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DE SAÚDE MENTAL
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ATENÇÃO BÁSICA
No que se refere à Atenção Básica, fazem parte da RAPS as Unidades Básicas de Saúde (UBS)
e os Centros de Convivência e Cultura, que são unidades públicas, articuladas às Redes de Atenção
à Saúde, em especial à RAPS, onde são oferecidos à população em geral espaços de sociabilidade,
produção e intervenção na cultura e na cidade.
As UBS apresentam como pontos de atenção dentro da RAPS:
ͫ as equipes de Atenção Básica (Estratégias Saúde da Família – ESF);
ͫ as equipes de Atenção Básica para populações específicas:
» equipe de Consultório na Rua: composta por profissionais que atuam de forma
itinerante, ofertando ações e cuidados de saúde para a população em situação de
rua, considerando suas diferentes necessidades de saúde.
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É de responsabilidade dessa equipe, no âmbito da RAPS, ofertar cuidados em saúde mental para
pessoas em situação de rua em geral, pessoas com transtornos mentais e usuários de crack, álcool
e outras drogas, incluindo ações de redução de danos, em parceria com equipes de outros pontos
de atenção da rede de saúde, como Unidades Básicas de Saúde, Centros de Atenção Psicossocial,
Prontos-Socorros, entre outros. Quando necessário, a Equipe de Consultório na Rua, pode utilizar
as instalações das Unidades Básicas de Saúde do território.
ͫ Equipe de apoio aos serviços do componente Atenção Residencial de Caráter Transitório:
oferece suporte clínico e apoio a esses pontos de atenção, coordenando o cuidado e
prestando serviços de atenção à saúde de forma longitudinal e articulada com os outros
pontos de atenção da rede.
ͫ Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF): vinculados à Unidade Básica de Saúde e
constituídos por profissionais de saúde de diferentes áreas de conhecimento.
Os profissionais do NASF atuam de maneira integrada, sendo responsáveis por apoiar as Equi-
pes de Saúde da Família, as Equipes de Atenção Básica para populações específicas e equipes da
academia da saúde, atuando diretamente no apoio matricial e, quando necessário, no cuidado
compartilhado junto às equipes da(s) unidade(s) na(s) qual(is) o Núcleo de Apoio à Saúde da Família
está vinculado, incluindo o suporte ao manejo de situações relacionadas ao sofrimento ou transtorno
mental, incluindo os problemas relacionados ao uso de crack, álcool e outras drogas.
O Matriciamento ou apoio matricial é um modo de produzir saúde em que duas ou mais
equipes, num processo de construção compartilhada, criam uma proposta de intervenção peda-
gógico-terapêutica. Esta estratégia busca estruturar um tipo de cuidado colaborativo entre a saúde
mental e a atenção primária (BRASIL, 2011).
O Matriciamento é um exercício da rede em que a Atenção Básica (ESF) junto à equipe espe-
cializada em saúde mental (CAPS) e / ou ao NASF constroem projetos terapêuticos singulares (PTS),
incluindo qualquer ator da rede necessário para aquele indivíduo e sua família.
ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
A Atenção Psicossocial é formada pelos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) (nas suas
diferentes modalidades), e pelas Equipes Multiprofissionais de Atenção Especializada em Saúde
Mental / Unidades Ambulatoriais Especializadas (Portaria nº 3.588/2017).
As Equipes Multiprofissionais de Atenção Especializada em Saúde Mental / Unidades Ambula-
toriais Especializadas fazem parte da RAPS e constituem em uma estratégia para atenção integral à
pessoa com transtornos mentais moderados. As Equipes têm por objetivo prestar atenção multipro-
fissional em saúde mental, respondendo à necessidade de atendimento especializado identificado
pela atenção básica, integrando-se aos demais serviços das redes de atenção à saúde.
A assistência das equipes será organizada a partir da atenção básica, que fará a estratificação
de risco para determinar casos a serem referenciados. Elas devem ampliar o acesso à assistência
em saúde mental para pessoas de todas as faixas etárias com transtornos mentais mais prevalentes,
como transtornos de humor, dependência química e transtornos de ansiedade. A equipes devem
se articular com os demais serviços do SUS e com o Sistema Único de Assistência Social, de forma
a garantir direitos de cidadania, cuidado transdisciplinar e ação intersetorial.
