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POLÍTICA NACIONAL

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POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE MENTAL


CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL – CAPS
A Portaria nº 336, de 19 de fevereiro de 2002 estabelece que os Centros de Atenção Psicosso-
cial (CAPS) poderão constituir-se em modalidades de serviços, definidas por ordem crescente de
porte / complexidade e abrangência populacional, e apresenta as características de cada uma. A
Portaria nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011, republicada em 21 de maio de 2013, institui a Rede
de Atenção Psicossocial (RAPS) e altera as modalidades de CAPS, assim como o direcionamento
populacional de cada uma. A Portaria nº 3.588, de 21 de dezembro de 2017 apresenta uma nova
modalidade de CAPS, o CAPS AD IV, e as suas características. A Portaria de Consolidação nº 3, de 28
de setembro de 2017, que trata da consolidação das normas sobre as Redes de Atenção à Saúde do
Sistema Único de Saúde, apresenta os CAPS de acordo com as atualizações das portarias.
Os CAPS são serviços ambulatoriais de atenção diária que funcionam dentro do território dos
seus usuários, e suas atividades são desenvolvidas em área física fora dos ambientes hospitalares.
A Portaria nº 336/2002 apresenta que, os CAPS somente poderão se localizar dentro dos limites de
uma unidade hospitalar ou dentro do conjunto arquitetônico de instituições universitárias de saúde
se eles possuírem estrutura física independente, com acesso privativo e equipe profissional própria.
Os CAPS são constituídos por equipes multiprofissionais que atuam sob a ótica interdisciplinar,
e realizam prioritariamente atendimento às pessoas com transtornos mentais graves e persistentes
e às pessoas com sofrimento ou transtorno mental em geral, incluindo aquelas com necessidades
decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, e outras situações clínicas que impossibilitem
o indivíduo de estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida, em sua área territorial, seja em
situações de crise ou nos processos de reabilitação psicossocial, em regime de tratamento intensivo,
semi-intensivo e não intensivo.
ͫ Atendimento intensivo: entendido como aquele destinado aos pacientes que, em função
de seu quadro clínico atual, necessitem acompanhamento diário;
ͫ Semi-intensivo: tratamento destinado aos pacientes que necessitam de acompanhamento
frequente, fixado em seu projeto terapêutico, mas não precisam estar diariamente no
CAPS;
ͫ Não-intensivo: é o atendimento que, em função do quadro clínico do usuário, pode ter
uma frequência menor.
As atividades assistenciais no Centro de Atenção Psicossocial são desenvolvidas através do
Projeto Terapêutico Singular (PTS), um instrumento de trabalho interdisciplinar que envolve em
sua construção não só a equipe, mas também o usuário e sua família, possibilitando a participação,
reinserção e construção de autonomia dos indivíduos com sofrimento psíquico. Os PTS podem ser
familiares, coletivos e até territoriais, o que restringe o uso da palavra “individual”.
Os CAPS devem realizar Matriciamento com as esquipes da Atenção Básica (AB), proporcio-
nando a retaguarda especializada da assistência, assim como um suporte técnico-pedagógico, for-
mação de vínculo interpessoal e apoio institucional no processo de construção coletiva de Projetos
Terapêuticos Singulares junto à população. O Matriciamento não deve ser entendido como uma
supervisão, pois as equipes de saúde mental participam ativamente do PTS, realizando discussão
de casos e interconsultas com a AB, visitas domiciliares conjuntas, realização de pequenos grupos
em coordenação conjunta, entre outros.
Os CAPS devem:
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ͫ se responsabilizar, sob coordenação do gestor local, pela organização da demanda e da


