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Rede de atenção psicossocial

É destinada às pessoas em sofrimento psíquico ou sofrimento mental e com


necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas no âmbito do
SUS. Intitulada com a portaria 3.088/2011 e revogada pela portaria 3/2017. A
RAPS foi disposta pelo Decreto 7.508/2011. No capítulo I deste decreto, são
instituídas as regiões de Saúde e a Rede de Atenção à Saúde. A primeira diz
respeito ao espaço geográfico que é delimitado a partir de identidades culturais,
econômicas e sociais e de redes de comunicação e infraestrutura de transportes
compartilhados. Já o segundo define o que é o conjunto de ações e serviços de saúde
articulados em níveis de complexidade crescente, garantindo a integralidade da
assistência à saúde.

Nos capítulos II e III fica definido que a atenção psicossocial é um


componente mínimo obrigatório de serviços e ações que são necessários à
institucionalização das regiões de saúde, e esses serviços e ações são portas de
entrada do usuário na rede de atenção à saúde.

A finalidade da RAPS é criação, ampliação e articulação de pontes de


atenção à saúde para pessoas com sofrimento/transtornos e necessidade
decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. São objetivos da RAPS:
Promoção de cuidados em saúde para grupos vulneráveis; prevenção do consumo e
dependência de crack, álcool e outras drogas, bem como redução dos danos
provocados por elas; promover a reabilitação e reinserção das pessoas com
transtorno mental e etc, por meio do acesso ao trabalho, renda e moradia solidária;
promover mecanismo de formação permanente aos profissionais de saúde; desenvolver
ações intersetoriais de prevenção e redução de danos em parceria com organizações
governamentais e de sociedade civil; produzir e ofertar informações sobre o direito
das pessoas. Medidas de prevenção e cuidados e os serviços disponíveis na rede;
regular e organizar demandas e fluxos assistências da RAPS; Monitorar e avaliar a
qualidade dos serviços por meio de indicadores de efetividade e resolutividade da
atenção.

Já as diretrizes para o funcionamento da RAPS são: Respeito aos direitos


humanos, garantindo autonomia e liberdade; promoção da equidade; combater
estigmas e preconceitos; garantia do acesso e qualidade dos serviços, ofertando
cuidado integral e interdisciplinar; atenção humanizada; desenvolvimento de
atividades no território favorecendo inclusão social; Diversificação das estratégias de
cuidado; organização dos serviços em rede de atenção à saúde regionalizada com ações
intersetoriais; desenvolver estratégias de redução de danos; ênfase em serviços
comunitário, com participação e controle social dos usuários e familiares; promoção de
estratégia de educação permanente; desenvolvimento do cuidado e construção do
projeto terapêutico singular.

A RAPS é dividida por diferentes componentes: Atenção básica em saúde


(UBS, Equipes de atenção básica para populações específicas, NASF, Centro de
convivência e cultura); Atenção Psicossocial (CAPS I, II, III, AD, AD III, i); Atenção
de Urgência e emergência (UPA, SAMU, Sala de estabilização, Portas hospitalares de
atenção à urgência/pronto socorro); Atenção residencial de caráter transitório
(Unidade de acolhimento adulto, infanto-juvenil, Serviço de atenção em regime
residencial.); Atenção Hospitalar (leitos de psiquiatria em Hospital Geral e Serviço
Hospitalar de Referência); Estratégias de desinstitucionalização (serviço residencial
terapêutico e Programa de volta para Casa); Estratégias de reabilitação psicossocial
(cooperativas sociais, empreendimentos solidários e iniciativas de trabalho e renda).

Atenção Básica em Saúde

Gerald Caplan propunha que o atendimento preventivo poderia ser realizado


em três níveis: prevenção primária (intervenção nas condições possíveis de
formação da doença mental); secundária (intervenção em busca da realização do
diagnóstico e tratamento precoces da doença mental); e terciária (readaptação do
paciente à vida social, após sua melhora). Para melhor manejo da saúde mental na
Atenção Básica, propõe-se um trabalho compartilhado de suporte às equipes de
Saúde da Família (SF), por meio do apoio em saúde mental pelos profissionais dos
NASFs. O apoio matricial visa à ampliação da clínica das equipes de SF, superando
a lógica de encaminhamentos indiscriminados.

