evocador para tal, ou mesmo intensificar uma “crise” que já esteja posta. Frente a
esse cenário, o nível de impacto nas condições psicológicas do núcleo familiar depende
subjetividade da família hospitalizada. Esta, por sua vez, frequentemente passa por
ressoando para o resto da família, assim sendo um ponto de intervenção a ser observado
ao narrar em sua história de vida relações de muita proximidade com membros da sua
família, onde foram criados fortes laços de cuidado mútuo. Relatou ter uma neta de quem
criou e uma sobrinha, filha da sua irmã, que a estabeleceu como figura de apego. A
paciente relatou que, por ter sido a última dos irmãos a se casar e sair de casa, construiu
um vínculo afetivo muito forte com sua mãe, de quem afirmou sentir falta mesmo após
20 anos de sua morte. M., em grande parte do tempo de atendimento, ressaltou também
um elo significativo com uma de suas irmãs, falecida uma semana antes. Ela afirmou que
falecimento, em que mencionou seu sofrimento diante do cenário, alterando sua dinâmica
Já C., relatando ter cuidado de seus filhos com poucos recursos, trouxe que seu
maior sonho era vê-los formados, e que a saída dos dois de sua casa, após conseguirem o
diploma, fez com que se vissem com menor frequência, o que lhe deixava triste. Ao falar
sobre eles, demonstrou que possuíam forte relação afetiva, mas deixou claro em diversos
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momentos que a referência de afeto que possuiu na vida foi a sua avó. A mobilização que
perpassou a paciente em todos os momentos em que falou sobre esta figura revelou que
ela havia partido, e em circunstâncias – ainda que distantes em causa – similares à que
Já F., apresentou uma certa revolta para como o contexto familiar não pensava em
outros cuidadores para ajudar nas questões de saúde apresentadas por sua irmã, o que
trazia como consequência a necessidade dela se dedicar exclusivamente a essa tarefa. Para
tanto, sua vida pessoal e profissional fora profundamente modificada, visto que não era
essa acompanhava sua irmã três vezes por semana para realização de procedimento de
hemodiálise. Diante disso, a dinâmica familiar e relação da família para com F era
marcada por deslegitimação de seus sentimentos de angústia, uma vez que isso era
entendido como o mínimo a se fazer em nome do amor fraterno. Nesse sentido, a condição
de saúde de sua irmã afetava também a sua irmã, acompanhante, que se via
bem-estar de sua irmã, que só se via segura com F. Isso demonstra a relevância da família,
sobretudo quando bem estruturada, tem de influenciar o estado psíquico tanto do paciente
algo ou alguém com o que se estabelecia uma relação subjetiva (Luna & Moré, 2017,
citado em Rigão et. al, 2024), sendo que, ao atravessá-lo, o indivíduo concebe novas
interações com a realidade e com a reconfiguração da sua identidade. Frente a isto, novos
elementos são incorporados diante da articulação da morte com a vida, composta por
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Todas as perdas trazem sofrimento ao sujeito, sejam elas esperadas ou não, sejam
passando pelo luto recente de sua irmã mais próxima, que faleceu uma semana antes da
a paciente revelou a perda de um filho jovem, de quem até fez tratamento para engravidar,
de um marido que fora assassinado e da sua mãe, que mantinha com ela um forte laço
afetivo - todos, aparentemente, no mesmo ano. Frente ao luto não elaborado ou trabalhado
ignorante e grossa” com os clientes da mercearia que mantinha com seu falecido filho, o
que a levou a abrir mão do empreendimento. Tendo em vista o exposto, se faz nítido como
repercutindo em diversos eixos de sua história de vida e afetando sua visão de mundo
no referido contexto.
pelo relato da perda de sua avó, figura referência de afeto em sua vida, e a quem
medo da morte (de si e de terceiros), e de se expor a qualquer situação nova em que entre
em contato com uma representação imagética de perigo. Embora haja aceitação à morte
da avó, C. parecia buscar resgatar a presença do lugar afetivo e de conforto quando trazia
em seu discurso o quanto sua avó era especial e a ajudava a atravessar dificuldades. O
momento pré-cirúrgico configurava-se desafiador para ela, ainda que fosse uma cirurgia
simples e com bom prognóstico. O estado de intensa ansiedade associado a este episódio
relacionava-se com os medos citados anteriormente e com o receio do divino usar da sala
de cirurgia como cenário para encaminhar o fim de sua vida. O que proporcionou conforto
à paciente foi um diálogo simbólico com sua avó, a quem confessou inseguranças,
vontade de tê-la de volta e de equilibrar sua vida. Pediu proteção à figura de afeto, e seu
suspiro final antes de sair do leito para o procedimento demonstrou alívio, bem como o
sorriso leve à face. O resgate do lugar afetivo trouxe segurança à paciente, que assimilou
poder adentrá-lo, ainda que sua avó não esteja fisicamente presente, pois é um lugar
acompanhante. Esse receio configurava-se como um medo da morte da irmã, que por mais
muito cuidado, amor e companheirismo entre ambas. O luto aqui aparece para F. situado
na perda simbólica e concreta dos seus anseios, projetos de vida e desejos serem
escamoteados para darem espaço aos cuidados com a irmã adoecida, demandando de F.