rede de cuidados em saúde mental no âmbito do seu território;
ͫ possuir capacidade técnica para desempenhar o papel de regulador da porta de entrada
da rede assistencial no âmbito do seu território e / ou do módulo assistencial, definido
na Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS), por determinação do gestor local;
ͫ coordenar, por delegação do gestor local, as atividades de supervisão de unidades hos-
pitalares psiquiátricas no âmbito do seu território;
ͫ supervisionar e capacitar as equipes de Atenção Básica, serviços e programas de saúde
mental no âmbito do seu território e / ou do módulo assistencial;
ͫ realizar e manter atualizado o cadastro dos pacientes que utilizam medicamentos essen-
ciais para a área de saúde mental regulamentados pela Portaria/GM/MS nº 1077 de 24
de agosto de 1999 e medicamentos excepcionais, regulamentados pela Portaria/SAS/MS
nº 341 de 22 de agosto de 2001, dentro de sua área assistencial;
ͫ estar referenciados a um serviço de atendimento de urgência / emergência geral de sua
região, que fará o suporte de atenção médica.
Atualmente, fazem parte da RAPS os CAPS I, CAPS II, CAPS i, CAPS AD, CAPS III, CAPS AD III, e
CAPS AD IV.

CAPS I
Atende pessoas de todas as faixas etárias que apresentam prioritariamente intenso sofrimento
psíquico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes, incluindo aqueles relacionados
ao uso de substâncias psicoativas, e outras situações clínicas que impossibilitem estabelecer laços
sociais e realizar projetos de vida. Indicado para Municípios ou regiões de saúde com população
acima de 15 mil habitantes.
Funciona no período de 08 às 18 horas, em 02 (dois) turnos, durante os cinco dias úteis da
semana. Os pacientes assistidos em um turno (04 horas) receberão uma refeição diária, os assistidos
em dois turnos (08 horas) receberão duas refeições diárias.
A assistência prestada ao paciente no CAPS I é voltada:
ͫ ao atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre outros);
atendimento em grupos (psicoterapia, grupo operativo, atividades de suporte social,
entre outras);
ͫ ao atendimento em oficinas terapêuticas executadas por profissional de nível superior
ou nível médio;
ͫ a visitas domiciliares;
ͫ ao atendimento à família;
ͫ a atividades comunitárias enfocando a integração do paciente na comunidade e sua
inserção familiar e social.
A equipe técnica mínima para atuação no CAPS I, para o atendimento de 20 (vinte) pacientes
por turno, tendo como limite máximo 30 (trinta) pacientes/dia, em regime de atendimento inten-
sivo, será composta por:
ͫ 01 (um) médico com formação em saúde mental;
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ͫ 01 (um) enfermeiro;
ͫ 03 (três) profissionais de nível superior entre as seguintes categorias profissionais:
psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profissional
necessário ao projeto terapêutico.
ͫ 04 (quatro) profissionais de nível médio: técnico e / ou auxiliar de enfermagem, técnico
administrativo, técnico educacional e artesão.

CAPS II
Atende prioritariamente pessoas em intenso sofrimento psíquico decorrente de transtornos
mentais graves e persistentes, incluindo aqueles relacionados ao uso de substâncias psicoativas,
e outras situações clínicas que impossibilitem estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida.
Indicado para Municípios ou regiões de saúde com população acima de 70 mil habitantes.
Funciona no período de 08 às 18 horas, em 02 (dois) turnos, durante os cinco dias úteis da
semana, podendo comportar um terceiro turno funcionando até às 21:00 horas. Os pacientes
assistidos em um turno (04 horas) receberão uma refeição diária, os assistidos em dois turnos (08
horas) receberão duas refeições diárias.
A assistência prestada ao paciente no CAPS II é voltada:
ͫ ao atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre outros);
atendimento em grupos (psicoterapia, grupo operativo, atividades de suporte social,
entre outras);
ͫ ao atendimento em oficinas terapêuticas executadas por profissional de nível superior
ou nível médio;
ͫ a visitas domiciliares;
ͫ ao atendimento à família;
ͫ a atividades comunitárias enfocando a integração do paciente na comunidade e sua
inserção familiar e social.
A equipe técnica mínima para atuação no CAPS II, para o atendimento de 30 (trinta) pacientes
por turno, tendo como limite máximo 45 (quarenta e cinco) pacientes/dia, em regime intensivo,
será composta por:
ͫ 01 (um) médico psiquiatra;
ͫ 01 (um) enfermeiro com formação em saúde mental;
ͫ 04 (quatro) profissionais de nível superior entre as seguintes categorias profissionais:
psicólogo, assistente social, enfermeiro, terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profis-
sional necessário ao projeto terapêutico.
ͫ 06 (seis) profissionais de nível médio: técnico e / ou auxiliar de enfermagem, técnico
administrativo, técnico educacional e artesão.

