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Resumo prova de mental

Aula 1 e 2 : Enfermagem em saúde mental

 HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA:
Crença de que violência física/psicológica, repressão, → “Cura” →
Cronificação dos transtornos!
Transtorno mental refere-se aos problemas, aos sintomas e aos
transtornos de caráter temporal ou contínuo;

 ASPECTOS DAS REFORMAS PSIQUIÁTRICAS:


O tratamento centrado na internação, com o passar dos tempos, é alvo
de críticas, principalmente às condições desumanas às quais os
alienados mentais estavam submetidos:
 Superlotação;
 Maus tratos;
 Alto índice de cronificação.

 REFORMA PSIQUIÁTRICA : DESINSTITUCIONALIZAÇÃO


A Reforma Psiquiátrica, movimento social contra-hegemônico ao modelo
médico-psiquiátrico, que se centrava na doença, cura, medicalização e
exclusão, pode atualmente ser considerada um importante movimento
social complexo que possibilita a construção e efetivação de um avanço
em saúde mental: o modelo de atenção psicossocial, que tem seu foco
na confluência dos aspectos biológicos, psicológicos, políticos, sociais e
culturais, e considera o sofrimento mental como um fenômeno que
abarca essas dimensões, possibilitando ao paciente a participação em
seu próprio tratamento. Como principal representante desse modelo
substitutivo, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) se caracterizam
como um serviço comunitário e aberto do Sistema Único de Saúde
(SUS), sendo referência para tratamento de pessoas em sofrimento
psíquico. Sua finalidade principal é a construção da autonomia e
reinserção social dos usuários por meio do trabalho, lazer, exercício dos
direitos e deveres civis e fortalecimento dos laços familiares e
comunitários, sendo assim, substitutivos das internações psiquiátricas.
Luta Antimanicomial (18 de Maio)
 Novos serviços (CAPS ad, CAPS ia, Residências Terapêuticas,
Unidades de Acolhimento, Consultórios de Rua, CAPS III, CAPS ad III,
Programa de Volta para Casa, Comunidades Terapêuticas).
Mudança na mentalidade dos profissionais/família/sociedade/usuário.

Economia solidária! → Indivíduo → Produtivo

 CAPS
A criação do primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) no Brasil,
em 1987, na cidade de São Paulo, o CAPS Prof. Luiz da Rocha Cerqueira,
em homenagem ao psiquiatra alagoano.
São serviços de saúde de caráter aberto e comunitário voltados aos
atendimentos de pessoas com sofrimento psíquico ou transtorno mental,
incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de álcool, crack
e outras substâncias, que se encontra em situações de crise ou em
processos de reabilitação psicossocial.
Nos estabelecimentos atuam equipes multiprofissionais, que empregam
diferentes intervenções e estratégias de acolhimento, como
psicoterapia, seguimento clínico em psiquiatria, terapia ocupacional,
reabilitação neuropsicológica, oficinas terapêuticas, medicação
assistida, atendimentos familiares e domiciliares, entre outros.

OS CAPS SE CONSTITUEM NAS SEGUINTES MODALIDADES:


CAPS I: Atendimento a todas as faixas etárias, para transtornos mentais
graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas;
atende cidades e ou regiões acima de 20 mil habitantes;.
CAPS II: Atendimento a todas as faixas etárias, para transtornos mentais
graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas;
atende cidades e ou regiões acima de 70 mil habitantes.
CAPS III: Atendimento com até 5 vagas de acolhimento noturno e
observação; todas faixas etárias; transtornos mentais graves e
persistentes inclusive pelo uso de substâncias psicoativas. Proporciona
serviços de atenção contínua, com funcionamento vinte e quatro horas,
incluindo feriados e finais de semana; atende cidades e ou regiões o
acima de 200 mil habitantes;
CAPS AD: Álcool e Drogas: Atendimento a todas faixas etárias,
especializado em transtornos pelo uso de álcool e outras drogas.
Serviço de saúde mental aberto e de caráter comunitário, atende cidades
e ou regiões acima de 70 mil habitantes.
CAPS AD III: Álcool e Drogas: Atendimento com de 8 a 12 vagas de
acolhimento noturno e observação; funcionamento 24h; todas faixas
etárias; transtornos pelo uso de álcool e outras drogas; atende cidades e
ou regiões acima de 200 mil habitantes.
CAPS AD IV: Atendimento a pessoas com quadros graves e intenso
sofrimento decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. Sua
implantação deve ser planejada junto a cenas de uso em municípios com
mais de 500.000 habitantes e capitais de estado, de forma a maximizar a
assistência a essa parcela da população. Tem como objetivos atender
pessoas de todas as faixas etárias; proporcionar serviços de atenção
contínua, com funcionamento 24h, incluindo feriados e fins de semana; e
ofertar assistência a urgências e emergências, contando com leitos de
observação.
CAPS i: atende crianças e adolescentes com transtornos mentais graves
e persistentes e os que fazem uso de crack, álcool e outras drogas.
Serviço aberto e de caráter comunitário indicado para municípios ou
regiões com população acima de 150 mil habitantes.

 RAPS
A Rede de Atenção Psicossocial – caracteriza-se por ser
essencialmente pública, de base comunitária. A proposta é garantir a
livre circulação das pessoas com problemas mentais pelos serviços,
pela comunidade e pela cidade. A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)
estabelece os pontos de atenção para o atendimento de pessoas com
problemas mentais, incluindo os efeitos nocivos do uso de crack, álcool
e outras drogas. A Rede integra o Sistema Único de Saúde (SUS). A Rede
é composta por serviços e equipamentos variados, tais como: os Centros
de Atenção Psicossocial(CAPS); os Serviços Residenciais Terapêuticos
(SRT); os Centros de Convivência e Cultura, as Unidade de Acolhimento
(UAs), e os leitos de atenção integral (em Hospitais Gerais, nos CAPS III).
Alguns objetivos específicos das RAPS:
1. Promover cuidados em saúde especialmente grupos mais vulneráveis
(criança, adolescente, jovens, pessoas em situação de rua e populações
indígenas);
2. Prevenir o consumo e a dependência de crack, álcool e outras drogas;
3. Reduzir danos provocados pelo consumo de crack, álcool e outras
drogas;
4. Promover a reabilitação e a reinserção das pessoas com transtorno
mental e com necessidade decorrentes do uso de crack, álcool e outras
drogas na sociedade, por meio do acesso ao trabalho, renda e moradia
solidária;
5. Promover mecanismos de formação permanente aos profissionais de
saúde;

 LEGISLAÇÃO
- A política é fundamentada pela Lei Federal nº 10.216, de 6 de abril de
2001, que dispõe sobre a proteção dos direitos das pessoas com
transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde
mental no Brasil, e pelos princípios e diretrizes do Sistema Único de
Saúde (SUS).
 Art. 2º:
II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de
beneficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção
na família, no trabalho e na comunidade;
V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a
necessidade ou não de sua hospitalização involuntária;
VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e
de seu tratamento;
VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos
possíveis;
IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde
mental.
- Portaria nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011 é destinada ao
atendimento de pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com
necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no
âmbito do Sistema Único de Saúde;
O processo de cuidado e de desinstitucionalização visa à invenção
permanente da saúde e da vida social dos usuários.
 Promoção da saúde mental
 Promoção da vida social dos usuários.
1º Os pontos de atenção de urgência e emergência são responsáveis, em
seu âmbito de atuação, pelo acolhimento, classificação de risco e
cuidado nas situações de urgência e emergência das pessoas com
sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do
uso de crack, álcool e outras drogas.
2º Os pontos de atenção da Rede de Atenção Psicossocial na atenção de
urgência e emergência deverão se articular com os Centros de Atenção
Psicossocial, os quais realizam o acolhimento e o cuidado das pessoas
em fase aguda do transtorno mental, seja ele decorrente ou não do uso
de crack, álcool e outras drogas, devendo nas situações que necessitem
de internação ou de serviços residenciais de caráter transitório,
articular e coordenar o cuidado.
- Carta de Direitos dos Usuários e Familiares de Serviço de Saúde
Mental elaborada durante o III Encontro Nacional de Entidades de
Usuários e Familiares de Saúde Mental, realizado em Santos em 1993.

 IDENTIFICAÇÃO DAS AMEAÇAS


O que você pretende com isso??? Você acha que isso é certo??? Será que
não poderíamos resolver isso de uma outra forma??? Porquê você está
pensando em fazer isso? Porquê você fez isso???

 PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR (PTS)


É no Projeto Terapêutico Singular (PTS) em equipe que o cuidado de
enfermagem encontra um caminho, também, para atuar em equipe nos
serviços de saúde mental. É um conjunto de propostas de condutas
terapêuticas articuladas para um indivíduo, uma família ou um grupo que
resulta da discussão coletiva de uma equipe interdisciplinar com Apoio
Matricial, se esse for necessário. Possibilita a participação, reinserção e
construção de autonomia para o usuário / família em sofrimento
psíquico.

