O documento discute a Reforma Psiquiátrica Brasileira iniciada nos anos 1970 e seus principais avanços, como a criação dos CAPS e a Lei 10.216/01. Ele também descreve o papel estratégico dos CAPS na organização da rede de atenção à saúde mental e sua articulação com a Atenção Primária.
O documento discute a Reforma Psiquiátrica Brasileira iniciada nos anos 1970 e seus principais avanços, como a criação dos CAPS e a Lei 10.216/01. Ele também descreve o papel estratégico dos CAPS na organização da rede de atenção à saúde mental e sua articulação com a Atenção Primária.
O documento discute a Reforma Psiquiátrica Brasileira iniciada nos anos 1970 e seus principais avanços, como a criação dos CAPS e a Lei 10.216/01. Ele também descreve o papel estratégico dos CAPS na organização da rede de atenção à saúde mental e sua articulação com a Atenção Primária.
Iniciada no fim dos anos de 1970, está ligada historicamente à Reforma Sanitária, mas, tem suas raízes em Basaglia, na Itália; Seu início se deu com as críticas ao modelo hospitalocêntrico, aos maus tratos sofridos, à hegemonia do saber psiquiátrico, ao mercado que havia por detrás de cada ser humano ali depositado; Alguns frutos: CAPS, Lei 10.216/01 (aprovada 12 anos depois); REFORMAPSIQUIÁTRICA BRASILEIRA A lei 10.216/01 é um importante salto na expansão da proposta da Reforma;
A proposta da Reforma é desistitucionalizar, sem, no
entanto, desospitalizar;
Sai da lógica hospitalocêntrica para a lógica de serviços
abertos, promovendo a reinserção social da loucura e com isto, promover autonomia e cuidado digno ao portador de sofrimento psíquico. ALGUMAS FORMAS DE DESINSTITUCIONALIZAR... Redução e fechamento de leitos nos hospitais psiquiátricos;
Fechamento dos próprios hospitais psiquiátricos;
Residências Terapêuticas;
Programa de Volta para Casa;
A REDE DE CUIDADOS NA COMUNIDADE A atenção à saúde mental está atrelada ao SUS;
O SUS regula e organiza em todo o território nacional as
ações e serviços de saúde de forma regionalizada e hierarquizada, em níveis de complexidade crescente, tendo direção única em cada esfera de governo: federal, estadual e municipal ( SOUZA, 2006). São princípios norteadores do SUS: universalidade (acesso universal e gratuito), integralidade ( as ações devem estar integradas em todos os níveis de complexidade), equidade ( sem que haja precoceito ou privilégios) ;descentralização político-administrativa; participação e controle social. PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA REDE Compartilhando destes princípios, a rede de atenção à saúde mental, composta por Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), Centros de Convivência, Ambulatórios de Saúde Mental e Hospitais Gerais, caracteriza-se por ser essencialmente pública, de base municipal e com um controle social fiscalizador e gestor no processo de consolidação da Reforma Psiquiátrica ( SOUZA, 2006). O papel dos Conselhos Municipais, Estaduais e Nacional de Saúde, assim como das Conferências de Saúde Mental, é por excelência garantir a participação dos trabalhadores, usuários de saúde mental e seus familiares nos processos de gestão do SUS, favorecendo assim o protagonismo dos usuários na construção de uma rede de atenção à saúde mental ( SOUZA, 2006). REDE E TERRITÓRIO A construção de uma rede de atendimento à saúde mental é de fundamental importância, uma vez que, permite com que os vários serviços ofertados à saúde mental estejam referenciados e permitam um melhor acolhimento ao usuário;
A noção de território, não está ligada a um fator