CAPS I
Atende crianças e adolescentes que apresentam prioritariamente intenso sofrimento psíquico
decorrente de transtornos mentais graves e persistentes, incluindo aqueles relacionados ao uso
de substâncias psicoativas, e outras situações clínicas que impossibilitem estabelecer laços sociais
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e realizar projetos de vida. Indicado para municípios ou regiões com população acima de 70 mil
habitantes.
Funciona em serviço ambulatorial de atenção diária, das 8:00 às 18:00 horas, em 02 (dois)
turnos, durante os cinco dias úteis da semana, podendo comportar um terceiro turno que funcione
até às 21:00 horas. Os pacientes assistidos em um turno (04 horas) receberão uma refeição diária,
e os assistidos em dois turnos (08 horas) receberão duas refeições diárias.
O CAPS i deve supervisionar e capacitar as equipes de atenção básica, serviços e programas
de saúde mental no âmbito do seu território e / ou do módulo assistencial, na atenção à infância
e adolescência. A assistência prestada ao paciente no CAPS i inclui:
ͫ atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre outros);
ͫ atendimento em grupos (psicoterapia, grupo operativo, atividades de suporte social,
entre outros);
ͫ atendimento em oficinas terapêuticas executadas por profissional de nível superior ou
nível médio;
ͫ visitas e atendimentos domiciliares;
ͫ atendimento à família; atividades comunitárias enfocando a integração da criança e do
adolescente na família, na escola, na comunidade ou quaisquer outras formas de inserção
social;
ͫ desenvolvimento de ações intersetoriais, principalmente com as áreas de assistência
social, educação e justiça.
A equipe técnica mínima para atuação no CAPS i, para o atendimento de 15 (quinze) crianças
e / ou adolescentes por turno, tendo como limite máximo 25 (vinte e cinco) pacientes/dia, será
composta por:
ͫ 01 (um) médico psiquiatra, ou neurologista ou pediatra com formação em saúde mental;
ͫ 01 (um) enfermeiro;
ͫ 04 (quatro) profissionais de nível superior entre as seguintes categorias profissionais:
psicólogo, assistente social, enfermeiro, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, pedagogo
ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico;
ͫ 05 (cinco) profissionais de nível médio: técnico e / ou auxiliar de enfermagem, técnico
administrativo, técnico educacional e artesão.

CAPS AD
Atende pessoas de todas as faixas etárias, que apresentam intenso sofrimento psíquico decor-
rente do uso de crack, álcool e outras drogas. Indicado para Municípios ou regiões de saúde com
população acima de 70 mil habitantes.
Possui serviço ambulatorial de atenção diária, funcionando das 8:00 às 18:00 horas, em 02
(dois) turnos, durante os cinco dias úteis da semana, podendo comportar um terceiro turno funcio-
nando até às 21:00 horas. Mantêm de 02 (dois) a 04 (quatro) leitos para desintoxicação e repouso.
Os pacientes assistidos em um turno (04 horas) receberão uma refeição diária; os assistidos em
dois turnos (08 horas) receberão duas refeições diárias.
Os atendimentos direcionados aos pacientes com transtornos decorrentes do uso e depen-
dência de substâncias psicoativas são voltados:
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ͫ ao atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre outros);