1. O PTS não deve ser algo estanque, ou seja, não deve focar apenas no
aspecto clínico e no cuidado específico e sim ir além do diagnóstico
(esse sim torna o cuidado estanque), pensando nos diversos aspectos
da vida do sujeito em sofrimento psíquico e seus familiares: social,
econômico, político, religioso, espiritual, laboral, entre outros tantos;
2. b) O PTS é um plano de cuidados que se projeta por uma cogestão entre
a equipe interdisciplinar, a usuária/o usuário e seus familiares. Deve-se
incluir o sujeito nas decisões, nas definições das atividades propostas,
no trabalho e no próprio gerenciamento de sua autonomia;

Para o Ministério da Saúde (2010), o PTS deve ser construído das


seguintes etapas para sua elaboração:
Diagnóstico; Definição de Metas; Divisão de Responsabilidades;
Reavaliação.

 ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
São práticas em saúde mental coletiva que sempre estão em
transformação e surgem como mudanças ao antigo modelo psiquiátrico
hospitalocêntrico e reducionista. É a melhor forma de cuidar e promover
os laços sociais para as pessoas com sofrimento psíquico.

 PROCESSO DE INTERNAÇÃO
A lei prevê três tipos de internação:
 Voluntária - aquela consentida pelo usuário;
 Involuntária - aquela a pedido de terceiro, sem consentimento do
usuário;
 Compulsória - aquela determinada pela justiça.
Internação involuntária a pedido da família, sem consentimento expresso
do paciente, deve ser comunicada ao Ministério Público, à autoridade
sanitária e ao Conselho Local de Saúde no prazo de 48 horas.

 CARACTERÍSTICA DOS TRATAMENTOS EM SAÚDE MENTAL


Deve incluir uma avaliação psiquiátrica, psicológica, médico-clínica e
social que garanta uma visão ampla e integrada do usuário e que
respeite a sua fragilidade e dignidade de pessoa humana;
Deverão ser proibidas as formas de tortura e violência pretensamente
“terapêuticas”: Como por exemplo: - Camisa-de-força; - Psicocirurgia;
Cela forte; - Amarrar.

Aula 3: Políticas Públicas em Saúde Mental: Cenário político atual e a nova


Política de Saúde Mental

 NOTA TÉCNICA Nº 11/2019-CGMAD/DAPES/SAS/MS;

 Mudanças na Política Nacional de Saúde Mental;

 Diretrizes da Política Nacional sobre Drogas.

 O Ministério da Saúde não considera mais Serviços como sendo


substitutos de outros, não fomentando mais fechamento de unidades de
qualquer natureza;

 Um dos pontos da Nova Política Nacional de Saúde Mental é a expansão


dos Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs), equipamentos voltados à
reinserção social dos pacientes e fundamentais para a
desinstitucionalização dos que moram em hospitais psiquiátricos;

 RAPS passa a ser formada pelos seguintes pontos de atenção


(Serviços):
 CAPS, em suas diferentes modalidades
 Serviço Residencial Terapêutico (SRT)
 Unidade de Acolhimento (adulto e infanto-juvenil)
 Enfermarias Especializadas em Hospital Geral
 Hospital Psiquiátrico
 Hospital-Dia
 Atenção Básica
 Urgência e Emergência
 Comunidades Terapêuticas
 Ambulatório Multiprofissional de Saúde Mental - Unidades
Ambulatorias Especializadas

 EQUIPE MÍNIMA - CAPS AD

1) Profissional de nível médio para realização de atividades de natureza


administrativa, cobertura (24 horas por dia).
2) Turno Diurno: a) 1 médico clínico (diarista); b) 2 médicos psiquiatras
(um diarista e um plantonista 12h); c) 2 enfermeiros com experiência
e/ou formação na área de saúde mental (plantonistas 12h); d) 6
profissionais de nível universitário pertencentes às categorias
profissionais (diaristas) de psicólogo, assistente social, terapeuta
ocupacional e educador físico; e) 6 técnicos de enfermagem
(plantonistas 12h); e f) 4 profissionais de nível médio. 3) Turno Noturno:
a) 1 médico psiquiatra (plantonista 12h); b) 1 enfermeiro com experiência
e/ou formação na área de saúde mental (plantonista 12h); e c) 5 técnicos
de enfermagem (plantonistas 12h).

 AMBULATÓRIO MULTIPROFISSIONAL DE SAÚDE MENTAL


Atendimento da demanda reprimida de pessoas com transtornos
mentais mais comuns e prevalentes, que não se encaixam na atenção
básica e que não necessitam de um serviço de reabilitação como os
CAPS;

 ATENÇÃO BÁSICA
- O cuidado em saúde mental na Atenção Básica é bastante estratégico
pela facilidade de acesso das equipes aos usuários e vice-versa. As
intervenções são concebidas na realidade do dia a dia do território, com
as singularidades dos pacientes e de suas comunidades.
Ações terapêuticas comuns aos profissionais da Atenção Básica:
• Proporcionar ao usuário um momento para pensar/refletir.
• Exercer boa comunicação.
• Exercitar a habilidade da empatia.
• Lembrar-se de escutar o que o usuário precisa dizer.
• Acolher o usuário e suas queixas emocionais como legítimas.
• Oferecer suporte na medida certa; uma medida que não torne o
usuário dependente e nem gere no profissional uma sobrecarga.
• Reconhecer os modelos de entendimento do usuário.
Instrumentos de intervenção em Saúde Mental:
• Grupos e Saúde Mental;
• Práticas Integrativas e Complementares (PICs).
Intervenções Psicossociais Avançadas
- Reatribuição de sintomas somáticos sem explicação médica: (Muitas
pessoas chegam aos serviços da Atenção Básica com queixas de
sintomas físicos para os quais não encontramos explicação médica).
Fazer a relação entre as queixas sintomáticas e o sofrimento psíquico,
atribuir o sintoma a um sofrimento que pode não ter sua origem no
corpo;
• (1) abordagem da situação – como os dois falam disso que causa tanto
sofrimento ao sujeito;
• (2) elaboração – o que fazer para que a situação seja mais bem
compreendida; e
• (3) resolução dos problemas psicossociais – o que o sujeito pode fazer
para melhorar sua situação e rearranjar a sua vida.
- Terapia Comunitária: visa trabalhar de forma horizontal e circular ao
propor que cada um que participe da sessão seja corresponsável no
processo terapêutico que se realiza naquele momento e que produz
efeitos tanto grupais quanto singulares.
Etapas da Terapia Comunitária
• 1. Acolhimento – momento de apresentação individual e das cinco
regras.
• 2. Escolha do tema – as pessoas apresentam as questões e os temas
sobre os quais querem falar. Vota-se o tema a ser abordado no dia.
• 3. Contextualização – momento em que o participante, com o tema
escolhido, conta sua história. O grupo faz perguntas.
• 4. Problematização – o mote (questão-chave para reflexão) do dia,
relacionado ao tema, é jogado para o grupo.
• 5. Rituais de agregação e conotação positiva – com o grupo unido, cada
integrante verbaliza o que mais o tocou em relação às histórias
contadas.
• 6. Avaliação – feita entre os terapeutas comunitários.
- Terapias cognitivas comportamentais: ativação: As pessoas que estão
com um grau elevado de sofrimento psíquico muitas vezes deixam de
fazer atividades que lhes dão prazer;
Chama-se de terapia de ativação essa forma de cuidado que incentiva e
apoia a retomada das atividades que oferecem qualquer tipo de
satisfação à pessoa.
- Mediação de conflitos: envolve a capacidade de transformar
conhecimentos, habilidades e atitudes em resultados práticos.
Pressupõe a utilização e o desenvolvimento de habilidades
comunicativas, cognitivas, sociais e emocionais que estão imbricadas
com crenças e atitudes que levam à elaboração de um modelo mental.
- Terapia Interpessoal Breve (TIB): intervenção breve na dependência de
álcool e outras drogas: técnica de abordagem para a diminuição dos
problemas associados ao uso de substâncias em que o principal
objetivo é identificar o problema e motivar a pessoa a alcançar
determinadas metas estabelecidas em parceria com o profissional de
saúde. Essas metas podem ser iniciar um tratamento, rever seu padrão
de consumo e planejar uma possível redução.

Aula 4: Matriciamento; A enfermagem e o trabalho em equipe de saúde


no contexto da Saúde Mental (TR, PTS)

MATRICIAMENTO
- O cuidado ao ser humano em sua complexidade exige ações de saúde
por profissionais de distintos saberes-fazeres para promover respostas
que alcancem a integralidade deste ser. No campo da saúde e da saúde
mental, essa prerrogativa encontra na estratégia do matriciamento uma
ferramenta clínico-pedagógica para relacionar o cuidado básico com o
especializado e incidir um novo cuidado.
- A OMS, preconiza que um profissional generalista tem a
responsabilidade adicional de identificar sujeitos que possuam
transtornos mentais ou problemas pelo uso abusivo de substâncias
psicoativas, de maneira a acolher e cuidar desses sujeitos.
- A relação Atenção Básica e NASF é uma medida político-sanitária que
objetiva ampliar e qualificar também o cuidado em saúde mental na
atenção primária em saúde.
- O apoio matricial, integra a AB e o NASF, ocorrendo à possibilidade de
ampliação da concepção de saúde-cuidado, articulando-se a AB com a
Saúde Mental.