A prática de saúde mental na Atenção Básica deve substituir o modelo


hegemônico e medicalizante e as práticas da psiquiatrização e psicologização do
sujeito e de suas necessidades. Dessarte, a Política Nacional de Saúde Mental propõe
uma mudança do modelo de Atenção à Saúde Mental dentro do SUS, direcionada
para a ampliação do cuidado nos serviços comunitários, com base no território. O
trabalho dos profissionais da Saúde Mental como a equipe de Estratégia Saúde da
Família revela-se fundamental para o estabelecimento e fortalecimento de vínculos
entre a Atenção Estratégica (CAPS) e a Atenção Básica, possibilitando a ampliação
da capacidade resolutiva de problemas de saúde pela equipe local e favorecendo a
atenção territorializada.

As ações de Saúde Mental na Atenção Básica necessitam da assimilação na


prática cotidiana por parte dos profissionais, dos princípios fundamentais da Atenção
Psicossocial (promoção da saúde, integralidade, noção de território, acolhimento,
intersetorialidade, multiprofissionalidade, desinstitucionalização, reabilitação
psicossocial, participação da comunidade, promoção da cidadania, etc.).

Dessarte, as diretrizes gerais para atuação das equipes na Saúde Mental são:
Identificar, acolher e atender às demandas do território, em seus graus variados de
severidade. Os pacientes devem ter acesso ao cuidado em saúde mental o mais
próximo possível do seu local de moradia; priorizar as situações mais graves, com
cuidados mais imediatos; as intervenções se dão a partir do contexto familiar e
comunitário, sendo estes parceiros no processo de cuidado; garantir a continuidade do
cuidado pelas equipes de SF, com estratégias interdisciplinares; deve-se pensar nas
redes sanitárias e comunitárias para o trabalho conjunto entre saúde mental e
equipes de saúde da família; cuidado integral articula ações de prevenção,
promoção, tratamento e reabilitação; a educação permanente deve ser o dispositivo
fundamental para as ações na atenção primária.

Nesse contexto, existem alguns pontos de atenção do componente Atenção


Básica em Saúde na RAPS:

Unidade Básica de saúde – Constituído por equipe multiprofissional,


trazendo ações de âmbito individual e coletivo para promoção e proteção da saúde,
prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos e a
manutenção da saúde, visando a autonomia e atenção integral do sujeito.

Equipes de Atenção Básica para populações em situações específicas –


Apresentam atuação na RAPS. Destacam-se os consultórios na Rua (oferta ações e
cuidados prioritariamente para população em situação de rua, além de atender
pessoas com transtornos mentais e usuários de crack, álcool e outras drogas. Atua,
também, com a redução de danos em articulação com outros pontos de atenção da
rede de saúde) e as equipes de Apoio aos Serviços do Componente Atenção
Residencial de Caráter Transitório (oferecem suporte clínico e apoio aos pontos de
atenção, trazendo uma atenção à saúde de forma longitudinal e articulada.). Atuam
de maneira Integrada com SF e NASF. Vale ressaltar o conceito de População em
Situação de Rua (PSR), tida como um grupo populacional que possui em comum a
pobreza extrema, vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência
de moradia convencional regular, utilizando logradouros públicos e áreas
degradadas como moradia e sustento, de forma temporária ou permanente, bem
como as unidades de acolhimento para pernoite temporário ou como moradia
provisória.

Algumas diretrizes são propostas no atendimento às PSR: concepção de saúde


vista, sobretudo, na promoção de saúde e resgate da qualidade de vida;
incorporação das ações programáticas, incluindo acesso às redes sociais;
desenvolvimento de ações intersetoriais; consciência dos aspectos que condicionam e
determinam dado estado de saúde e dos recursos existentes para sua prevenção,
promoção e recuperação.

Centro de Convivência e Cultura – Articula com a RAS e RAPS para


oferecer espaços de sociabilidade, produção e intervenção na cultura e na cidade.
São estratégicos para a inclusão social das pessoas com sofrimento ou transtorno
mental, incluindo aqueles com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e
outras drogas.

