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PSICOLOGO NO SUS

O QUE FAZ O PSICÓLOGO DO SUS?

O profissional atua no diagnóstico, prevenção e tratamento de doenças mentais, de


personalidade ou distúrbios emocionais, sendo habilitado a atuar em diversas áreas
tanto no âmbito privado quanto no contexto público.

QUAL O PAPEL DO PSICÓLOGO NO SUS?

Dessa forma, o trabalho do psicólogo deve considerar o contexto social e promover a


autonomia e o empoderamento dos usuários, tanto no nível individual como no
coletivo, além de trabalhar de forma intersetorial com outros serviços públicos.

QUAIS AS CONTRIBUIÇÕES DO PSICÓLOGO EM UMA EQUIPE


MULTIPROFISSIONAL NA ATENÇÃO BÁSICA?

Nesse mesmo contexto, o trabalho do psicólogo em um plano multiprofissional é o de


um articulador de relações tanto entre a equipe e o paciente como entre os
profissionais do próprio grupo de trabalho em questão, visando fornecer suporte para
relações interpessoais, conforme apontam Xavier, Reis e Frassão (2016).

A IMPORTÂNCIA DA PSICOLOGIA NA SAÚDE PÚBLICA

A Psicologia na saúde pública representa um instrumento de transformação,


observando fatores subjetivos, emocionais, históricos e das condições de vida dos
usuários como determinantes dos quadros de saúde ou de doença da população.

Como podemos ver, é necessário que a Psicologia atenda as exigências da Saúde


Pública. Para isso, o psicólogo deve ampliar seus conhecimentos e permitir que sua
conduta profissional tenha um caráter coletivo e social.

O psicólogo que atua na Saúde Pública deve inventar novas práticas, produzir novos
conhecimentos, voltados para as demandas da comunidade. Para isso é importante
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estar atento para as bases da formação do futuro profissional. Garantir uma


graduação qualificada na área da Psicologia se torna imprescindível para todos,
principalmente aos profissionais que querem estar qualificados e capacitados a
atuarem no segmento público da saúde.

A SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

Com a Constituição Federal de 1988, ocorreu uma ruptura da visão dominante de


conceituar a saúde como a ausência de doença. Essa nova leitura estabeleceu uma
relação direta entre saúde e condições de vida, que inclui questões econômicas,
sociais, culturais, biológicas e ecológicas. Esse novo modelo foi efetivado com a
implantação do SUS em 1990.

O SUS segue normas, diretrizes, princípios e leis que buscam a universalização, a


equidade, a integralidade, a participação popular e a descentralização da saúde:

• A universalidade garante o direito à saúde a todos os cidadãos;


• A equidade busca tratar de maneira específica cada território, com o objetivo
de diminuir as desigualdades, ofertando ações e serviços aos segmentos
populacionais mais carentes, que enfrentam maiores riscos, em decorrência da
diferente distribuição de renda, bens e serviços;
• A integralidade propõe ações continuadas de promoção de saúde, prevenção
de doenças, tratamento e reabilitação;
• A participação popular é uma forma de concretizar o SUS na prática através da
participação dos segmentos sociais organizados nas Conferências e
Conselhos de Saúde;
• A descentralização tem o objetivo de distribuir de forma mais racionalizada os
recursos assistenciais no território, garantindo acesso oportuno e continuidade
do cuidado a todos.

QUANDO O PSICOLOGO ENTROU NO SUS

A psicologia, enquanto ciência e profissão, passa a ser regulamentada no Brasil, a


partir da Lei n° 4.119, de 27 de agosto de 1962. Em 1971, que cria o Conselho Federal
de Psicologia (CFP), pela Lei n°5.766, que o regulamenta em 1977, pelo Decreto n°
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79.822. A profissão nasce com o status elitizado, para atender demandas clínicas,
especialmente em consultórios particulares e com atendimento individualizado.

