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CENTRO UNIVERSITÁRIO CENTRAL PAULISTA – UNICEP


BACHARELADO EM ENFERMAGEM
Profa. Ms. Paula Renata M. dos Santos

Cristina de Alencar

INSTRUMENTOS DE CUIDADOS EM SAÚDE MENTAL


NA ATENÇÃO BÁSICA:
PRÁTICAS INTEGRATIVAS

São Carlos
2019
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I. INTRODUÇÃO

Souza e Rivera (2010) destacam que o cuidado psiquiátrico na esfera da Atenção


Básica visa atender de forma humanizada o paciente, promovendo sua autonomia,
fortalecendo sua auto-estima como também orientar e apoiar os familiares do paciente:

Tendo se originado no âmbito da Reforma Sanitária e se afirmado como um


movimento de caráter democrático e social, a Reforma Psiquiátrica brasileira
intenta buscar melhores condições de saúde e de vida para as pessoas que se
encontram em sofrimento psíquico (SOUZA; RIVERA, 2010, p. 122).

Para Brasil (2010) a atenção básica é a porta de entrada para o atendimento do


SUS, através das Unidades de Saúde Básica e Unidades de Saúde da família,
determinados geograficamente. No atendimento em saúde mental na rede básica
evidencia-se o atendimento básico é de monitoramento, acompanhamento e
encaminhamento para atendimento especializado (CAPS, UPAS e no caso de crises
tem-se os hospitais e clinicas especializadas para internação), destacando-se a
necessidade de atenção multidisciplinar:

Entendemos que as práticas em saúde mental na Atenção Básica podem e


devem ser realizadas por todos os profissionais de Saúde. O que unifica o
objetivo dos profissionais para o cuidado em saúde mental devem ser o
entendimento do território e a relação de vínculo da equipe de Saúde com os
usuários, mais do que a escolha entre uma das diferentes compreensões sobre
a saúde mental que uma equipe venha a se identificar (BRASIL, 2010, p. 22).

O objetivo deste trabalho é de apresentar os instrumentos de cuidados em saúde


mental na atenção básica pelo Município de São Carlos.
Para construção deste trabalho optou-se pela revisão bibliográfica, na qual será
realizada uma busca no banco de teses, dissertações, Manuais do Ministério da Saúde,
como também, noticias e protocolos da Secretaria da Saúde do Município de São Carlos
(Portal da Prefeitura Municipal de São Carlos), correlacionando-os com as disciplinas
apresentadas durante o curso de graduação em Enfermagem da Unicep.
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II. DESENVOLVIMENTO

2.1 Intervenção em saúde mental

Tanõ (2014) destaca que os CAPS são parte integrante do conjunto de serviços
de saúde mental humanizado. Foi regulamento pela Lei 10.216/2001 e pelas portarias
SNAS nº 224 de janeiro de 1992, GM Nº 336 de Fevereiro de 2002 e a Portaria Nº 185-
SAS de Julho de 2003.
Seu objetivo é o de garantir e ampliar o acesso à atenção psicossocial da
população em geral, paciente com grande sofrimento psíquico e garantir a articulação e
integração dos pontos de atenção das redes de saúde no território, qualificando o
cuidado por meio do acolhimento, do acompanhamento contínuo e da atenção às
urgências. Sua estrutura e oferta de cobertura durante a semana é oferecido em três
formas CAPS I, II E III (TANÕ, 2014; BRASIL, 2005).
Na figura 02, apresentam-se as Diretrizes para funcionamento da Rede CAPS
cuja estrutura vincula-se ao numero de habitantes e região adstrita (território):

Figura 02. Diretrizes do Caps

Respeito aos direitos humanos, garantindo a autonomia, a liberdade e


o exercício da cidadania;

Promoção da equidade, reconhecendo os determinantes sociais da saúde;


DIRETRIZES REDE DE ATENÇÃO

Garantia do acesso e da qualidade dos serviços, ofertando cuidado integral


PSICOSSOCIAL

e assistência multiprofissional, sob a lógica interdisciplinar;