ͫ ao atendimento em grupos (psicoterapia, grupo operativo, atividades de suporte social,
entre outras);
ͫ ao atendimento em oficinas terapêuticas executadas por profissional de nível superior
ou nível médio;
ͫ a visitas e atendimentos domiciliares;
ͫ ao atendimento à família;
ͫ a atividades comunitárias enfocando a integração do dependente químico na comunidade
e sua inserção familiar e social; atendimento de desintoxicação.
A equipe técnica mínima para atuação no CAPS AD para atendimento de 25 (vinte e cinco)
pacientes por turno, tendo como limite máximo 45 (quarenta e cinco) pacientes/dia, será composta
por:
ͫ 01 (um) médico psiquiatra;
ͫ 01 (um) enfermeiro com formação em saúde mental;
ͫ 01 (um) médico clínico, responsável pela triagem, avaliação e acompanhamento das
intercorrências clínicas;
ͫ 04 (quatro) profissionais de nível superior entre as seguintes categorias profissionais:
psicólogo, assistente social, enfermeiro, terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profis-
sional necessário ao projeto terapêutico;
ͫ 06 (seis) profissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico admin-
istrativo, técnico educacional e artesão.

CAPS III
Atende, prioritariamente, pessoas em intenso sofrimento psíquico decorrente de transtornos
mentais graves e persistentes, incluindo aqueles relacionados ao uso de substâncias psicoativas,
e outras situações clínicas que impossibilitem estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida.
Proporciona serviços de atenção contínua, com funcionamento vinte e quatro horas, incluindo
feriados e finais de semana, ofertando retaguarda clínica e acolhimento noturno a outros serviços
de saúde mental, inclusive CAPS AD. Indicado para Municípios ou regiões de saúde com população
acima de 150 mil habitantes;
Os pacientes assistidos em um turno (04 horas) receberão uma refeição diária, os assistidos
em dois turnos (08 horas) receberão duas refeições diárias, e os que permanecerem no serviço
durante 24 horas contínuas receberão 04 (quatro) refeições diárias.
A assistência prestada ao paciente no CAPS III é direcionada:
ͫ ao atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, orientação, entre outros);
atendimento grupos (psicoterapia, grupo operativo, atividades de suporte social, entre
outras);
ͫ ao atendimento em oficinas terapêuticas executadas por profissional de nível superior
ou nível médio; visitas e atendimentos domiciliares;
ͫ ao atendimento à família;
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ͫ a atividades comunitárias enfocando a integração do doente mental na comunidade e


sua inserção familiar e social, e acolhimento noturno, nos feriados e finais de semana,
com no máximo 05 (cinco) leitos, para eventual repouso e / ou observação.
Atenção! A permanência de um mesmo paciente no acolhimento noturno fica limitada a 07
(sete) dias corridos ou 10 (dez) dias intercalados em um período de 30 (trinta) dias.
A equipe técnica mínima para atuação no CAPS III, para o atendimento de 40 (quarenta)
pacientes por turno, tendo como limite máximo 60 (sessenta) pacientes/dia, em regime intensivo,
será composta por:
ͫ 02 (dois) médicos psiquiatras;
ͫ 01 (um) enfermeiro com formação em saúde mental.
ͫ 05 (cinco) profissionais de nível superior entre as seguintes categorias: psicólogo,
assistente social, enfermeiro, terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profissional
necessário ao projeto terapêutico;
ͫ 08 (oito) profissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico
administrativo, técnico educacional e artesão.
Para o período de acolhimento noturno, em plantões corridos de 12 horas, a equipe deve ser
composta por:
ͫ 03 (três) técnicos / auxiliares de enfermagem, sob supervisão do enfermeiro do serviço;
ͫ 01 (um) profissional de nível médio da área de apoio.
Para as 12 horas diurnas, nos sábados, domingos e feriados, a equipe deve ser composta por:
ͫ 01 (um) profissional de nível superior dentre as seguintes categorias: médico, enfermeiro,
psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, ou outro profissional de nível superior
justificado pelo projeto terapêutico;
ͫ 03 (três) técnicos/auxiliares técnicos de enfermagem, sob supervisão do enfermeiro do
serviço;
ͫ 01 (um) profissional de nível médio da área de apoio.

