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RESUMO
ABSTRACT
This article is a call to reflect on the role of psychologist at the Centro de Atenção
Psychosocial – CAPS. The objective is to discuss the role of professional psychology and insert
this in the field in the Mental Health. For this, a bibliographic search was made, considering the
paradigms of the psychosocial care that reference changes in the performance of this
psychologist service. The reflections led to overcoming challenges and activities for social
interaction among the users. Thus, the role of the psychologist in the multidisciplinary team,
the recognition of this team, and other activities that it should provide users becomes a topic to
be discussed and worked. With this study has shown that the performance of the Psychologist
still facing problems exclusively psychic order, since the actions of the CAPS should be
directed to the integration of the subject with psychological distress in their social context. Thus,
the role of the psychologist in this service – CAPS – as a parameter must have an understanding
of the subject from its historical and social context as family, habitation and work with a view
to recovery and possible autonomy of the subject with psychological distress.
INTRODUÇÃO
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Para auxiliar a compreensão do assunto, a metodologia utilizada neste artigo foi pesquisa
de caráter bibliográfica, onde percorremos os seguintes assuntos; a atuação do psicólogo na
saúde pública, desafios encontrados e importância da Reforma Psiquiatra para atuação deste
profissional, uma breve revisão na forma de atuação do mesmo; compreender a temática do
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Centro de Atenção Psicossocial - CAPS, que surge como uma alternativa de substituição ao
modelo praticado nas instituições psiquiátricas e uma reflexão para inserção deste profissional
no campo da saúde mental.
Suas ações, concebidas pelo modelo hegemônico, tendiam a repetir a velha prática
tradicional exercida nos consultórios particulares, onde há uma dicotomia entre saúde e doença
mental, onde o objeto de trabalho é o indivíduo e sua doença, desconsiderando-se o significado
social de sua condição; ansiosos e perplexos quase tanto quanto, ou mais, que os usuários do
serviço e impossibilitados de novas práticas que os libertassem dos antigos estigmas herdados
pela Psicologia e Psiquiatria, com suas portas fechadas e seus gabinetes escuros. Debateram-se
os psicólogos em busca de novas formas de atendimento, encontrando no sujeito que se tratava
uma pessoa, um cidadão, um ser de direitos.
A realidade acima, segundo KUBO, e BATOMÉ, (2005), é consequência da formação
acadêmica ainda voltada para a clínica tradicional, com base no psicodiagnóstico, e
psicoterapias individuais, enquanto a formação profissional deveria ter como base disciplinas
que possibilitassem ao Psicólogo construir novas práticas alternativas no seu campo de atuação
profissional (p.79).
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Nesta perspectiva, para Bock (1999); Lima e outros, (2005) a atuação do Psicólogo na
saúde coletiva, deve ser orientada pelo “compromisso social”, vontade política, desejo de
efetivar novas práticas, projetos, ideias, iniciativas e ações que promovam a cidadania, o bem
estar, o prazer e quiçá a cura das populações que porventura usam o Sistema Único de Saúde
(SUS).
Segundo Lima (2005) desenvolver uma capacidade técnica e humana no intuito de
incorporar e avançar no propósito da promoção de práticas socialmente contextualizadas para
o Psicólogo como profissional de saúde. Atuar no serviço público de saúde requer dos
profissionais, de todas as áreas não só da Psicologia, conhecimentos do funcionamento do
(SUS). Esses conhecimentos devem nortear as práticas psicológicas, as quais “... não se
restringem no indivíduo nem são de exclusividade da área da Saúde” (Lima, 2005, p. 432).
A partir desse novo pensar foi sendo implantado nos anos 90, uma mudança na atuação
do Psicólogo, passando de uma atuação centrada no atendimento individual, para um novo olhar
que agora açambarcava a família, a vida profissional da população a partir, inclusive, da
realização de pesquisas e avaliação de programas que o envolvesse, trazendo novos
posicionamentos, produzindo e construindo informações à sociedade civil, com ênfase em
formação de trabalhadores para a Saúde Mental. Este novo pensar ampliou o fazer profissional.