 MATRICIAMENTO...afinal, o que é?
Um arranjo técnico-assistencial que visa à ampliação da clínica das
equipes de ESF, superando a lógica de encaminhamentos
indiscriminados para uma lógica de corresponsabilização entre as
equipes de ESF e Saúde Mental, com a construção de vínculos entre
profissionais e usuários, pretendendo uma maior resolutividade na
assistência em saúde, (CAMPOS; DOMITTI apud BRASIL, 2007, p. 39).
 Equipe de apoio matricial
- Distingue-se da equipe de cuidados básicos por sua busca em
prevenir a medicalização e psicologização do sujeito em sofrimento e
pela sua corresponsabilização pelo cuidado, tendo a ESF como
referência nas ações em saúde.
- Os profissionais que compõem o matriciamento estão inseridos nos
Núcleos de Apoio à Saúde da Família. Sua constituição equivale a
equipes profissionais de diferentes áreas do saber que atuam de forma
integrada e apoiam os profissionais da ESF para populações
específicas, a exemplo dos consultórios na rua, equipes ribeirinhas e
fluviais e academia da saúde.

 Aspectos matriciais

ocesso de trabalho nos serviços;

 A aplicação prática do matriciamento se dá por algumas vias, como:

a distância;

coletividade;

.
Todas as atividades citadas podem ser desenvolvidas em unidades
básicas de saúde, academias da saúde ou em outros pontos do território
e da Rede de Atenção.

 Situações de risco como critério para intervenção matricial


Cárcere privado; Abuso ou negligência familiar; Suspeita de maus-
tratos e abuso sexual de crianças e adolescentes, além de outras
evidências de violência intrafamiliar; Situações de violência entre
vizinhos; entre outros...
 Plano de trabalho

dos usuários;
m equipe a partir do elenco das
situações de risco que geram o sofrimento psíquico;
a identificação dos
transtornos mentais no território;
os é primordial para as
equipes de matriciamento e da AB;
es ou dispositivos
territoriais existentes na área de abrangência da unidade de saúde,
como subsídio para a intersetorialidade e ações distintas no território.

A ENFERMAGEM E O TRABALHO EM EQUIPE DE SAÚDE NO CONTEXTO


DA SAÚDE MENTAL (TR, PTS)

- As transformações sociais, econômicas, políticas e culturais


influenciam os padrões e estilos de funcionamento da família,
principalmente em uma sociedade de consumo em que trabalho e renda
(formal, informal ou programa governamental) são objetos centrais de
sobrevivência

 Concepção de família
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), o termo
“família” refere-se a um “núcleo afetivo, vinculado por laços
consanguíneos, de aliança ou afinidade, que circunscrevem obrigações
recíprocas e mútuas, organizadas em torno de relações de geração e de
gênero” e que tem como deveres a educação de crianças e
adolescentes, bem como a proteção de idosos e portadores de
deficiência.

 Objetivos gerais da família

membros (MINUCHIN, 1982).

 Núcleo familiar
São inicialmente transmitidos padrões educacionais, valores morais,
éticos e humanitários, bem como aspectos culturais. No entanto, cada
família tem uma dinâmica de funcionamento própria.
 Abordagem sistêmica
Na abordagem sistêmica de família, o sistema familiar é composto por
membros que interagem e detêm funções relativamente claras e
definidas. As famílias são designadas como funcionais, pois cada um
dos seus integrantes sabe suas funções, os seus limites e o seu espaço
dentro da família, a comunicação é clara, as pessoas conhecem o que
pensam e o que sentem, consideram a diferença como uma
oportunidade de aprender e não como ameaça ou conflito. Quando
esses aspectos estão comprometidos há maior risco de ocorrer alguma
disfunção, gerando problemas familiares que podem aparecer como
sintoma em algum membro da família, como: Anorexia, bulimia,
ansiedade, transtornos mentais, depressão, raiva, comportamentos
inadequados para a idade, como, por exemplo, a criança fazer as
necessidades fisiológicas na roupa, déficit de atenção, hiperatividade,
entre outros conflitos.

 Família x sintomas x transtornos mentais


- Os sintomas que aparecem em um membro da família poderiam ser
os sintomas da própria família. Surgem como forma de equilibrar o
sistema relacional e mascarar o problema real.
- A família com todos os seus membros deve receber a mesma atenção
e cuidado que também são ofertados à pessoa que apresenta sintomas
de sofrimento ou transtorno mental;
- Os familiares, ao compartilhar da história de vida do usuário, também
sofrem com os encargos que o transtorno mental acarreta;
- A interação familiar com a pessoa com transtorno mental é dinâmica,
pois cada configuração é única e também conflitante, já que a relação
interpessoal promove um misto de sentimentos e emoções que
interrogam o convívio;
- A convivência com o sofrimento psíquico exige da família uma
preparação para o acompanhamento, já que ela deverá reestruturar-se
para construir um meio favorável à recuperação e manutenção do
equilíbrio entre seus membros, tanto nos níveis econômico e social,
como psicológico;
- Cada família e seus membros reagem de forma variada diante da
pessoa com transtorno mental. Alguns acolhem, outros se
envergonham e se isolam; há aqueles que não aceitam e negam o
problema, os que rejeitam e abandonam a pessoa; e há também aqueles
que cuidam se cuidam e lutam por seus direitos;
- Famílias que vivenciam o transtorno mental, estas sentem falta,
especialmente, no momento inicial da manifestação clínica da doença,
de um profissional da saúde que as auxiliasse, prestando informações
sobre o significado da doença, suas implicações, cuidados e,
principalmente, que lhe proporcionassem conforto, compreendendo
suas necessidades enquanto seres que sofrem, entram em pânico
frente ao desconhecido e que, portanto, também requerem cuidados.

 Abordagem famílias, como deve ser: Alguns pontos


acolher e escutar a família com o consentimento do usuário, o que
permitirá o compromisso com o cuidado;
considerar que é importante que o profissional e a equipe
oportunizem a família a refletir as próprias ações;
que as medidas cabíveis estão sendo
realizadas frente ao caso, principalmente quando o familiar está
angustiado e com dúvidas;
ução do
histórico do usuário;
co singular;
ta domiciliar, mas
respeitando o espaço do usuário;
esclarecer os diversos tipos de tratamentos, mesmo quando o
familiar sentese convicto com determinado tipo de procedimento;
reforçar que, durante uma internação, é válido manter os vínculos
familiares de modo que o usuário não se sinta sozinho;
Entre outros.

PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR

- O Projeto Terapêutico tem a singularidade como sua razão de ser, pois


o cuidado em saúde deve ser oferecido ao indivíduo de maneira singular
para alcançar o objetivo do cuidado efetivo. O (PTS) é o conjunto de
propostas que visam ao cuidado do indivíduo por meio de condutas
terapêuticas articuladas e direcionadas às suas necessidades
individuais ou coletivas, como, por exemplo, no grupo familiar.

 Objetivo
- Traçar uma estratégia de intervenção para o usuário, considerando os
recursos disponíveis pela equipe, o território a que pertence sua família
e as suas próprias necessidades.
- Possibilita planejar, desenvolver e avaliar o cuidado na continuidade
da vida dos pacientes, auxiliando no reestabelecimento das relações
sociais e estimulando a autonomia, e pode ser estendido para além dos
momentos de crise, ou atuar somente nos momentos de remissão de
sintomas ou ideais de cura.
 Construção
- A construção do PTS corresponde a um processo estratégico que
articula usuários, famílias, profissionais da equipe de saúde do serviço e
redes sociais na determinação das prioridades, necessidades e
possibilidades de ações que contribuam para a efetividade do cuidado.
- Eixos norteadores
Centralidade na pessoa;
;
;
;
iação periódica;
;
Construção compartilhada e definição de metas com duração
previamente acordada.
- Quatro momentos importantes
realizar algumas práticas de
aproximação, reconhecer e afirmar as identidades das pessoas em seus
territórios existenciais;

conciliar as práticas de planejamento, ao mesmo


tempo em que estimula a participação ativa dos profissionais e
pacientes envolvidos. Propostas de curto, médio e longo prazo, que
serão negociadas com o usuário pelo membro da equipe que apresentar
maior vínculo;

eleger o profissional de referência


procura favorecer a continuidade e a articulação entre formulação,
ações e reavaliações e promover uma dinâmica de continuidade do PTS.
Isso não quer dizer que o profissional é o responsável pelo caso, mas,
sim, é quem articula e acompanha o processo;

*Técnica/profissional de referência: Profissional que apresenta maior


vínculo com o usuário e/ou sua família, podendo ser qualquer membro
da equipe. A atuação do profissional de referência consiste na
articulação de pequenos grupos de profissionais que participam
ativamente no planejamento e na implementação do PTS;

discutimos a sua trajetória e, quando


necessário, são realizadas correções. É importante para muitas equipes
reservar um tempo fixo, semanal ou quinzenal, para reuniões
exclusivas do PTS. Em serviços hospitalares, indicase que as reuniões
ocorram diariamente. O tempo de um PTS: o período estabelecido para
acompanhamento do PTS depende da característica de cada serviço.
A avaliação e reavaliação do PTS deve considerar:

Aula 5: Atenção aos Usuários de Substâncias Psicoativas (SPs)