abdicar quase por inteiro de si própria em nome de tudo isso. Diante dos relatos trazidos
por F. o sentimento de angústia em nome dessa perda simbólica das próprias experiências
diversos contextos que não apenas o de morte concreta de uma figura afetiva próxima,
mas também em casos de perdas simbólicas que trazem reverberações para forma como
o sujeito envolvido sofre mudanças drásticas por um evento ou fenômeno nos níveis
com medidas de promoção à saúde mental, visando prevenir consequências mais graves
frente a situações estressoras. Foi com este intuito que a psicoprofilaxia cirúrgica compôs
devem condizer com o modelo de funcionamento do atendido, bem como o uso de uma
dúvidas e expressar seus sentimentos frente ao que lhes foi comunicado. Ferraro (2005)
acrescenta que existe a importância da contenção das emoções e da escuta por parte do
profissional para que haja uma adequada adaptação à realidade. No Hospital Humberto
intervenção oftalmológica realizada. Essa prática pode ser entendida como uma ação de
uma vez que isso permite que o indivíduo avalie cognitivamente o evento com base em
Na respectiva primeira citada, M., a paciente afirmou ser acometida pela catarata,
visão parecia ter uma espécie de “nuvem” na frente e, quando perguntada sobre seu
adentrou o atendimento no viés de informação preventiva, com base no que foi informado
pela paciente que, embora acelerada, declarou estar tranquila para a cirurgia. Após a
realizado e suas repercussões. Dessa forma, fica claro que essa prática é fundamental para
idade, sendo este o denominador comum entre seus relatos sobre os pensamentos, sobre
a saída dos filhos de casa, e sobre outros acometimentos que surgiram com a entrada na
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que se refere ao que aconteceria com o seu corpo dentro de instantes. Durante o processo,
ela recordou de vizinhos e amigos que já haviam realizado o procedimento e revelou que
ver o resultado rápido e tranquilo deles a motivava a estar ali, bem como proporcionava
torna possível a confiança no não saber, pois o saber torna-se acessível na medida em que
Já em F., a catarata de sua irmã se configurou como uma consequência do diabetes e das
catarata de modo fácil e acessível a realidade semântica de F. Logo após isso, foi exposto
cuidados necessários para um bom pós-operatório de sua irmã. Isso favorece que a rede
de cuidado se sinta inteirada dos processos de saúde feitos com seu familiar, diminuindo
necessários da irmã serem seguidos de maneira mais assertiva com ajuda de F. trazendo
RESSONÂNCIAS DO SELF
CAMILA:
dúvidas. Após a apresentação e explicações sobre o contexto em que estaria inserida nos
capacidades, “será que estou preparada para atender - de verdade - dentro de um hospital?
que não tinha proximidade e me permiti estar vulnerável e sensível frente a eles, que me
acolheram e amenizaram minha angústia. Estar inserida nessa realidade do contato com
cada volta para casa após um dia de atendimentos, supervisões e prontuários, eu me sentia
mais realizada de estar trilhando esse caminho e dando esse passo tão importante para
meu crescimento pessoal e profissional. Nas primeiras idas ao HHCL, senti insegurança
que, para mim, eram inevitáveis. O apoio dos colegas, da professora Ivana e da psicóloga
do hospital, Beatriz Inarê, foram essenciais para meu desenvolvimento nesse viés. No
decorrer da minha trajetória, pude, aos poucos, me desprender das amarras que havia
gradualmente, explorando meus aprendizados e estudos dentro e fora de sala de aula. Essa
eram altas, me permitindo viver o rodízio de forma mais leve. As aulas expositivas me
deram muito suporte e mais segurança no que diz respeito ao meu fazer dentro do hospital,
Adentrei o processo de suportar o não saber em quesitos diversos, mas sempre buscando
entender as incertezas e tirar dúvidas. Foi muito significativo contemplar o poder das
palavras e da fala no processo terapêutico, olhar por novas perspectivas e poder oferecer
ambiente seguro e cuidadoso. Além desse cuidado com o outro, também busquei cuidar
de mim, entender minhas angústias diante de aflições que surgiram durante o processo e
em vista a magnitude das demandas que surgiram durante nossa estadia e situações
por uma das enfermeiras, gerando um problema que poderia ter sido evitado se manejado
de forma cuidadosa.
autoexigência. Agora, finalizo esse ciclo com outro olhar sobre mim e sobre a vida, mais
confiante e leve.