De acordo com Brigagão et al. (2011, p. 199), “os psicólogos têm se aproximado do
campo das políticas públicas por meio das ações desenvolvidas no cotidiano
profissional, em diversas áreas, e têm construído diferentes modos de reinvenção da
prática a partir da interpretação das políticas”. Entende-se por política pública a ação
intencional, que tenha objetivos claros, com impactos no curto prazo, mesmo sendo
uma ação a longo prazo e que envolva processos decisórios nas ações de
implementação, execução e avaliação.

Segundo Ferraza (2016), os psicólogos começam a atuar nas políticas públicas em


um momento de enfrentamento das questões de violações de Direitos Humanos,
diante das péssimas condições de vida da sociedade brasileira com relação à vida,
saúde, educação, trabalho, habitação. Este período, de um regime ditatodial, em
meados da década de 70, é marcado pela emergência dos Movimentos Sociais no
Brasil, e neste contexto de lutas, nasce a Reforma Sanitária, preconizando o Direito
Universal à saúde, o reconhecimento de que o processo saúde-doença é composto
por determinantes históricos e sociais e também se constitui um campo de saber
baseado no respeito à dignidade humana, chamado de interdisciplinar. Este saber,
conta com a psicologia, enquanto ciência e profissão, especialmente pelo caráter
psicossocial presente nas propostas e projetos. No entanto, a atuação do psicólogo
no campo das políticas públicas está distante do modelo clássico da clínica tradicional,
muitas vezes elitizado, individualizado. O profissional da psicologia que atua ou
pretende atuar junto às políticas públicas deve estar disposto a ocupar outros espaços
e também estar orientado pelas demandas da sociedade contemporânea.

Segundo Benelli (2014), a psicologia, pedagogia e serviço social, constituem o campo


multidisciplinar no atendimento a população nas diferentes instituições, entidades,
equipamentos e políticas públicas. A psicologia, ciência que estuda as estruturas, a
mente humana, os comportamentos, as relações interpessoais, as patologias da
mente humana, se abre também para o estudo do comportamento social do ser
humano, desta forma a Psicologia Social ocupa-se das relações entre indivídio e
sociedade. O psicólogo é convocado para atuar fora do consultório tradicional, junto
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às políticas públicas, inicialmente nas áreas de saúde e educação. Na saúde,


inicialmente nos hospitais psiquiátricos, junto à Saúde Mental, e posteriormente com
o advento do SUS, com postos de trabalho nas Unidades Básicas de Saúde (UBS),
Ambulatórios de Saúde Mental e mais recentemente nos Centros de Atenção
Psicossocial (CAPS), nas clínicas ou casas de recuperação para dependentes
químicos ou comunidades terapêuticas. Na educação, em escolas, muitas vezes na
função ou especialidade de psicopedagogos, ou até mesmo alocados nas próprias
Secretarias Municipais de Educação e Diretorias de Ensino, servindo de suporte e
atendimento às escolas.

No campo das políticas públicas sociais, a Psicologia, enquanto ciência e profissão,


assim como os psicólogos, ganharam espaço e lócus de atuação, diante do advento
das Normativas Internacionais e Nacionais, no que se refere à garantia de direitos dos
cidadãos e da instituição da Política Nacional de Assistência Social (PNAS), o Sistema
Único de Assistência Social (SUAS), com seus estabelecimentos específicos Centro
de Referência de Assistência Social (CRAS) e Centro de Referência Especializado de
Assistência Social (CREAS) que atualmente estão instalados em grande parte do País
(BRASIL, 2004). Com a emergência do SUAS, o profissional da Psicologia é também
convocado a assumir postos de trabalho no campo social (visto a abertura de vagas
e concursos na área), nas Secretarias Municipais de Assistência Social e seus
estabelecimentos e serviços como o Centro de Referência de Assistência Social
(CRAS), Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), Centro
do Idoso, Lar Dia, Casa de Acolhida, Serviço de Convivência e Fortalecimento de
Vínculos, Medidas Socioeducativas, entre outros. Os psicólogos passam a vislumbrar,
na área social, junto às políticas públicas, um importante campo de atuação.
Atualmente, muitos psicólogos atuam nas organizações e estabelecimentos sociais
compondo as equipes de atendimento à população.