Os CAPS, por sua vez, são serviços de saúde de caráter aberto e comunitário que compõem a
RAPS, constituídos por equipes multiprofissionais que atuam de maneira interdisciplinar e realizam
prioritariamente atendimento às pessoas com transtornos mentais graves e persistentes e às pessoas
com sofrimento ou transtorno mental em geral, incluindo aquelas com necessidades decorrentes
política nacional de saúde mental 5
do uso de crack, álcool e outras drogas, em sua área territorial, seja em situações de crise ou nos
processos de reabilitação psicossocial.
As atividades desenvolvidas nos CAPS são realizadas prioritariamente em espaços coletivos
(grupos, assembleias de usuários, reunião diária de equipe), de forma articulada com os outros
pontos de atenção da rede de saúde e das demais redes, e o cuidado assistencial é desenvolvido
por intermédio de Projeto Terapêutico Singular (PTS), envolvendo em sua construção a equipe, o
usuário e sua família.
O Projeto Terapêutico Singular é um conjunto de propostas de condutas terapêuticas articula-
das para um indivíduo, uma família ou um grupo que resulta da discussão coletiva de uma equipe
interdisciplinar. Quando a Atenção Básica visualiza a necessidade de Apoio Matricial, a equipe do
CAPS se une a ela para a elaboração do PTS.
As modalidades de CAPS são:
ͫ CAPS I: atende pessoas de todas as faixas etárias que apresentam prioritariamente intenso
sofrimento psíquico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes, incluindo
aqueles relacionados ao uso de substâncias psicoativas, e outras situações clínicas que
impossibilitem estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida;
» Indicado para Municípios ou regiões de saúde com população acima de 15 mil
habitantes.
ͫ CAPS II: atende prioritariamente pessoas em intenso sofrimento psíquico decorrente
de transtornos mentais graves e persistentes, incluindo aqueles relacionados ao uso de
substâncias psicoativas, e outras situações clínicas que impossibilitem estabelecer laços
sociais e realizar projetos de vida;
» Indicado para Municípios ou regiões de saúde com população acima de 70 mil
habitantes.
ͫ CAPS i: atende crianças e adolescentes que apresentam prioritariamente intenso sof-
rimento psíquico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes, incluindo
aqueles relacionados ao uso de substâncias psicoativas, e outras situações clínicas que
impossibilitem estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida;
» Indicado para municípios ou regiões com população acima de 70 mil habitantes.
ͫ CAPS AD: atende pessoas de todas as faixas etárias, que apresentam intenso sofrimento
psíquico decorrente do uso de crack, álcool e outras drogas;
» Indicado para Municípios ou regiões de saúde com população acima de 70 mil
habitantes;
» Mantém de 02 (dois) a 04 (quatro) leitos para desintoxicação e repouso.
ͫ CAPS III: atende prioritariamente pessoas em intenso sofrimento psíquico decorrente
de transtornos mentais graves e persistentes, incluindo aqueles relacionados ao uso de
substâncias psicoativas, e outras situações clínicas que impossibilitem estabelecer laços
sociais e realizar projetos de vida.
» Indicado para Municípios ou regiões de saúde com população acima de 150 mil
habitantes;
» Proporciona serviços de atenção contínua, com funcionamento vinte e quatro horas,
incluindo feriados e finais de semana, ofertando retaguarda clínica e acolhimento
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noturno com no máximo 05 leitos, para eventual repouso e/ou observação a outros
serviços de saúde mental, inclusive CAPS AD;
» A permanência de um mesmo paciente no acolhimento noturno fica limitada a 07
(sete) dias corridos ou 10 (dez) dias intercalados em um período de 30 (trinta) dias.
ͫ CAPS AD III: atende pessoas de todas as faixas etárias que apresentam intenso sofrimento
psíquico decorrente do uso de crack, álcool e outras drogas;
» Indicado para Municípios ou regiões de saúde com população acima de 150 mil
habitantes;
» Proporciona serviços de atenção contínua, com funcionamento vinte e quatro horas,
incluindo feriados e finais de semana, ofertando retaguarda clínica e acolhimento
noturno (no mínimo 8 e no máximo 12 vagas);
» O CAPS AD III poderá atender a população infantojuvenil, desde que atendendo aos
requisitos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA);
» A permanência de um mesmo usuário no acolhimento noturno do CAPS AD III fica
limitada a 14 (catorze) dias, no período de 30 (trinta) dias (Portaria 130/2012). Caso
seja necessária permanência no acolhimento noturno por período superior a 14
(catorze) dias, o usuário será encaminhado a uma Unidade de Acolhimento.