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Escutar os casos complexos dos colegas e dos pacientes que acolhi ecoaram em mim de
maneira indescritível. As aulas sobre temas sensíveis, como luto, onde pude acolher e ser
acolhida, o meu processo de perder o medo de apresentar em sala, o olhar dos pacientes
em cada troca, tudo isso foi lindo de ver de dentro e de fora. Saio dessa realidade cheia
diferença de estrutura, iluminação, quartos, piso e até mesmo odores e temperatura. Ver
tão de perto a realidade da desigualdade social me causou incômodo, dado que não havia
nada que eu, particularmente, pudesse fazer para mudar essa realidade, além de buscar
empatia.
no meu percurso de aprendizado. Com elas, aprendi a dar espaço para meus sentimentos
e respeitar meus limites, porém sem me fixar ou paralisar diante do medo de falhar. Fui
surpreendida positivamente pela conduta de ambas, que tiveram papel essencial no meu
percurso durante esse bi/trimestre. Pude expor minhas vulnerabilidades, chorar quando
foi preciso, ter conversas construtivas e viver momentos de descontração para deixar toda
a trajetória mais leve diante da exaustão de passar nove horas seguidas dentro do hospital.
Fui atravessada, em especial, pelas pacientes que atendi. Ter contato com pessoas
em mim dentro do grupo e do ambiente hospitalar, repercutiu por aqui. Levarei comigo
relação ao fazer da psicologia, tão bonito de se ver tanto de dentro quanto de fora. Saber
que esse é só o começo não mais me causa medo, mas anseio pelo novo e desejo de mais.
ISADORA:
Viver esse primeiro rodízio foi uma experiência marcante e decisiva não somente
para a minha graduação, mas para a vida. O internato era algo que me despertava
satisfatório constatar que minhas expectativas foram superadas. Talvez o ponto principal
que tenha ressoado aqui dentro seja a percepção da mudança interna que foi emergindo a
profissional.
conhecidos, sendo que, para a minha surpresa, isto não se consagrou num fardo, mas sim
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possibilidades de estar nessa dinâmica, olhando para o que me atravessou e cuidando das
repercussões geradas. Assimilei que é possível haver leveza frente a momentos que
repertório para compor os momentos em que eles são necessários. Percebi minhas
próprias inquietações quando não conseguia seguir a linearidade das perguntas preparadas
anteriormente nas entrevistas iniciais, mas com o tempo passei a lidar com o fato de que
por parte de uma delas. Percebi algo similar na primeira vez em que acompanhei um
processo terapêutico pré-cirúrgico em grupo, dessa vez por parte de uma estagiária de
promoção de acolhimento às pacientes. Presenciar estas situações talvez tenha sido mais
desafiador do que conduzir os atendimentos aos pacientes ao longo das cinco semanas no
energética e emocional que circula, mas também pela divisão dos espaços de circulação
de plástico como assento majoritário, são o cenário oposto do quarto andar. Além dessas
diferenças “à olho nu”, algo que me deixou igualmente mobilizada foi ser notificada do
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fato de que um dos médicos que tinham mais intercorrências em suas cirurgias (pelo uso
convidava a fazer algo para não aceitar a realidade posta. No entanto, me vi com o
sentimento de impotência, percebendo que estava para além do meu alcance “resolver”
todo o sistema complexo que estrutura não somente o funcionamento do hospital, mas
também dos demais setores sociais. Os meus sentimentos que buscavam movimentar,
energia quando Beatriz Inarê, psicóloga do Hospital, disse “o HCL não vai dar a estrutura
que esses pacientes merecem, então eles terão de mim o que merecem. Que é o meu
melhor. O hospital pode não dar o melhor que poderia, mas eu vou dar o melhor
atendimento que conseguir, sempre”. Isso ecoou em mim do primeiro ao último dia.
