Você está na página 1de 5

UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP

Professora: Railda Barreto


Alunas: Euka Villas Bôas, Fernanda Bianchi e Líllia Silva.

CAPS

O QUE É O “CAPS”?
Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) nas suas diferentes
modalidades são pontos de atenção estratégicos da RAPS. Serviços de
saúde de caráter aberto e comunitário constituído por equipe multiprofissional.

QUEM PODE SER ATENDIDO NOS CAPS?


As pessoas atendidas nos CAPS são aquelas que apresentam intenso
sofrimento psíquico, que lhes impossibilita de viver e realizar seus projetos de
vida. São, preferencialmente, pessoas com transtornos mentais severos e/ou
persistentes, ou seja, pessoas com grave comprometimento psíquico,
incluindo os transtornos relacionados às substâncias psicoativas (álcool e
outras drogas) e também crianças e adolescentes com transtornos mentais. O
importante é que essas pessoas saibam que podem ser atendidas e saibam o
que são e o que fazem os CAPS.

QUAIS AS PESSOAS QUE TRABALHAM NO CAPS?

Os profissionais que trabalham nos CAPS possuem diversas formações


e integram uma equipe multiprofissional. É um grupo de diferentes técnicos de
nível superior e de nível médio. Os profissionais de nível superior são:
enfermeiros, médicos, psicólogos, assistentes sociais, terapeutas
ocupacionais, pedagogos, professores de educação física ou outros
necessários para as atividades oferecidas nos CAPS. Auxiliares de
enfermagem, técnicos administrativos, educadores e artesãos. Os CAPS
contam ainda com equipes de limpeza e de cozinha. Cada CAPS tem suas
próprias características quanto aos tipos e à quantidade de profissionais.
O CAPS oferece três formas de atendimento:
 Intensivo - oferecido quando a pessoa precisa de atenção contínua;
 Semi-intensivo - quando não é necessário mais a atenção contínua,
porém a pessoa ainda precisa de atenção direta e frequente da equipe;
 Não-intensivo - oferecido para a pessoa que não precisa de suporte
contínuo, podendo ser atendido em até 5 dias no mês. Todas estas
modalidades podem ser domiciliares.

Os CAPS são constituídos por diferentes modalidades, podendo ser:

. CAPS I - Atende todas idades, para transtornos mentais graves e persistentes


e uso de substâncias psicoativas. Atende cidades ou regiões com pelo menos
15 mil habitantes

.CAPSII - Atende a mesma faixa etária e indicação do CAPSI, porém em


cidades ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes

.CAPS AD - Atende álcool e drogas em todas idades e em regiões com pelo


menos 70 mil habitantes

.CAPSIII - Atende todas idades, com 5 vagas de acolhimento noturno e


observação, com transtornos mentais graves e persistentes e uso de
substâncias psicoativas. Atende em cidades e regiões com pelo menos 150 mil
habitantes.

CAPS AD III - Atende todas idades, com 8 a 12 vagas de acolhimento noturno


e observação, 24 horas, transtorno de álcool e drogas em cidades ou regiões
com pelo menos 150 mil habitantes.

CAPS ADIV - Atende todas idades, 24 horas, com serviços de atenção


contínua, como urgência, emergência e leitos de observação, em casos graves
e de intenso sofrimento decorrentes de uso de crack, álcool e outras drogas. É
planejada para cidades com mais de 500.000 habitantes e capitais de estados.
CAPSi- Atende crianças e adolescentes com transtornos mentais graves e uso
de álcool e drogas. Atende regiões com população acima de 150.000
habitantes.