geográfico, mas, a um fator social e comunitário. È perceber enquanto comunidade as potencialidades, necessidades e vulnerabilidades, para assim atuar e promover ações concretas e assertivas com relação à demanda existente. REDE E TERRITÓRIO Trabalhar no território significa assim resgatar todos os saberes e potencialidades dos recursos da comunidade, construindo coletivamente as soluções, a multiplicidade de trocas entre as pessoas e os cuidados em saúde mental. É a idéia do território, como organizador da rede de atenção à saúde mental, que deve orientar as ações de todos os seus equipamentos ( SOUZA, 2006). O PAPEL ESTRATÉGICO DOS CAPS Foi através do surgimentos dos CAPS que pôde- se estruturar uma realidade de substituinte dos hospitais psiquiátricos;
Trata-se portanto, do principal fruto da Reforma Psiquiátrica Brasileira;
É função dos CAPS prestar atendimento clínico em regime de atenção
diária, evitando assim as internações em hospitais psiquiátricos; promover a inserção social das pessoas com transtornos mentais através de ações intersetoriais; regular a porta de entrada da rede de assistência em saúde mental na sua área de atuação e dar suporte à atenção à saúde mental na rede básica. É função, portanto, e por excelência, dos CAPS organizar a rede de atenção às pessoas com transtornos mentais nos municípios. Os CAPS são os articuladores estratégicos desta rede e da política de saúde mental num determinado território ( SOUZA, 2006). O PAPEL ESTRATÉGICO DOS CAPS Os CAPS devem funcionar como substitutivos e não como complementares aos hospitais psiquiátricos; È finalidade dos CAPS promover a autonomia do sujeito portador de sofrimento psíquico, tornando-se assim, protagonista de sua própria história. Os CAPS se diferenciam pelo porte, atendimentos ao tipo de usuário e funcionamento; O PAPEL ESTRATÉGICO DOS CAPS São eles: CAPS I; CAPS II; CAPS III; CAPSi e CAPSad.
Os CAPS I são os Centros de Atenção Psicossocial de menor
porte, capazes de oferecer uma resposta efetiva às demandas de saúde mental em municípios com população entre 20.000 e 50.000 habitantes - cerca de 19% dos municípios brasileiros, onde residem por volta de 17% da população do país. Estes serviços têm equipe mínima de 9 profissionais, entre profissionais de nível médio e nível superior, e têm como clientela adultos com transtornos mentais severos e persistentes e transtornos decorrentes do uso de álcool e outras drogas. Funcionam durante os cinco dias úteis da semana, e têm capacidade para o acompanhamento de cerca de 240 pessoas por mês ( SOUZA, 2006). O PAPEL ESTRATÉGICO DOS CAPS Os CAPS II são serviços de médio porte, e dão cobertura a municípios com mais de 50.000 habitantes - cerca de 10% dos municípios brasileiros, onde residem cerca de 65% da população brasileira. A clientela típica destes serviços é de adultos com transtornos mentais severos e persistentes. Os CAPS II têm equipe mínima de 12 profissionais, entre profissionais de nível médio e nível superior, e capacidade para o acompanhamento de cerca de 360 pessoas por mês. Funcionam durante os cinco dias úteis da semana ( SOUZA, 2006). O PAPEL ESTRATÉGICO DOS CAPS Os CAPS III são os serviços de maior porte da rede CAPS. Previstos para dar cobertura aos municípios com mais de 200.000 habitantes, os CAPS III estão presentes hoje, em sua maioria, nas grandes metrópoles brasileiras – os municípios com mais de 500.000 habitantes representam apenas 0,63 % por cento dos municípios do país, mas concentram boa parte da população brasileira, cerca de 29% da população total do país. Os CAPS III são serviços de grande complexidade, uma vez que funcionam durante 24 horas em todos os dias da semana e em feriados. Com no máximo cinco leitos, o CAPS III realiza, quando necessário, acolhimento noturno (internações curtas, de algumas horas a no máximo 7 dias). A equipe mínima para estes serviços deve contar com 16 profissionais, entre os profissionais de nível médio e superior, além de equipe noturna e de final de semana. Estes serviços têm capacidade para realizar o acompanhamento de cerca de 450 pessoas por mês ( SOUZA, 2006). O PAPEL ESTRATÉGICO DOS CAPS