- As drogas que alteram o funcionamento cerebral, causando


modificações no estado mental, são chamadas de drogas psicotrópicas.
- O uso de SPAs atualmente proibidas, como a cocaína, foi amplo no
século XIX, como medicamento anestésico e
estimulante/antidepressivo;
- Outra SPA, como a morfina, alcaloide, opioide derivado da papoula,
tem uso controlado, e é um potente analgésico.
- Foi na Convenção Internacional sobre o Ópio, realizada pela Liga das
Nações em 1912, que surgiu a primeira ação internacional orientada à
proibição da produção, do comércio e do consumo de determinadas
SPAs (ópio, morfina e cocaína) e suas matérias-primas,
recomendandose aos países signatários a criminalização da posse
dessas SPA.
- E a droga ilícita mais consumida no mundo é a maconha, usada por 3,3
a 4,4% da população com idade entre 15-64 anos.
- E dentre essas SPAs, o uso abusivo de álcool e tabaco – drogas lícitas
têm o maior impacto para a saúde pública mundial (Os acidentes de
trânsito, as agressões, as depressões, os transtornos de conduta, o
comportamento sexual de risco e a transmissão do HIV (pelo uso de
drogas injetáveis), dentre outros problemas de saúde).
 Classificação das SPAs
- Legalidade: SPAs lícitas e SPAs ilícitas.
As SPAs lícitas que são aquelas que podem ser comercializadas
legalmente;
Mas algumas apresentam restrições, através de regulamentações,
como:
- A venda de álcool para menores de idade;
- A proibição de dirigir após o uso de álcool;
- E os medicamentos controlados, que necessitam de prescrição
médica.
Já as SPAs ilícitas são definidas juridicamente pela proibição de sua
produção e venda;

- A distinção entre SPAs lícitas e ilícitas pode levar à suposição de que


as SPAs lícitas seriam menos prejudiciais do que as ilícitas, o que
mascara toda a problemática associada ao consumo dessas
substâncias.

- Efeitos sobre o Sistema Nervoso Central (SNC): 1. Depressoras da


Atividade do SNC. 2. Estimulantes da Atividade do SNC. 3. Perturbadoras
da Atividade do SNC.
1. Depressoras da Atividade do SNC: São substâncias que diminuem a
atividade do nosso cérebro, ou seja, deprimem o seu funcionamento, o
que significa dizer que a pessoa que faz uso desse tipo de droga fica
“desligada”, “devagar”, desinteressada pelas coisas;
EX: álcool, os soníferos ou hipnóticos, os ansiolíticos, os opiáceos ou
narcóticos e inalantes ou solventes.
Álcool: O uso do álcool é culturalmente aceito e disseminado em quase
todas as sociedades do mundo. Isso gera um desafio na implementação
de ações que visam à redução de danos e riscos decorrentes do seu
uso, sobretudo nas populações de maior risco, como os adolescentes e
adultos jovens. É rapidamente absorvido pelo organismo, atingindo o
SNC. Os efeitos do álcool no Sistema Nervoso Central (SNC) são
estimulantes em um primeiro momento, pois a pessoa fica eufórica,
desinibida, falante, sociável e alegre; Em um segundo momento, o álcool
tem uma ação depressora da atividade do SNC, podendo prejudicar a
coordenação motora, diminuindo a autocrítica, causando sonolência; Em
doses muito altas, a pessoa pode ficar com diplopia (vista dupla),
vômitos, insuficiência respiratória e pode até morrer.
Soníferos ou hipnóticos: Drogas que promovem o sono, como
barbitúricos e alguns benzodiazepínicos; Ansiolíticos, que acalmam ou
inibem a ansiedade, como os benzodiazepínicos; As principais drogas
pertencentes a essa classificação são os benzodiazepínicos: (Diazepam,
Lorazepam, entre outros);
Opiáceos ou narcóticos: Aliviam a dor e dá sonolência, como morfina,
heroína, codeína, meperidina, dolantina etc
Inalantes ou solventes: como colas, tintas, removedores, entre outros;
São gases voláteis presentes em algumas substâncias que causam
intoxicação quando inalados; A inalação de solvente provoca
inicialmente uma estimulação, seguida por depressão, sendo este efeito
o mais importante, mas também pode provocar sensações estranhas,
como alucinações. O abuso crônico de solventes pode gerar
dependência.
2. Estimulantes da Atividade do SNC: São substâncias capazes de
aumentar a atividade cerebral; Há aumento da vigília, da atenção,
aceleração do pensamento e euforia.
As principais drogas pertencentes a essa classificação são as
anfetaminas (Dietilpropriona, Femproporex, entre outros), cocaína,
crack, merla, pasta de coca e nicotina.
Anfetaminas: São substâncias sintéticas muito utilizadas no Brasil por
pessoas que desejam emagrecer e também por pessoas que querem
manter-se acordadas. Ritalina®, também é uma droga tipo anfetamina,
muito prescrita para crianças com diagnósticos de hiperatividade e
déficit de atenção.
Nicotina: é o principal alcaloide psicoativo do tabaco. Ela distribui- se
rapidamente pelo organismo e é metabolizada em cerca de duas horas;
Os efeitos da nicotina são estimulantes, semelhantes à cocaína e
anfetaminas, sensação de prazer e bem-estar, aumento do estado de
alerta e da concentração, aumento da energia e redução do apetite
Cocaína/Crack: A folha da coca ameniza a fome, o cansaço e o mal-
estar da altitude, sua ação é estimulante do humor e antidepressiva. O
crack é derivado da cocaína, seus efeitos englobam euforia intensa e
curta, com grande fissura para repetir a dose. A eliminação desta SPA é
através da urina. Entre os problemas gerados pelo crack estão as
doenças pulmonares e cardíacas; os sintomas e comorbidades
psiquiátricas (com alterações de humor, psicose, paranoia,
alucinações); e os danos neurológicos (dificuldade de raciocínio, de
memorização e de concentração).
3. Perturbadoras da Atividade do SNC: drogas de abuso relacionadas à
produção de quadros de alucinação ou ilusão, geralmente de natureza
visual. Este grupo de SPAs não se caracteriza por acelerar ou lentificar
o sistema nervoso central, já que a mudança provocada é qualitativa,
por alterar a percepção e a noção de espaço e tempo. Os perturbadores
do SNC têm potencial baixo para causar dependência.
Os alucinógenos podem ser de origem vegetal: mescalina (do cacto
mexicano), THC (da maconha), Psilocibina (de certos cogumelos); e de
origem sintética: O LSD-25; êxtase ou ecstasy e anticolinérgicos
(Artane®, Bentyl®).
Êxtase ou ecstasy (metilenodióximetanfetaminaMDMA): droga mista por
ser composta por anfetamina, com efeitos euforizantes, e pelo MDMA,
um perturbador. O ecstasy tem um potencial aditivo, mas a dependência
física não é comum. Após a sua utilização, o ecstasy provoca
agudamente uma sensação de euforia, aproximação com os outros,
aumento da capacidade perceptiva sensorial, principalmente visão e
tato, uma sensação de extremo bem-estar, redução do medo, aumento
das emoções, diminuição da agressão e melhora das capacidades
comunicativas. Um dos maiores riscos da intoxicação pelo ecstasy é o
aparecimento da hipertermia (temperatura elevada do corpo) e da
síndrome hiperpiréxica (temperatura corporal maior do que 42ºC).
LSD: Flash-backs ou transtorno de alucinação persistente é comum em
pessoas que usam LSD de maneira recorrente; As alucinações, são
caracterizadas por visões mais intensas de cores, halos ao redor de
objetos ou falsos movimentos na borda do campo de visão
Dimetiltriptamina (DMT): É um forte alucinógeno com uma pequena
duração efetiva: apenas uma hora, presente na Ayahuasca ou chá do
Santo Daime; O efeito sensorial provocado pela Ayahuasca causa uma
percepção de aumento da realidade (mirações), provocando a
impressão de entrar em contato com entidades divinas;
Maconha: Cannabis sativa é uma planta com mais de quatrocentos
compostos químicos, e destes, cerca de sessenta são ativos, os
canabinoides; Tem efeito euforizante, estimula o apetite e induz o sono.
A dependência de maconha ocorre em um entre dez usuários de
maconha durante um período de quatro a cinco anos de consumo
pesado, pode desencadear quadros psiquiátricos temporários de
natureza ansiosa, tais como reações de pânico, ou sintomas de natureza
psicótica; A maconha é capaz de piorar quadros de esquizofrenia, além
da possibilidade de ser um desencadeador da doença em indivíduos
predispostos. Os sintomas da síndrome de abstinência de maconha
compreendem sensação de fissura, irritabilidade, nervosismo,
inquietação, insônia, sintomas depressivos, redução do apetite e dor de
cabeça e podem ocorrer nas primeiras semanas após a interrupção do
uso da droga.

