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INTRODUÇÃO
Esse estudo fomentou novas pesquisas, como Gustave Le Bom e o estudo da psicologia
das multidões. Essas teorias encontraram refúgios nas investigações de George Mead
(González Rey, 2004) onde o mesmo identificou que o indivíduo, assim como suas
interações com o outro, é de grande importância na construção de sua personalidade.
Tais interações, apesar de terem impacto direto e indireto no tratamento psicológico,
escapam do controle do indivíduo. Assim, na década de 1920, houve a
institucionalização da psicologia social nos EUA, fomentada por Floyd Allport
(González Rey, 2004).
Por conta disso, surgiu a psicologia comunitária, cujo objetivo é tratar do bem-estar,
saúde e conscientização de comunidades, com enfoque no âmbito da saúde mental.
Segundo Lane (2007), a mediação é essencial para "análise das três categorias
fundamentais - atividade, consciência e identidade". Com essas relações entre os
integrantes há uma influência nas emoções individuais, que ainda de acordo com a
autora, estaria "possivelmente constituindo conteúdos inconscientes presentes tanto na
consciência como na atividade e na identidade".
Freitas (2005) define que a psicologia social comunitária prioriza os seguintes níveis:
Por fim, verifica-se se houve a obtenção de algum resultado, considerando o diálogo nas
reuniões grupais, a diminuição de queixas dos indivíduos e avaliação das demandas a
serem supridas. Afinal, a atuação do psicólogo “deve dar-se no sentido de que a
resolução das situações de crises individuais resulte na superação das contradições
sociais que geraram” (Bruhl & Malheiros, 1981).
Entretanto, esse trabalho não pode ser realizado apenas pelo psicólogo, é necessária uma
equipe multidisciplinar para garantir a saúde e a atenção básica à população. Por conta
disso, a psicologia comunitária está diretamente ligada ao modelo de Estratégia Saúde
da Família (ESF), programa assistencial de atenção básica iniciado em 1996 e sendo
alocado, principalmente, em regiões periféricas e de vulnerabilidade social por meio de
implantação em conjunto do Ministério da Saúde, da Secretaria de Estado da Saúde e
duas Organizações Sociais de Saúde (Governo Municipal de São Paulo, 2013).
Inicialmente contando apenas com médicos, enfermeiros e agentes comunitários da
saúde, o ESF se mostrou necessário para outros campos e a partir de 2008 iniciou-se a
implementação de profissionais de outras áreas, como psicólogos, professores de
educação física, nutricionistas, fisioterapeutas, dentistas, assistentes sociais, entre outros
profissionais que podem atuar em parceria para proporcionar a saúde.
Nota: Imagem extraída de “A prática da Psicologia e o Núcleo de Apoio à Saúde da Família” (2009, p.37)
No estágio realizado no Programa de Saúde da Família (PSF), foi possível verificar que
a equipe multidisciplinar preenche a esses três requisitos a partir de tais ações:
Sanitário: Aplicação de métodos preventivos de saúde, assim como o
acompanhamento dos mesmos junto à população;
Clínico: Acolhimento e encaminhamento dos pacientes aos atendimentos
necessários, acolhimentos individuais de escuta psicológica;
Técnico-pedagógico: Campanhas em grupos coletivos com diálogos de
promoção à saúde e prevenção de doenças.
Além disso, a equipe promove reuniões entre os profissionais para melhor atender as
demandas da comunidade.
Dentre as atribuições do psicólogo denota-se que a psicologia comunitária busca romper
o conceito elitista, promovendo a saúde mental à indivíduos que possuem dificuldade
em encontrar um apoio psicológico devido a sua vulnerabilidade social e demora no
atendimento psicológico em unidades do Sistema Único de Saúde, o qual é realizado
tanto de forma grupal quanto individual. Isso foi possível de observar nas rodas grupais
– mesmo que a princípio tenha sido realizado apenas para aproximação com os
pacientes - e nos acolhimentos psicológicos individuais acompanhados na unidade.
Segundo dados do Ministério da Saúde (2020), o munícipio de Itatiba atendeu pela
Equipe Saúde da Família quase 60% da população em 2020, apresentando um aumento
de 5% em relação ao ano anterior e de quase 60% em comparação com o ano de 2010.
Essa porcentagem é condizente com a porcentagem do país, que apresenta o mesmo
valor, porém, comparando com a capital do estado e cidades próximas, demonstra um
percentual maior da população coberta pela ESF. São Paulo apresenta 38,9% e Jundiaí
apenas 16,5% da população. Apesar do bom percentual e da estimativa de crescimento,
é necessário o empenhamento das ESF's e da Prefeitura da cidade para que esse número
atinja 100% da população carente.
O estágio foi realizado no PSF 10 16 San Francisco II José Correia Belo localizado no
bairro San Francisco na cidade de Itatiba/SP, nos arredores da unidade pode-se observar
que se trata de um bairro carente, porém bem atendido no que diz respeito ao Programa
de Saúde da Família, contando com mais uma unidade além da qual foi realizada o
estágio. No que diz respeito à população atendida pela unidade, há uma grande
variedade de pessoas, contando com usuários de diversas faixas etárias, embora haja
poucos adolescentes.
Durante o relatório será discorrido sobre as técnicas utilizadas no PSF em questão para
atendimento da comunidade, com referências do que foi realizado durante o estágio,
além de bibliografia pertinente a psicologia comunitária.
Alvaro, J.L, & Garrido, A. (2006) Psicologia social: perspectivas psicológicas e
sociológicas. São Paulo: MccGraw-Hill.
Bomfim, E. (1988). "Vila Acaba Mundo, Bairro Sion”. Anais do III Encontro Mineiro
de Psicologia Social, 2(4).
Silva, M.J.C.R, & Gigich, A.R. (2011) Atuação do psicólogo social comunitário.
Revista de Psicologia, 14(20), 63-78.