Os CAPSi, especializados no atendimento de crianças e adolescentes com transtornos mentais, são equipamentos geralmente necessários para dar resposta à demanda em saúde mental em municípios com mais de 200.000 habitantes. Funcionam durante os cinco dias úteis da semana, e têm capacidade para realizar o acompanhamento de cerca de 180 crianças e adolescentes por mês. A equipe mínima para estes serviços é de 11 profissionais de nível médio e superior ( SOUZA, 2006). O PAPEL ESTRATÉGICO DOS CAPS Os CAPSad, especializados no atendimento de pessoas que fazem uso prejudicial de álcool e outras drogas, são equipamentos previstos para cidades com mais de 200.000 habitantes, ou cidades que, por sua localização geográfica (municípios de fronteira, ou parte de rota de tráfico de drogas) ou cenários epidemiológicos importantes, necessitem deste serviço para dar resposta efetiva às demandas de saúde mental. Funcionam durante os cinco dias úteis da semana, e têm capacidade para realizar o acompanhamento de cerca de 240 pessoas por mês. A equipe mínima prevista para os CAPSad é composta por 13 profissionais de nível médio e superior ( SOUZA, 2006). A estruturação e implantação dos CAPS depende do perfil populacional dos municípios;
O critério populacional, no entanto, deve ser
compreendido apenas como um orientador para o planejamento das ações de saúde. De fato, é o gestor local, articulado com as outras instâncias de gestão do SUS, que terá as condições mais adequadas para definir os equipamentos que melhor respondem às demandas de saúde mental de seu município ( SOUZA, 2006). SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: ARTICULAÇÃO COM O PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA
Atendendo ao compromisso da integralidade da atenção
à saúde, o Programa Saúde da Família (PSF), criado na década de 90, vem investindo na promoção da saúde da população e na prevenção de doenças, alcançando resultados importantes para a saúde coletiva ( SOUZA, 2006). Essa proximidade às famílias permite com que sejam detectados problemas como o crescente número de usuários de álcool e outras drogas e pessoas com algum nível de sofrimento psíquico; SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: ARTICULAÇÃO COM O PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA A atenção básica quando fortalecida pode dar conta destes casos e neste sentido promover todas as ações sustentadas pelo SUS. Afinal, grande parte das pessoas com transtornos mentais leves ou severos está sendo efetivamente atendida pelas equipes de Atenção Básica nos grandes e pequenos municípios. Assumir este compromisso é uma forma de responsabilização em relação à produção da saúde, à busca da eficácia das práticas e à promoção de eqüidade, da integralidade e da cidadania num sentido mais amplo, especialmente em relação aos pequenos municípios ( grande maioria dos municípios brasileiros ), onde não é necessária a implantação de Centros de Atenção Psicossocial ( SOUZA, 2006). SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: ARTICULAÇÃO COM O PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA
Uma estratégia interessante de apoio à rede de Atenção
Básica é, que em municípios com menos de 20.000 habitantes, cerca de 70% dos municípios brasileiros ( SOUZA, 2006), a rede de cuidado em saúde mental seja estruturada a partir da Atenção Básica;
Assim, pequenas equipes de saúde mental passam a dar
apoio matricial às equipes de Atenção Básica ( SOUZA, 2006). SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: ARTICULAÇÃO COM O PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA
Que vem promover uma co-responsabilidade nos casos
atendidos, permitindo a redução de encaminhamentos, aumentando assim a capacidade resolutiva de problemas pela equipe local, trata-se também de uma forma de capacitação e supervisão.