Ênfase em serviços de base territorial e comunitária, diversificando as estratégias de


cuidado com participação e controle social dos usuários e de seus familiares;

Organização dos serviços em rede de atenção à saúde regionalizada, com


estabelecimento de ações intersetoriais para garantir a integralidade do cuidado;

Desenvolvimento da lógica do cuidado centrado nas necessidades das pessoas com


transtornos mentais, incluídos os decorrentes do uso de substâncias psicoativa;

FONTE: BASEADO EM TANÕ (2014, P. 24-29)


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Quanto a sua estrutura e modalidades de funcionamento e atendimento do


CAPS, conforme figura 03:

Figura 03: Modalidades de atendimento e publico alvo do CAPS.

CAPS I: situam-se em cidades de 20 a 70 mil habitantes;


(funcionamento
Equipe minima de 9 profissionais; e tem como clientela adultos
horário
com transtornos mentais severos e pacientes que utilizam-se de
comercial)
alcool/drogas;

CAPS II: para municípios onde existam de 70 a 200 mil


(funcionamento
habitantes; Voltado o atendimento para pacientes com
horário
problemas psiquiatricos severos, possuiu uma equipe minima
comercial)
de 12 funcionarios;
CAPS

CAPS III: obrigatoriamente deve oferecer SERVIÇOS 24 HORAS,


com ofertas de leitos, atendimento de urgência e acolhimento de
forma interrupta;

atenção a pessoas com mais de 18 anos com


CAPS Adulto
intenso sofrimento mental e psíquico;

CAPS Infanto- destinado à crianças e adolescentes com ate 18


juvenil anos com intenso sofrimento mental e psíquico;

CAPS AD
destinado à população usuária de álcool e drogas;
(álcool e drogas)

FONTE: BRASIL (2005, p.27-30)

De acordo com Brasil (2005) o gestor, baseando-se em indicadores de saúde terá


condições de mais adequadas para definir os equipamentos que melhor respondem às
demandas de saúde mental de seu município, ou seja, o perfil populacional e as
demandas.
Paralelo à esta estrutura, é necessário uma rede de apoio, sincronizada que deve
oferecer os seguintes serviços, conforme figura 04:
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Figura 04. Rede de apoio atendimento e tratamento em saúde mental

ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE

Unidade Básica de Saúde, Núcleo de Apoio a Saúde da Família,


Consultório na Rua, Apoio aos Serviços do componente Atenção
Residencial de Caráter Transitório Centros de Convivência e Cultura;

ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ESTRATÉGICA

Centros de Atenção Psicossocial, nas suas diferentes modalidades;

URGENCIA E EMERGENCIA:

SAMU 192, Sala de Estabilização, UPA 24 horas e portas hospitalares de


atenção à urgência/pronto socorro,;

ATENÇÃO RESIDENCIAL DE CARÁTER


TRANSITÓRIO
Unidade de Acolhimento, Serviço de Atenção em Regime Residencial;

ATENÇÃO HOSPITALAR

Enfermaria especializada em Hospital Geral, Serviço Hospitalar de


Referência para Atenção às pessoas com sofrimento ou transtorno mental
e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas;

ESTRATÉGIAS DE DESINSTITUCIONALIZAÇÃO

Serviços Residenciais Terapêuticos E Programa de Volta para Casa;

ESTRATÉGIAS DE REABILITAÇÃO

Iniciativas de Geração de Trabalho e Renda, Empreendimentos Solidários


e Cooperativas SociaiS;
FONTE: BRASIL (2005, P. 32)
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2.2 – Rede de atenção psicossocial Município de São Carlos