Oliveira e Amorim (2012), relatam que a inserção dos psicólogos nas políticas públicas
está ligada ao aumento das oportunidades de emprego nas instituições públicas e em
locais, onde o foco da intervenção está ligado às questões sociais. A intervenção dos
psicólogos nestes espaços, deve levar em conta determinantes como as condições
estruturais e sociais, bem como o capitalismo, uma vez que a profissão historicamente
esteve voltada para a manutenção da burguesia, ao se inserir nas políticas sociais,
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enfrenta desafios éticos, políticos e sociais e um reordenamento teórico-técnico, pois


passa a atuar junto a populações em condição de pobreza e vulnerabilidade. Para
Benelli (2016a), a Assistência Social passa a se apresentar como um campo de
atuação dos psicólogos que se pautam pelo compromisso e implicação ética e pela
transformação social, buscando superar a produção de ajustamento, adaptação social
e normatização do indivíduo, alinhando os interesses dos pobres, oprimidos,
explorados e socialmente excluídos. A atuação dos psicólogos se dá em instituições
sociais e passa a ser permeada por uma prática mais crítica e transformadora. A
politização dos saberes teórico-técnicos da psicologia de engajamento e
transformação social reflete uma atuação avisada e politicamente informada e situada
no vasto campo das políticas públicas, particularmente no âmbito da Assistência
Social.

Estes espaços foram se constituindo como equipamentos de garantia de direitos, onde


o sujeito deve ser considerado um cidadão, no entanto, as práticas dos profissionais
que atuam nestas instâncias ainda trazem resquícios da antiga política das
necessidades, no controle, normatização dos corpos e modulação dos
comportamentos.

As preocupações com a saúde mental datam de 1948, quando a Organização Mundial


de Saúde passou a dar ênfase a um novo conceito de saúde que excedia as
dimensões biológicas e destacava a importância da subjetividade dos sujeitos. Era um
ideal que pretendia valorizar os aspectos psicológicos tendo em vista um atendimento
integral e uma visão total do sujeito em sofrimento, respeitando sua individualidade.
Anos depois os ideais da Reforma Psiquiátrica começaram a surgir no cenário da
saúde mental no Brasil com duras críticas ao sistema hospitalocêntrico na assistência
aos portadores de transtornos mentais. Essas questões fizeram com que o primeiro
contato do psicólogo com o setor público de saúde fosse marcado pela finalidade de
ofertar modelos alternativos ao hospital psiquiátrico.

O profissional psicólogo passou a ser visto como indispensável no processo de


desinstitucionalização, no entanto, se deparou com inúmeras dificuldades de atuação.
Se antes os pacientes procuravam pelo atendimento psicoterápico, reconhecendo a
necessidade de refletir sobre si mesmo, no setor público eles eram quase sempre
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encaminhados por outros profissionais e muitas vezes suas demandas eram urgentes,
fazendo-os procurarem por soluções mais rápidas (Bruscato, 2012).

Nesse sentido, o Conselho Federal de Psicologia juntamente com o CONPAS


(Comissão Nacional de Psicologia na Assistência Social) lançou em 2016 algumas
notas prescrevendo atividades a serem realizadas pelos psicólogos no âmbito do
Sistema Único de Assistência Social (SUAS), evidenciando a necessidade de
entender que a subjetividade dos sujeitos atendidos pelo SUS não pode ser concebida
separadamente de seu mundo social, assim se faz necessário considerar a
contextualização do território em que vivem.

É importante que a psicóloga e o psicólogo se questionem cotidianamente acerca do


lugar que ocupam na instituição onde trabalham, estando atentos para que a prática
no âmbito do SUAS não recaia em uma intervenção fiscalizatória ou policialesca, que
reprime, julga e/ou condena indivíduos e famílias. A intervenção deve se pautar em
estratégias que possibilitem aos atendidos pensar de forma crítica e como
protagonistas de suas próprias histórias (CFP, 2016, p. 11).