Segundo Dimenstein, (2000) neste sentido é desafiador compreender esse papel do
psicólogo no campo da saúde mental na perspectiva da clínica ampliada, haja vista que a
formação recebida por esses profissional foi pautada no “modelo clínico liberal privatista, da
psicoterapia individual, de definições limitadas do que seja a atuação do psicólogo, de forma a
determinar a representação social, que a população tem sobre a Psicologia” (p.104). Questões
que contribuiu para formação de barreiras o que tem sido desafiador para construção de novas
alternativa de atuação deste profissional.
E é em função desta percepção que nos últimos anos, é possível observar mudança no
perfil e na forma de atuação do psicólogo. Observar-se no nos CAPS a presença dos mesmos
fora dos gabinetes, estando mais imerso e próximo da população. Contudo essa nova roupagem
encontrou resistência no ambiente acadêmico-científico, na própria sociedade que a princípio
desacreditou desse profissional solidário e companheiro, no lugar de autoritário e distante; dos
próprios usuários, habituados a serem tratados com exclusão, preconceito e estigmas.
O repensar do papel do profissional de psicologia foi provocado pela implantação no novo
modelo institucional da clinica ampliada, modelo que demonstrou a possibilidade da criação de
uma rede de cuidados com capacidade de assistência voltada para o cuidado psicossocial.
Tendo deste profissional ação humanizadas no campo Saúde Mental surgindo dois novos
dispositivos de atenção representados pelos Núcleos de Atenção Psicossocial – NAPS - e pelos
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Centros de Atenção Psicossocial – CAPS (Figueiredo e Rodrigo 2004, p.174). Essa proposta
surge como referenciais substitutos dos hospitais psiquiátricos, cujas primeiras experiências
foram registradas na cidade de Santos - São Paulo SP. Esse tipo de serviço, CAPS, surge como
uma alternativa de substituição ao modelo praticado nas instituições psiquiátricas. Modelo de
atenção à psíquica, o CAPS tem papel estratégico dentro da Reforma Psiquiátrica, por ser
espaços onde são desenvolvidos projetos, atividades artísticas, oficinas terapêuticas de música,
desenho, pintura, modelagem, tapeçaria, atendimento em grupo, individual, domiciliar e
atividades comunitárias. Enfim, esse equipamento é um componente estratégico na substituição
do modelo hospitalocêntrico, que pretende opor-se à internação, oferecendo um serviço diário
intensivo, comunitário e personalizado.
Como serviço aberto, comunitário, as ações desenvolvidas devem contribuir para a “...
reinserção social dos sujeitos através do acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e
fortalecimento dos laços familiares e comunitários” (BRASIL, 2005, p. 27).
A diferença entre o CAPS e as instituições tradicionais psiquiátricas, asilos e hospícios,
está na prestação de serviço diferenciado, direcionado para o sujeito e não apenas para a doença
e/ou remissão dos sintomas com o uso de medicamentos. Assim, associados fármacos, o
tratamento passa a contar com: “oficinas terapêuticas, atendimento a grupo de familiares,
psicoterapia, atividades comunitárias, atividade de suporte social, oficinas culturais, visitas
domiciliares e desintoxicação ambulatorial” (Brasil, 2004, p. 17). O sujeito é visto inteiro, sob
o ponto de vista ético, moral, psíquico, físico, social, familiar, seus desejos, seus prazeres e suas
necessidades. No hospício esse mesmo usuário era apenas “o louco”, a doença, o vazio, o
desequilíbrio, o desajuste diante de uma sociedade “perfeita”.
Contudo a população passa a ser atendida por uma equipe multidisciplinar possibilitando
uma visão ampla sobre o sujeito com acesso a um serviço inovador por agregar saberes. Isso é
possível quando a “equipe consegue conversar, articular as ações conjuntamente, integrar seus
elementos, e fundamentalmente, construir novas saberes e práticas” (Bichaff, 2006, p. 175).