 Conceitos
O uso de uma SPA pode ser caracterizado de diversas maneiras:
 O uso experimental, que é pontual;
 O uso recreativo, que se relaciona a determinados contextos, como o
uso de ecstasy nas baladas;
 O uso que é frequente, quando ocorre seis ou mais vezes por mês;
 E o uso que é pesado, quando ocorre vinte ou mais vezes por mês.
O abuso: relaciona-se ao seu uso recorrente ou contínuo e acarreta
prejuízos físicos à integridade física da pessoa e de terceiros (dirigir
veículos, ter atividade sexual de forma não segura, operar máquinas,
entre outros); Dos familiares (brigas, violência intradoméstica, entre
outros); Prejuízos sociais (ausência ao trabalho, fracasso escolar, entre
outros); e legais (decorrentes dos anteriores).
Uso nocivo: é mais restrito que o de abuso, pois se refere a um padrão
de uso que causa: Dano à saúde física (esofagite ou hepatite alcoólica,
bronquite por tabagismo) ou mental (depressão associada a pesado
consumo de álcool).
Intoxicação: Síndrome reversível, específica com alterações
comportamentais ou mentais, com prejuízo no nível de consciência e
outras alterações cognitivas, beligerância (conflito), agressividade e/ou
humor instável, causadas por substâncias psicoativas recentemente
utilizadas.
Tolerância: refere-se à diminuição do efeito de uma SPA depois de
repetidas administrações; O organismo passa a necessitar de
quantidades cada vez maiores dessa substância para que se obtenha o
mesmo nível de efeito.
Dependência: refere-se à diminuição do efeito de uma SPA depois de
repetidas administrações; O organismo passa a necessitar de
quantidades cada vez maiores dessa substância para que se obtenha o
mesmo nível de efeito.
Dependência física: é um estado de adaptação do corpo manifestado por
distúrbios físicos quando o uso da substância é interrompido.
Dependência comportamental ou psíquica: constitui uma compulsão ao
uso da substância para obtenção de prazer ou diminuição do
desconforto; Quando a pessoa não a obtém, experimenta ansiedade,
desconforto geral, raiva, insônia, etc.
Fissura: é o termo que se dá ao desejo intenso de usar uma substância;
Binge: descrevem-se os episódios de uso intenso e compulsivo de uma
substância.
Síndrome de abstinência: é o conjunto de sinais e sintomas que ocorrem
horas ou dias após o indivíduo cessar ou reduzir a ingestão da
substância que vinha sendo consumida geralmente de forma pesada e
contínua; No entanto, observam-se com certa frequência os seguintes
sintomas gerais de abstinência: ansiedade, inquietação, náuseas,
tremor, sudorese, podendo, nos casos muito graves, ocorrer
convulsões, coma e morte.
Prevenção: A prevenção do uso abusivo e/ou dependência de crack,
álcool e outras drogas implica em um processo de planejamento,
implantação e implementação de múltiplas estratégias e políticas
orientadas à redução de fatores de vulnerabilidade e risco específicos,
bem como estímulo dos fatores de proteção.

É importante identificar problemas precocemente, avaliando o padrão


de consumo, o tipo de uso ou
dependência, as comorbidades e os
fatores de risco.
Entre as ações que podem ser
realizadas, destacamos:
Ações preventivas: sensibilização
e capacitação dos profissionais de
saúde e educação;

encaminhamento adequado;

suporte sintomático;

clínicas e psiquiátricas;
égias de psicoeducação: trabalhar fatores de risco;
Grupos de autoajuda e ajuda mútua;
acompanhamento na Estratégia de Saúde da
Família;
por profissionais habilitados, terapias
individuais, grupais;
rapia cognitiva comportamental;
A abordagem de pessoas com problemas decorrentes do uso de SPAs
deve considerar a sua voluntariedade quanto ao tratamento;

 Fases do tratamento:
- Fase 1: Assistência de enfermagem na fase de desintoxicação:
Essa assistência começa com a chegada do usuário ao serviço de saúde
e deve ser prestada enquanto esse estiver com sintomas de abstinência
moderada ou grave.
 Procedimentos:
- Fazer um levantamento das necessidades básicas afetadas: nutrição,
hidratação, condições de higiene e integridade física, entre outras.
- Verificar sinais vitais para detectar possíveis anormalidades e fazer
avaliação do estado em que o usuário chega ao serviço. Por exemplo: se
alcoolizado, delirante, com rebaixamento do nível de consciência.
- Proporcionar os cuidados físicos imediatos após a avaliação anterior:
hidratar, alimentar, higienizar;
- Se delirante ou psicótico, colocá-lo em lugar tranquilo e bem
iluminado;
-A contenção física pode ser necessária caso haja risco de machucar-
se;
-Permanecer junto ao usuário, procurando tranquilizá-lo,
principalmente nas duas situações anteriores.

- Fase 2: Assistência de enfermagem na fase de recuperação ou


manutenção da abstinência:
Nesta fase, o usuário ainda sente bastante desconforto por estar
abstinente e ainda permanecerá alguns dias internado.
 Procedimentos:
-Procurar estabelecer um relacionamento de confiança com o usuário;
- Evitar críticas e menosprezo a respeito do comportamento da pessoa,
decorrente do uso de substâncias;
- Oferecer apoio quando o usuário mostrar-se ansioso devido à falta da
substância;
- Lidar com limites na presença de comportamentos manipulativos;
-Orientação e supervisão dos cuidados físicos;
-Orientação quanto aos prejuízos físicos e sociais causados pelo
consumo da droga;
-Orientação familiar.

Devemos considerar que os itens anteriores devem servir de


referencial para toda a equipe de enfermagem. Compete ao enfermeiro
fazer o plano de cuidados individualizado para o usuário.
 Estratégias de intervenções aplicadas ao uso/ abuso de SPA
 Promover assistência em nível de cuidados primários;
 Disponibilizar medicamentos de uso essencial em Saúde Mental;
 Promover cuidados comunitários;
 Educar a população;
 Envolver comunidades, famílias e usuários;

Entre outras....
Aula 6: Transtornos mentais graves

PRINCIPAIS SÍNDROMES NA PRÁTICA

 Síndromes psicóticas: São comuns as alterações de pensamento – um


pensamento desorganizado do juízo crítico - com a presença de delírios e
alterações da sensopercepção, sendo frequentes as alucinações.
- Observa-se um quadro de ruptura mais intensa com a realidade → “fora da
realidade”. No campo da psiquiatria e no estudo dos transtornos mentais, a
principal forma de expressão da psicose é a esquizofrenia.
- A pessoa que está em estado psicótico pode escutar vozes, ter crenças e
medos estranhos, confusão mental, estar apreensiva, sendo comum o
rompimento dos laços sociais;
- Medicamentos utilizados: Antipsicóticos (Risperidona).

 Síndromes afetivas: estão associadas a alterações do humor das pessoas e


se distribuem, de maneira geral, em depressão e euforia. Dentre os
sintomas afetivos, temos: tristeza, melancolia, choro involuntário, apatia,
sentimento de tédio, irritação, angústia, ansiedade, desespero e
desesperança.
- Nas síndromes depressivas são frequentes as queixas de perdas
significativas de um ente próximo, perda de trabalho, moradia, padrão
econômico.
- Depressão: A pessoa que solicita ou que necessita de intervenção da equipe
profissional geralmente apresenta sintomas físicos como fadiga, dor e perda
de interesse naquilo que antes tinha sentido de vida. A irritabilidade é uma das
principais queixas, e os prazeres cotidianos estão ausentes.
Os aspectos diagnósticos de acordo com OMS são: sono perturbado, alteração
do apetite, culpa ou perda da autoconfiança, pensamento ou atos suicidas,
libido diminuída, dificuldade de concentração e dificuldades nos movimentos e
na fala;
- Transtorno bipolar: As pessoas alternam períodos depressivos e/ou de
mania ou excitação a períodos de humor normal.
Na mania, observam-se: energia e atividade aumentadas; humor elevado ou
irritabilidade; fala rápida; perda de inibições; sono diminuído; sentimento de
demasiada autoimportância; distração fácil, gastos aumentados, dentre outros
sintomas e sinais;
Nos períodos depressivos, o humor fica deprimido e há perdas de interesse e
prazer. Os sintomas de mania podem estar também associados aos de
depressão.
Dentre as recomendações às pessoas e famílias, constam:
 Dialogar sobre o que está acontecendo e avaliar riscos de suicídio
envolvidos no contexto;
 Nos casos de depressão, sugere-se: descobrir, planejar e estimular
atividades que possam minimamente gerar prazer e sentido de vida;
 Refletir sobre a autoconfiança;
 Identificar possíveis origens para o sofrimento vivenciado e as principais
fontes de estresse;
 Explicar à família que a pessoa precisa de apoio.
Nos casos de mania, recomenda-se:
 Evitar confrontação;
 Dialogar sobre os comportamentos impulsivos;
 Solicitar à família que observe e acolha a pessoa, e se a agitação ou
comportamento disruptivo forem graves, a possibilidade de internação em
CAPS III ou hospital geral deve ser refletida entre todos os envolvidos.
 Síndromes neuróticas, ansiosas e somatoformes: o conceito de neurose
está relacionado com a angústia originária dos conflitos existenciais e
complexos das relações da condição humana. Uma característica bastante
comum é o sintoma de ansiedade patológica, e, no caso das fobias, o medo.
- O medo é uma emoção relacionada a ameaças iminentes ou imediatas
geralmente identificáveis, que desencadeiam uma série de reações físicas e
psíquicas para preparar a pessoa para a defesa ou a fuga de uma situação
considerada ameaçadora;
- A ansiedade gera reações físicas e psíquicas semelhantes, mas a situação de
ameaça não é clara. As classificações diagnósticas utilizam critérios ligados à
intensidade, frequência e duração dos sintomas para estabelecer pontos de
corte entre a ansiedade normal e a patológica;
Ansiedade: se caracteriza por a) sintomas físicos: dor de cabeça, tremores,
tensão muscular, movimentos inquietos; b) hiperatividade autonômica:
sudorese, taquicardia, taquipneia, desconforto epigástrico, tonturas, boca seca;
c) sintomas psíquicos: apreensão, preocupações sobre desgraças futuras,
dificuldade de concentração, sensação de estar no limite.
Somatizações: queixas somáticas sem evidências de afecção física, como
dores de cabeça, dores abdominais, sensações gastrintestinais, sensações
cutâneas, queixas sexuais ou menstruais e outras, também se enquadram
neste espectro sindrômico. É uma forma de expressão de sofrimento quando a
pessoa não consegue manifestar os sentimentos e emoções.
As recomendações gerais para as síndromes deste grupo englobam:
 Métodos de relaxamento;
 Identificação de medos ou de possíveis causas explicativas pela pessoa;
 Dialogar sobre o que acontece e em quais situações os sintomas aparecem;
 Identificar fatores de estresse;
 Dialogar sobre o estilo de vida;
 Buscar compreender a história de vida da pessoa; e negociar a construção
de um projeto terapêutico singular.
No caso de haver sintomas de somatização, sugere-se:
 Reconhecer que os sintomas físicos são reais;
 Demonstrar interesse em ajudar a pessoa e interessar-se em saber o que
pode estar acontecendo sem reforçar os sintomas;
 Averiguar junto à pessoa sobre o que ela acha que está causando essa
situação.

