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UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SANTO ANDRÉ

CURSO DE PSICOLOGIA

Edivaldo Ferreira 379250913594


Kathlen Teixeira Brito 371178813594
Laura Victoria Alonso 385031513594
Monise N. Ferreira da Silva 345300013594
Sabrina Loiola da Silva 131128413594
Keyla Rosa de Souza 368025613594
Raimar do Amaral Medrado 123632113594
Kayla Teixeira Duarte 133277813594

CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS)

SANTO ANDRÉ - SP
2023
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Edivaldo Ferreira 379250913594


Kathlen Teixeira Brito 371178813594
Laura Victoria Alonso 385031513594
Monise N. Ferreira da Silva 345300013594
Sabrina Loiola da Silva 131128413594
Keyla Rosa de Souza 368025613594
Raimar do Amaral Medrado 123632113594
Kayla Teixeira Duarte 133277813594

CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS)

Trabalho apresentado como exigência parcial na disciplina


de Psicologia Comunitária no curso de Psicologia, no
Centro Universitário Anhanguera Pitágoras Ampli UNIA –
Centro Santo André.

SANTO ANDRÉ - SP
2023
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ……………………………………………………………….… 4

2 O QUE É O CAPS? ……………………………………………………...….… 5

3 QUAL O TRABALHO DO PSICÓLOGO NO CAPS …...…………...…..… 8

3.1 A CLÍNICA AMPLIADA NO CAPS …………………………..…...….…….. 8

3.2 O ACOLHIMENTO ……………………………………...………...…..….… 9

3.3 O PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR (PTS) …………………….….. 9

3.4 PTS E ECONOMIA SOLIDÁRIA – ECOSOL .......................................... 10

3.5 APOIO MATRICIAL ...………………….………...……………………….. 10

3.6 ATIVIDADES GRUPAIS ………………………………………………..…. 11

3.7 ATENÇÃO A SITUAÇÕES DE CRISE ………………….……………….. 11

4 AS DIFICÚLDADES ENCONTRADAS PELOS PSICOLOGOS E DEMAIS


PROFISSIONAIS ATUANTES NO CAPS ……………………………...…… 13

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS …………………………………………………. 15

6 REFERÊNCIAS ……………………………………………………………….. 16
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1 INTRODUÇÃO

O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) é um serviço de saúde mental que desafia


o paradigma tradicional de tratamento psiquiátrico. Criado no Brasil a partir da
Reforma Psiquiátrica, o CAPS tem como objetivo oferecer uma abordagem
humanizada e integral aos indivíduos que necessitam de tratamento, promovendo a
sua inclusão social e garantindo o exercício de sua cidadania.
Diferentemente dos hospitais psiquiátricos, o CAPS busca proporcionar um espaço
terapêutico mais acolhedor, privilegiando a autonomia, a participação ativa do usuário
e a construção de vínculos sociais. Neste trabalho trazemos informações sobre o que
é e como surgiu o CAPS, além do papel que os Psicólogos e demais membros de sua
equipe multidisciplinar tem dentro da instituição e as dificuldades que os mesmos
enfrentam.
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2 O QUE É O CAPS?

O CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) é um importante passo voltado a


valorização da saúde mental. Ele foi estruturado para atender às diretrizes
estabelecidas pela Lei da Reforma Psiquiátrica (Lei 10.216/2001), fruto de um
intenso processo de mobilização social que ganhou o nome de Luta Anti
manicomial, protagonizada por usuários (as) e trabalhadores (as) da saúde
mental, a qual o Sistema Conselhos de Psicologia sempre esteve presente.
É um equipamento imprescindível no processo de reforma psiquiátrica, uma
das pautas pelas quais o CFP lutou desde o início do movimento de luta anti
manicomial e desempenha um papel fundamental na transformação do
modelo de atendimento em saúde mental.

Seu principal objetivo é oferecer assistência e cuidado integral às pessoas


que sofrem com transtornos mentais, buscando promover sua inclusão social,
autonomia e qualidade de vida. Diferentemente dos antigos hospitais
psiquiátricos, o CAPS trabalha com uma abordagem mais humanizada, com
foco no respeito aos direitos humanos e na valorização da individualidade.

