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A formulação da referência técnica teve início em 2010, por especialistas em

Psicologia Hospitalar. Baseada em um levantamento de dados, executados pelos


CREPOs dos dezessete Conselhos Regionais de Psicologia existentes na
época.Embora a história da introdução da psicologia no ambiente hospitalar tenha
tido início em um hospital de Massachussets, no Brasil em 1930 com a percepção
de que motivadores psicológicos poderiam influenciar na saúde causando doenças,
teve início serviços com participação de psicólogos.

O primeiro registro foi em 1950 pelo médico Raul Briquet e a psicóloga Bety
Gastenstay com o objetivo de introduzir o alojamento conjunto na maternidade do
Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina na Universidade de São Paulo
(USP).

A fundação da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar vai acontecer em


1997, em uma assembleia formada por 45 psicólogos que atuavam em hospitais por
todo o Brasil.

Em 1998 teve início o primeiro Congresso no Guarujá, trazendo a produção


científica com premiações de trabalhos inscritos na categoria Prêmio SBPH, por
meio da Revista da SBPH.

Em 2000 a Psicologia Hospitalar passou a ser reconhecida e regulamentada


pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) com especialidade por meio da
resolução014/2000 (CFP, 2000a).
Atua também em instituições de ensino superior e/ou centros de estudo e de
pesquisa, visando o aperfeiçoamento ou a especialização de profissionais
em sua área de competência, ou a complementação da formação de outros
profissionais de saúde de nível médio ou superior, incluindo pós-graduação
lato e stricto sensu. Atende a pacientes, familiares e/ou responsáveis pelo
paciente; membros da comunidade dentro de sua área de atuação;
membros da equipe multiprofissional e eventualmente administrativa,
visando o bem-estar físico e subjetivo do paciente; e, alunos e
pesquisadores, quando estes estejam atuando em pesquisa e assistência.
Oferece e desenvolve atividades em diferentes níveis de tratamento, tendo
como sua principal tarefa a avaliação e acompanhamento de intercorrências
psíquicas dos pacientes que estão ou serão submetidos a procedimentos
médicos, visando basicamente a promoção e/ou a recuperação da saúde
física e mental. Promove intervenções direcionadas à relação
médico/paciente, paciente/família, e paciente/paciente e do paciente em
relação ao processo do adoecer, hospitalização e repercussões emocionais
que emergem neste processo. O acompanhamento pode ser dirigido a
pacientes em atendimento clínico ou cirúrgico, nas diferentes especialidades
médicas. Podem ser desenvolvidas diferentes modalidades de intervenção,
dependendo da demanda e da formação do profissional específico; dentre
elas ressaltam-se: atendimento psicoterapêutico; grupos psicoterapêuticos;
grupos de psicoprofilaxia; atendimentos em ambulatório e Unidade de
Terapia Intensiva; pronto atendimento; enfermarias em geral;
psicomotricidade no contexto hospitalar; avaliação diagnóstica;
psicodiagnóstico; consultoria e Inter consultoria. No trabalho com a equipe
multidisciplinar, preferencialmente interdisciplinar, participa de decisões em
relação à conduta a ser adotada pela equipe, objetivando promover apoio e
segurança ao paciente e família, aportando informações pertinentes à sua
área de atuação, bem como na forma de grupo de reflexão, no qual o
suporte e manejo estão voltados para possíveis dificuldades operacionais
e/ou subjetivas dos membros da equipe (CFP, 2007, p.21).

Dimensão Ético-Política da área de Psicologia Hospitalar

O código de Ética do Psicólogo estabelece que o psicólogo “trabalhará


visando promover a saúde e qualidade de vida das pessoas e das coletividades e
contribuirá para eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão” (CFP,2005). Portanto é importante que
o psicólogo conheça além do Código de Ética as resoluções do CFP pertinentes à
atuação e as políticas públicas de saúde. Exemplo o SUS, sua história, princípios e
diretrizes, seu funcionamento e a rede de assistência à saúde (RAS/SUS).

As políticas que antecedem a 1960 seguiam o modelo sanitarista,


preconizando a prevenção das doenças. Entre 1964 e 1973 em que a ditadura se
estabelecia, houve um fortalecimento do complexo médico-industrial brasileiro, em
que se privilegiava a formação médica. Em 1970 ocorreu um aumento dos grandes
hospitais públicos, principalmente no setor privado. Em 1980 teve início um
Movimento Sanitário denominado de contra hegemonia, foi um movimento político-
ideológico nacional, iniciado por profissionais da saúde, estudantes e intelectuais,
que se reuniram em 1986 na oitava Conferência Nacional de Saúde e cuja
convicção ascendeu de base para implantação do SUS.

O SUS foi criado na Constituição de 1988, e concretizado em 1990, sob as


leis nº 8080 e 8142, que estabelecem seus princípios fundamentais e diretrizes.
Pontos importantes para conduzir as políticas e processo de trabalho dos
profissionais de saúde. A universalidade, a integralidade e a equidade.

