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POLÍTICA NACIONAL DE

SAÚDE MENTAL
RAPS
Saúde e Doença Mental -
conceitos

“ Saúde mental é o conjunto de ações de promoção,


prevenção e tratamento referentes ao melhoramento ou
à manutenção ou à restauração da saúde mental de
uma população” (Saraceno, 1999)

“…Saúde mental é um estado de boa adaptação,


com uma sensação subjectiva de bem-estar, prazer
de viver e uma sensação de que o indivíduo está a
exercer os seus talentos e aptidões” (Chaplin, 1989)
Definição de transtornos mentais graves e persistentes

questões incuráveis e intratáveis.


Compreende três dimensões:
diagnóstico de um transtorno mental;
gravidade do quadro;
e disfunção, limitações funcionais e sequelas do quadro mental.

Nesta definição original do NIMH, de forma ilustrativa, temos (ZUMSTEIN;


RIESE, 2020):
Diagnóstico de transtorno mental
Disfunção;
Duração.
História do tratamento das
doenças mentais

Segundo historiadores, tratar do doente


mental tem sido, na história da modernidade
até a época contemporânea, sinal de
exclusão social;

O “louco” ou insano, em virtude de não


seguir os padrões de comportamento que a
sociedade define, deveria ser excluído do
convívio dos ditos “normais”.
História do tratamento das
doenças mentais
• Idade Média e início da
Modernidade: os “loucos”
eram confinados e
acorrentados em prisões e
asilos destinados a todos
os indesejáveis: inválidos,
criminosos e mendigos.
História do tratamento das
doenças mentais
Século XVIII – Philippe Pinel, considerado o
pai da psiquiatria, propõe nova forma de
tratamento aos insanos, libertando-os das
correntes e transferindo-os aos asilos
manicomiais.

No Brasil: Decreto nº 24.559 de 1934 propunha a


hospitalização e o asilamento do doente mental
(denominado “psicopata”, “menor anormal”), visando a
atender a segurança da ordem e da moral pública.
Segunda metade do século XX - Franco
Basaglia inicia radical crítica do tratamento
e das instituições psiquiátricas.

A partir do final da década de setenta um novo modelo de


atenção em saúde mental vem sendo edificado com a
contribuição de vários segmentos da sociedade, implicando
a desconstrução literal do modelo hegemônico centrado na
internação.
HOSPITAL PSIQUIÁTRICO
Reforma Psiquiátrica

● Retirada dos direitos sociais

● Isolamento social

● Centrada no médico

● Terapia medicamentosa
Projeto de Lei Nº 3.657, de 1989
(Do Sr. Paulo Delgado)
Dispõe sobre a extinção progressiva dos manicômios e sua
substituição por outros recursos assistenciais e regulamenta a
internação psiquiátrica compulsória.

Lei nº 10.216, de 2001, proteção e os direitos das pessoas


portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo
assistencial em saúde;
Diretrizes Nacionais para Serviços de Saúde
Mental

CAPS - Portaria n.º 336/02.

Diretrizes Nacionais para Prevenção do Suicídio - Portaria 1.876/06.

PORTARIA Nº 130/2012 - CAPS AD III

Portaria 121/2012 - Unidades de Acolhimentos

Nota Técnica 11/2019 - mudanças na Política Nacional de Saúde Mental


e nas Diretrizes da Política Nacional sobre Drogas

CAPS AD IV – Portaria Nº 544/2018. diretrizes p cadastro


Diretrizes Nacionais para Serviços de Saúde
Mental
Portaria nº 4.279/10 – organização das Redes de atenção à saúde;
Portaria de consolidação nº 3/17

Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Portaria 3088/11 – acesso na


promoção de direitos baseada na convivência dentro da sociedade.

Nova RAPS Portaria – 3588/17 – CAPS AD IV, Financiamento,


incentivo, funcionamento, estrutura física.
Equipe Multiprofissional em Saúde Mental (EMAE); TIPO I, II, III

RESOLUÇÃO 32/2017 – Fortalecimento da RAPS, NOVA RAPS, CAPS


AD IV
AS REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE

Rede de Atenção Psicossocial

Rede de Atenção Oncológica


e doenças e condições
Rede de Atencão ás
Qualificação/Educação

Rede Cegonha

Saúde Mental

Urgências

crônicas
Informação

Regulação

Promoção e Vigilância à Saúde

ATENÇÃO BÁSICA

Portaria nº 4.279/10 – organização das Redes de atenção à saúde;


Portaria de consolidação nº 3/17
Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)
3588/2017 NOVA RAPS
No art. 5.º, os componentes da RAPS :

I – Atenção Básica em Saúde;


II – Atenção Psicossocial Especializada;
III – Atenção de Urgência e Emergência;
IV – Atenção Residencial de Caráter Transitório;
V – Atenção Hospitalar;
VI – Estratégias de Desinstitucionalização; e Reabilitação
Psicossocial.

Comunidades Terapêuticas
LEITOS DE SAÚDE
MENTAL EM
HOSPITAL GERAL

CAPS

UNIDADE DE
ACOLHIMENTO
SRT

Rede de
Urgência e
Emergência

Rede de Atenção
Psicossocial - RAPS 14
COMPONENTES DA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
•Unidade Básica de Saúde,
Atenção Básica em Saúde • Equipes de Saúde da Família,
•Consultório na Rua,

Atenção Psicossocial •Centros de Atenção Psicossocial, nas suas diferentes modalidades


•Equipe multiprofissional especializada (Emaesm) tipo I, II e III;
Específicos
•SAMU 192,
Atenção de Urgência e •Sala de Estabilização,
•UPA 24 horas e portas hospitalares de atenção à urgência/pronto socorro, Unidades
Emergência Básicas de Saúde

Atenção Residencial de •Unidade de Acolhimento UAA, UAI


•Comunidade terapêutica. (9 meses)
Caráter Transitório

•Unidades de referencias especializadas em Hospital Geral ;


Atenção Hospitalar •Leitos em Hospitais psiquiátricos;
•Leitos em Hospital –dia.

Estratégias de •Serviços Residenciais Terapêuticos SRT Tipo I e II


•Programa de Volta para Casa ,500$
Desinstitucionalização

Estratégias de Reabilitação •Iniciativas de Geração de Trabalho e Renda,


•Empreendimentos Solidários e Cooperativas Sociais
Psicossocial
RESOLUÇÃO 32/2017
FORTALECIMENTO DA RAPS
Art. 1º Estabelecer as diretrizes para o fortalecimento da RAPS. Considera-se como
componentes da RAPS os seguintes pontos de atenção:
1.Atenção Básica;
2.Consultório na Rua;
3.Centros de Convivência;
4.Unidades de Acolhimento (Adulto e Infanto-Juvenil);
5.Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT) I e II;
6.Hospital Dia;
7.Unidades de Referência Especializadas em Hospitais Gerais;
8.Centros de Atenção Psicossocial nas suas diversas modalidades;
9.Equipe Multiprofissional de Atenção Especializada em Saúde Mental;
10.Hospitais Psiquiátricos Especializados.
Rede de Atenção Psicossocial
Atenção Básica
• Portaria 224/92 – UBS, Ambulatório, NAPS/CAPS/HD

• Portaria Nº 154/GM/MS, de 2008 – NASF

• PORTARIA Nº 122, DE 2011. Define as diretrizes de


organização e funcionamento das Equipes de Consultório na
Rua.
• Centro de convivências;
Centros de Atenção Psicossocial
Tipos de CAPS (portaria 336/2002/MS):
• CAPS I – Pop. Acima de 15 hab.
• CAPS II – 70 mil hab.
• CAPS III (24hs) – pop. acima de 150 mil hab.
• CAPS ad – acima de 70 mil hab.
• CAPS ad III – acima de 150 mil hab.
• CAPS i – acima de 70 mil hab.
• CAPS AD IV – Pop. Acima 500 mil habitantes; Portaria 3588/17 e
resolução 32/17
Centros de Atenção Psicossocial
• Espaço de referência para o tratamento de pessoas com sofrimento mental
grave;
• Objetiva absorver grande parte da antiga demanda pelas internações;

• Dispositivo de cuidado intensivo, comunitário, interdisciplinar, personalizado


e promotor de vida;
• Gerencia projetos terapêuticos individualizados e promove a reinserção
social dos usuários;

• Organiza a rede de serviços em SM em seu território;


• Dá suporte à SM da atenção básica, a ESF e aos PACS.
Centros de Atenção Psicossocial
• Modalidades de atendimento: intensiva, semi-intensiva e não intensiva;
• Em geral, não interna o paciente, o mesmo retorna diariamente a sua família e
comunidade;
• Recursos terapêuticos:
– Atendimento individual multiprofissional;
– atendimento em grupo: oficinas terapêuticas, culturais, artísticas,
esportivas, etc;
– atendimento para a família: visitas domiciliares, atividades
comunitárias.
Centros de Atenção Psicossocial
CAPS II

d - supervisionar e capacitar as equipes de atenção básica, serviços e programas de


saúde mental no âmbito do seu território e/ou do módulo assistencial;

e - realizar, e manter atualizado, o cadastramento dos pacientes que utilizam


medicamentos essenciais;

f - funcionar de 8:00 às 18:00 horas, em 02 (dois) turnos, durante os cinco dias úteis
da semana, podendo comportar um terceiro turno funcionando até às 21:00 horas.
Centros de Atenção Psicossocial
CAPS II
4.2.1 - A assistência prestada ao paciente no CAPS II inclui as seguintes atividades:
a - atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, de orientação);

b - atendimento em grupos (psicoterapia, grupo operativo, atividades de suporte


social, entre outras);

c - oficinas terapêuticas;
d - visitas domiciliares;
e - atendimento à família;

f - atividades comunitárias enfocando a integração do doente mental na


comunidade e sua inserção familiar e social;

g - os pacientes assistidos em um turno (04 horas) receberão uma refeição diária:


os assistidos em dois turnos (08 horas) receberão duas refeições diárias.
Centros de Atenção Psicossocial
CAPS AD III

Destinado a proporcionar a atenção integral e contínua a pessoas com necessidades


relacionadas ao consumo de álcool, crack e outras drogas, com funcionamento nas
24 (vinte e quatro) horas do dia e em todos os dias da semana, inclusive finais de
semana e feriados.

Poderá atender a população infantojuvenil, desde que atendendo ao requisitos pelo


Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Poderá constituir-se como referência regional


Centros de Atenção Psicossocial
CAPS AD III

XVII - funcionar de forma articulada com a Rede de Atenção às


Urgências e Emergências, em especial junto ao Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192), participando
diretamente do resgate voltado aos usuários com necessidades
relacionadas ao consumo de álcool, crack e outras drogas, com
vistas a minimizar o sofrimento e a exposição, de acordo com
pactuação prévia; e
CAPS I CAPS II CAPS III CAPS i II CAPS a/d III

TURNO 2 turnos/ 2 turnos/ 24h/dia, incluindo 2 turnos/ 2 turnos/


8h às 18h 8h às 18h feriados e finais 8h às 18h 8h às 18h
5 dias úteis 5 dias úteis de semana 5 dias úteis 5 dias úteis
3° turno até 21h 3° turno até 21h 3° turno até 21h

RH 1 médico com 1 psiquiatra; 2 psiquiatras; Atendimento 1 psiquiatra;


formação em diário: 1 1 enfermeiro com
saúde mental; 1 enfermeiro psiquiatra, formação em SM;
formação em SM; neurologista ou 1 médico clínico que
1 enfermeiro com
1 enfermeiro; pediatra com faz a triagem,
formação em SM;
formação em SM; avaliação e
5 profissionais de
3 profissionais NS; acompanhamento
4 profissionais de
de nível 1 enfermeiro com das intercorrências
NS;
superior (NS); formação em SM; clínicas;
8 profissionais de
4 profissionais de
6 profissionais de NM.
4 profissionais de NS;
4 profissionais NM.
de nível médio NS; 6 profissionais de
(NM). NM.
5 profissionais de
NM.
Rede de Atenção Psicossocial
Atenção de Urgência e Emergência

Portaria 2048/02. Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência;

Portaria 1600/11. Reformula a Politica de Atenção as Urgências e


institui RAU;
o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, SAMU 192;

Portaria Nº 2.338/11 Sala de Estabilização;

Portaria Nº 10/17. Redefine as diretrizes para implantação da UPA


24h;

portas hospitalares de atenção à urgência /pronto socorro,


Unidades Básicas de Saúde.
Unidade de Pronto Atendimento – UPA 24h
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - SAMU

• Acolhimento

• Acena

• Avaliação primária

• Exame físico

• Sinais vitais

• SAMPLA
Qualidade e humanização na crise
• Lei nº 12.060, de 26 de setembro de 2005 –
Leitos Psiquiátricos em Hospital Geral
• Promover o tratamento emergencial em transtornos mentais graves
e em situação de crise;
• Estabilização (e/ou desintoxicação), até possibilidade de
atendimento ao CAPS;

• Só indicado quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem


insuficientes (Lei 10.216/2001, Art. 4º);
• Toda internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo
médico circunstanciado que caracterize os seus motivos (art. 6º);

• Hospital Dia, ambulatórios saúde mental.


Serviços Hospitalares de Referência com leitos
de saúde mental habilitados (Brasil, 2017)
REGIÃO UF HOSPITAIS Nº LEITOS
DF 7 45
CENTRO OESTE
GO 2 13
MS 1 4
Subtotal Centro-Oeste 10 62
AL 2 15
BA 1 2
CE 4 25
PB 1 20
NORDESTE
PE 8 59
PI 3 20
RN 1 6
SE 2 30
Subtotal Nordeste 22 177
AC 1 18
PA 1 6
NORTE RO 2 12
RR 1 11
TO 2 21
Subtotal Norte 7 68
MG 63 243
SUDESTE RJ 24 135
SP 7 62
Subtotal Sudeste 94 440
PR 4 21
SUL RS 93 346 30
SC 6 49
Subtotal Sul 103 416
ATENÇÃO RESIDENCIAL

UNIDADE DE ACOLHIMENTO
Portaria 121/2012
Art. 4º As Unidades de Acolhimento funcionarão em duas modalidades:
• I - Unidade de Acolhimento Adulto - destinada às pessoas maiores de 18 anos,
de ambos os sexos; e

• II - Unidade de Acolhimento Infanto-Juvenil - destinada às crianças e aos


adolescentes, entre 10 e 18 anos incompletos, de ambos os sexos.
• § 1º A Unidade de Acolhimento Adulto terá disponibilidade de 10 a 15 vagas.
• § 2º Unidade de Acolhimento de Crianças e Adolescentes terá disponibilidade de
10 vagas.
ATENÇÃO RESIDENCIAL
UNIDADE DE ACOLHIMENTO
Portaria 121/2012
características:
• I - funcionamento nas 24 horas do dia e nos 7 (sete) dias da semana; e
• II - caráter residencial transitório.
§ 1º tem como objetivo oferecer acolhimento voluntário e cuidados contínuos
para pessoas com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras
drogas, em situação de vulnerabilidade social e familiar e que demandem:
acompanhamento terapêutico e protetivo.

• § 2º A Unidade de Acolhimento deverá garantir os direitos de moradia,


educação e convivência familiar e social.

• Art. 3º Os usuários da Unidade de Acolhimento serão acolhidos conforme


definido pela equipe do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de referência.
Componente Atenção Residencial de
Unidades de Acolhimento
Habilitadas (Brasil, 2017)
Caráter Transitório

UF UAA UAI Total Geral

AC 1 0 1
AL 0 1 1
BA 0 1 1
CE 5 4 9
DF 1 0 1
MG 2 5 7
MS 1 0 1
PB 2 1 3
PI 0 1 1
PE 2 0 2
PI 0 1 1
PR 4 2 6
RS 2 2 4
SC 1 0 1
SE 3 0 3
SP 11 4 15

Total Geral 35 22 57
ESTRATÉGIA DE DESINSTITUCIONALIZAÇÃO

Programa De Volta Para Casa


Lei federal n.º 10.708/2003

• processo de inserção social dos pacientes de longa permanência


de hospitais psiquiátricos ou dos hospitais de custódia;

• Pagamento mensal do “auxílio-reabilitação”, no valor de R$


320,00, para os pacientes de longa permanência por um ano.
ESTRATÉGIA DE DESISTITUCIONALIZAÇÃO

Serviços Residenciais Terapêuticos - SRT


Portaria n.º 106 /2000 M.S

Define Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT) como “moradias


ou casas inseridas, preferencialmente na comunidade,
destinadas a cuidar dos portadores de transtornos mentais,
egressos de internações psiquiátricas de longa permanência, que
não possuam suporte social e laços familiares que viabilizem sua
inserção social”.

TIPO I
TIPO II
ESTRATÉGIA DE REABILITAÇÃO PSICOSOCIAL

• Iniciativa de geração de trabalho e renda;

• Empreendimentos solidários e cooperativas sociais.


Comunidades Terapêuticas
Portaria Interministerial n.º 2, de 21 de dezembro de 2017

grupo de trabalho interministerial, com membros dos Ministérios da


Saúde, Justiça, Trabalho e Desenvolvimento Social, para
estabelecer critérios para o funcionamento, expansão e
financiamento desses serviços
Comunidades Terapêuticas
Portaria Interministerial n.º 2, de 21 de dezembro de 2017

• Não fazem parte da rede SUS;


• Serviço complementar ao usuários ou dependentes de
substâncias psicoativas, com adesão voluntária;

• Programa terapêutico individualizado;


• Principal instrumento terapêutico é a convivência entre os pares;

• Recomendáveis quando o uso da rede de atenção básica e CAPS


mostra-se insuficiente, demandando o afastamento do usuário de
seu meio social;

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