Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo
Este artigo tem como objetivo levantar as ações terapêuticas em saúde mental, que são
realizadas nos Centros De Atenção Psicossocial (CAPS). Para tanto, foi realizada uma pesquisa
bibliográfica. Evidenciando que os CAPS se apresentam como um dispositivo de cuidado,
voltado para a atenção integral ao portador de sofrimento psíquico e diante disso esse
dispositivo utiliza diversos recursos terapêuticos seja no âmbito individual, grupal, familiar,
comunitário para atingir o fim da integralidade na atenção psicossocial, buscando a
reabilitação psicossocial, entendida como uma ação ampliada, que considera a vida em seus
diferentes âmbitos: pessoal, social ou familiar, objetivando, assim, a inserção ou reinserção
deste sujeito na sociedade.
Introdução:
Os Centros de Atenção Psicossociais (CAPS) são serviços de atenção diária em saúde mental,
de caráter substitutivo ao hospital psiquiátrico, que oferecem a seus usuários um programa de
cuidados, elaborado por uma equipe multidisciplinar.
Os CAPS surgem com o objetivo de que o portador de sofrimento psíquico seja visto a partir do
paradigma da reabilitação psicossocial, entendida como um conjunto de ações, que considera
a vida em seus diferentes âmbitos e a produção de sujeitos sociais, de produção de
subjetividades, de espaços de convivência, de sociabilidade, de solidariedade e de inclusão.
O CAPS trabalha com a lógica da equipe multiprofissional e as atividades que contribuam para
o desenvolvimento global do sujeito, oferecendo atendimentos em grupos e individuais,
oficinas terapêuticas e de criação, atividades físicas, atividades lúdicas, arteterapia, além da
medicação, que antes era considerada a principal forma de tratamento. Também nesse serviço
a família é considerada como parte fundamental do tratamento.
CAPS I - Atende pessoas com sofrimento e/ou transtornos mentais graves e persistentes e
também com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas de todas as
faixas etárias; indicado para municípios com população acima de vinte mil habitantes;
CAPS II - Atende pessoas com sofrimento e/ou transtornos mentais graves e persistentes,
podendo também atender pessoas com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e
outras drogas, conforme a organização da rede de saúde local; indicado para municípios com
população acima de setenta mil habitantes;
CAPS III - Atende pessoas com sofrimento e/ou transtornos mentais graves e persistentes.
Proporciona serviços de atenção contínua, com funcionamento 24 horas, incluindo feriados e
finais de semana, ofertando retaguarda clínica e acolhimento noturno a outros serviços de
saúde mental, inclusive CAPS AD. Indicado para municípios ou regiões de saúde com
população acima de acima de duzentos mil habitantes
CAPS AD - atende pessoas de todas as faixas etárias que apresentam intenso sofrimento
psíquico decorrente do uso de crack, álcool e outras drogas. Indicado para municípios ou
regiões de saúde com população acima de setenta mil habitantes;
CAPS AD III - atende pessoas de todas as faixas etárias que apresentam intenso sofrimento
psíquico decorrente do uso de crack, álcool e outras drogas. Proporciona serviços de atenção
contínua, com funcionamento vinte e quatro horas, incluindo feriados e finais de semana.
Indicado para municípios ou regiões com população acima de acima de duzentos mil
habitantes
Cada usuário do CAPS deve ter um projeto terapêutico individual ou singular, isto é, um
conjunto de atendimentos que respeite a sua particularidade, que personalize seu tratamento
na unidade e fora dela e proponha atividades durante a permanência diária no serviço,
segundo suas necessidades ( Brasil, Ministério da Saúde, 2004).
Cada usuário do serviço tem um terapeuta de referencia, que tem sob sua responsabilidade o
monitoramento do projeto terapêutico singular junto com o usuário, avaliando as atividadese
a frequência de participação no serviço. O terapeuta de referencia também é responsável pelo
contato com família e pela avaliação periódica das metas dialogando com usuário e equipe.
Dependendo do quadro do paciente a assistência pode ser:
Atendimento Semi-Intensivo: O usuário pode ser atendido até 12 dias no mês, quando o
sofrimento e desestruturação psíquica diminuíram, melhorando as possibilidades de
relacionamento, mas ainda precisa de atenção da equipe para estruturar e recuperar a sua
autonomia. Pode ser domiciliar se necessário.
No entanto, cada CAPS, deve ter um projeto terapêutico do serviço, que leve em consideração
as diferentes contribuições técnicas dos profissionais dos CAPS, as iniciativas de familiares e
usuários e o território onde se situa, com sua identidade, sua cultura local e regional.
Os CAPS devem oferecer diferentes tipos de atividades terapêuticas. Esses recursos vão além
de consultas e de medicamentos, e caracterizam o que vem sendo denominada clínica
ampliada, que tem como objetivo aumentar a autonomia do usuário, da família e da
comunidade, é integrar a equipe multiprofissional na busca de um cuidado e tratamento de
acordo com cada caso, com a criação de vínculo com o usuário. Esse modelo vem sendo
(re)construído nas práticas de atenção psicossocial, provocando mudanças nas formas
tradicionais de compreensão e de tratamento dos transtornos mentais.
Algumas intervenções são realizadas em coletivos, outras são individuais, outras destinadas às
famílias, outras são comunitárias, e podem acontecer no espaço do CAPS ou no território. De
acordo com a Portaria SAS/MS n. 854/2012 (Brasil, 2012), poderão compor, de diferentes
formas, os Projetos Terapêuticos Singulares (PTS), de acordo com as necessidades de usuários
e familiares, as seguintes estratégias de intervenção:
Atenção às situações de crise: Atendimento para o manejo das situações de crise. Esta ação
exige disponibilidade de escuta para compreender e mediar os possíveis conflitos e pode ser
realizada no ambiente do próprio serviço, no domicílio ou em outros espaços do território que
façam sentido ao usuário e sua família e favoreçam a construção e a preservação de vínculos.
Apoio a serviço residencial de caráter transitório: apoio presencial sistemático aos serviços
residenciais de caráter transitório, que busque a manutenção do vínculo, a responsabilidade
compartilhada, o suporte técnico-institucional aos trabalhadores daqueles serviços, o
monitoramento dos projetos terapêuticos, a promoção de articulação entre os pontos de
atenção com foco no cuidado e ações intersetoriais e que favoreça a integralidade das ações.
:Oficinas culturais: atividades para despertar o interesse do usuário pelos espaços de cultura e
atividades artísticas
Oficinas de alfabetização: esse tipo de oficina contribui para que os usuários que não tiveram
acesso ou que não puderam permanecer na escola possam exercitar a escrita e a leitura, como
um recurso importante na (re)construção da cidadania.
Estar em tratamento no CAPS não significa que o usuário tem que ficar a maior parte do tempo
dentro do CAPS. Dessa forma, o CAPS pode articular cuidado clínico e programas de
reabilitação psicossocial. Assim, os projetos terapêuticos devem incluir a construção de
trabalhos de inserção social, respeitando as possibilidades individuais e os princípios de
cidadania que minimizem o estigma e promovam o protagonismo de cada usuário frente à sua
vida.
Como vimos, muitas coisas podem ser feitas num CAPS, desde que tenham sentido para
promover as melhores oportunidades de trocas afetivas, simbólicas, materiais, capazes de
favorecer vínculos e interação humana.
As equipes técnicas contam com profissionais do nível superior que são: enfermeiros, médicos,
psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, pedagogos, professores de educação
física ou outros necessários para as atividades oferecidas nos CAPS. Os profissionais de nível
médio podem ser: técnicos e/ou auxiliares de enfermagem, técnicos administrativos,
educadores e artesãos. Os CAPS contam ainda com equipes de limpeza e de cozinha.
O importante é saber que o CAPS não deve ser um lugar que desenvolve a dependência do
usuário ao seu tratamento por toda a vida. O processo de reconstrução dos laços sociais,
familiares e comunitários, que vão possibilitar a autonomia, deve ser cuidadosamente
preparado e ocorrer de forma gradativa. Para isso, é importante lembrar que o CAPS precisa
estar inserido em uma rede articulada de serviços e organizações que se propõem a oferecer
um continuum de cuidados. É importante ressaltar que os vínculos terapêuticos estabelecidos
pelos usuários com os profissionais e com o serviço, durante a permanência no CAPS, podem
ser parcialmente mantidos em esquema flexível, o que pode facilitar a trajetória com mais
segurança em direção à comunidade, ao seu território reconstruído e re-significado.
Considerações finais
Diante do exposto é necessário criar, observar, escutar, estar atento à complexidade da vida
das pessoas, que é maior que a doença ou o transtorno. Para tanto, é necessário que, ao
definir atividades, como estratégias terapêuticas nos CAPS, se repensem os conceitos, as
práticas e as relações que podem promover saúde entre as pessoas: técnicos, usuários,
familiares e comunidade. Todos precisam estar envolvidos nessa estratégia, questionando e
avaliando permanentemente os rumos da clínica e do serviço.
Bibliografia
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt3088_23_12_2011_rep.html
http://www.caminhosdocuidado.org/wp-content/uploads/2014/02/guia_saude_mental-2ed-
web.pdf
http://msm.mp.rj.gov.br/wp-content/uploads/2013/11/Carteira_servicos.pdf