 Síndromes relacionadas a substâncias psicoativas: O uso e abuso de


substâncias psicoativas (SPAs). São substâncias químicas que, quando
ingeridas, alteram as funções do sistema nervoso central e produzem reações
físicas e psíquicas (o álcool, o crack, a cocaína, a maconha, a nicotina, a
heroína, entre outros). TROUXE NA AULA ANTERIOR.

 Síndromes mentais e orgânicas: As síndromes demenciais e confusionais


agudas, como as demências e o delirium formam o quadro das síndromes cuja
etiologia é orgânica. Nessas, encontram-se alteradas especialmente as
funções cognitivas, como consciência, orientação, memória e atenção.
- No delirium ou síndrome confusional aguda: há instalação aguda de
sintomas caracterizados por quadro de agitação e confusão psíquica.
Observam- se: déficit de memória, instabilidade emocional, perda de
orientação, alucinações visuais ou aditivas, sensação de desconfiança e sono
perturbado, entre outros. Dentre as recomendações básicas, estão: avaliação
de risco de auto e/ou heteroagressão e orientações à família para contribuir
com a redução da confusão psíquica. Caso haja necessidade de internação, o
assunto deve ser discutido com os envolvidos.
- Nas síndromes demenciais: observa-se perda de múltiplas habilidades
cognitivas e funcionais, dentre as quais destacamos: memória, linguagem,
alteração de personalidade e consciência, entre outros.
As pessoas apresentam lapsos de memória, esquecimento e podem sentir-se
deprimidas. Pode haver alteração do comportamento e higiene pessoal
deficitária.
 Os aspectos diagnósticos envolvem déficit de memória recente, alteração no
pensamento, orientação e linguagem.
Dentre as recomendações, estão:
 Monitoramento da capacidade de desempenho das tarefas domésticas com
segurança;
 Utilização de estratégias que auxiliam na preservação da memória;
 Evitar inserir a pessoa em espaços não familiares;
 Reduzir estressores psicossociais.
 Os grupos de ajuda mútua que favorecem a troca de experiências fortalecem
as pessoas envolvidas.

A consulta de enfermagem objetiva conhecer o usuário e seu acompanhante


juntamente com suas demandas de cuidado para a formulação do diagnóstico
de enfermagem a fim de poder pensar e propor um projeto terapêutico
singular que será discutido e ampliado com os demais membros da equipe. A
consulta de enfermagem é uma atividade privativa do enfermeiro, trata-se de
uma importante ferramenta para fortalecer o vínculo usuário/enfermeiro/
família no processo de cuidar.

Aula 7: O cuidado em situação de crise, urgência e emergência

- As diferenças entre situações de urgência e de emergência dizem respeito


ao modo como surgem (de maneira previsível ou imprevisível) e à iminência
do risco de morte;
- As situações de crise em saúde mental configuram-se primariamente como
uma condição de urgência, e não necessariamente de emergência;
- O termo crise está associado a situações de mudança que promovem algum
tipo de desequilíbrio, de desestabilização, e que por isso exigem novas
ordenações uma vez que a organização anterior encontra-se ultrapassada.
- Neste sentido, a crise representa uma possibilidade de crescimento ou
amadurecimento;
 Urgência psiquiátrica: pode ser definida segundo os seguintes critérios,
considerando a presença de pelo menos três deles:
 Sintomatologia psiquiátrica grave ou aguda;
 Grave ruptura das relações familiares ou sociais;
 Recusa de tratamento ou estima, mais aceitação do contato;
 Recusa obstinada de contato com equipes de tratamento psiquiátrico;
 Situação de alarme e risco no contexto familiar ou social, traduzindo-se em
incapacidade de se defrontar com a crise;

 As tarefas da equipe profissional são organizadas:


 Na coleta das informações junto à própria pessoa em crise, aos familiares,
vizinhos ou quem quer que esteja acompanhando a situação;
 Em produzir uma avaliação do caso e do entrelaçamento dos problemas
apresentados;
 Em estabelecer um diagnóstico situacional a partir dessas informações;
 Em avaliar os recursos existentes, tanto os da equipe ou serviço quanto da
rede social e familiar;
 Em estabelecer as ações com base nesses critérios.

 Aspectos profissionais:
- Com relação ao usuário:
 Avaliação clínica: Existe ou não problema clínico?
Esse aspecto é importante uma vez que nas urgências com sintomatologia
psiquiátrica há uma tendência a negligenciar os aspectos clínicos que podem
figurar como causa desencadeante ou como efeito da crise (noites sem
dormir, alimentação precária ou inexistente, desidratação etc.).
 O uso de psicofármacos é necessário ou eficiente?
 A quem se destina a medicação: ao usuário, à família ou ao próprio
profissional?
 Existem riscos ou alguma periculosidade para o usuário? É necessário
tomar medidas que o protejam?
 O ambiente em que ele está ou vive é adequado? Existem riscos
provenientes desse ambiente?
- Com relação à família:
 Existe família? Qual a posição dela em relação aos eventos?
 A família é presente, ausente ou demasiado presente?
 A família é disponível para atuar nos cuidados ou ela é intolerante?
 Qual sua capacidade de participação?
 É a família que comunica e deseja? O que comunicam e o que desejam?
 Existem outras pessoas, dentro ou fora da família, que assumem algum
papel na situação?
- Com relação à equipe técnica:
 Há compreensão por parte da equipe acerca da tarefa a ser desempenhada?
 Os integrantes da equipe conseguem ajudar-se mutuamente a manejar e a
controlar a situação?
 Existe disposição entre os membros para isso?
 Existem membros tecnicamente capazes para a intervenção?
Aula 8: Psicofármacos

Os psicofármacos são drogas lícitas e fabricadas pela indústria farmacêutica,


cuja prescrição deve seguir determinados parâmetros de segurança devido
aos riscos de dependência, tolerância e overdose, dentre outros. Os
psicofármacos são drogas que atuam nos processos psíquicos em geral.

De acordo com o seu efeito tais drogas são classificadas em:

 Ansiolíticos/hipnóticos;

 Antidepressivos;

 Antipsicóticos/neurolépticos;

 Estabilizadores do humor.

 Antiparkinsonianos*

 Ansiolíticos/hipnóticos: Os grandes representantes desse grupo de


substâncias são os compostos benzodiazepínicos, como o clordiazepóxido
e o diazepam; Existem também lorazepam, bromazepam, clonazepam,
alprazolam, lorazepam, bromazepam, clonazepam, alprazolam;
 Indicações: São indicados para o tratamento de transtornos de ansiedade,
fobia social, ansiedade ou insônia intensas, insônia leve, delirium tremens, em
doenças neuromusculares, como coadjuvantes no tratamento de diferentes
formas de epilepsia e da mania aguda, no manejo da acatisia, como medicação
pré-anestésica, e, por fim, em situações heterogêneas de ansiedade
situacional que não chegam a caracterizar um diagnóstico.
Contraindicações: Não devem ser utilizados em pessoas com
hipersensibilidade a essas drogas, ou que apresentem problemas como
glaucoma de ângulo fechado, insuficiência respiratória, doença pulmonar
obstrutiva crônica, miastenia gravis, doença hepática ou renal graves, bem
como em alcoolistas e drogaditos.
Efeitos colaterais: Causam sedação, fadiga, perdas de memória, sonolência,
descoordenação motora, diminuição da atenção, da concentração e dos
reflexos, aumentando o risco para acidentes de carro ou no trabalho, além de
produzir dependência, reações de abstinência e rebote