CAPS AD III
O CAPS AD III é o Ponto de Atenção do Componente da Atenção Psicossocial da RAPS desti-
nado a proporcionar a atenção integral e contínua a pessoas com necessidades relacionadas ao
consumo de álcool, crack e outras drogas, com funcionamento nas 24 (vinte e quatro) horas do dia
e em todos os dias da semana, inclusive finais de semana e feriados. Indicado para Municípios ou
regiões de saúde com população acima de 150 mil habitantes.
Ele deve ser lugar de referência de cuidado e proteção para usuários e familiares em situações
de gravidade (recaídas, abstinência) e ter disponibilidade para acolher casos novos e já vinculados,
sem agendamento prévio e sem qualquer outra barreira de acesso, em todos os dias da semana,
inclusive finais de semana e feriados, por 12 (doze) horas ininterruptas diurnas, como das 7 às 19
horas ou 8 às 20 horas ou 9 às 21 horas. O CAPS AD III poderá atender a população infantojuvenil,
desde que atendendo aos requisitos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Possui no mínimo 8 e no máximo 12 leitos para observação e monitoramento, de funciona-
mento 24 horas, incluindo feriados e finais de semana (Portaria nº 3.088/2011). A permanência
de um mesmo usuário no acolhimento noturno do CAPS AD III fica limitada a 14 (catorze) dias,
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no período de 30 (trinta) dias (Portaria nº 130/2012). Caso seja necessária a permanência no


acolhimento noturno por período superior a 14 (catorze) dias, o usuário será encaminhado a uma
Unidade de Acolhimento.
Os usuários assistidos em um turno (4 horas) receberão uma refeição diária, os assistidos em
dois turnos (8 horas) receberão duas refeições diárias e os que permanecerem no serviço durante
24 (vinte e quatro) horas contínuas receberão 4 (quatro) refeições diárias.
Durante os finais de semana e feriados, os casos avaliados que necessitarem de acolhimento
noturno deverão ser encaminhados para avaliação médica (Hospital Geral e / ou UPA e / ou Portas
Hospitalares de Atenção à Urgência). Nos casos em que a avaliação médica não indicar internação
em Hospital Geral, o usuário deverá retornar para o CAPS que o acolheu no primeiro dia útil, e
sempre que houver necessidade de avaliação médica. Se o CAPS não dispuser desse profissional
no momento, o usuário deverá ser encaminhado para o serviço de urgência de referência.
O CAPS ADIII deve:
ͫ condicionar o recebimento de usuários transferidos de outro Ponto de Atenção para
acolhimento noturno, ao prévio contato com a equipe que receberá o caso;
ͫ produzir, em conjunto com o usuário e seus familiares, um Projeto Terapêutico Singular
que acompanhe o usuário nos contextos cotidianos, promovendo e ampliando as possi-
bilidades de vida e mediando suas relações sociais;
ͫ regular o acesso ao acolhimento noturno, com base em critérios clínicos, em especial
desintoxicação, e / ou em critérios psicossociais, como a necessidade de observação,
repouso e proteção, manejo de conflito, dentre outros;
ͫ promover inserção, proteção e suporte de grupo para seus usuários, no processo de
reabilitação psicossocial;
ͫ organizar o processo de trabalho do serviço com equipe multiprofissional, sob a ótica da
interdisciplinaridade, priorizado espaços coletivos;
ͫ estabelecer profissionais de referência para cada usuário;
ͫ adequar a oferta de serviços às necessidades dos usuários, recorrendo às tecnologias de
baixa exigência, tais como acomodação dos horários, acolhimento de usuários mesmo
sob o efeito de substâncias, dispensação de insumos de proteção à saúde e à vida, dentre
outras.
O serviço deve ofertar cuidados às famílias de usuários, independentemente da vinculação
do usuário aos serviços daquele CAPS AD III. Ele deve promover junto aos usuários e familiares a
compreensão das Políticas Públicas, especialmente dos fundamentos legais da Política Pública de
Saúde Mental Álcool e outras Drogas, e da defesa de seus direitos.
A equipe deve:
ͫ orientar-se pelos princípios da Redução de Danos;
ͫ responsabilizar-se, dentro de suas dependências ou em parceria com outros pontos de
atenção da Rede de Saúde, pelo manejo e cuidado de situações envolvendo comorbidade
psiquiátrica ou clínica;
ͫ compartilhar a responsabilidade pelos usuários nas internações em Hospital Geral e
outros Pontos de Atenção;
política nacional de saúde mental 9