De acordo com tais prescrições deve existir a contribuição da Psicologia ao agregar


as subjetividades dos sujeitos com seu contexto sócio-histórico, considerando todos
os problemas de ordem social que permeiam suas vidas. Os profissionais devem,
ainda, superar a fragmentação existente no setor público promovendo
interdisciplinaridade, isto é, dialogando com profissionais de diversas áreas da saúde
a fim de desenvolver tratamentos mais amplos que alcance um maior número de
pessoas.

REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DO SUS E COMO ACESSAR OS SERVIÇOS


DE SAÚDE MENTAL PELA REDE PÚBLICA

Saúde mental é um tema cada vez mais presente no nosso dia a dia. Se por um lado
conseguimos ampliar o debate sobre esse tema, por outro, o contato com serviços de
saúde mental como psicoterapia e consultas psiquiátricas ainda está longe de ser
acessível a todos.
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COMO CONSEGUIR ATENDIMENTO PSICOLÓGICO E PSIQUIÁTRICO


GRATUITO.

RAPS

O SUS conta com uma estrutura voltada exclusivamente para a Atenção Psicossocial,
a RAPS, instituída em 2017, fruto da luta antimanicomial e da Política Nacional de
Saúde Mental, estabelecida há mais de 20 anos. Um dos principais objetivos da RAPS
é consolidar um modelo de atenção aberto e de base comunitária, em que a pessoa
com transtornos mentais (incluindo o abuso de substâncias psicoativas) recebe um
tratamento humanizado e é incentivada a criar vínculos com a sua comunidade, indo
contra a ideia de isolar essas pessoas em hospitais psiquiátricos e tirá-las do convívio
social.

A RAPS é dividida em seis eixos principais:

1. Atenção Primária à Saúde: Unidades Básicas de Saúde (UBS), consultórios de


rua, centros de convivência e cultura;
2. Atenção Especializada: Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) nas suas
diferentes modalidades;
3. Atenção às Urgências e Emergências: SAMU 192, sala de Estabilização, UPA
24 horas e portas hospitalares de atenção à urgência/pronto-socorro;
4. Atenção Residencial de Caráter Transitório: Unidade de Acolhimento, serviço
de Atenção em Regime Residencial;
5. Atenção Hospitalar: Enfermaria especializada em hospital geral, Serviço
Hospitalar de Referência (SHR) para atenção às pessoas com sofrimento ou
transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e
outras drogas;
6. Estratégias de Desinstitucionalização e Reabilitação: Serviços Residenciais
Terapêuticos (SRT) e Programa de Volta para Casa (PVC).

UBS

Por regra, a UBS costuma ser o primeiro contato com o atendimento de saúde mental
gratuito.
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Primeiro, é preciso marcar uma consulta com o clínico geral. No dia da consulta,
converse com o médico e diga como está se sentindo para pedir um encaminhamento
para o psicólogo.

Dado o encaminhamento, é só agendar a consulta com o psicólogo diretamente na


sua UBS (caso haja profissional disponível). É preciso ter em mente que, por causa
da alta demanda e do baixo número de especialistas nas estruturas de atenção
primária, o tempo de espera pela consulta pode ser longo.

Caso o próprio clínico ou o psicólogo identifique que o seu sofrimento se encaixa num
quadro moderado ou grave, ele pode realizar o encaminhamento para uma unidade
do CAPS.

CAPS

Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) contam com uma rede multidisciplinar


de profissionais para cuidar da saúde mental do paciente de maneira integral, da qual
fazem parte psicólogos, médicos psiquiatras, enfermeiros, assistentes sociais e
terapeutas.

Os CAPS são divididos em subtipos:

• CAPS I e II: Atendimento a todas as faixas etárias, para transtornos mentais


graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas. Nesses
CAPS, não há estrutura para acolhimento noturno/estadia.
• CAPS III: Conta com até 5 vagas de acolhimento noturno e observação. Atende
a todas as faixas etárias; transtornos mentais graves e persistentes inclusive
pelo uso de substâncias psicoativas.
• CAPS i: Atendimento a crianças e adolescentes, para transtornos mentais
graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas.
• CAPS ad Álcool e Drogas: Atendimento a todas faixas etárias, especializado
em transtornos pelo uso de álcool e outras drogas.
• CAPS ad III Álcool e Drogas: Funciona 24h e disponibiliza de 8 a 12 vagas de
acolhimento noturno e observação. Atende a todas faixas etárias; transtornos
pelo uso de álcool e outras drogas.
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Não se preocupe, pois o médico responsável pela sua avaliação na UBS fará o
encaminhamento já de acordo com a sua necessidade e a disponibilidade de CAPS
na sua região.