 Antidepressivos: Os antidepressivos são representados por um vasto


número de compostos.
 Dentre eles, destacam-se os grupos de substâncias:
- Tricíclicos: imipramina, amitriptilina, clomipramina, nortriptilina, maprotilina,
doxepina;
- Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS): fluoxetina,
sertralina, paroxetina, citalopram, escitalopram, fluvoxamina;
- Inibidores da enzima monoamino-oxidase (IMAO): fenelzina, tranilcipromina,
moclobemida.
- Além dessas, outras substâncias com diferentes mecanismos de ação são
utilizadas no tratamento da depressão, bem como em outros transtornos
mentais: Amineptina; Bupropriona; Milnaciprano; Mirtazapina; Nefazodona;
Tianeptina; Venlafaxina...
 Indicações: São utilizados para o tratamento de transtornos depressivos,
especialmente em depressões de intensidade moderada ou grave;
Os compostos tricíclicos são as drogas de escolha em depressões graves e
em usuários hospitalizados: São efetivos no transtorno do pânico, no
transtorno de ansiedade generalizada, na dor crônica, no déficit de atenção
com hiperatividade e no transtorno obsessivocompulsivo.
Os ISRS: além de serem utilizados na depressão unipolar, revelaram-se
eficazes no transtorno obsessivo-compulsivo, no transtorno do pânico, na
distimia, em episódios depressivos do transtorno bipolar, na bulimia nervosa,
na fobia social, na ansiedade generalizada e no stress pós-traumático.
Os IMAO: são recomendados para o tratamento de depressões atípicas,
transtornos ansiosos (pânico e fobias) e para pessoas resistentes ao
tratamento com os demais antidepressivos.
Dos demais antidepressivos, de acordo com Cordioli (2005), vale citar que: A
bupropriona é utilizada no tratamento do tabagismo; A nefazodona e a
mirtazapina são preferidas em quadros depressivos acompanhados de
ansiedade; A venlafaxina vem sendo utilizada no tratamento da ansiedade
generalizada.
Contraindicações: Os compostos tricíclicos: Pessoas com: Problemas
cardíacos (bloqueio de ramo, insuficiência cardíaca) ou após o infarto recente
do miocárdio (três a quatro semanas); Hipertrofia de próstata, constipação
intestinal grave e glaucoma de ângulo estreito; Devem ser evitados ainda em
idosos pelo risco de hipotensão postural e consequentemente de quedas; Em
pessoas com risco de suicídio, pois são letais em overdose; Eem pessoas com
sobrepeso ou obesos, pois provocam ganho de peso
Os ISRS: Pessoas com problemas gastrintestinais como gastrite ou refluxo
gastroesofágico, que utilizam múltiplas drogas e com insuficiência hepática
devem evitar a fluoxetina, pois ela apresenta interações medicamentosas
bastante complexas; evitados ainda em usuários com disfunções sexuais não
decorrentes de depressão, pois podem agravar tais quadros.
 Efeitos colaterais: Tricíclicos: são: boca seca, constipação intestinal,
retenção urinária, visão borrada, taquicardia, queda de pressão, tonturas,
sudorese, sedação, ganho de peso, tremores;
ISRS: ansiedade, desconforto gástrico (náuseas, dor epigástrica, vômitos),
cefaleia, diminuição do apetite, disfunção sexual, inquietude, insônia,
nervosismo, tremores.
IMAO: é a hipotensão postural, mas podem ocorrer outros efeitos adversos,
como: Tontura; Cefaleia; Inibição da ejaculação; Fraqueza; Fadiga; Dificuldade
para urinar; Boca seca; Visão embaçada, obstipação, rash cutâneo, anorexia,
parestesias e edema dos pés.

 Antipsicóticos/neurolépticos: Os antipsicóticos são classificados em típicos


(clássicos ou convencionais) e atípicos;
 O antipsicóticos típicos ou de primeira geração são anteriores aos atípicos,
de segunda ou de nova geração; Típicos são menos seletivos nos seus
mecanismos de ação
 As diferentes gerações de antipsicóticos não se distinguem em termos de
eficácia clínica, mas sim em termos do perfil de efeitos colaterais.
- Alguns antipsicóticos de primeira geração: haloperidol, haloperidol
decanoato, flufenazina, pimozida, trifluoperazina, clorpromazina,
levomepromazina;
- Alguns antipsicóticos de segunda geração: clozapina, risperidona,
olanzapina, quetiapina, aripiprazol.

 Indicações: esquizofrenia; transtornos delirantes, em episódios agudos de


mania com sintomas psicóticos ou agitação; transtorno bipolar do humor;
depressão psicótica em associação com antidepressivos, em episódios
psicóticos breves; Em psicoses induzidas por drogas, psicoses cerebrais
orgânicas, controle da agitação e da agressividade em pacientes com retardo
mental ou demência, transtorno de Tourette.
 Contraindicações: hipersensibilidade à droga, discrasias sanguíneas, em
estados comatosos ou depressão acentuada do SNC, nos transtornos
convulsivos, ou quando o paciente apresenta doença cardiovascular grave;
evitar os tipos típicos em pacientes idosos por causarem problemas
cardiocirculatórios e cognitivos.
 Efeitos colaterais: Nos antipsicóticos típicos, destacam-se os efeitos
colaterais motores, como: Acatisia – é a sensação subjetiva de inquietude
motora, ansiedade, incapacidade para relaxar, dificuldade de permanecer
imóvel e a necessidade de alternar entre estar sentado ou de pé. Distonias
agudas – são contraturas musculares ou movimentos estereotipados de
grupos musculares que surgem minutos ou horas depois do início do uso de
um antipsicótico. Discinesia tardia – são movimentos estereotipados de grupos
musculares, periorais, da língua, da cabeça, do tronco ou dos membros, que
surgem geralmente depois do uso crônico de altas doses dos antipsicóticos,
Parkinsonismo, aumento e dor nos seios, galactorreia, amenorreia, redução
da lubrificação vaginal, desencadeamento de diabete, hipotensão ortostática.

 Estabilizadores do humor: São representados pelo Lítio e pelas seguintes


substâncias anticonvulsivantes: Carbamazepina; Ácido valpróico/valproato;
Lamotrigina; Topiramato; Gabapentina.
 Indicações: Lítio – usado no tratamento e na profilaxia de episódios agudos
do transtorno do humor bipolar, na ciclotimia, como potencializador dos
antidepressivos em pacientes com depressão unipolar, que respondem
parcialmente ou não respondem aos antidepressivos, em episódios de
agressividade e de descontrole do comportamento. Anticonvulsivantes –
efetivos em epilepsia do lobo temporal, são também considerados para
pessoas que não respondem satisfatoriamente ao lítio (como os cicladores
rápidos) ou que não toleram o lítio; no controle de sintomas maníacos; casos
com alterações no EEG; e antecedentes de trauma craniano.
 Contraindicações: O lítio deve ser evitado nos usuários considerados como
cicladores rápidos (quatro ou mais episódios por ano); Em pessoas com
insuficiência renal, disfunção do nódulo sinusal, arritmias ventriculares
graves, com insuficiência cardíaca congestiva; Pessoas que apresentam vários
episódios de mania, depressão seguida de mania, mania grave, mania
secundária, adolescentes com abuso de drogas e em comorbidades, como
hipotireoidismo, assim como na gravidez. Anticonvulsivantes, o ácido valproico
deve ser evitado em pessoas com insuficiência hepática, hepatite,
hipersensibilidade à droga e durante a gravidez. Carbamazepina é
contraindicada em usuários com doença hepática, trombocitopenia ou em uso
de clozapina, pois pode agravar problemas hematológicos.
 Efeitos colaterais: Lítio são: Acne, aumento do apetite, edema; Fezes
amolecidas, ganho de peso, gosto metálico; Leucocitose, náuseas, polidipsia,
poliúria, tremores finos; O ácido valproico: Ataxia, aumento do apetite, ganho
de peso, desatenção, fadiga, náuseas, sonolência, sedação; Diminuição dos
reflexos, tremores, tonturas; Carbamazepina: Ataxia, diplopia, dor epigástrica,
toxicicidade hepática; Náuseas, prurido, rash cutâneo, sedação, sonolência,
tonturas.

 Antiparkinsonianos*: Fenergan e Biperideno


 Indicações: Dentre outras indicações, eles reduzem os efeitos de
impregnação causados pelos antipsicóticos, melhorando os efeitos do tipo
parkinsoniano, como tremores, rigidez muscular, bradicinesia e
hipersalivação.
 Contraindicações: Biperideno: pacientes com hipersensibilidade à droga,
glaucoma de ângulo estreito, estenose ou obstrução mecânica do sistema GI,
megacólon; Fenergan: pacientes com hipersensibilidade à droga, discrasias
sanguíneas, risco de retenção urinária ligado a distúrbios uretoprostáticos,
glaucoma de ângulo fechado, amamentação
 Efeitos colaterais: os mais comuns são boca seca, prisão de ventre,
sonolência (prometazina), excitação (biperideno), retenção urinária, visão
embaçada.

 Cuidados de enfermagem geral:


 PTS;
 Mudanças no estilo de vida (alimentação, atividade física...);
 Estratégias de cuidado conforme efeitos colaterais;
 Orientações a pessoa/família – efeitos colaterais;
 Haloperidol Decanoato – Intercalar administração em glúteos – Nódulos.
 Litemia (uso do lítio).