ͫ realizar ações de apoio matricial no âmbito da Regional na Atenção Básica e outros pontos
de atenção, de acordo com as necessidades de cada caso;
ͫ funcionar de forma articulada com a Rede de Atenção às Urgências e Emergências, em
especial junto ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192), participando
diretamente do resgate voltado aos usuários com necessidades relacionadas ao consumo
de álcool, crack e outras drogas, com vistas a minimizar o sofrimento e a exposição, de
acordo com pactuação prévia; e articular-se com a Rede do Sistema Único de Assistên-
cia Social (SUAS) da Regional a que pertença, para acompanhamento compartilhado de
casos, quando necessário.
A atenção integral ao usuário no CAPS AD III deve ser desenvolvida de portas abertas, com
plantões diários de acolhimento, garantindo acesso para clientela referenciada e responsabilização
efetiva pelos casos, sob a lógica de equipe interdisciplinar, realizado por trabalhadores de formação
universitária e / ou média. Devem ser ofertados:
ͫ atendimento individual para consultas em geral, atendimento psicoterápico e de orien-
tação, dentre outros;
ͫ medicação assistida e dispensada;
ͫ atendimento em grupos para psicoterapia, grupo operativo e atividades de suporte social,
dentre outras;
ͫ oficinas terapêuticas executadas por profissional de nível universitário ou de nível médio;
ͫ visitas e atendimentos domiciliares;
ͫ atendimento à família, individual e em grupo;
ͫ atividades de reabilitação psicossocial, tais como resgate e construção da autonomia,
alfabetização ou reinserção escolar, acesso à vida cultural, manejo de moeda corrente,
autocuidado, manejo de medicação, inclusão pelo trabalho, ampliação de redes sociais,
dentre outros;
ͫ estimular o protagonismo dos usuários e familiares, promovendo atividades participativas
e de controle social, assembleias semanais, atividades de promoção, divulgação e debate
das Políticas Públicas e da defesa de direitos no território, dentre outras;
ͫ acolhimento noturno, quando necessário.
O CAPS AD III deverá contar com equipe mínima para atendimento:
ͫ 60 horas de profissionais médicos, entre psiquiatras e clínicos com formação e / ou
experiência em saúde mental, sendo no mínimo um psiquiatra. Deverá ser garantida a
presença mínima de um médico no período diurno de segunda à sexta-feira;
ͫ 1 (um) enfermeiro com experiência e / ou formação na área de saúde mental, por turno;
ͫ 5 (cinco) profissionais de nível universitário por turno, pertencentes às seguintes cat-
egorias profissionais: Psicólogo; Assistente social; Enfermeiro; Terapeuta ocupacional;
Pedagogo; e Educador físico;
ͫ 4 (quatro) técnicos de enfermagem por turno;
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ͫ 4 (quatro) profissionais de nível médio por turno, preferencialmente com experiência em


ações de redução de danos dentre as seguintes categorias profissionais: Artesão; Agente
social; e Educador social;
ͫ 1 (um) profissional de nível médio para a realização de atividades de natureza adminis-
trativa, por turno.
Além do mínimo previsto acima, o CAPS poderá contar com outras categorias profissionais,
que potencializem o alcance das ações do serviço.
Para os períodos de acolhimento noturno, das 19 às 7 horas a equipe mínima deverá ser com-
posta pelos seguintes profissionais:
ͫ 1 (um) enfermeiro; e
ͫ 02 (dois) profissionais de nível médio, sendo que um deles deverá ser necessariamente
técnico de enfermagem.
No período diurno aos sábados, domingos e feriados, a equipe mínima será composta da
seguinte forma, em plantões de 12 (doze) horas:
ͫ 2 profissionais de nível universitário, sendo que um deles deverá ser necessariamente
enfermeiro;
ͫ 2 (dois) profissionais de nível médio, sendo que um deles deverá ser necessariamente
técnico de enfermagem;
ͫ 1 (um) profissional da área de apoio.
Atenção! Cabe ao gestor de saúde local garantir a composição da equipe mínima em situações
de férias, licenças e outros afastamentos.

CAPS AD IV
O CAPS AD IV foi instituído pela Portaria nº 3.588/2017 e atende pessoas com quadros graves
e intenso sofrimento decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. Sua implantação deve ser
planejada junto a cenas de uso em municípios com mais de 500 mil habitantes e capitais de Estado,
de forma a maximizar a assistência a essa parcela da população. Tem como objetivos:
ͫ atender pessoas de todas as faixas etárias;
ͫ proporcionar serviços de atenção contínua, com funcionamento vinte e quatro horas,
incluindo feriados e finais de semana;
ͫ ofertar assistência a urgências e emergências, contando com leitos de observação (no
mínimo 10 e no máximo 20).
Ele poderá se destinar a atender adultos ou crianças e adolescentes, conjunta ou separada-
mente, e nos casos em que se destinar a atender crianças e adolescentes, o CAPS AD IV deverá se
adequar ao que prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente.
O CAPS AD IV é um lugar de referência de cuidado e proteção para usuários e familiares em
situações de crise e maior gravidade. Ele deve:
ͫ estar capacitado para o atendimento de urgências e emergências psiquiátricas;
ͫ ter disponibilidade para acolher e tratar casos novos e já vinculados, sem agendamento
prévio e sem qualquer outra barreira de acesso;
política nacional de saúde mental 11

ͫ produzir, em conjunto com o usuário e seus familiares, um Projeto Terapêutico Singular