Núcleo de apoio à saúde da família – Vinculado à UBS e constituído por


equipe multiprofissional que atuam de maneira integrada, apoiando as equipes de
SF, de Atenção básica para populações específicas e equipes de academia da saúde,
atuando no apoio matricial e no cuidado com equipes de unidades na qual o NASF
está vinculado. Faz parte da Atenção Básica e trabalha em conjunto com equipes
e/ou academia da saúde, atuando de forma integrada à RAS e seus serviços. O
trabalho dos profissionais do NASF deve ser desenvolvido por meio do apoio
matricial, com a criação de espaços coletivos de discussão e planejamento, organização
e estruturação de espaços de atendimento compartilhado, intervenções específicas com
usuários/famílias. A equipe do NASF utiliza ferramenta tecnológicas como o Projeto
terapêutico singular (PTS), o Projeto de saúde no Território (PST), Apoio
matricial, clínica ampliada e pactuação do apoio.

Atenção Psicossocial

O CAPS e suas modalidades compõem a Atenção Psicossocial Estratégica,


sendo um serviço de referência para casos graves de cuidados intensivos e/ou
reinserção psicossocial que ultrapasse as possibilidades de atendimento da equipe
do NASF e SF. Pessoas que buscam o CAPS por demanda espontânea devem ser
avaliadas pela equipe e caso não tenha a necessidade de acompanhamento nesse
serviço, devem ser redirecionados para as equipes de SF. O CAPS é constituído por
equipe multiprofissional que atua sob a ótica interdisciplinar, realizando atendimento às
pessoas com transtornos mentais graves e persistentes e às pessoas com necessidades
decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, seja em situação de crise ou no
processo de reabilitação psicossocial.

Usuários da internação psiquiátrica também podem ser atendidos


diretamente pelo CAPS, visando a reinserção psicossocial e um tratamento no
plano comunitário. São 6 modalidades de CAPS, variando de acordo com foco de
atuação e quantidade de população (CAPS I, II, III – Mesma população, mas o último
atende 24 horas e possui acolhimento noturno –, CAPS AD e AD III – mesma coisa, só
que o último atende 24 horas – e CAPSi – atendimento infantil.

Rede de urgência e emergência

Os pontos de atuação de urgência e emergência são responsáveis pelo


acolhimento, classificação de risco e cuidado nas situações de urgência e emergência
das pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do
uso de crack, álcool e outras drogas. Entre eles estão o SAMU, Sala de estabilização,
UPA, Unidades básicas de saúde, hospitais de urgência/pronto-socorro.

Atenção Residencial de Caráter Transitório

Tem como componentes as Unidades de Acolhimento e o Serviço de Atenção


em Regime Residencial. Aquelas oferecem cuidados contínuos de saúde (24 horas) em
ambiente residencial, para pessoas com necessidades decorrentes do uso de crack,
álcool e outras drogas, de ambos os sexos, que apresentem acentuada vulnerabilidade
social e/ou familiar e demandem acompanhamento terapêutico transitório de até seis
meses. São divididas em unidades de acolhimento adulto (maior de 18, óbvio), infanto-
juvenil (12 até 18 incompleto). Já os serviços de atenção em Regime Residencial
(comunidades terapêuticas) oferecem cuidado contínuo, de caráter residencial
transitório por até 9 meses para adultos com as mesmas necessidades clínicas (drogas).

Atenção Hospitalar

Destacam-se os leitos de saúde mental e o serviço hospitalar de referência para


atenção às pessoas com abuso de substância e outros transtornos. Os leitos oferecem
tratamento hospitalar ara casos graves. Os serviços hospitalares de referência oferecem
suporte hospitalar por meio de internação de curta duração, com equipe
multiprofissional e acolhendo pacientes em articulação com os CAPS e outros serviços
da RAPS para construção do PTS. Funciona 24 horas nos 7 dias da semana.