Nos municípios maiores a lógica do apoio matricial
também ocorre; A REDE DE SAÚDE MENTAL PARA CRIANÇA E ADOLESCENTE Durante muitos anos no Brasil, as atuações frente à saúde mental de crianças e adolescentes esteve ligadas à ações filantrópicas ou de cunho privado;
A partir do ECA as noções de saúde como direito foram
ampliando as ações governamentais em prol das crianças e dos adolescentes;
Com o aumento dos CAPSi a atenção à saúde mental da
criança e do adolescente também se configurou; SAÚDE MENTAL E INCLUSÃO SOCIAL: A REDE SE AMPLIA Uma das maiores dificuldades enfrentadas pela proposta da Reforma, é de fato reinserir o portador de sofrimento psíquico dentro da lógica trabalhista de modo que permita com que este se torne um sujeito autônomo;
Apesar de haverem incentivos e muitas cooperativas,
associações e oficinas para a geração de renda; SAÚDE MENTAL E INCLUSÃO SOCIAL: A REDE SE AMPLIA È nesse contexto que surge o Economia Solidária como movimento de luta contra a exclusão social e econômica, surge como parceiro natural para a discussão da exclusão das pessoas com transtornos mentais do mercado de trabalho ( SOUZA, 2006). Como horizonte da Economia Solidária está a instauração da solidariedade como norma social e a construção de empreendimentos coletivos e autogestionários como resposta à exclusão do mercado. É através de um diálogo permanente entre os campos da saúde mental e da economia solidária que o Programa de Inclusão Social pelo Trabalho das pessoas com transtornos mentais e transtornos decorrentes do uso de álcool e outras drogas começa a ser delineado ( SOUZA, 2006). CENTROS DE CONVIVÊNCIA E CULTURA: UMA PROPOSTA DE DEBATE São dispositivos públicos que fazem parte da rede de substitutos dos hospitais psiquiátricos, mas tem um caráter cultural e não voltado à saúde;
São centros de convivência e cultura que oferece ao
portador de sofrimento psíquico um espaço de sociabilização; A PARTICIPAÇÃO DOS FAMILIARES E USUÁRIOS DO SERVIÇOS E SEU PROTAGONISMO Hoje, em quase todos os estados do país, existem associações de usuários e familiares de saúde mental ( SOUZA, 2006). A participação popular é prevista como papel estruturante do SUS e seus serviços, entretanto, esta não pode se dar somente por meio legal, mas, deve, inclusive, ser algo natural para os usuários e familiares no dia a dia. Trata-se de uma forma de empoderamento e participação social por todas as vias. A POLÍTICA DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS A saúde pública brasileira nem sempre se ocupou como deveria com a problemática do consumo de álcool e outras drogas;
A falta de cuidados pelo Estado, gerou o que hoje temos
que são propostas de ações puramente médicas e outras de cunho religioso. O que não são de todas ruins porque pôde suprir; A POLÍTICA DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS As implicações sociais, psicológicas, econômicas e políticas do uso de drogas não são consideradas na compreensão global do problema e a percepção distorcida da realidade do uso de álcool e outras drogas acabou por promover a disseminação de uma cultura que associa o uso de drogas à criminalidade e que combate substâncias que são inertes por natureza, fazendo que o indivíduo e o seu meio de convívio fiquem aparentemente relegados a um plano menos importante ( SOUZA, 2006). Em 2002, é implementado o Programa Nacional de Atenção Comunitária Integrada aos Usuários de Álcool e Outras Drogas;
Reconhecendo o problema do uso prejudicial de
substâncias como importante problema da saúde pública e construindo uma política pública específica para a atenção às pessoas que fazem uso de álcool ou outras drogas, situada no campo da saúde mental, e tendo como estratégia a ampliação do acesso ao tratamento, a compreensão integral e dinâmica do problema, a promoção dos direitos e a abordagem de redução de danos ( SOUZA, 2006). ORGANIZAÇÃO DA REDE DE ATENÇÃO Os CAPSad são uma resposta do governo frente as necessidades de atenção aos usuários das drogas;
De fato, o desenvolvimento de ações de atenção integral
ao uso de Álcool e drogas deve ser planejado de forma a considerar toda a problemática envolvida no cenário do consumo de drogas ( SOUZA, 2006). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SOUZA, M. E, S. Atenção em Saúde Mental. Minas Gerais. Secretaria do Estado de Saúde. Belo Horizonte. 2006.
Manhãs de Propósito: Um ritual matinal simples pra você fazer em qualquer lugar do mundo, aumentando a produtividade, diminuindo a ansiedade e melhorando a saúde