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CAPS
O QUE É O “CAPS”?
Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) nas suas diferentes
modalidades são pontos de atenção estratégicos da RAPS. Serviços de
saúde de caráter aberto e comunitário constituído por equipe multiprofissional.
CAPS X MANICÔMIO
Os Centros de Atenção Psicossocial – CAPS como principais
dispositivos de cuidado, substitutivos ao hospício, têm a desinstitucionalização
como desafio central.
O modelo de assistência psiquiátrica predominante até o final da década
de 1970, visava a hospitalização e o asilamento do doente mental, para
assegurar acima de tudo a segurança da ordem moral pública.
Surgem no final da década de 1970, período de repressão e igualmente
de lutas pela democracia, o movimento da Reforma Psiquiátrica e o Movimento
dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM) com o lema “Por uma sociedade
sem manicômios”, com a proposta de desinstitucionalização. Diferente de
outros movimentos que tinham por objetivo transformações de caráter técnico,
o projeto do MSTM assumia uma posição marcada pela crítica ao saber
psiquiátrico, o que delineia os contornos da atual concepção de reforma
psiquiátrica (AMARANTE, 1998).
A luta antimanicomial propiciou a criação da lei 10.216/2001, conhecida
como Lei da Reforma Psiquiátrica, que dispõe sobre a proteção e os direitos
das pessoas com Transtornos Mentais e redireciona o modelo assistencial em
saúde mental antes centralizado no hospital para a rede comunitária.
A legislação juntamente com a criação do SUS, contribuiu para a
ampliação dos serviços substitutivos ao modelo asilar que objetivam se
contrapor às práticas institucionalizantes, dentre eles: os Núcleos de Atenção
Psicossocial –NAPS, os Centros de Atenção Psicossocial – CAPS, os serviços
residenciais terapêuticos, hospitais – dia, o programa “De volta pra casa”, que
visam o cuidado às pessoas com transtorno mental na interlocução
comunidade e família (BRASIL, 2005).
Os CAPS, regulamentados pela portaria 336/GM, de 19 de fevereiro de
2002, são o principal serviço extra-hospitalar, demandado a atender pessoas
com transtorno mental severo e persistente. Tem como objetivo oferecer
atendimento à população de sua área de abrangência, realizando o
acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao
trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares
e comunitários (BRASIL, 2004).
Conforme as diretrizes do Ministério da saúde (2002), esses
equipamentos devem ser substitutivos, e não complementares ao hospital
psiquiátrico. Foram pensados para ser um núcleo de uma nova clínica,
produtora de singularização, que convida o sujeito à responsabilização e
protagonismo durante a trajetória do tratamento. O desenvolvimento de fato
dessas atividades de forma articulada, e a dinâmica que as mesmas tomam
dentro do serviço e refletem na vida dos usuários reapropriando-os de sua
identidade, a valorização do discurso e possibilitando participação e trocas
sociais para fora do CAPS são as possíveis vias para a reabilitação.
O CAPS por si só muitas vezes não é capaz de superar o desejo de
exclusão e aprisionamento, assim apresenta dificuldades na tarefa de garantir
uma relação horizontal e emancipatória com os usuários, isso devido à
sobrecarga do equipamento em atender ao excesso de demanda, juntamente a
isso a centralização da assistência psiquiátrica no dispositivo, a escassez de
recursos, questões administrativas, a dificuldade de comunicação com a
comunidade e demais serviços da rede psicossocial e socioassistencial, dentre
outras implicações (ROSA; VILHENA, 2012).
É importante frisar que há problemas que ultrapassam o campo da
saúde mental, da política pública de saúde. Se referem sobre a deficiência das
políticas públicas de bem estar em proporcionar aos cidadãos acesso a
serviços considerados direitos de todos. A dificuldade na constituição da
cidadania no Brasil não está necessariamente ligada à condição do louco, mas
é uma questão social, visto que uma parcela da população não tem acesso à
condição de vida identificada com a cidadania.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMARANTE, Paulo Duarte de Carvalho. Loucos pela vida: A trajetória da
Reforma Psiquiátrica no Brasil. 2ª edição, FIOCRUZ, Rio de Janeiro, 1998.