As diretrizes organizativas e operativas do SUS, a descentralização, a


regionalização, a hierarquização e a participação social. Considerando sempre as
especificidades do território local e regional. O SUS cresceu e desenvolveu nas
portarias que organizaram as ações, serviços e gestão, e instituíram a Atenção
Básica, a Estratégia Saúde da Família (ESF), a Rede de Atenção à Saúde (RAS), A
Política de Humanização (PNH/Humaniza SUS) e a Rede de Atenção Hospitalar.

Rede de Atenção à Saúde (RAS)

Criadas pela portaria nº4.279/210(BRASIL,2010ª) com o objetivo de organizar


ações e serviços de saúde. Organização e comunicação nos diferentes pontos de
atenção primário, secundário e terciário, para estabelecer as ações e serviços de
saúde de forma integral, interdisciplinar e resolutiva. Integra desde a Unidade Básica
de Saúde, até o hospital, ponto terciário de atenção. Incluindo a atenção secundária
representada pelos ambulatórios, UPAS, Consultório de Rua, atenção especializada,
RAPS, que é composta por estabelecimentos, serviços e equipes que integram os
três níveis.
O SUS conta com os setores privados que podem ser contratados para
complementar a atenção fornecida. Estes setores muitas vezes resistem em atender
seguindo as diretrizes do SUS. Cabendo aos gestores o estabelecimento de
mecanismos que atendam os critérios estabelecidos pelo SUS.

Política Nacional de Humanização (PNH)/ Humaniza SUS

Essa política consiste em uma luta de humanização nas políticas de saúde


realizadas pelo SUS, possibilitando em atendimentos que assegurem qualidade de
serviço promovendo saúde integral.

Ações fundamentais recomendadas pelo PNH (BRASIL,2008):

- O acolhimento

Escuta dos usuários, construção de vínculos garantindo acesso aos serviços,


formações de redes de conversações. Acolher é uma postura ética, uma escuta
respeitosa, respondendo de forma adequada, sem discriminação ou pré-conceito e
encaminhando para outros pontos de atenção da rede caso não possa prestar o
serviço.

-A atenção à alteridade

Relações intersubjetivas, que pressupõem a empatia. Se colocando no lugar do


outro. Seguindo a conduta ética e responsável.

- A ambiência

Atenção Hospitalar ou terciária

Atenção terciária ou de alta complexidade ou ainda alta densidade tecnológica.

Atenção secundária de média densidade tecnológica como os ambulatórios de


acompanhamento longitudinal, que atendem por exemplo gestantes de alto risco,
bebês pré-maturos ou que estiverem em Unidades de Terapia Intensiva UTI
neonatal, centros especializados a renais crônicos, portadores do HIV, oncologia,
ambulatórios destinados a atender aos usuários no processo de reabilitação pós-
hospitalização, como nos casos de amputações e demais cirurgias complexas.

O cuidado hospitalar seguiu o modelo biomédico-hegemônico, centrado em


procedimentos tecnológicos que produziam uma atenção fragmentada e
desarticulada. Provocando um empobrecimento da dimensão cuidadora, que gerou
insatisfação, ineficiência e baixo impacto na assistência.
A Política Nacional de Atenção Hospitalar propõe rever este modelo,
buscando atuar com humanização, uma atenção qualificada e eficiente. Organizada
de forma regionalizada, articulada e integrada com a RAS. Formada por uma equipe
multiprofissional e o hospital deve concentrar sua assistência nas atividades
altamente especializadas, procurando atuar com o processo de desospitalização e a
forma de redes e associações de cuidados.

Interface entre psicologia e atenção hospitalar

O hospital é um lugar de estranho e muitas vezes citado como frio.


Corredores longos, macas circulando, enfermarias geladas, equipamentos
diferentes. Alimentação diferente, horários restritos, onde as pessoas estão
extremamente fragilizadas, por doenças, mal-estar, dores. Algumas pessoas podem
se sentir desamparadas, confusas, ansiosas, ameaçadas.

A maneira como cada pessoa ou familiar vai reagir depende de vários fatores
como história pessoal, gravidade da doença, experiências anteriores, faixa etária,
compreensão, entre outros tantos fatores.

Segundo McDaniel, Hepworth e Doherty(1994, p.179):


O paciente e a família geralmente não estão preparados para as mudanças
físicas, períodos alternados de estabilidade e crise e incertezas do
funcionamento futuro. A doença crônica exige novos modos de
enfrentamento, mudanças nas autodefinições do paciente e da família e
períodos extensos de adaptação. O paciente com a doença percebe
múltiplas perdas, incluindo a saúde física e o funcionamento, perda dos
papéis ou responsabilidades, perda dos sonhos e possibilidade de menos
tempo de vida.

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