Os CAPS são compostos por uma equipe multiprofissional, que inclui


profissionais como psicólogos, psiquiatras, enfermeiros, assistentes sociais,
terapeutas ocupacionais e outros especialistas em saúde mental. Essa
equipe atua de forma interdisciplinar, promovendo um cuidado integrado e
personalizado, que considera as necessidades individuais de cada pessoa
atendida.

Além disso, os CAPS buscam estabelecer vínculos terapêuticos sólidos com


os usuários, promovendo espaços de escuta, acolhimento e diálogo. Eles
oferecem atendimentos individuais, grupais e familiares, promovendo
atividades terapêuticas, oficinas e outras intervenções que buscam o
fortalecimento dos laços sociais e o desenvolvimento de habilidades para
lidar com os desafios da vida cotidiana.

O CAPS também é responsável por coordenar os diferentes serviços e


recursos disponíveis na comunidade, buscando garantir o acesso adequado
e o encaminhamento adequado dos usuários. Essa rede de cuidados,
conhecida como RAPS (Rede de Atenção Psicossocial), inclui outros
dispositivos como os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), os
Consultórios de Rua, as Residências Terapêuticas, entre outros. No entanto,
pouca atenção tem sido destinada ao seu fortalecimento e à implantação dos
demais serviços que compõem a RAPS, o que acaba por fragilizar e
sobrecarregar suas atividades.
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A Política de Saúde Mental tem passado por um processo de desmonte, uma


estratégia de desconstrução cujo objetivo é fragilizá-la e assim, reinventarem
modelos que vão contra a Lei 10.216 de 2001. Como já afirmado (CFP, 2018),
são modelos de instituições que violam direitos humanos com financiamento
público. O compromisso do Conselhos de Psicologia é pela defesa do SUS e
da política de saúde mental que deve ser executada em instituições “sem
grades”, onde seus usuários possam conviver em família e sociedade, de
forma laica, respeitando a diversidade humana, garantindo a liberdade e com
total garantia de seus Direitos Humanos.

Os CAPS são serviços essenciais na construção de uma política de saúde


mental que prioriza a inclusão, o respeito aos direitos humanos e a promoção
do bem-estar psicossocial. Eles representam uma alternativa aos antigos
modelos asilares e contribuem para a construção de uma sociedade mais
acolhedora e inclusiva para todas as pessoas, independentemente de suas
condições de saúde mental. São um avanço essencial em uma sociedade
que cada vez mais debate e prioriza a saúde mental humanizada e portanto,
é uma instituição que deve ser respeitada e protegida.
Segundo o Ministério da Saúde, os CAPS têm o objetivo de acolher pessoas
em sofrimento psíquico, promovendo sua integração social e familiar,
estimulando a busca pela autonomia e oferecendo cuidado por equipes
multiprofissionais.

A entrada dos psicólogos no sistema de saúde pública ocorreu no contexto


histórico-político-econômico específico da Ditadura Militar no Brasil (1964),
marcado por transformações sociais e econômicas, como crescimento
populacional, migrações e crise econômica. Nesse período, o modelo
médico-assistencial predominante, baseado em práticas curativas e
hospitalares, estava em crise, o que levou à busca por alternativas, como
equipes multidisciplinares e serviços extra-hospitalares.

A atuação dos psicólogos no campo da saúde mental foi impulsionada pela


necessidade de reformulação dos serviços, visando a mudança do modelo
médico hegemônico. Isso exigiu dos profissionais a produção de modos
heterogêneos de cuidado, considerando a diversidade cultural e subjetiva dos
usuários. No entanto, o modelo clínico tradicional mostrou-se insuficiente
diante desse novo desafio, demandando mudanças na formação acadêmica
dos psicólogos, já que a área da saúde mental vai além do estudo e
tratamento das doenças mentais, sendo um campo complexo, plural e
interdisciplinar. Para além da psicopatologia e da medicalização, é
necessário dialogar com diversas áreas do conhecimento, como Filosofia,
Psicologia, Antropologia, Sociologia e etc.

Na atenção psicossocial, busca-se criar uma rede de relações entre sujeitos,


envolvendo os profissionais de saúde, os usuários, as famílias e outros atores
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sociais. O cuidado é centrado no sujeito e enfatiza a escuta de seus desejos,


dores, potencialidades e expectativas. Essa abordagem ampliada da clínica
ocorre em diversos espaços e contextos, superando práticas padronizadas e
individualizantes.
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3 QUAL O TRABALHO DO PSICÓLOGO NO CAPS

O psicólogo desempenha um papel fundamental no Centro de Atenção


Psicossocial (CAPS), sendo um dos profissionais-chave responsáveis pelo
cuidado e acompanhamento dos usuários. Atuando de forma abrangente e
integrada, considerando a complexidade das demandas apresentadas pelos
usuários, ele desempenha um papel crucial na avaliação, diagnóstico e
planejamento do tratamento, utilizando-se de técnicas e abordagens
psicoterapêuticas adequadas a cada caso.

Além disso, o psicólogo no CAPS é responsável por oferecer acolhimento e


escuta qualificada aos usuários, proporcionando um espaço seguro para que
eles possam expressar seus sentimentos, angústias e vivências. Essa
relação terapêutica estabelecida entre o psicólogo e o usuário é fundamental
para o processo de recuperação e promoção da saúde mental.

O psicólogo também tem um papel importante na articulação com outros


profissionais da equipe do CAPS e com outros serviços da rede de saúde
mental. Ele participa de reuniões e discussões de caso, contribuindo com sua
expertise e conhecimento psicológico para a construção de projetos
terapêuticos individuais e coletivos.

Além disso este profissional também atua na realização de grupos


terapêuticos, atividades socioeducativas e oficinas terapêuticas, promovendo
o fortalecimento dos vínculos sociais e a inserção dos usuários na
comunidade. Essas intervenções visam potencializar a autonomia, a
resiliência e a qualidade de vida dos usuários atendidos pelo CAPS.

O papel do psicólogo no CAPS não se limita apenas ao atendimento


individual, mas também envolve ações de prevenção, promoção da saúde
mental e atuação em equipes interdisciplinares. Ele contribui para a
construção de uma abordagem humanizada e integral no cuidado em saúde
mental, pautada nos princípios da Reforma Psiquiátrica.

Abaixo são detalhadas algumas das ações tomadas não só pelos psicólogos,
mas por toda a equipe multidisciplinar para possibilitar o funcionamento deste
novo modelo de atendimento.

A CLÍNICA AMPLIADA NO CAPS

A clínica ampliada e compartilhada, desenvolvida por Gastão Wagner nos


anos 1990 e adotada pelo Ministério da Saúde, é uma abordagem que visa
ampliar a compreensão do processo saúde-doença, considerando sua
complexidade e a influência de múltiplos fatores biológicos, sociais, afetivos,
subjetivos e culturais. É uma das diretrizes da Política Nacional de
Humanização e busca evitar abordagens que privilegiem apenas um
conhecimento específico, promovendo a integração dos saberes envolvidos
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no cuidado.

A clínica ampliada propõe uma relação horizontalizada entre o cuidador e o


sujeito cuidado, onde este assume um papel ativo na construção e
direcionamento de seu projeto terapêutico. Ela busca criar responsabilização
e vínculo com o usuário, retirando a hierarquia do processo de cuidado e
reconhecendo a singularidade de cada sujeito. Além disso, a clínica ampliada
valoriza as relações entre pares, familiares, grupos e o território do usuário,
reconhecendo que as forças de saúde estão presentes nessas conexões.

No contexto do CAPS, a clínica ampliada permite integrar a equipe de


profissionais de saúde de diferentes áreas em busca de estratégias para um
cuidado mais abrangente e singular. Ela vai além dos limites da doença e do
espaço físico do CAPS, considerando as potências, vulnerabilidades e
recursos presentes nas relações sociais e no território do usuário. Essa
abordagem amplia as possibilidades de intervenção terapêutica, favorecendo
uma compreensão mais completa do sujeito em seu contexto e promovendo
um cuidado mais humanizado e efetivo.

O ACOLHIMENTO

É o primeiro contato dos profissionais de saúde mental com aqueles que


procuram o serviço, garantindo acessibilidade universal. Essa abordagem
reorganiza o processo de trabalho, colocando a equipe multiprofissional como
responsável pela escuta e elaboração de projetos terapêuticos.

O acolhimento busca estabelecer relações de escuta e responsabilização,


além de construir vínculos e compromissos em projetos de intervenção. A
dimensão relacional está relacionada à postura de acolher, escutar e tratar o
usuário de forma humanizada, facilitando a construção de vínculos. A
dimensão ética reconhece a singularidade e subjetividade do usuário. A
dimensão técnica requer a articulação de saberes e tecnologias da equipe
para atender às necessidades do sujeito. E a dimensão política promove a
autonomia e o protagonismo do usuário, envolvendo-o na construção de seu
processo de cuidado.

O acolhimento desempenha um papel central nos CAPS, estabelecendo uma


relação de confiança no primeiro encontro entre profissionais e usuários,
potencializando a intervenção terapêutica voltada para a singularidade do
sujeito, família e comunidade.

O PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR (PTS)

O Projeto Terapêutico Singular (PTS) como um conjunto de condutas


terapêuticas articuladas para um sujeito individual, coletivo, grupo ou família.
Sua elaboração ocorre em reuniões que envolvem os usuários, suas famílias
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e os profissionais do CAPS, podendo incluir outros sujeitos, como amigos e


profissionais de diferentes áreas.

O PTS é baseado em quatro pilares: definição situacional, definição de metas,


divisão de responsabilidades e reavaliação. Ele busca intervir em questões
identificadas, promovendo a autonomia, a inserção social e a rede de suporte
do sujeito ou grupo. A divisão de responsabilidades envolve tarefas e a
escolha de um profissional de referência para coordenar todo o processo. A
reabilitação psicossocial é um dos eixos centrais da Reforma Psiquiátrica,
visando ao restabelecimento da autonomia do sujeito na comunidade e é
baseada em três cenários: habitar, rede social e trabalho.

Espera-se que o CAPS promova o exercício de direitos de cidadania e a


produção de novas possibilidades para projetos de vida. A promoção da
contratualidade envolve o acompanhamento dos usuários em seus contextos
cotidianos, visando à participação igualitária, ampliação de redes sociais e
autonomia.

PTS E ECONOMIA SOLIDÁRIA – ECOSOL

A economia solidária (Ecosol) é uma alternativa ao mercado de trabalho


formal na reabilitação psicossocial. Enquanto o trabalho formal tem como foco
o lucro e não necessariamente as necessidades dos trabalhadores, a Ecosol
oferece possibilidades de novas formas de contrato social baseadas em
trocas sociais e cidadania plena.

A Ecosol valoriza práticas econômicas e sociais mais éticas, justas e


significativas, como cooperativas, associações, clubes de troca e redes de
cooperação. Na saúde mental, muitas dessas iniciativas surgem dentro dos
serviços como parte da reabilitação psicossocial, especialmente nas oficinas
terapêuticas. Algumas conseguem se organizar em cooperativas e
associações, mas é necessário financiamento, assessoria e revisão da
legislação para garantir que os benefícios sociais não sejam prejudicados ao
ingressar em empreendimentos de economia solidária.

A Ecosol e a Reforma Psiquiátrica compartilham a luta contra a exclusão


social e econômica, buscando construir uma sociedade mais justa e inclusiva.

APOIO MATRICIAL

O apoio matricial na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), tem o objetivo de


fortalecer o poder resolutivo da rede no cuidado à saúde mental. O apoio
matricial amplia a rede de serviços substitutivos, capacita os profissionais da
atenção básica e promove a corresponsabilização entre as equipes. É uma
estratégia de articulação entre os serviços de saúde mental e a atenção
básica, visando ampliar o acesso e os cuidados em saúde mental.
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Essa abordagem se baseia no pensamento construtivista, onde a


reconstrução de pessoas e processos ocorre por meio da interação dos
sujeitos com o mundo e entre si. O apoio matricial facilita a inovação de
práticas em saúde na atenção básica, permitindo intervenções grupais ou
individuais realizadas por diferentes profissionais. As trocas entre as equipes
dos diferentes pontos de atenção favorecem a compreensão de situações
complexas e auxiliam no encaminhamento adequado dos casos.