Brasil (2005) define que de acordo com o numero de habitantes no Município de


São Carlos possui uma população estimada 249 415 habitantes (2018) , portanto tem
em sua rede CAPS II, CAPSi e CAPSad.
Os autores Dobies e Fioroni (2010) e Milioni (2009) afirmam que ate o ano
2000 o Município de São Carlos não oferecia atendimento especializado em Saúde
Mental, como referencia no Município de Araraquara tem o Hospital Psiquiátrico
Caibar Schutel que atendia esta demanda, que com os avanços no tratamento, passou a
ser chamada Casa Caibar Schutel. Como características a coleta de dados de ambos
autores indicaram a falta constante de profissionais especializados, psiquiatras,
enfermeiros para atendimento psiquiátrico, espaços físicos de acolhimento, ala e leitos
hospitalares, psicólogos e etc.:

O plano da diretoria prevê que a Casa Cairbar assuma os serviços do RAPS


municipal (Rede de Atenção Psicossocial). Dessa forma, os profissionais
ligados à entidade prestariam todos os atendimentos municipais relacionados
à saúde mental, incluindo a emergência 24 horas e o CAPS/AD, que cuida
dos dependentes de drogas e álcool e também se propõe a acolher os
moradores de rua (Hospital Psiquiátrico Caibar Schutel (2016) citado por
Dobies e Fioroni, 2010, p. 16) .

Posteriormente após intensa articulação politicas e vários atores criou-se em


Marco de 2002 o CAPS São Carlos-SP, e foi de fundamental importância a contribuição
da Universidade Federal de São Carlos através dos seus projetos de extensão que
integraram pesquisa e ensino e com parceria entre os Departamentos de Terapia
Ocupacional e Psicologia (MILIONI, 2009).
Dobies e Fioroni (2010) complementa que a partir do ano de 2002 deu-se as
seguintes alterações:
 Implantacao de serviços específicos de saúde mental;
 Implantação de um CAPS/NAPS em cada regional de saúde para atender todas
as pessoas que demandassem atenção em saúde mental ( o município possui 5
regionais).
 Implantação de um CAPS II, que se deu em março de 2002
 Implantado em 2006 do CAPSad para pacientes de até 18 anos em uso
problemático de álcool e/ou drogas cuja demanda veio do Conselho de Infância
e Juventude;
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 Ambulatório de Psiquiatria e Psicologia Infantil na Unidade Saúde-Escola da


UFSCar;
 Na rede básica, tem-se atendimento de psicólogos, psiquiatras e não há
neurologista (ainda em baixo numero de profissionais);
 Há ainda profissionais de saúde mental inseridos no Hospital-Escola Municipal,
no Ambulatório Oncológico e no Ambulatório de DST/AIDS;
 O hospital psiquiátrico de referência continua sendo a Casa Caibar Schutel;

Quando à demanda judicial para internação compulsória o Município arca com


os valores de internação em clinicas particulares por ate 3 meses, segundo o processo de
judicialização da saúde, ou seja, familiares recorrem à internações compulsórios por
meio judicial (mesmo que o paciente também possua plano de saúde particular ou
quando há insatisfação por parte do atendimento considerando-o insuficiente):

De acordo com a legislação vigente a favor dos direitos do portador de


transtornos mentais, a internação deve ocorrer sempre mediante apresentação
de laudo médico que caracterize sua necessidade. A política do governo é da
mudança do modelo hospitalocêntrico para um modelo baseado na
excepcionalidade da internação e na prevalência da assistência extra-
hospitalar. No entanto, é justamente o contrário que vem ocorrendo, talvez
porque os serviços ofertados pela rede pública municipal e que foram mais
acessados pelos usuários de crack e/ou similares foram os de atenção à saúde,
não necessariamente voltados ao tratamento da dependência química, dados
encontrados também pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na Pesquisa
Nacional sobre o Uso de Crack (ROBBA, 2017).