Estratégias de desinstitucionalização

Constituído por iniciativas para garantir às pessoas já citadas o cuidado integral


por meio de estratégias substitutivas, garantindo os direitos com a promoção de
autonomia e o exercício de cidadania, buscando sua progressiva inclusão social. Os
serviços residenciais terapêuticos e o Programa de Volta para Casa são pontos de
atenção deste componente. O Serviço residência terapêutico (SRT) são casas inseridas
na comunidade, destinadas a acolher pessoas egressas de internação de longa
permanência (dois anos ou mais ininterruptos), egressas de hospitais psiquiátricos e de
custódia, entre outros. O suporte de caráter interdisciplinar considerará a singularidade
de cada morador. O acompanhamento deve prosseguir mesmo que ele mude de
endereço.

O programa de volta para casa foi instituído pela lei 10.708 que trata da proteção
e dos direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais, sendo uma política de
inclusão social que contribui e fortalece o processo de desinstitucionalização, provendo
auxílio-reabilitação.

Estratégias de reabilitação psicossocial

Compostas por iniciativas de trabalho e geração de renda, assim como


empreendimentos solidários e cooperativas sociais. Atuaria como um processo para
facilitar ao indivíduo com limitações a restauração no melhor nível possível de
autonomia do exercício de suas funções na comunidade. Tem como objetivos a defesa
da inclusão da reabilitação em políticas públicas e o atendimento integração com ações
de prevenção, promoção e reabilitação. O compromisso é promover a reabilitação na
participação social. A reabilitação psicossocial é uma atitude que possibilita o exercício
da cidadania, assegurando o poder contratual da pessoa com transtorno mental,
habilitando o indivíduo ao meio e o meio ao indivíduo à fim de reconhece-lo como
diferente e aceita-lo. Nesse sentido, o compromisso é promover a reabilitação na
participação social, ou seja, a atenção é desencadeada mediante o estabelecimento de
possibilidades de participação social. A participação social não é objetivo do processo, e
sim condição para seu estabelecimento

Cansei, vou resumir tudo com uma imagem.

Voltei do cansaço

Assim, a reabilitação não é só romper os muros da instituição psiquiátrica, mas


construir uma nova entrada social para aqueles que até então se encontravam barrados
de participação na vida familiar e coletiva. A economia solidária nasce, daí, como uma
proposta de inclusão social., advinda da ideia de uma cooperativa como sendo uma
associação de pessoas com os mesmos direitos sobre a atividade coletiva.
Para assegurar a acessibilidade e resolutividade do cuidado/tratamento de
pessoas que fazem uso de drogas é preciso trabalhar em rede. Até mesmo no próprio
Projeto Terapêutico Singular (PTS) é necessário ações que vão além da esfera da saúde,
pois nem sempre um único serviço pode demonstrar o potencial necessário para abarcar
as diversas necessidades das pessoas. O CAPS, criado para esse atendimento em rede,
são serviços de atenção psicossocial que se caracterizam pelo cuidado e atenção diária e
articulação de toda a rede de atenção, trabalhando com a equipe multiprofissional. O
trabalho no CAPS AD inclui o acolhimento universal e incondicional ao paciente e seus
familiares, especificamente com a relação ao crack, buscando acolher os usuários que
demandem ajuda, mesmo aqueles que não demonstrem interesse em interromper o
consumo, tratando abstinências leves em nível ambulatorial, realizando busca ativa em
articulação com Atenção Básica em casos de abandono de tratamento, além de
desenvolver oficinas terapêuticas, apoiar trabalho na perspectiva de redução de danos e
dar suporte e apoio a familiares.

No CAPS AD os usuários possuem acesso direto ao serviço, atendimento porta


aberta, o que facilita e desburocratiza o acesso ao serviço. Porém, também são atendidos
os pacientes encaminhados por outros serviços intersetoriais tais como: unidades básicas
de saúde (USB); Estratégia da Saúde da Família (ESF); Hospital Geral; Hospital
Psiquiátrico de Atendimento Integral; Hospital Dia, Ministério Público, Centro de
Referência de Assistência Social (CRAS); Centro de Atenção Psicossocial (CAPS II).

Indicadores de Saúde Mental na Atenção Básica

Os indicadores são:

Proporção de atendimentos em saúde mental, exceto de usuários de álcool e


drogas

Proporção de atendimentos de usuários de álcool.

Proporção de atendimentos de usuários de drogas

Taxa de prevalência de alcoolismo

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