que acompanhe o usuário nos contextos cotidianos, promovendo e ampliando as possi-
bilidades de vida e mediando suas relações sociais.
O CAPS AD IV deve:
ͫ promover inserção proteção e suporte de grupo para seus usuários, no processo de
reabilitação psicossocial;
ͫ organizar o processo de trabalho do serviço com equipe multiprofissional, sob a ótica da
interdisciplinaridade, priorizado espaços coletivos;
ͫ estabelecer profissionais de referência para cada usuário;
ͫ adequar a oferta de serviços às necessidades dos usuários, recorrendo às tecnologias de
baixa exigência, tais como acomodação dos horários, acolhimento de usuários mesmo
sob o efeito de substâncias, dispensação de insumos de proteção à saúde e à vida.
Devem ser ofertados cuidados às famílias de usuários, independentemente da vinculação do
usuário aos serviços daquele CAPS AD IV. A equipe deve:
ͫ responsabilizar-se, dentro de suas dependências ou em parceria com outros pontos de
atenção da Rede de Saúde, pelo manejo e cuidado de situações envolvendo comorbidade
psiquiátrica ou clínica;
ͫ compartilhar a responsabilidade pelos usuários nas internações e em outros Pontos de
Atenção.
O CAPS AD IV deve:
ͫ funcionar de forma articulada com a Rede de Atenção às Urgências e emergências, em
especial junto ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192);
ͫ funcionar de forma articulada com as equipes de Consultório na Rua, que atuarão junto
aos usuários nas cenas de uso;
ͫ articular-se com a Rede do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) da Região de Saúde
a que pertença, para acompanhamento compartilhado de casos, quando necessário;
ͫ orientar os cuidados de acordo com diretrizes e linhas de cuidados vigentes no SUS.
A atenção integral ao usuário no CAPS AD IV inclui:
ͫ trabalhar de portas abertas, com plantões diários de acolhimento e tratamento, garantindo
acesso para clientela referenciada e responsabilização efetiva pelos casos, sob a lógica
de equipe Interdisciplinar;
ͫ atendimento individual para consultas de rotina e de emergência, atendimento psico-
terápico e de orientação, dentre outros;
ͫ oferta de medicação assistida e dispensada;
ͫ atendimento em grupos para psicoterapia, grupo operativo e atividades de suporte social,
dentre outras;
ͫ oficinas terapêuticas executadas por profissional de nível universitário ou de nível médio;
visitas e atendimentos domiciliares;
ͫ atendimento à família, individual e em grupo;
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ͫ atividades de reabilitação psicossocial;


ͫ estimular o protagonismo dos usuários e familiares, promovendo atividades participativas
e de controle social;
ͫ fornecimento de refeição diária aos usuários.
O CAPS AD IV funcionará com equipe mínima para atendimento, na seguinte configuração:
ͫ Profissional de nível médio para a realização de atividades de natureza administrativa,
cobertura 24 horas por dia.
Turno Diurno:
ͫ 1 (um) médico clínico (diarista);
ͫ 2 (dois) médicos psiquiatras (um diarista e um plantonista 12h);
ͫ 2 (dois) enfermeiros com experiência e / ou formação na área de saúde mental (plan-
tonistas 12h);
ͫ 6 (seis) profissionais de nível universitário pertencentes às categorias profissionais (dia-
ristas) de psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional e educador físico;
ͫ 6 (seis) técnicos de enfermagem (plantonistas 12h);
ͫ 4 (quatro) profissionais de nível médio.
Turno Noturno:
ͫ 1 (um) médico psiquiatra (plantonista 12h);
ͫ 1 um (um) enfermeiro com experiência e/ou formação na área de saúde mental (plan-
tonista 12h);
ͫ 5 (cinco) técnicos de enfermagem (plantonistas 12h).
Atenção! Cabe ao gestor de saúde local garantir a composição da equipe mínima em situações
de férias, licenças e outros afastamentos.
O CAPS AD IV terá a seguinte estrutura física mínima, conforme as normas sanitárias vigentes:
ͫ Recepção e espaço para acolhimento inicial / espera;
ͫ Salas para atendimento individual (consultório);
ͫ Sala para atendimento de grupo;
ͫ Espaço para refeições;
ͫ Espaço para convivência;
ͫ Banheiros com chuveiro;
ͫ Espaço para atividades físicas / esportes;
ͫ No mínimo 10 (dez) e no máximo 20 (vinte) leitos de observação;
ͫ Posto de enfermagem;
ͫ Sala para reuniões da equipe técnica;
ͫ Espaço para atendimento e tratamento de urgências e emergências médicas.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 13.840, de 05 de junho de 2019. Senado Federal: Brasília, 2019.
BRASIL. Portaria nº 3.588, de 21 de dezembro de 2017. Senado Federal: Brasília, 2017.
BRASIL. Portaria de Consolidação nº 3, de 28 de setembro de 2017. Senado Federal: Brasília,
2017.
BRASIL. Portaria nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011, republicada em 21 de maio de 2013.
Senado Federal: Brasília, 2013. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/
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