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UNIVERSIDADE PITÁGORAS UNOPAR ANHANGUERA

PSICOLOGIA - BACHARELADO

GUSTAVO VAMPOS
HENRIQUE MILIONI
AMANDA LOMBARDI TANNURI
ARARAPONGAS

RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO BÁSICO III - INDIVÍDUO, GRUPO E


INSTITUIÇÃO: INSTRUMENTOS E TÉCNICAS DE COLETA DE
DADOS

Arapongas
2023
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Segundo L’abbate (2003), o CAPS surgiu como um serviço de saúde
comunitário, aberto a todos, do Sistema único de Saúde (SUS). Esse serviço foi
constituído para atender pacientes que sofrem de transtornos mentais dos mais
variados tipos, cuja severidade justifique sua permanência num dispositivo de cuidado
intensivo e comunitário, que promova a vida e o bem-estar.

O CAPS foi estruturado para atender a Lei 10.216 de 2001, conhecida


como Lei da Reforma Psiquiátrica, fruto de um intenso processo de
mobilização social que ganhou o nome de Luta Antimanicomial,
protagonizada por usuários e usuárias, trabalhadores e trabalhadoras da
saúde mental, a qual o Sistema Conselhos de Psicologia sempre esteve
presente. É um equipamento imprescindível no processo de reforma
psiquiátrica, uma das pautas pelas quais o CFP lutou desde o início do
movimento de luta antimanicomial. (CFP,2022)

O CAPS, aliado a outros programas e ações interdisciplinares, tornou-se a


principal estratégia do Ministério da Saúde para substituir o modelo de atenção
centralizado na assistência hospitalar psiquiátrica, antes da reforma manicomial.
Podemos considerar que o CAPS, é um modelo aberto de atenção à saúde mental,
fundamental para a sociedade no campo da saúde pública.
Segundo (SCHRANK; OLSCHOWSKY, 2008), o CAPS é um serviço
substitutivo de atenção de saúde mental que tem demonstrado efetividade na
substituição da internação de longos períodos, por um tratamento que não isola os
pacientes de suas famílias e da comunidade, mas que envolve os familiares no
atendimento com a devida atenção necessária, ajudando na recuperação e na
reintegração social do indivíduo com sofrimento psíquico.
O CAPS conquistou um lugar de existência prevista em lei, sendo designado
como um serviço de atendimento a pacientes com transtornos mentais severos e
persistentes em sua área territorial, sendo um serviço ambulatorial de atenção diária
que funciona segundo a lógica do território estabelecida pelo Sistema único de Saúde
(SUS). (BRASIL, 2004, p. 31).
Os CAPS têm por objetivo oferecer às pessoas portadoras de sofrimento
psíquico um tratamento que alia o acompanhamento clínico e os cuidados de
reinserção social de seus usuários por meio do acesso ao trabalho, ao lazer, pelo
exercício dos direitos civis, bem como pela construção ou reconstrução dos laços
comunitários e familiares (Brasil, 2004)
Os CAPS, sendo um serviço destinado a promover a Reabilitação Psicossocial,
avançam em direção à construção de um outro modelo de atenção, em substituição
aos serviços hospitalares psiquiátricos que têm por objeto de intervenção a doença
mental e não a pessoa em seu contexto de vida. Contrariamente, o projeto do CAPS
apresenta como preocupação central o “sujeito e sua singularidade, sua história, sua
cultura e sua vida quotidiana” (Brasil, 2004, p. 14).

[...] a acolher os pacientes com transtornos mentais, estimular sua


integração social e familiar, apoiá-los em suas iniciativas de busca da
autonomia, oferecer-lhes atendimento médico e psicológico. Sua
característica principal é buscar integrá-los a um ambiente social e cultural
concreto, designado como seu “território”, o espaço da cidade onde se
desenvolve a vida quotidiana de usuários e familiares. Os CAPS constituem
a principal estratégia do processo de reforma psiquiátrica (BRASIL, 2004).

Segundo Ferreira, e col. (2016), como instituição que objetiva o atendimento


multidisciplinar o CAPS tem como modelo de atendimento o trabalho em rede, que é
a comunicação ativa entre os outros componentes que compõe a rede de atendimento
em saúde mental como: a atenção básica, Estratégias de saúde da Família (ESF), a
própria família o sujeito. Desse modo, o objetivo dos CAPS é oferecer atendimento à
população de sua área de abrangência, realizando o acompanhamento clínico e a
reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos
civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.

Os profissionais devem ter sensibilidade para lidar com o seu


sofrimento sem culpabilizações; devem buscar ainda o enfrentamento ao
estigma e a produção de autonomia da pessoa acometida pelo transtorno
mental, também pela via do trabalho. A mudança de modelo de atenção em
saúde mental está atrelada a essas práticas que vão além da área da saúde
e demandam debates mais intensos em torno da complexidade do sistema
de saúde como um todo, das relações intersetoriais, bem como das
condições sócio-econômicas, no que se refere ao mercado de trabalho e da
insuficiência das Políticas Sociais, entre outros aspectos. (Barros, 2004)

Para finalizar, é importante frisar que o CAPS, como uma ferramenta de


extrema importância para a saúde mental, deve cumprir com o seu objetivo principal,
a inclusão social do indivíduo, e deve fazê-lo de acordo com as diretrizes
estabelecidas da Reforma Psiquiátrica Brasileira. Os profissionais atuantes no CAPS,
devem buscar ações que possibilitem e estimulem a realização das trocas sociais,
principalmente em sua rede social nuclear principal, a família, que tem um papel muito
importante na construção do ser biopsicossocial. (L’ABBATE 2003).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministerio da Saude. Saúde mental no SUS: Os Centros de Atenção


Psicossocial. Brasília, DF - 2004.

CFP – Conselho Federal de Psicologia. Referências Técnicas para a Atuação de


Psicólogas(os) no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), São Paulo - SP, 2022.
Disponível em: https://site.cfp.org.br/publicacao/referencias-tecnicas-para-atuacao-
de-psicologasos-no-caps-centro-de-atencao-psicossocial/; Acessado em 29/03/2023
às 17:33h.

Ferreira, Jhennipher e col. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS): Uma


Instituição de Referência no Atendimento à Saúde Mental. Faculdade São Paulo
– FSP , São Paulo - SP, Janeiro, 2016. Disponível em: (PDF) Os Centros de
Atenção Psicossocial (CAPS): Uma Instituição de Referência no Atendimento à
Saúde Mental The Care Centers Psychosocial (Caps): a Reference Institution on Call
to Mental Health (researchgate.net). Acessado em 29/03/2023 às 17:33h.

L'ABBATE, S. A análise institucional e a saúde coletiva. Ciência saúde coletiva,Rio


de Janeiro, v. 8, n. 1, 2003. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sciarttext &pid=S413-
81232003000100019&lng=pt&nrm=iso>. Acessado em 29/03/2023 às 17:33h.. Pré-
publicação.

SCHRANK G.; OLSCHOWSKY, A. O centro de Atenção Psicossocial e as


estratégias para inserção da família. Rev Esc Enferm USP, v. 42, n. 1, p. 127-34,
2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v42n1/17.pdf>. Acessado em
29/03/2023 às 17:33h.

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