cuidado e acolhimento, e distribui doses dessa “mistura mágica” sem moderação por onde
passa. Sua condução fez tudo ficar mais leve, proporcionou boas trocas entre o grupo,
garantiu ótimas passagens de conteúdo, e fez cada um dos alunos confiar mais em si
mesmos no individual e no coletivo. Pessoalmente, tenho bastante gratidão por ter sido
acompanhada por ela nessa jornada. Ela me ensinou, para além do programático, que não
devo exceder meus limites, que não preciso ir até o último recurso frente ao cansaço, e
que existe espaço para a vulnerabilidade, que é preciso se acolher. De maneira parecida,
Beatriz utilizou de todas as estratégias possíveis para fazer com que nos sentíssemos parte
descobrindo como fazer, foi fundamental para reduzir o desconforto frente ao novo. O
afeto recíproco fez com que criássemos, na salinha ao lado da escada do terceiro andar,
por associações quando me deparei com teorias, mas também me motivou a aumentar o
Nenhum artigo ao longo da graduação foi – nem seria - capaz de prever o que me
esperava a cada segunda-feira. E eu, como alguém que acredita e confia nas não-
intuitiva, honrando cada conhecimento teórico, mas também cada parte do meu corpo
físico e espiritual. E essa talvez seja a maior lição que o primeiro rodízio do internato me
trouxe. A de que não há ansiedade que me prepare pro que a vida reserva, que o tempo é
para ser dedicado, não gasto com tentativas vãs de prever o imprevisível. Agradeço,
pessoal e especialmente, às forças que promoveram o meu encontro com dona C., que na
nossa primeira interação me fez a pergunta que mais ressoou e que me fez pensar e sentir
tanto sobre como vivi os últimos três anos: “minha filha, para quê tanta ansiedade?”.
LUCAS:
sensações que tinha com o início das atividades do internato era de muito receio e medo
sobre a qualidade do profissional que estou me tornando ser suficiente ou não para as
trocas muito simbólicas e afetivas com os demais colegas e orientadores nessa jornada. O
ambiente acolhedor entre os discentes que foi um fator decisivo para meu
desenvolvimento e imagino que o dos demais também. Quando chego no início dessa
prática em atenção terciária, me via muito inseguro sobre o que vinha aprendendo e
que fortaleceu em mim a confiança sobre os conteúdos que embasaram minha formação
até o presente momento. Com isso, não quero dizer que não há a necessidade de continuar
o apreendido nesse internato, posso seguir sabendo que tenho de fato competências,
habilidades e recursos atitudinais para desenvolver uma práxis ética nos campos que eu
busque seguir profissionalmente. Então posso afirmar que saio do internato entendendo a
universo simbólico que cada indivíduo me permite acessar, sendo guiado pelo
Sobre o Hospital Humberto Castro Lima, algo que foi chocante de perceber e
ambiente, passando por escolhas de materiais de baixa qualidade para composição dos
quartos do serviço SUS, indo até o respeito e devido cuidado com a integridade subjetiva
dos pacientes ser diferente. A equipe de enfermagem era composta por figuras em muitos
endossar a situação do SUS como prática filantrópica, enquanto outras entendiam que se
nos rege. No que tange ao serviço de psicologia, apenas elogio a serem tecidos desde o
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acolhimento prestado para com a nossa equipe, até o propósito dentro da instituição
Diante dos relatos supracitados, reitero que essa experiência foi de suma relevância
para consolidação dos alicerces que julgo importantes em minha formação, e da de todo
profissional de psicologia e que atue com saúde humana de maneira geral. Assumir um
compromisso de fazer um cuidado em saúde de fato equânime para todos foi uma reflexão
que de fato me mobilizou bastante nas minhas práticas nesse campo de atuação. Por fim,
equipe discente pela experiência transformadora de viver o meu primeiro rodízio dos
internatos ao lado de cada um que compôs essa história e pelas trocas afetivas, simbólicas
REFERÊNCIAS
http://dx.doi.org/10.7213/psicolargum.37.98.AO06
https://site.cfp.org.br/parametros-para-assistencia-psicologica-em-saude/conheca-a-
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Gomes, E. A. P., Vasconcelos, F. G., & Carvalho, J. F.. (2021). Psicoterapia com Idosos:
Juan, Kelly de. (2005). Psicoprofilaxia cirúrgica em urologia. Psicologia Hospitalar, 3(2)
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-
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295.https://periodicos.ufs.br/HORIZONTES/article/view/19613
Rigão, G., Zink, L., Bornhorst, H., Tusi, V., Olesiak, L., Pereira, C. (2024). Família e luto: