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Projeto Terapêutico Singular (PTS)

Definição: O projeto terapêutico singular (PTS) é definido como uma estratégia de


cuidado que articula várias ações que devem ser realizadas em construção coletiva,
levando em consideração a singularidade do sujeito. Além das vulnerabilidades, devem
ser consideradas a valorização social, espiritual, familiar e outras potencialidades.

Conceitos Gerais:

-A utilização do PTS como dispositivo de intervenção desafia a organização tradicional


do processo de trabalho em saúde. Deve existir maior organização e articulação
interdisciplinar.

-É fundamental a participação de vários atores, identificando as potencialidades e


vulnerabilidades da pessoa, da família e até dos profissionais envolvidos diante à
formação do PTS.

Para isso, espaços devem favorecer essa construção:

 Reunião das equipes ou com a pessoa e sua família;


 Reunião de matriciamento, com equipe de saúde mental, NASF,
especialista e outros;
 Atendimento compartilhado;
 Reuniões intersetoriais.

-A construção do PTS sempre deve passar por uma avaliação interdisciplinar, com a
presença do usuário e da família.

Características:

-As situações de vulnerabilidades na atenção à saúde mental são muitas e, por isso,
cada caso deverá ser avaliado de forma singular. Dessa forma, é importante ter um
roteiro de planejamento para a sua construção.

Roteiro de Planejamento

-A construção do PTS surge da escuta da pessoa: valores, desejos, vínculos, etc.

-As discussões devem ser feitas em equipe, com a participação da pessoa.

-Todos os profissionais podem participar, independente da formação.

-Pode ser construído em diversos níveis de atenção ou setores.


-Pode incluir a família ou a comunidade, mas sempre com a presença da pessoa a ser
cuidada.

-Devem ser consideradas a extensão e/ou a intensidade dos problemas apresentados


por uma pessoa, família, grupo ou coletivo, bem como avaliar quão diversas são as
dimensões afetadas (biológica, psicológica e social).

Para a construção de um PTS deve-se:

 Conhecer a pessoa envolvida;


 Delinear junto à pessoa ações coerentes ao seu contexto de vida;
 Envolver discussões em equipe;
 Construir metas e propostas a serem alcançadas, construindo objetivos e
metas
 Realizar a divisão de tarefas e responsabilidades;
 Reavaliar o PTS sempre que possível.

Aplicação:

-O PTS pode ser dividido em quatro momentos: diagnóstico, definição das metas,
divisão de responsabilidades e reavaliação.

Diagnóstico

 Identificar aspectos psíquicos, orgânicos, sociais e espirituais;


 Verificar rede de apoio da família e da comunidade;
 Localizar vulnerabilidades e potencialidades;
 Estabelecer metas possíveis a serem aplicadas.

Definição das Metas

 Construir metas para curto, médio e longo prazo;


 Negociar com as pessoas envolvidas no processo e verificar os vínculos
existentes.

Divisão de Responsabilidades

 Definir o papel de cada profissional no projeto;


 Responsabilizar a pessoa pelo seu PTS e seus co-responsáveis, sendo eles
familiares e comunidade;
 Definir o profissional que será a referência do usuário no desenvolvimento
das ações.

Reavaliação
 Identificar resultados esperados;
 Avaliar as estratégias utilizadas;
 Definir novos rumos para o projeto.

Condutas:

-O diagnóstico situacional pressupõe o contato com uma pessoa, família, grupo ou


coletivo. Nele, há o acolhimento empático e a escuta cuidadosa e sensível, os quais
favorecem o estabelecimento de um vínculo.

Acolhimento

-O acolhimento é fundamental para que se realize um PTS. Uma escuta cuidadosa e


sensível pressupõe dar a voz à pessoa, à família, ao grupo ou ao coletivo para que
falem sobre seus problemas. A construção deve partir desses pontos de convergência
e divergência.

-Nessa etapa do diagnóstico situacional, é importante identificar as necessidades,


demandas, vulnerabilidades e potencialidades mais relevantes de quem busca ajuda.
Valorizar as potencialidades permite a ativação de recursos terapêuticos que
descartam respostas estereotipadas, favorecendo o surgimento de novos espaços
existenciais e a reconfiguração daqueles já vigentes.

Ações de Enfermagem:

-Para a equipe de enfermagem operacionalizar um PTS, há que se compreender que


existe uma complexidade que envolve toda a equipe de saúde, familiares e o usuário.
Alguns pontos de discussão devem ser levados em consideração:

 Identificação completa;
 Localização territorial e elementos desse território (Ecomapa);
 Arranjo familiar (Genograma);
 Queixas e demandas com histórico relevante;
 Ações clínicas já realizadas;
 Avaliação das vulnerabilidades e potencialidades;
 Pactuação de objetivos e metas;
 Propostas de intervenção com cronograma e responsáveis;
 Definição do profissional de referência do caso;
 Definição periódica para a reavaliação.

-A utilização do PTS como dispositivo de cuidado possibilita a reorganização do


processo de trabalho das equipes de saúde e favorece os encontros sistemáticos, o
diálogo, a explicitação de conflitos e diferenças, e a aprendizagem coletiva.
-Coordenar um PTS, exige disponibilidade afetiva e de tempo para organizar e ativar
diversas instâncias. Por isso, sugere-se a distribuição dos casos complexos entre os
diversos trabalhadores, de maneira a evitar sobrecarregar aqueles mais disponíveis e
sensíveis com os problemas de saúde mental.

Dica do Especialista:

-O profissional de referência da proposição do PTS pode ser qualquer profissional do


serviço, mesmo ele tendo nível médio/técnico ou superior. O importante é haja vínculo
entre o profissional e o usuário. É muito importante o levantamento dos dados citados
acima para que o PTS seja realizado a partir das reais necessidades da pessoa. Ou seja,
esse dispositivo é centrado na pessoa, objetivando o real cuidado com maior
efetividade das ações.

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