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INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA EM
CONTEXTO DE INTERVENÇÃO
COMUNITÁRIA
A
a resiliência da comunidade, favorecer a resolução de
problemas e facilitar o período subsequente à pan-
A pandemia COVID-19 exige o cumprimen- demia, sobretudo em territórios e com populações
to rigoroso de medidas de isolamento físi- particularmente desfavorecidas ou vulneráveis. Sem
co para conter a propagação do vírus. Estas medidas esquecer, obviamente, o autocuidado dos próprios
têm inúmeras consequências na vida dos cidadãos, Psicólogos.
implicando adaptações às suas rotinas quotidianas e
1.
transformações a nível comunitário. Estas mudanças
afectam particularmente grupos populacionais mais
vulneráveis.
RECOMENDAÇÕES
Os Psicólogos que realizam a sua intervenção em GERAIS PARA A INTERVENÇÃO
contexto comunitário procuram actuar sobre prob-
PSICOLÓGICA EM CONTEXTO
lemas e questões sociais complexas, multifacetadas
e dinâmicas, e contribuir para a sua minimização ou COMUNITÁRIO
solução e, dessa forma, para a melhoraria da qualidade
de vida e do bem-estar da população. Os Psicólogos • Mantenha-se informado e actualizado sobre as
que intervêm neste contexto actuam ainda no sentido orientações e medidas recomendadas pelas autori-
da prevenção de situações de risco e desigualdade so- dades de saúde, assim como sobre a informação dis-
cial, pelo que a sua intervenção é imprescindível nesta ponibilizada pela OPP. Consulte fontes oficiais de in-
circunstância excepcional que vivemos. formação apenas uma a duas vezes por dia e partilhe
apenas a informação, actual e útil, proveniente dessas
Em virtude da implementação de medidas de protecção fontes.
e isolamento físico, também os Psicólogos precisam de
alterar as suas formas de intervenção – que, em contex- • Divulgue informação oficial e útil junto da sua rede
to comunitário, assentam frequentemente na relação de contactos, entidades locais e grupos vulneráveis
directa e de proximidade com a população. Os Psicólo- da sua zona de intervenção, focando-se nos compor-
gos terão de adoptar e se adaptar a formas alternati- tamentos de protecção individual e comunitária. Re-
vas de intervenção, procurando manter a sua eficácia, corra a factos simples, palavras e termos adequados
mas sem comprometer as recomendações das autori- à capacidade de compreensão dos destinatários, de
dades e a Saúde Pública. preferência, com imagens ou ilustrações para facilitar
a explicação. Tenha especial cuidado na divulgação de
Sendo certo que existem constrangimentos evidentes informação que possa gerar desconforto, ansiedade e
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• •Garanta a satisfação das necessidades básicas. • Incentive e adopte novas formas de intervenção.
Actue como um pivot, identificando e reconhecendo as Seja criativo e utilize recursos diferentes dos habitu-
potencialidades da comunidade, por forma a promover ais. Desenvolva formas inovadoras de promoção das
o estabelecimento de redes de suporte social que pos- capacidades de participação comunitária, nomeada-
sam, em simultâneo, facilitar a manutenção do distan- mente através do recurso a soluções tecnológicas.
ciamento físico entre os elementos da comunidade e
a continuidade da satisfação das suas necessidades • Combata o estigma e a discriminação. Previna
básicas regulares (alimentação, habitação, higiene, potenciais relações abusivas e comportamentos de
saúde e outros direitos), bem como o apoio psicosso- estigma e discriminação face aos cidadãos que es-
cial possível através das formas de contacto à distân- tejam ou possam estar infectados e seus familiares.
cia. Para isso, forneça informações baseadas em factos,
explicando que o vírus pode atingir todas as pessoas,
• Privilegie as respostas intracomunitárias. Active os qualquer que seja a sua idade, nível socioeconómico,
mecanismos intracomunitários de satisfação das ne- nacionalidade ou religião. Faculte informação aos ci-
cessidades diárias das populações, evitando o contac- dadãos, para que possam também evitar e combater
to físico com elementos externos à comunidade e priv- comportamentos estigmatizantes (LINK).
ilegiando a articulação e colaboração interprofissional
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hospitalar, para evitar a contaminação de familiares
e restante comunidade – nomeadamente através da
activação de novos recursos na comunidade não elen-
RECOMENDAÇÕES cados nas respostas formais (ex. recorrendo a redes
de vizinhança ou iniciativas de alojamento na comu-
ESPECÍFICAS PARA A
nidade).
INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA
COM POPULAÇÕES • Coordene e articule respostas de cariz voluntário.
Enquanto elemento com conhecimento privilegiado
E/OU TERRITÓRIOS
da comunidade e território, avalie a pertinência e as
PARTICULARMENTE condições de segurança das respostas voluntariado
DESFAVORECIDOS (ex. grupos de voluntários que promovam contactos
directos), que não sendo institucional e tecnicamente
enquadradas, poderão ser promotoras do contacto e
• Avalie e monitorize, continuamente, as necessi-
proximidade física de risco. Neste sentido, recomen-
dades e indicadores psicossociais dos grupos mais
da-se especial cuidado na aferição da necessidade
vulneráveis, incluindo aspectos relacionados com
das respostas implementadas e essencialmente na
a saúde, física e psicológica, os recursos sociais, o
sua segurança ao nível da saúde pública, numa per-
bem-estar e a qualidade de vida. Avalie e monitorize
spectiva de avaliação custo / benefício. Promova a
também as respostas e apoios que recebem, assim
qualidade (e segurança) das intervenções asseguran-
como a sua eficácia na resolução dos problemas iden-
do que, ainda que de cariz voluntário, estas obedecem
tificados.
aos princípios éticos e deontológicos das diferentes
profissões.
• Esteja particularmente atento a situações de con-
flito, violência doméstica e perturbações da Saúde
• Promova a partilha de experiências e conhecimen-
Mental sinalizadas anteriormente, uma vez que esta
tos entre profissionais. Num período de incertezas,
situação pode contribuir para agravar esses proble-
em que toda a comunidade de interventores se encon-
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mas.
tra numa curva de aprendizagem, importa reforçar a
• Faculte informação sobre as respostas comunitári- partilha de informação com colegas e profissionais
as disponíveis. Constatando que alguns grupos mais de outras áreas, a vivenciar as mesmas dificuldades
vulneráveis (ex. população idosa ou sem-abrigo ou ainda que em contextos geográficos diferentes, no-
pessoas portadoras de deficiências) não têm acesso meadamente exemplos de boas práticas que forem
regular a informação por meios digitais, importa fac- sendo implementadas, para que, com as necessárias
ultar informação fidedigna e actualizada sobre as as adaptações, todos possam desenvolver mais e mel-
respostas existentes na sua comunidade recorrendo a hores respostas neste período de excepção.
• Aplique estratégias de promoção do bem-estar di- • Não esqueça que não está sozinho e promova a co-
reccionados a profissionais. Utilize as ferramentas do operação entre colegas, quer no contexto interno, quer
campo da saúde psicológica e emocional que possui e externo.
lhe permitem compreender e apoiar os colegas de out-
ras áreas que intervêm na comunidade, promovendo o • Procure reservar tempo para os diferentes papéis
seu bem-estar e sensação de controlo, possibilitando da sua vida. Tente manter o equilíbrio entre os vári-
e potenciando a continuidade do apoio destes profis- os papéis da sua vida, como profissional, como pai/
sionais aos grupos mais vulneráveis. mãe, cuidador/a, filho/a, amiga/o mesmo durante este
período de maior desgaste e exaustão física e emo-
• Mantenha uma perspectiva de futuro. Cenários de cional.
emergência como o que vivemos mobilizam recur-
sos que podem converter-se em oportunidades para • Lembre-se que está a dar um contributo importante
desenvolver e fortalecer estruturas de saúde mental, para o bem colectivo, para a valorização do papel da
assistência e bem-estar social a médio e longo prazo. psicologia e dos psicólogos e para a protecção de pop-
ulações especialmente vulneráveis. Obrigado!
3. RECOMENDAÇÕES
PARA O AUTOCUIDADO DO
PSICÓLOGO
ABRIL DE 2020
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APOIO
Alexandre Teixeira ; CP 3994
Ana Bertão; CP 814
Daniel Coelho; CP 937