Trata-se uma transferência de poder politico, social ou moral o qual é decidido


pelo poder judiciário. Constantemente observam-se debates acirrados onde o poder
judiciário obriga o poder público a arcar com tratamento, medicamentos de
determinando paciente, quando o seu plano de saúde recusa, mesmo que essa
necessidade fuja do contrato e sobrecarregue o SUS, remédios de esquizofrenia
determinados pelo neurologista ou psiquiatra, por exemplo:

Dados do Ministério da Saúde demonstram que, entre os anos de 2010 e


2014, os custos com a judicialização da saúde aumentaram 500% e, somente
em 2014, os gastos da União com ações judiciais superaram 838 milhões de
reais. Em 2009, foram propostas 10.486 ações judiciais contra a União para
obtenção de algum tipo de assistência à saude. Esse número cresceu 491%
em 5 anos, atingindo 62.020 ações judiciais em 2014, sendo que a maioria
dessas demandas esta relacionada ao acesso de medicamentos (ROBBA,
2017, p. 38).
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Na figura 05, tem-se a estrutura de funcionamento do Município de rede de apoio do


CAPS:

Figura 05. Funcionamento do CAPS

Atendimento em grupo;

Práticas corporais;
Práticas expressivas e comunicativas;
Atendimento para a família;
Atendimento domiciliar;
Ações de reabilitação psicossocial;
Promoção de contratualidade;

Fortalecimento do protagonismo de
usuários e familiares;
Ações de articulação de redes intra e inter-
setoriais.
FONTE: BRASIL (2005, P. 40; DOBIES; FIORONI (2010)

Os pacientes chegam ao CAPS a partir do encaminhamento da rede básica e/ou


UPA, nos casos extremos oferece-se um trabalho multidisciplinar, em conjunto com a
família e apoio da rede básica, são acolhidas e inicia-se o processo de trabalho:
oferecimento de consultas com psiquiatras, terapia com psicólogos, atividades diversas
voltadas à economia solidaria (projetos de parceria coma UFSCAR e USE),
fortalecimento do elo familiar.
No CAPSi, tem-se encaminhamentos por parte do Secretaria de Infância e
Juventude, Conselho Tutelar e Judiciário, uma vez que são crianças e adolescente em
risco e devem necessariamente envolver a participação da família.

A Coordenadoria de Cursos e Atividades de Extensão e a Coordenadoria de


Eventos Culturais assessoram a Pró-Reitoria na proposição e na gestão dos
projetos de extensão e dos projetos artístico-culturais, que contam com o
Programa Especial de Atividades de Extensão e com o Programa Especial de
Atividades Culturais para seu financiamento e concessão de bolsas de
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extensão. O trabalho da Coordenadoria de Projetos Especiais está centrado no


processo de avaliação da atuação extensionista da Universidade.

O trabalho desenvolvido na UFSCAR (2019) além de promover o


compartilhamento de saberes à comunidade escolar, estende-se através dos Núcleos de
Extensão (UFSCar-Cidadania, UFSCar-Empresa, UFSCar-Escola, UFSCar-Município,
UFSCar-Saúde e UFSCar-Sindicato) à comunidade são carlence, diferentes oficinas
visando qualificação, capacitação, melhoria da qualidade de vida, fortalecimento em
saúde física e mental, bem como instrumentação para ter uma vida melhor, com mais
informações e conhecimentos, ou seja, projetos interdisciplinares e oficinas de
capacitação (UFSCAR, 2019)

2.3 Práticas integrativas em Saúde Mental

Com relação as atividades integrativas, evidencia-se ações multidisciplinar e em


diferentes instituições no município de São Carlos, correlacionam-se aos projetos do
NÚCLEO UFSCAR-SAÚDE - NUSAU.
A seguir serão apresentadas algumas oficinais Núcleos de Extensão (UFSCar-
Cidadania, UFSCar-Empresa, UFSCar-Escola, UFSCar-Município, UFSCar-Saúde e
UFSCar-Sindicato). Na Figura 06, apresentam-se o trabalho em parceria com
Universidade de São Carlos, junto aos Departamentos de Enfermagem, bem como o de
Terapia Ocupacional, que através de ações promovem estratégias e orientações visando
a socialização, habilidades sociais e interpessoais, bem como troca de experiência de
forma humanizada e qualificada:

Figura 06. Oficina terapêutica sócio-cultural no Centro de Atenção Psicossocial -