Outra possibilidade é comparecer diretamente no CAPS, nos dias e horários


reservados para o acolhimento e triagem de novos pacientes. Como os dias e horários
variam de unidade para unidade, o ideal é entrar em contato via telefone para se
informar.

Uma vez no acolhimento, você terá a oportunidade de conversar com um profissional


que será o seu profissional de referência. Ou seja, a pessoa que irá acompanhá-lo de
perto durante todo o seu tratamento. Como introduzimos brevemente, esse
profissional pode ser um psicólogo, um assistente social, um terapeuta etc.

Não tenha vergonha e fale tudo o que lhe incomoda e o que está acontecendo com
você. O profissional não está ali para julgá-lo, mas para acolhê-lo e definir, juntamente
com você, as melhores estratégias de tratamento.

No final do acolhimento, o especialista responsável por atendê-lo irá repassar todas


as próximas etapas do tratamento e agendar o seu retorno. Nesse retorno, você terá
mais detalhes sobre as próximas etapas do seu tratamento, como se há indicação de
acompanhamento psiquiátrico para introduzir medicação, se é interessante incluir a
parte de assistência social de alguma forma etc.
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ATUAÇÃO DAS(OS) PSICÓLOGAS(OS) NO ATENDIMENTO DE PESSOAS COM


DEFICIÊNCIA

O Conselho Regional de Psicologia de São Paulo orienta:

As(Os) psicóloga(os), em seu trabalho, devem visar à garantia dos direitos das
pessoas com deficiência, de modo a romper com práticas do isolamento, seja em
ambientes segregados dentro de instituições comuns, seja em instituições exclusivas,
ou mesmo na própria família. Além disso, no que se refere a inserção familiar,
comunitária e social da pessoa com deficiência, é fundamental que o trabalho da(o)
psicóloga(o) tenha como objetivo a articulação com as famílias e os serviços, a fim de
favorecer a autonomia, a liberdade de ir e vir, a participação em decisões e espaços
frequentados pela pessoa com deficiência.

A Lei Brasileira de Inclusão dispõe sobre princípios relativos à garantia de direitos das
pessoas com deficiência, mesmo em situações em que não há plena e constante
capacidade decisional. Sendo assim, cabe afirmar que a(o) psicóloga(o), em qualquer
prática psicológica prestada a essas pessoas, há de garantir o direito à tomada de
decisão, à promoção de sua acessibilidade e apoios necessários para a efetivação da
liberdade de escolha e de sua expressão. O Decreto nº 7.612, de 17 de novembro de
2011, que institui o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, organiza
a atenção às pessoas com deficiência a partir de quatro eixos: o acesso à educação,
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a inclusão social, a acessibilidade e a atenção à saúde. Alicerçado nesses eixos, a(o)


psicóloga(o) deverá se atentar para a não conivência diante de contextos/instituições
nos quais esses direitos venham a ser violados, conforme disciplinado no art. 2º,
alínea “a”, do Código de Ética Profissional da(o) Psicóloga(o): Ao psicólogo é vedado
praticar ou ser conivente com quaisquer atos que caracterizem negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade ou opressão.

Como contraponto à prática da institucionalização de pessoas com deficiência, estão


previstos na Política Nacional de Assistência Social (PNAS) e no Serviço de Proteção
Social Especial, serviços para essa população, com o objetivo de prevenir o
rompimento de vínculos familiares. Além disso, especificam um atendimento
especializado às famílias de pessoas com deficiência e idosos com algum grau de
dependência, que tiveram suas limitações agravadas por violações de direitos, em
processo de desinstitucionalização.