Partindo da perspectiva de que as ações do CAPS são direcionadas para a integração do
sujeito com sofrimento psíquico no seu contexto social, a Psicologia tem um papel inovador o
de contextualizar esse sujeito. Bock (1999) afirma que a Psicologia deve buscar compreender
esse indivíduo a partir de sua inserção social’’ (p. 33). A compreensão abordada é um desafio
para os psicólogos que entram na área de saúde. Integrar este sujeito com sofrimento psíquico
no seu contexto social é dar-lhe confiança, trabalhar sua autoestima através de dinâmicas e
sensibilizações que o façam sentir-se valorizado.
Partindo deste pressuposto a psicologia social proposta por Dr. Enrique Pichon-Rivière
compreende que concebe o homem como um ser biopsicossocial, produtor e produzido pelo
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Contudo a Psicologia social apresenta uma visão dialética do indivíduo e sua história, é
necessário está sensível para estas abordagens, por ser neste no momento, a linha diferencial
entre as práticas hegemônicas das clínicas privadas e as novas propostas de atuação, enfatizando
“as relações entre as instituições e os sujeitos, por meio de uma inscrição cotidiana do direito
do louco à cidadania” ( Nicácio, 1994, p. 89).
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Neste sentido o sujeito não pode ser pensado somente na sua individualidade, mas como
sujeito social. Seu psiquismo é configurado num determinado espaço, momento histórico e
contexto social.
Nesta perspectiva a Psicologia Social, introduzida no campo do conhecimento científico
por Enrique Pichon-Riviere, quebra paradigmas psicanalíticos, buscando olhar o sujeito e toda
a “trama de vínculos e relações sociais” que o envolve. Entre tudo que se aprende, se vivencia
se experiência, nesta troca entre ensinar e aprender sobre o que diz respeito à inter-relação
dialética entre o sujeito e sua realidade vai se “aprendendo a aprender”. É neste olhar que
segundo Ana Quiroga, (1998), a Psicologia Social vê o sujeito.
Dentro desse pensar, é significativa a pontuação de Guimaraes, (2001) em relação a
atuação do Psicólogo no CAPS, devido:
A importância decisiva do desvelamento pelo paradigma emergente, da chamada
neutralidade científica-preconizada pelo paradigma dominante – na qual o
observador separado, cindido do observado atuava sobre este sem, no entanto
responsabilizar-se socialmente, enquanto que o observado por sua vez, possuía um
lugar passivo e coisificado no processo de investigação (p. 3).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo realizou uma reflexão sobre a atuação do psicólogo no centro de atenção
psicossocial-CAPS. Sendo possível perceber o enfrentamento deste profissional com a falta de
conhecimento da nova proposta, considerando a formação acessada anteriormente, sendo
importante uma readequação no atendimento deste no serviço, requerendo um olhar dos
aspectos social do indivíduo e sua história. O que gerou conflito para o profissional, pois agora
sua atenção está voltada para o sujeito e não para a doença, trazendo o modelo da clinica
ampliada, capaz de compreender o sujeito dentro da coletividade. Sabemos que essa iniciativa,
assim como tantas outras, que aos poucos vão direcionando e se consolidando como algo
inovador dentro da concepção atual se propõe a, ser uma clínica inovadora, produtora de
autonomia. Interessante é perceber que o psicólogo está buscando construir seu espaço,
ousando, dando passos significativos dentro desse processo de consolidação da reforma
psiquiátrica.
O psicólogo do CAPS busca articular os serviços oferecidos com a rede básica de saúde
comunitária e assim proporcionar uma intervenção social capaz de mobilizar os usuários do
serviço a desenvolver mecanismos de ajuda para que não permaneçam dependentes do serviço
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REFERÊNCIAS:
_____, P., 1999. Manicômio e Loucura no Final do Século e do Milênio. In: FERNANDES, M.
I. A.; S.P.: Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, p. 47-53.
CORTEZ Editora, 1999. Conferencia Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental: 15
anos depois de Caracas (s.d.), Brasília, 2005. Disponível em: www.saude.gov.br/.