CAPS X MANICÔMIO
Os Centros de Atenção Psicossocial – CAPS como principais
dispositivos de cuidado, substitutivos ao hospício, têm a desinstitucionalização
como desafio central.
O modelo de assistência psiquiátrica predominante até o final da década
de 1970, visava a hospitalização e o asilamento do doente mental, para
assegurar acima de tudo a segurança da ordem moral pública.
Surgem no final da década de 1970, período de repressão e igualmente
de lutas pela democracia, o movimento da Reforma Psiquiátrica e o Movimento
dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM) com o lema “Por uma sociedade
sem manicômios”, com a proposta de desinstitucionalização. Diferente de
outros movimentos que tinham por objetivo transformações de caráter técnico,
o projeto do MSTM assumia uma posição marcada pela crítica ao saber
psiquiátrico, o que delineia os contornos da atual concepção de reforma
psiquiátrica (AMARANTE, 1998).
A luta antimanicomial propiciou a criação da lei 10.216/2001, conhecida
como Lei da Reforma Psiquiátrica, que dispõe sobre a proteção e os direitos
das pessoas com Transtornos Mentais e redireciona o modelo assistencial em
saúde mental antes centralizado no hospital para a rede comunitária.
A legislação juntamente com a criação do SUS, contribuiu para a
ampliação dos serviços substitutivos ao modelo asilar que objetivam se
contrapor às práticas institucionalizantes, dentre eles: os Núcleos de Atenção
Psicossocial –NAPS, os Centros de Atenção Psicossocial – CAPS, os serviços
residenciais terapêuticos, hospitais – dia, o programa “De volta pra casa”, que
visam o cuidado às pessoas com transtorno mental na interlocução
comunidade e família (BRASIL, 2005).
Os CAPS, regulamentados pela portaria 336/GM, de 19 de fevereiro de
2002, são o principal serviço extra-hospitalar, demandado a atender pessoas
com transtorno mental severo e persistente. Tem como objetivo oferecer
atendimento à população de sua área de abrangência, realizando o
acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao
trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares
e comunitários (BRASIL, 2004).
Conforme as diretrizes do Ministério da saúde (2002), esses
equipamentos devem ser substitutivos, e não complementares ao hospital
psiquiátrico. Foram pensados para ser um núcleo de uma nova clínica,
produtora de singularização, que convida o sujeito à responsabilização e
protagonismo durante a trajetória do tratamento. O desenvolvimento de fato
dessas atividades de forma articulada, e a dinâmica que as mesmas tomam
dentro do serviço e refletem na vida dos usuários reapropriando-os de sua
identidade, a valorização do discurso e possibilitando participação e trocas
sociais para fora do CAPS são as possíveis vias para a reabilitação.
O CAPS por si só muitas vezes não é capaz de superar o desejo de
exclusão e aprisionamento, assim apresenta dificuldades na tarefa de garantir
uma relação horizontal e emancipatória com os usuários, isso devido à
sobrecarga do equipamento em atender ao excesso de demanda, juntamente a
isso a centralização da assistência psiquiátrica no dispositivo, a escassez de
recursos, questões administrativas, a dificuldade de comunicação com a
comunidade e demais serviços da rede psicossocial e socioassistencial, dentre
outras implicações (ROSA; VILHENA, 2012).
É importante frisar que há problemas que ultrapassam o campo da
saúde mental, da política pública de saúde. Se referem sobre a deficiência das
políticas públicas de bem estar em proporcionar aos cidadãos acesso a
serviços considerados direitos de todos. A dificuldade na constituição da
cidadania no Brasil não está necessariamente ligada à condição do louco, mas
é uma questão social, visto que uma parcela da população não tem acesso à
condição de vida identificada com a cidadania.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMARANTE, Paulo Duarte de Carvalho. Loucos pela vida: A trajetória da
Reforma Psiquiátrica no Brasil. 2ª edição, FIOCRUZ, Rio de Janeiro, 1998.

BRASIL, Ministério da Saúde. Manual para Centros de Atenção


Psicossocial. Brasília, dezembro de 2002.

BRASIL, Ministério da saúde. Secretaria de atenção à saúde. Saúde mental


no sus: os centros de atenção psicossocial. Brasília, 2004.

BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Coordenação


Geral de Saúde Mental. Reforma psiquiátrica e política de saúde mental no
Brasil. Documento apresentado à Conferência Regional de Reforma dos
Serviços de Saúde Mental: 15 anos depois de Caracas. OPAS. Brasília,
novembro de 2005.

Centro de Atenção Psicosocial- CAPS. Ministério da Saúde


https://www.gov.br/saude/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/caps
Acessado dia 1 de setembro de 2022

ROSA, C. M., VILHENA, J.. Do manicômio ao caps da contenção


(im)piedosa à. responsabilização. Barbarói, Santa Cruz do Sul, n.37, jul./dez.
2012. Acessado em: 02 de Setembro de 2022.

Você também pode gostar