Álcool e Outras Drogas (CAPS-AD)
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FONTE: UFSCAR (2019)

Neste programa observa-se a participação dos pacientes nas oficinas


terapêuticas, através de intervenções terapêuticas que promovem aos usuários de álcool
e outras drogas a socialização e reabilitação psicossocial, através de atividades que
ajudam apreender o sujeito em sua subjetividade e singularidade. O objetivo deste
projeto é desenvolver atividades socioculturais e terapêuticas junto aos usuários de
substâncias psicoativas do Centro de Atenção Psicossocial - álcool e drogas (CAPS-ad).
São semanais e podem durar o dia todo. Outro exemplo de projeto em saúde mental
apresenta-se na figura 07:

Figura 07: Oficina de orientação para profissionais da área de saúde metal para
comunidade interna e externa
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FONTE: UFSCAR (2019)

Neste projeto, observa-se a possibilidade de troca de experiências , aprendizado


e desenvolvimento de habilidades no atendimento à população em atendimento na área
de Saúde Mental. O projeto a seguir tratou-se sobre a reabilitação psicossocial de
pacientes com transtornos mentais, o mesmo já encerrado e oferecido pelo
Departamento de Psicologia. Buscou através de sua oficina capacitar pacientes com
transtorno psiquiátricos para voltar a viver em comunidade, em sociedade de forma
qualificada e eficiente. Houve orientação para os picos de urgência e emergência.

Figura 08. Oficina de reabilitação de pacientes com transtornos mentais


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FONTE: UFSCAR (2019)

Compreendendo a importância das oficinas de capacitação, bem como o papel


ativo da UFSCAR de compartilhar sabes, Detomini e Bellenzani (2015) reforçam que
nos últimos 30 anos houve importantes avanços no atendimento e socialização dos
pacientes com transtornos mentais como direito a liberdade, reinserção social,
humanização dos cuidados e resgate da cidadania, por exemplo. Por sua vez, hoje se
tem o CAPS, serviço oferecidos pelos municípios em todo o pais:

Estratégicos, são locais de referência e tratamento para pessoas que sofrem


com transtornos mentais graves e/ou persistentes que justifiquem sua
freqüência num serviço de cuidado intensivo, comunitário, personalizado e
promotor de vida. A formação de espaços coletivos para o exercício da
participação social, além de possibilitar a restauração dos laços sociais dos
usuários, representa oportunidades de as ações transcenderem as dimensões
técnicas e ganharem um sentido verdadeiramente terapêutico
(DETOMINI, BELLENZANI, 2015, P. 662).

Neste contexto os profissionais do CAPS podem identificar os seguintes


aspectos dos pacientes assistidos:
 Espaço de participação dos usuários;
 Práticas assistenciais grupais;
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 Troca de idéia, espaço de abertura ao diálogo, investigação e definição das


prioridades para cada paciente;
 Instrumentos para superação do desamparo após institucionalização;
 Apoio familiar;
 Apoio assistencial e encaminhamento à diferentes profissionais médicos,
psicólogos ou mesmo assistentes sociais)
 Relações Sociais;
 Déficits afetivos;
 Déficits sociais;
 Preconceito;
 Discriminação;

Neste contexto, como rotina o paciente inserido no CAPS deve aceitar o


tratamento o qual se caracteriza pela realização de algumas obrigações:
 E quanto às principais criticas: numero insuficiente de profissionais, baixa
qualidade da alimentação oferecida (marmitas), uma vez que se o paciente
participa das atividades no período de 4 horas, recebe uma marmita, se ele
permanece 8 horas, recebe 2 marmitas.
 Correlacionar a participação ativa durante o período que esta no CAPS, ai tem
acesso á alimentação;
 Falta de oficinas terapêuticas diversificadas;
 Falta de profissionais qualificados para as oficias terapêuticas (musica,
artesanato, culinária, economia solidaria, reforço escolar, hora da cotação de
historias e leitura e etc), de acordo com Detomini e Bellenzani (2015)

Se medidas não forem tomadas para que os usuários vivenciem as mudanças


a partir de suas reivindicações, os espaços de conversação criados estarão sob
o risco de perderem seu prestígio e legitimidade, ou seja, seu valor simbólico
na instituição. Se “nada melhora”, a partir desses espaços, o que os manteria
vigorosos? Outro desafio é integrar as conversas pessoais – o enfoque
terapêutico – com as demandas coletivas – o enfoque político-participativo –
sem que as atividades se transformem em “ouvidoria” ou “serviço de
reclamação” (DETOMINI; BELLENZANI, 2015, p. 669)

Para Brasil (2015) é essencial que os CAPS ofereçam no mínimo, com os seguintes
ambientes:
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 Espaço de acolhimento: local onde acontece o primeiro contato do usuário e/ou


seus familiares/acompanhantes e a unidade. Possuiu aparência acolhedora,
acessível, com sofás, poltronas, cadeiras para comportar as pessoas que chegam
à unidade, mesas para a recepção. A sala de arquivo deverá ficar de fácil acesso
à equipe.
 Salas de atendimento individualizado: acolhimento, consultas, entrevistas,
terapias, orientações. Um espaço acolhedor que garanta privacidade para
usuários e familiares nos atendimentos realizados pela equipe multiprofissional.
Nesta sala estarão o(s) profissional(is) da equipe do CAPS, o usuário e/ou
familiar(es) ou acompanhante para as avaliações clínicas e psiquiátricas.
 Salas de atividades coletivas: espaço para atendimentos em grupos, e para o
desenvolvimento de práticas corporais, expressivas e comunicativa, ou seja, um
espaço que contemple atividades para várias pessoas de forma coletiva. É
importante que a disposição dos móveis seja flexível permitindo a formação de
rodas, minigrupos, fileiras, espaço livre etc. Poderá contar com equipamentos de
projeção, TV, DVD, armário para recursos terapêuticos, pia para higienização
das mãos e manipulação de materiais diversos.
 Espaço interno de convivência: refere-se ao espaço de encontros de usuários,
familiares e profissionais do CAPS, assim como de visitantes, profissionais ou
pessoas das instituições do território, que promova a circulação de pessoas, a
troca de experiência, bate-papos, realização de saraus e outros momentos
culturais. Este deve ser um ambiente atrativo e aprazível que permita encontros
informais.
 Sanitários públicos: adaptados para pessoas com necessidades especiais: deverão
ter, no mínimo, dois banheiros, um feminino e um masculino, ambos com
adaptação para pessoas com deficiência. O número de sanitários deverá ser
adequado ao fluxo de pessoas.
 Posto de enfermagem: espaços de trabalho da equipe técnica para execução de
atividades técnicas específicas e administrativas, com bancada, piam, armários e
mesa com computador. É desejável que seja próximo aos quartos. Farmácia:
espaço climatizado, destinado a programar, receber, estocar, preparar, controlar
e distribuir medicamentos ou afins. Possui pia, armários para armazenamento de
medicamentos e mesa com computador. É interessante que a porta seja do tipo
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guichê, possibilitando assim maior interação entre os profissionais que estão na


sala e os usuários e os familiares. A farmácia destina-se ao armazenamento e à
dispensação de medicamentos exclusivamente para usuários em
acompanhamento no CAPS.
 Sala de aplicação de medicamentos (Sala de medicação): espaço com
bancada para preparo de medicação, espaço para ministrar medicação oral e
endovenosa, pia e armários para armazenamento de medicamentos dispensados
no dia. É interessante que a porta seja do tipo guichê, possibilitando assim maior
interação entre os profissionais que estão na sala, os usuários e os familiares. É
desejável que seja próximo ao posto de enfermagem.
 Quarto coletivo com acomodações individuais (para Acolhimento Noturno
com duas camas), com banheiro contíguo: todos os CAPS poderão ter ao
menos um quarto com duas camas e banheiro para atender usuários que
necessitem de atenção durante 24 horas. Pelo menos um dos quartos com
banheiro deverá ser adaptado para pessoas com deficiência.
 Refeitório: o CAPS deve ter capacidade para oferecer refeições de acordo com
o Projeto Terapêutico Singular de cada usuário. O refeitório deverá permanecer
aberto durante todo o dia, não sendo para uso exclusivo no horário das refeições.
 Cozinha: espaço para preparo, cozimento e manipulação de alimentos, assim
como para realização de ações coletivas com os usuários, contendo pias,
bancadas, fogão, refrigerador e armários. Além do espaço de preparo, a cozinha
será composta de ambientes para higienização, depósito de mantimentos e
depósito de utensílios de cozinha.
 Sala de utilidades: destinada à guarda dos materiais e das roupas utilizadas na
assistência aos usuários do serviço, além de guarda temporária de resíduos.
 Área de serviços: ambiente destinado à limpeza dos materiais e das roupas
utilizadas na assistência aos usuários do serviço. Poderá ter tanque de lavagem,
lavadora de roupas e espaço para secagem. Também poderá, oportunamente, ser
utilizado pelos usuários do serviço.
 Depósito de material de limpeza (DML): sala destinada à guarda de aparelhos,
utensílios e materiais de limpeza, dotado de tanque de lavagem.
 Rouparia: espaço pequeno, com armário ou recipientes que separem as roupas
limpas das sujas. Não será usado para descarte de material contaminado.
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 Área externa de convivência: área aberta, de circulação de pessoas, com


espaços para ações coletivas (reuniões, oficinas, ações culturais e comunitárias
etc.) e individuais (descanso, leitura), ou simplesmente um espaço arejado no
qual os usuários e/ou os familiares possam compartilhar momentos em grupo ou
sozinhos, projetado como espaço de conviver. Pode ser um gramado, uma
varanda, semelhante a uma praça pública, com bancos, jardins, redes, de acordo
com os contextos socioculturais etc.

Logo, pode-se afirmar que através do Ministério da Saúde, exige-se uma


estrutura, com numero de diferentes profissionais, para atender de forma integral o
paciente e seus familiares, diante dos mais diferentes transtornos e agravos.
Com relação às práticas integrativas Carvalho e Nobrega (2017) afirma que se
fazem presentes e necessárias o uso de oficiais de saúde, com foco na Atenção Básica
(AB). Em 2011 institui-se a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) no SUS por meio da
Portaria 3.088, com a finalidade de criar, ampliar e articular os pontos de atenção à
saúde para o atendimento de pessoas com sofrimento mental e/ou uso de crack, álcool e
outras drogas:

A articulação entre SM e AB é capaz de possibilitar a construção de um


projeto terapêutico que ofereça cuidado integral ao indivíduo, sendo esse um
dos princípios do SUS. Dentro disso, o acolhimento e o vínculo são
considerados os componentes principais de cuidado à SM na ESF por serem
os meios por onde o cuidado se torna transversal (CARVALHO;
NOBREGA, 2017, p. 02)

Como exemplo de oficinas tem-se: Medicina Tradicional Chinesa, Acupuntura ,


Crenoterapia, Termalismo Social, Plantas Medicinais, Homeopatia, Aromaterapia,
Terapia pela Cor, Cromoterapia, Terapia Floral, Hidroterapia, Massoterapia, Meditação,
Musicoterapia, Reflexoterapia e Reflexologia. Por sua vez é necessário a capacitação do
profissional, para oferecer esta oficina umas destas oficinas de acordo com
CARVALHO; NOBREGA ( 2017).
No Caps AD de São Carlos (Botafogo) pode-se observar o cronograma de ofinas
oferecidas:
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Figura 09. Praticas integrativas São Carlos – SP

FONTE: PMSC (2019)

Observam-se a existência e oferecimento das seguintes práticas integrativas:

 Psicólogo (roda de conversa);


 Interação tecnológica (Protejo de extensão UFSCAR);
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 Psicólogo (terapia familiar);


 Horta orgânica (economia solidaria – terapia ocupacional);
 Oficina de atualidades (psicólogo);
 Oficina de autocuidado (psicólogos);
 Grupo de mulheres (enfermagem);
 Expressão corporal (psicóloga);
 Oficina terapêutica (alunos estágios UNICEP disciplina saúde mental);
 Oficina de musica;
 Terapia em grupo álcool e drogas (psicólogo);
 Yoga (educador físico);
 Oficina sócio cultural (Protejo de extensão UFSCAR);
 Oficina de trabalho
 Oficina de recaída – psicólogos;

Pode-se identificar que há uma estrutura ativa, com poucos profissionais, porem,
que através de suas área de formação e habilidades contribuem para melhora do
paciente, participação do tratamento, bem como instrumenta-lo para viver em sociedade
e não ter recaída. Enfatiza-se a importância da UFSCAR, que através dos projetos de
Extensão auxilia os pacientes, bem como, capacita profissionais:

O objetivo deste projeto é desenvolver atividades socioculturais e


terapêuticas junto aos usuários de substâncias psicoativas do Centro de
Atenção Psicossocial - álcool e drogas (CAPS-ad).Metodologicamente, o
projeto consistirá em atividades socioculturais e terapêuticas planejadas
juntamente com os usuários do Centro de Atenção Psicossocial - álcool e
outras drogas (CAPS-ad), de acordo com as necessidades deles.As estratégias
de abordagem para as atividades consistirão de dinâmicas, atividades de
lazer, culinária, jogos terapêuticos, discussão de temas específicos (por
exemplo: identificação de situações de alto risco para uso de substâncias
psicoativas; estratégias de enfrentamento e habilidades pessoais e
intrapessoais para prevenção de lapsos e recaídas; redução de danos,
relacionamentos interpessoais/familiares; motivação interna e externa entre
outros), utilização de filmes para discussão de temas (UFSCAR, 2019, p. 01).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Evidencia-se que existe um trabalho de atenção psicossocial e cuidado com a


pessoa com sofrimento psíquico, mental ou por excesso de drogas e álcool, porem,
questões como baixo salario, excesso de pacientes levam a desistência e constante
demissão de especialistas, o que acarreta prejuízos físicos e emocionais aos pacientes,
pois não há continuidade. Em linhas gerais a equipe dos CAPS AD e CAPSi, buscam
realizar um excelente trabalho, assistem, apoio, auxiliam familiares, encaminham para
UPA ou Santa Casa nos casos de surto e risco de vida (suicídio), mas há muito em que
se investir e fazer.
Com relação às Práticas Integrativas e Complementares no SUS e, especialmente, sua
aplicabilidade em demandas no âmbito da Saúde Mental na Atenção Básica, evidencia-se a
falta de profissionais bem como o oferecimento e facilitação para os funcionários dos CAPS de
obter capacitação em diferentes modalidades e poder integrar nos serviços oferecidos pelos
SUS.
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REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de


Atenção Especializada e Temática. Centros de Atenção Psicossocial e Unidades de
Acolhimento como lugares da atenção psicossocial nos territórios : orientações
para elaboração de projetos de construção, reforma e ampliação de CAPS e de UA.
– Brasília : Ministério da Saúde, 2015.

BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de


Atenção Básica. Saúde mental, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. –
Brasília : Ministério da Saúde (Cadernos de Atenção Básica, n. 34), 2013

CARVALHO, J.L.S.; NÓBREGA, M.P.S.S.; Práticas integrativas e complementares


como recurso de saúde mental na Atenção Básica. Rev Gaúcha Enferm.
2017;38(4):e2017-0014

DETOMINI, V.C.; BELLENZANI, R.; Construindo a participação social junto a


usuários de um grupo de apoio: desafios para a qualificação da atenção em um
Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Cad. Ter. Ocup. UFSCar, São Carlos, v. 23,
n. 3, p. 661-672, 2015

DOBIES, D.V.; FIORONI, L.N.; A assistência em saúde mental no município de São


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