Além disso, o apoio matricial ocorre também em serviços de urgência e


emergência, bem como em serviços hospitalares de referência, promovendo
a articulação intra e intersetorial da rede de saúde. É importante que a clínica
esteja alinhada aos princípios da Reforma Psiquiátrica, respeitando a
autonomia e a cidadania dos sujeitos. Portanto, psicólogos(as) devem atuar
em equipes interdisciplinares, promovendo trocas e ações coletivas que
sustentem o paradigma da luta anti manicomial.

ATIVIDADES GRUPAIS

São atividades visam desenvolver habilidades cognitivas, comunicacionais,


relacionais e contratuais, promovendo a cidadania, o autocuidado e a
reinserção social dos indivíduos atendidos. Existem diferentes modalidades
de grupos terapêuticos, como os grupos operativos, os grupos terapêuticos e
a psicoterapia de grupo, que potencializam as trocas dialógicas, o
compartilhamento de experiências e a melhoria da qualidade de vida dos
participantes. Além disso, existem os grupos de ajuda e suporte mútuo, que
reúnem pessoas com problemas e sofrimentos similares, promovendo a troca
de experiências e o empoderamento dos participantes.

O trabalho em grupo é visto como uma estratégia que reduz o sentimento de


isolamento e promove a construção de redes de comunicação e afetos.
Portanto a importância do planejamento adequado das atividades grupais,
alinhado às demandas dos participantes e centrado no usuário.

ATENÇÃO A SITUAÇÕES DE CRISE

Observamos os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) como uma


alternativa aos hospitais psiquiátricos, ampliando de crise, que vá além da
remissão de sintomas, considerando aspectos como a gravidade da
sintomatologia, a ruptura das relações familiares e sociais, a recusa de
tratamento e a situação de alarme e risco.

Os CAPS desempenham um papel crucial no acolhimento das crises e nas


demandas de saúde mental do território, eliminando burocracias e
favorecendo o acesso sem seleção seletiva. O cuidado durante as crises é
parte integrante do acompanhamento integral dos usuários, visando à
resolução de conflitos relacionais, sofrimentos emocionais e
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desorganizações. Isso requer uma escuta atenta para compreender e mediar


os possíveis conflitos, tanto no ambiente do CAPS quanto no domicílio ou em
outros espaços significativos para os usuários e suas famílias.

Além do acolhimento inicial, os CAPS possuem estratégias específicas de


acolhimento, como o acolhimento diurno que permite que o usuário
permaneça no CAPS ao longo do dia, afastando-se de situações conflituosas.
Essa modalidade visa ao manejo de crises relacionadas a transtornos
mentais, incluindo o uso de substâncias, e busca resgatar e redimensionar as
relações interpessoais, a convivência familiar e comunitária.

Já o acolhimento noturno vai além do acolhimento diurno, permitindo que o


usuário permaneça 24 horas na unidade. Essa modalidade é adotada quando
há intensificação da crise, visando evitar, sempre que possível, a
necessidade de internação hospitalar. Ambos os tipos de acolhimento fazem
parte do projeto terapêutico singular dos usuários e são voltados para a
promoção do cuidado em momentos de crise, mantendo-os em um ambiente
acolhedor e terapêutico.

Dessa forma, os dispositivos clínicos de atenção à crise nos CAPS


desempenham um papel fundamental na consolidação de um serviço
substitutivo aos hospitais psiquiátricos. Eles visam não apenas à remissão
dos sintomas, mas também ao cuidado integral, respeitando a singularidade
de cada usuário e buscando a construção e preservação de vínculos
significativos para sua recuperação e reintegração social.
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4 AS DIFICÚLDADES ENCONTRADAS PELOS PSICOLOGOS E DEMAIS


PROFISSIONAIS ATUANTES NO CAPS

Profissionais que atuam nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)


enfrentam diversas dificuldades no exercício de suas atividades. Essas
dificuldades podem variar de acordo com a realidade local e as demandas
específicas dos usuários atendidos. Abaixo, serão abordadas algumas das
principais dificuldades relatadas pelos profissionais do CAPS, com base em
informações disponíveis na literatura.

Sobrecarga de trabalho: A sobrecarga de trabalho é uma dificuldade comum


enfrentada pelos profissionais do CAPS. A demanda por atendimento é alta,
e muitas vezes a equipe é reduzida, o que resulta em um acúmulo de tarefas
e na dificuldade de oferecer um cuidado individualizado e abrangente a todos
os usuários.

Escassez de recursos: A falta de recursos adequados, como materiais e


equipamentos, pode comprometer a qualidade do atendimento no CAPS.
Isso inclui a falta de medicamentos, de estrutura física adequada e de
profissionais em número suficiente para atender à demanda.

Estigma e preconceito: Os profissionais do CAPS enfrentam o estigma e o


preconceito em relação aos transtornos mentais e ao trabalho que
desenvolvem. Isso pode afetar a forma como são percebidos pela sociedade,
pelos usuários e até mesmo por outros profissionais de saúde, o que dificulta
a efetividade das intervenções e a construção de parcerias interdisciplinares.

Articulação com outros serviços: A falta de integração e articulação efetiva


com outros serviços de saúde, como hospitais gerais e unidades básicas de
saúde, é uma dificuldade enfrentada pelos profissionais do CAPS. A falta de
comunicação e de trabalho em rede pode comprometer o encaminhamento
adequado dos usuários, bem como a continuidade do cuidado.

Capacitação e formação profissional: A formação profissional muitas vezes


não contempla de maneira adequada os conhecimentos e habilidades
necessários para atuar no CAPS. A falta de capacitação específica para o
trabalho em saúde mental, incluindo a abordagem interdisciplinar e a
compreensão das políticas de saúde mental, pode dificultar a atuação dos
profissionais.

Carga emocional: O trabalho no CAPS envolve lidar diariamente com


situações de sofrimento psíquico e crises, o que pode gerar uma carga
emocional intensa para os profissionais. O cuidado com a própria saúde
mental e o manejo do desgaste emocional são desafios importantes a serem
enfrentados.
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É fundamental destacar que essas dificuldades não são universais e podem


variar de acordo com a realidade de cada CAPS. O enfrentamento desses
desafios requer um trabalho conjunto entre gestores, profissionais, usuários
e comunidade, visando a melhoria das condições de trabalho e do cuidado
oferecido.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) desempenha um papel


fundamental na promoção da saúde mental e na transformação da sociedade.
Sua abordagem humanizada e inclusiva, baseada na valorização da
autonomia dos indivíduos, tem o poder de romper com estigmas e
preconceitos relacionados aos transtornos mentais.

Ao oferecer um cuidado integral e territorializado, os CAPS contribuem para


a reinserção social e a qualidade de vida das pessoas que enfrentam desafios
em sua saúde mental. Além disso, eles atuam na construção de uma
sociedade mais justa e solidária, ao combater a exclusão e promover a
igualdade de direitos para todos.

A influência do CAPS na sociedade vai além do atendimento individual. Ele


desempenha um papel importante na conscientização e educação da
comunidade, no combate ao estigma e na construção de uma cultura de
respeito e valorização da diversidade humana.

Portanto, reconhecer a importância do CAPS e fortalecer sua atuação é


essencial para que possamos construir uma sociedade mais inclusiva,
acolhedora e comprometida com a garantia dos direitos e da saúde mental
de todos os cidadãos.
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6 REFERÊNCIAS

Ribeiro, C. A., Marin, M. E., & Silva, A. L. da. (2014). Referências técnicas
para atuação de psicólogas(os) no centro de atenção psicossocial (CAPS).
Brasília: Conselho Federal de Psicologia.

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