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REFORMA PSIQUIÁTRICA

PROF. MSC. THALES BEZERRA DE ALCÂNTARA


Médico de Família e Comunidade
Mestre em Ciências da Saúde
Especialista em Preceptoria Médica
MBA em Administração Hospitalar
Docente de HAM II, IESC IV e IESC V
Membro da Comissão Nacional de Avaliação da Afya
OBJETIVOS:
• Conhecer aspectos referentes à Reforma Psiquiátrica;

• Conhecer a nova política Nacional de Saúde Mental e a contextualização


histórica da reforma psiquiátrica no Brasil;
• Entender o processo de desinstitucionalização;
• Compreender a rede de cuidados voltados para a saúde mental;
• Debater sobre os principais desafios da reforma psiquiátrica.
HISTÓRIA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA
• O Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM)
(déc. 70);
• Paciente era removido e passava muito tempo longe da
sociedade e quando recebia alta era difícil ressocializar;
• Fortaleceu as redes extra-hospitalares;
• Fechou hospitais psiquiátricos.
Lei 10.216 de 6 de abril de 2001
• Parágrafo único. São direitos da pessoa portadora de transtorno mental:
• I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas necessidades;
• II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde,
visando alcançar sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade;
• III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração;
• IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas;
• V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não
de sua hospitalização involuntária;
• VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis;
• VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu tratamento;
• VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis;
• IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental
Programa “De volta para Casa”
• Durante o processo de
desinstitucionalização de
pessoas longamente
internadas, a criação do
Programa “De Volta para
Casa” impulsiona medidas.
Gráfico 4 – Evolução anual do número de CAPS
Cobertura
CAPS por
Estado/
2010
Tipos de internações psiquiátricas
• 1. A internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do
usuário;
• 2. A internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do
usuário e a pedido de terceiro, que ainda deverá ser comunicada ao
Ministério Público Estadual (MPE) pelo médico responsável técnico da
instituição em até 72 horas após a admissão hospitalar; e
• 3. A internação compulsória: aquela determinada pela Justiça.
Política Nacional Antidrogas (2002)
• Decreto 4.345 de 26/08/2002, 1 ano após a reforma psiquiátrica
• Acréscimos
– 2.1. Buscar, incessantemente, atingir o ideal de construção de uma
sociedade livre do uso de drogas ilícitas e do uso indevido de drogas
lícitas.
– 2.2. Reconhecer as diferenças entre o usuário, a pessoa em uso
indevido, o dependente e o traficante de drogas, tratando-os de
forma diferenciada.
– 2.3. Evitar a discriminação de indivíduos pelo fato de serem usuários
ou dependentes de drogas.
– 6.2.2. Apoiar atividades, iniciativas e estratégias dirigidas à redução
de danos.
Componentes da Rede de Atenção Psicossocial
(RAPS) e seus pontos de atenção:
• I - atenção básica em saúde, formada pelos seguintes pontos de atenção: Unidade Básica de Saúde, Equipe de
atenção básica para populações específicas, Centros de Convivência
• II - atenção psicossocial especializada, formada pelos seguintes pontos de atenção: Centros de Atenção
Psicossocial (CAPS), nas suas diferentes modalidades
• III - atenção de urgência e emergência, formada pelos seguintes pontos de atenção: SAMU 192, Sala de
Estabilização, UPA 24 horas, portas hospitalares de atenção à urgência/pronto-socorro, Unidades Básicas de
Saúde, entre outros.
• IV - atenção residencial de caráter transitório, formada pelos seguintes pontos de atenção: Unidade de
Recolhimento, Serviços de Atenção em Regime Residencial
• V - atenção hospitalar, formada pelos seguintes pontos de atenção: Enfermaria especializada em hospital geral,
serviço hospitalar de referência para atenção às pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com
necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas
• VI - estratégias de desinstitucionalização, formada pelo seguinte ponto de atenção: Serviços Residenciais
Terapêuticos (SRT), que incluem as comunidades terapêuticas
• VII - reabilitação psicossocial, que se trata de um conjunto de ações para devolver a autonomia para o paciente,
reintegrá-lo à comunidade e permitir o exercício de cidadania. Programas sociais voltados para esse público,
como o “de Volta para Casa”, auxílios financeiros (auxílio reabilitação), entre outros
NOTA TÉCNICA 11/2019-CGMAD/DAPES/SAS/MS
• A RAPS passa a ser formada pelos seguintes pontos de atenção:
– CAPS
– Serviço Residencial Terapêutico (SRT)
– Unidade de acolhimento
– Enfermarias Especializadas em Hospital Geral
– Hospital Psiquiátrico
– Hospital-Dia
– Atenção Básica
– Urgência e Emergência
– Comunidades Terapêuticas
– Ambulatório Multiprofissional de saúde mental
Tipos de CAPS
• CAPS I: atendimento a todas as faixas etárias, para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive
pelo uso de substâncias psicoativas, atende cidades e/ou regiões com pelo menos 15 mil habitantes.
• CAPS II: atendimento a todas as faixas etárias, para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive
pelo uso de substâncias psicoativas, atende cidades e/ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes.
• CAPS i: atendimento a crianças e adolescentes, para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive
pelo uso de substâncias psicoativas, atende cidades e/ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes.
• CAPS AD Álcool e Drogas: atendimento a todas as faixas etárias, especializado em transtornos pelo uso de
álcool e outras drogas, atende cidades e/ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes.
• CAPS III: atendimento com até 5 vagas de acolhimento noturno e observação; todas as faixas etárias;
transtornos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas; atende cidades
e/ou regiões com pelo menos 150 mil habitantes.
• CAPS AD III Álcool e Drogas: atendimento de 8 a 12 vagas de acolhimento noturno e observação;
funcionamento 24 horas; todas as faixas etárias; transtornos pelo uso de álcool e outras drogas; atende
cidades e/ou regiões com pelo menos 150 mil habitantes.
• CAPS AD IV Álcool e Drogas (NOVIDADE): atendimento de 8 a 30 vagas de acolhimento noturno e
observação; capacidade de assistência a urgências e emergências psiquiátricas, funcionamento 24 horas;
todas as faixas etárias; transtornos pelo uso de álcool e outras drogas; atende a capitais estaduais e
cidades e/ou regiões com pelo menos 500 mil habitantes.
• Unidade de acolhimento
Internação
– Atendimento 24h por dia
– Acolhimento temporário até 6 meses
– Acolhimento devido à dependência química
• Serviços residenciais terapêuticos
– Acolhe pacientes com transtornos mentais egressos de uma internação hospitalar longa sem apoio social
• Comunidade terapêutica
– Afastado da comunidade para evitar retorno às drogas
• Enfermarias Especializadas em Hospital Geral
– Caso paciente precise de internação, a preferência é que seja nesse serviço
• Hospital-dia
– Permanência até 12h
– Serve para procedimentos diagnósticos ou terapêuticos
• Hospital psiquiátrico
– Hoje faz parte da RAPS e pode haver internação nele
Linha do tempo
• Antes de 1970: modelo manicomial
• Anos 70: movimento anti-manicomial por novo modelo de
cuidado
• 2001: desinstitucionalização e fechamento de leitos e hospitais
• 2011: criação e fortalecimento da RAPS, CAPS é substitutivo aos
hospitais
• 2017: ampliar RAPS, não fechar hospitais e leitos
• 2019: RAPS é complementar e não substitutiva
REFERÊNCIAS
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.DAPE.
Coordenação Geral de Saúde Mental. Reforma psiquiátrica e política de
saúde mental no Brasil. Documento apresentado à Conferência Regional de
Reforma dos Serviços de Saúde Mental: 15 anos depois de Caracas. OPAS.
Brasília, novembro de 2005.
• LEI No 10.216, de 6 de Abril de 2001. (Lei da Reforma Psiquiátrica)

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