ͫ CAPS AD IV: atende pessoas de todas as faixas etárias com quadros graves e intenso
sofrimento decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas (Portaria nº 3.588/2017).
» Sua implantação deve ser planejada junto a cenas de uso em municípios com mais
de 500 mil habitantes e capitais de Estado, de forma a maximizar a assistência a
essa parcela da população.
» Tem como objetivos atender pessoas de todas as faixas etárias; proporcionar serviços
de atenção contínua, com funcionamento vinte e quatro horas, incluindo feriados
e finais de semana, e ofertar assistência a urgências e emergências, contando com
no mínimo 10 e no máximo 20 leitos de observação.
» O CAPS AD IV poderá se destinar a atender adultos ou crianças e adolescentes, con-
junta ou separadamente, desde que se adeque ao que prevê o Estatuto da Criança
e do Adolescente (ECA).
No quadro a seguir, é possível observar as modalidades de CAPS em ordem crescente de
população:
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ATENÇÃO HOSPITALAR
A Atenção Hospitalar é formada pelos seguintes pontos de atenção:
ͫ Unidade de Referência Especializada em Hospital Geral (Portaria nº 3.588/2017);
» Leitos de Saúde Mental em Hospital Geral - Oferecem tratamento hospitalar para
casos graves relacionados aos transtornos mentais e ao uso de álcool, crack e outras
drogas, em especial de abstinências e intoxicações severas;
» Serviço Hospitalar de Referência, oferecendo retaguarda clínica por meio de interna-
ções de curta duração, com equipe multiprofissional e sempre acolhendo os pacien-
tes em articulação com os CAPS e outros serviços da Rede de Atenção Psicossocial
para construção do Projeto Terapêutico Singular.
ͫ Hospital Psiquiátrico Especializado (Portaria nº 3.588/2017);
» o hospital deve articular com a rede comunitária de saúde mental, estando a por-
ta-de-entrada do sistema de internação situada no serviço territorial de referência
para o hospital, e está proibida a existência de espaços restritivos (celas fortes)
(Portaria de Consolidação nº 5/2017);
» deve ser resguardada a inviolabilidade da correspondência dos pacientes internados,
e deve haver registro adequado, em prontuário único, dos procedimentos diagnós-
ticos e terapêuticos nos pacientes (Portaria de Consolidação nº 5/2017);
» as atividades executadas deverão constituir o projeto terapêutico da instituição,
definido como o conjunto de objetivos e ações, estabelecidos e executados pela
equipe multiprofissional, voltados para a recuperação do paciente, desde a admissão
até a alta (Portaria de Consolidação nº 5/2017);
» no caso de internação de usuários e dependentes de drogas, serão desenvolvidos
os Planos Individuais de Atendimento – PIA (Lei 13.840/2019).
ͫ Hospital Dia (Portaria nº 3.588/2017).
» deve abranger um conjunto diversificado de atividades desenvolvidas em até cinco
dias da semana, com uma carga horária de oito horas diárias para cada paciente.
ESTRATÉGIAS DE DESINSTITUCIONALIZAÇÃO
As Estratégias de Desinstitucionalização são desenvolvidas pelos Serviços Residenciais Tera-
pêuticos (SRT), instituídos pela Portaria nº 106/2000, e alterada pela Portaria nº 3.588/2017.
São moradias inseridas na comunidade, destinadas a cuidar dos portadores de transtornos
mentais crônicos com necessidade de cuidados de longa permanência, prioritariamente egressos
de internações psiquiátricas e de hospitais de custódia, que não possuam suporte financeiro, social
e / ou laços familiares que permitam outra forma de reinserção.
O SRT tem como principal característica ser um espaço de moradia que garanta o convívio social,
a reabilitação psicossocial e o resgate de cidadania do sujeito, promovendo os laços afetivos, a rein-
serção no espaço da cidade e a reconstrução das referências familiares. Ele é dividido em dois tipos:
ͫ SRT TIPO I: modalidade de moradia destinada àquelas pessoas com internação de longa
permanência que não possuem vínculos familiares e sociais. A lógica fundamental deste
serviço é a criação de um espaço de construção de autonomia para retomada da vida
cotidiana e reinserção social;
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» deve acolher no máximo 10 (dez) moradores, não podendo exceder esse número.
» cada módulo residencial deverá estar vinculado a um serviço / equipe de saúde
mental de referência que dará o suporte técnico profissional necessário ao serviço
residencial. O acompanhamento dos moradores das residências deve estar de acordo
com os respectivos projetos terapêuticos individuais. Tal suporte focaliza-se no pro-
cesso de reabilitação psicossocial e inserção dos moradores na rede social existente
(trabalho, lazer, educação, entre outros);
» cada módulo poderá contar com um cuidador de referência, e a incorporação desse
profissional deve ser avaliada pela equipe técnica de acompanhamento do SRT, vin-
culada ao equipamento de saúde de referência e ocorrerá mediante a necessidade
de cuidados de cada grupo de moradores, levando em consideração o número e
nível de autonomia dos moradores.
ͫ SRT TIPO II: modalidade de moradia destinada àquelas pessoas com maior grau de
dependência, que necessitam de cuidados intensivos específicos, do ponto de vista da
saúde em geral, que demandam ações mais diretivas com apoio técnico diário e pessoal,
de forma permanente.
» este tipo de SRT deve acolher no máximo 10 (dez) moradores, não podendo exceder
este número;
» o encaminhamento de moradores para SRTs tipo II deve ser previsto no projeto
terapêutico elaborado por ocasião do processo de desospitalização, focado na rea-
propriação do espaço residencial como moradia, na construção de habilidades para
a vida diária referentes ao autocuidado, alimentação, vestuário, higiene, formas de
comunicação e aumento das condições para estabelecimento de vínculos afetivos,
com consequente inserção deles na rede social existente;
» o ambiente doméstico deve se constituir conforme definido nesta portaria conso-
lidada, levando em consideração adequações / adaptações no espaço físico que
melhor atendam às necessidades dos moradores. Cada módulo residencial deverá
estar vinculado a um serviço/equipe de saúde mental de referência que dará o
suporte técnico profissional necessário ao serviço residencial;
» cada módulo residencial deverá contar com cuidadores de referência e um profis-
sional técnico de enfermagem. Para cada grupo de 10 (dez) moradores orienta-se
que a SRT seja composta por 5 (cinco) cuidadores em regime de escala e 1 (um)
profissional técnico de enfermagem diário. Essa equipe deve estar em consonância
com a equipe técnica do serviço de referência.
As Estratégias de Desinstitucionalização são constituídas por iniciativas que visam garantir às
pessoas com transtornos mentais e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras
drogas, em situação de internação de longa permanência, o cuidado integral por meio de estratégias
substitutivas, na perspectiva da garantia de direitos com a promoção de autonomia e o exercício
de cidadania, buscando sua progressiva inclusão social.
O Programa de Volta para Casa, enquanto estratégia de desinstitucionalização, é uma política
pública de inclusão social que visa contribuir e fortalecer o processo de desinstitucionalização,
instituída pela Lei nº 10.708, de 31 de julho de 2003, que provê auxílio reabilitação para pessoas
com transtorno mental egressas de internação de longa permanência.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 13.840, de 05 de junho de 2019. Senado Federal: Brasília, 2019.
BRASIL. Portaria nº 3.588, de 21 de dezembro de 2017. Senado Federal: Brasília, 2017.
BRASIL. Portaria de Consolidação nº 3, de 28 de setembro de 2017. Senado Federal: Brasília,
2017.
BRASIL. Resolução nº 32, de 14 de dezembro de 2017. Senado Federal: Brasília, 2017.
BRASIL. Portaria de Consolidação no 5 GM/MS, de 28 de setembro de 2017. Senado Federal:
Brasília, 2017.
BRASIL. Portaria nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011, republicada em 21 de maio de 2013.
Senado Federal: Brasília, 2013. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/
gm/2011/prt3088_23_12_2011_comp.html
BRASIL. Portaria nº 130, de 26 de janeiro de 2012. Senado Federal: Brasília, 2012.
BRASIL. Guia prático de matriciamento em saúde mental. Ministério da Saúde: Centro de
Estudo e Pesquisa em Saúde Coletiva, 2011.
BRASIL. Lei nº 11.343, de 13 de agosto de 2006. Senado Federal: Brasília, 2006.
BRASIL. Portaria nº 336, de 19 de fevereiro de 2002. Senado Federal: Brasília, 2002.
BRASIL. Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001. Senado Federal: Brasília, 2001.