Aula 9: Suicídio

- O suicídio é uma das formas de lidar com o sofrimento; É um ato radical que
expressa dor, desespero e desesperança diante da vida;
- Quem se decide pela morte necessita ser acolhido, escutado, respeitado.
Alguém que precisa de ajuda e não de críticas, julgamentos ou condenação.
- É a terceira causa de morte entre jovens e o Brasil ocupa o oitavo lugar no
ranking mundial;
 Reconhecimento da crise suicida
São necessárias algumas informações acerca das formas de manifestação do
sofrimento humano (sinais, sintomas, fatores de risco), o que torna
imprescindível escutar com atenção, observar comportamentos cotidianos e
acolher a pessoa em sofrimento.

SINAIS E SINTOMAS:
- A ideação suicida é acompanhada de grande sofrimento e perspectiva
pessimista.
Comum: ocorrência de expressões autodepreciativas e autoacusações
acompanhadas de sentimento de culpa, incapacidade e rejeição;
Outros sinais e sintomas que podem estar presentes são: tristeza profunda,
frustração, irritabilidade; choro frequente, apatia, dificuldade de interação,
isolamento social, baixa autoestima; insônia, comportamentos agressivos
dirigidos para si ou para o outro.
São quatro os sentimentos principais de quem pensa em tirar a própria vida:
Depressão, desesperança, desespero, desamparo.

 Fatores de risco ao suicídio


1. MANIFESTAÇÕES DE SOFRIMENTO PSIQUÍCO: Depressão, uso abusivo de
substâncias psicoativas e outras doenças.
2. TENTATIVA DE SUICÍDIO ANTERIOR;
3. HISTÓRICO DE SUICÍDIO NA FAMÍLIA;
4. HISTÓRICO DE VIOLÊNCIA: Abuso sexual, negligência, abandono etc.
5. REDE DE SUPORTE SOCIAL FRAGILIZADA;
6. DIFICULDADE DE LIDAR COM PERDAS: mortes, desilusão amorosa,
separação conjugal, perda de emprego, derrocada financeira.
7. ACESSO A MEIOS LETAIS.

 Características de possível suicídio

 Ambivalência: É atitude interna característica das pessoas que pensam em


ou que tentam o suicídio. Quase sempre querem ao mesmo tempo alcançar a
morte, mas também viver. O predomínio do desejo de vida sobre o desejo de
morte é o fator que possibilita a prevenção do suicídio. Se for dado apoio
emocional e o desejo de viver aumentar, o risco de suicídio diminuir.
 Impulsividade: O suicídio pode ser também um ato impulsivo. Como qualquer
outro impulso, o impulso de cometer suicídio pode ser passageiro e durar
alguns minutos ou horas. Normalmente, é desencadeado por eventos
negativos do dia-a-dia. Acalmando tal crise e ganhando tempo, o profissional
da saúde ou pessoa pode ajudar a diminuir o risco suicida.
- Aumento do uso de álcool ou outras drogas; - Mudanças drásticas de peso; -
Dirigir perigosamente.

 Alertas para a formação da ideia suicida


- Uso frequente de emotions negativos;
- Perguntas frequentes sobre métodos letais (faca, armas...);
- Enaltecer e glamorizar a morte;
- Desfazer de objetos pessoais e dar adeus;
- Automutilação e/ou práticas autodestrutivas;
- Mudanças marcantes no comportamento ou nos hábitos;
- Isolamento social.

 PREVENÇÃO DO SUICÍDIO – UMA SÍNTESE:


- O QUE FAZER?
1. OBSERVAR: Os sinais de quem está desistindo da vida;
2. PERGUNTAR: “O que está acontecendo com você?”;
3. ESCUTAR: Com atenção e interesse. Sem criticar, nem julgar;
4.OFERECER AJUDA: “O que posso fazer para te ajudar?” Buscar ajuda
especializada e acompanhar.

Aula 10: Transtornos de personalidade

- Os transtornos de Boderline, histriônicos e dependentes que são mais


frequentes em indivíduos do sexo feminino;
- O transtorno da personalidade esquiva e o transtorno da personalidade
obsessivo-compulsiva são os mais comuns na comunidade.
 Transtornos Mentais Menores (Comuns)
Sofrimento Difuso é um conceito cunhado por Valla (2001) para nomear
queixas somáticas inespecíficas, tais como dores de cabeça e no corpo,
insônia, nervosismo, problemas gástricos e estados de mal-estar não
classificáveis nos diagnósticos médicos ou psiquiátricos, cujas múltiplas
raízes podem se encontrar nas relações sociais, familiares, laborativas ou
econômicas.

 Transtornos de Personalidade
- Personalidade pode ser definida de modo sucinto como as características
individuais que correspondem a um padrão persistente de emoções,
pensamentos e comportamentos.
- Transtorno da personalidade (TP) pode ser caracterizado como “padrão
persistente de experiência interna e comportamento que se desvia
acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo, é difuso e inflexível,
começa na adolescência ou início da fase adulta, é estável ao longo do tempo e
leva a sofrimento ou prejuízo”.

 Classificação dos Transtornos de Personalidade


- O DSM-5 inclui 10 transtornos de personalidade, divididos em três grupos
baseados em semelhanças descritivas.
Grupo A – a característica deste grupo é que os indivíduos parecem esquisitos
ou excêntricos:
 Transtorno Paranoíde: Desconfiança e suspeitas em relação aos outros, de
modo que as intenções são interpretadas como maldosas, que se manifesta no
início da idade adulta. Guarda rancores persistentes, ou seja, é implacável com
insultos, injúrias ou deslizes.
 Transtorno Esquizoide: Distanciamento das relações sociais e uma faixa
restrita de expressão emocional em contextos interpessoais, que se manifesta
no início da idade adulta. Demonstra frieza emocional, distanciamento ou
embotamento afetivo
 Transtorno Esquizotípico: Déficits sociais e interpessoais, marcado por
desconforto agudo e reduzida capacidade para relacionamentos íntimos, além
de distorções cognitivas ou perceptivas e comportamento excêntrico. Crenças
bizarras ou pensamento mágico que influenciam o comportamento e não estão
de acordo com as normas da subcultura do indivíduo

Grupo B – incluem os transtornos cujos indivíduos se mostram dramáticos,


emotivos ou erráticos:
 Transtornos da personalidade antissocial: Desrespeito e violação dos
direitos alheios, que ocorre desde os 15 anos; Incapacidade de adequar-se às
normas sociais com relação a comportamentos lícitos, indicada pela execução
repetida de atos que constituem motivo de detenção. Propensão para enganar,
indicada por mentir repetidamente, usar nomes falsos ou ludibriar os outros
para obter vantagens pessoais ou prazer.

 Transtorno de Borderline ou Limítrofe: Instabilidade dos relacionamentos


interpessoais, da autoimagem e dos afetos e acentuada impulsividade, que se
manifesta no início da idade adulta. Esforços frenéticos no sentido de evitar
um abandono real ou imaginário
 Transtorno histriônico: Excessiva emotividade e busca de atenção, que se
manifesta no início da idade adulta. Desconforto em situações nas quais não é
o centro das atenções
 Transtorno narcisista: Grandiosidade em fantasia ou comportamento,
necessidade de admiração e falta de empatia, que se manifesta no início da
idade adulta. Sentimento grandioso acerca da própria importância; Exigência
de admiração excessiva.
Grupo C – incluem os transtornos dos indivíduos que carregam a
característica de parecerem ansiosos ou medrosos:
 Transtornos da personalidade evitativa: Inibição social, sentimentos de
inadequação e hipersensibilidade à avaliação negativa, que se manifesta no
início da idade adulta. Evita atividades ocupacionais que envolvam contato
interpessoal significativo por medo de críticas, desaprovação ou rejeição;
 Transtorno dependente: Necessidade global e excessiva de ser cuidado, que
leva a um comportamento submisso e aderente e a temores de separação, que
se manifesta no início da idade adulta. Necessidade de que os outros assumam
a responsabilidade pelas principais áreas de sua vida;
 Transtorno obsessivo-compulsivo: Preocupação com organização,
perfeccionismo e controle mental e interpessoal, à custa de flexibilidade,
abertura e eficiência, que se manifesta no início da idade adulta. Preocupação
tão extensa com detalhes, regras, listas, ordem, organização ou horários, que
o alvo principal da atividade é perdido.

 Os objetivos do tratamento
- Reduzir o sofrimento subjetivo;
- Permitir que os pacientes entendam que seus problemas têm origem interna;
- Diminuir comportamentos significativamente mal adaptativos e socialmente
indesejáveis (imprudência, isolamento social, falta de assertividade, explosões
temperamentais);
- Modificar traços de personalidade problemáticos

 Tratamento
- O tratamento de primeira linha e padrão ouro é a psicoterapia;
- Tanto psicoterapia individual quanto em grupo são eficazes no tratamento;
- Psicofármacos: Os estabilizadores de humor mais utilizados são:
Lítio 300 a 600 mg;
Lamotrigina 200 mg/dia;
- Os antipsicóticos mais utilizados:
Aripiprazol 2,5 mg
Risperidona 0,5 a 1 mg
Quetiapina 25 a 150 mg

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