Nessa perspectiva, a(o) psicóloga(o) deve desenvolver seu trabalho em consonância


com a prática da desinstitucionalização e de modo a contribuir para que sejam
garantidos os direitos da pessoa com deficiência, inclusive, o direito ao trabalho,
conforme previsto tanto na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
quanto na LBI. No que diz respeito ao atendimento de pessoas com deficiência que
não disponham de condições de autossustentabilidade ou de suporte familiar, bem
como, de moradia digna, a(o) psicóloga(o), em articulação com a rede territorial, deve
favorecer o rompimento do isolamento, com intervenções que promovam mudanças
de paradigma na estruturação dos serviços de acolhimento em áreas afastadas e que
não contribuem para o convívio comunitário.

Ainda nesse contexto, faz-se necessário que a(o) psicóloga(o) realize intervenções
práticas que proporcionem as condições para o desenvolvimento da autonomia, do
protagonismo da pessoa com deficiência em suas atividades diárias, além da
participação social e comunitária, com vistas à sua reintegração. No que diz respeito
ao direito à Saúde, a(o) psicóloga(o) em conformidade com a LBI, deve viabilizar
atenção integral à saúde da pessoa com deficiência em todos os níveis de
complexidade, garantindo seu acesso universal e igualitário à saúde. Quanto ao direito
à Educação, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, normatiza
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que seja assegurada a perspectiva da educação inclusiva, favorecendo o


desenvolvimento de competências práticas e sociais da pessoa com deficiência, de
modo a facilitar sua participação no sistema de ensino e na vida em comunidade.

Nesse aspecto, a(o) psicóloga(o) deve pautar suas intervenções de modo a não
estigmatizar, não individualizar e/ou culpabilizar a pessoa com deficiência. A(O)
psicóloga(o), em seu exercício profissional, precisará ter posicionamento crítico e
realizar sua prática pensando na lógica inversa, ou seja, o contexto educacional é que
possui limitações que, costumeiramente, são atribuídas à pessoa com deficiência. Por
fim, o CRP SP afirma seu compromisso social para com as pessoas com deficiência,
de modo a reconhecê-las em seus direitos, de maneira digna e em condições de
equidade e liberdade de decisão e escolhas. Da mesma forma, as(os) psicólogas(os),
em seus diferentes campos e áreas de atuação, devem alinhar suas práticas
profissionais na perspectiva da desinstitucionalização, na promoção de um cuidado
integral e não conivente com possíveis violações contra os direitos da pessoa com
deficiência.
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BIBLIOGRAFIA

https://blog.unis.edu.br/o-papel-social-da-psicologia-e-atuacao-na-saude-
publica#:~:text=PSICOLOGIA%20E%20SA%C3%9ADE%20P%C3%9ABLICA&text=
O%20profissional%20atua%20no%20diagn%C3%B3stico,privado%20quanto%20no
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https://npd.uem.br/eventos/assets/uploads/files/evt/12/trabalhos/12_2130_15404787
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https://uniesp.edu.br/sites/_biblioteca/revistas/20201222112757.pdf

https://crprn.org.br/noticias/lei-que-institui-o-estatuto-da-pessoa-com-deficiencia-
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BRASIL, Constituição Federal. 1988

DECRETO Nº 6.949, DE 25 DE AGOSTO DE 2009. Promulga a Convenção


Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo
Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007.

DECRETO Nº 7.612, DE 17 DE NOVEMBRO DE 2011. Dispõe sobre a educação


especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências.

DEFICIÊNCIA, Viver sem Limite – Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com /
Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) / Secretaria
Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SNPD) • VIVER SEM
LIMITE – Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência: SDHPR/SNPD,
2013.

LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996. Estabelece as diretrizes e bases da


educação nacional.
LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da
Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência).
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Política Nacional de Assistência Social PNAS/ 2004.

Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva

https://transparencia.cfp.org.br/wp-content/uploads/sites/29/2021/03/Anexo-10-Nota-
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atuaA%CC%81%E2%80%9Eo-de-psicU%CC%82logxs-no-atendimento-de-
pessoas-com-deficiI%CC%81ncia.pdf

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