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A PERCEPÇÃO DE PROFISSIONAIS SOBRE AS PRÁTICAS DE

ACOLHIMENTO NO SERVIÇO DE ATENÇÃO E SAÚDE A ADOLESCENTES


COM TRANSTORNOS ALIMENTARES

Jordania Maria Nascimento as Silva¹


Leidivânia Brasil¹
Mabelly Freire Lopes¹
Sunny Mirelly Régis de Oliveira¹
Orientador: Prof. Mauricio Cirilo Neto ²

RESUMO:

Palavras-Chave: Transtornos Alimentares. Adolescente. Saúde.


1. INTRODUÇÃO

O comportamento alimentar tornou-se assunto de interesse nas


últimas décadas após ser identificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
que a quantidade de pessoas que tem problemas por comer a mais do que
deveriam veem ultrapassando a quantidade de pessoas que passam fome. É
perceptível ao analisar alguns estudos que esse tipo de comportamento sofre
influência das condições sociais, culturais, da percepção individual como sujeito e
dos alimentos por parte do indivíduo, por experiências prévias e pelo estado
nutricional. (OLIVERA e FONSÊCA, 2006)
A mudança do corpo e peso na adolescência (decorrente das
alterações da puberdade) e o ideal promovido pela mídia acompanhando da
necessidade de aceitação junto aos padrões sociais produzem uma insatisfação
corporal e a mesma pode levar, em muitos dos casos, a apresentam-se como
gatilho para o início de comportamentos de risco que podem desencadear
transtornos alimentares, esses do tipo: métodos de controle de peso como uso de
laxantes, diuréticos, indução de vômitos, excesso de atividade física, além de
adesão a dietas restritivas. Por ser um período em que as transformações
biológicas acontecem paralelamente a construção da personalidade, os
adolescentes mostram-se mais vulnerais ao desenvolvimento dos transtornos
alimentares, uma vez que essas transformações refletem no desenvolvimento
afetivo emocional dos mesmos. (DUNKER; FERNANDES e FILHO, 2009 p.157)
Contudo é visto então pela OMS a necessidade e uma preocupação
com relação a prestação de serviços em saúde que possam auxiliar no
acolhimento e tratamento dos mesmos, uma vez que as pessoas portadoras
destes transtornos apresentarem, não apenas problemas de ordem biológica,
mas também psicológicas como por exemplo: ansiedade, estresse e depressão.
Assim sendo, o estudo em questão tem como objetivo geral identificar
e descrever como é realizado o acolhimento aos adolescentes que apresentam
transtornos alimentares pelo serviço de assistência e saúde e como objetivos
específicos produzir um breve referencial teórico identificando quais transtornos
alimentares apresentam-se com maior incidência na adolescência e relatar a
percepção de profissionais da equipe técnica que atuam nesse acolhimento.
2. METODOLOGIA

Para o desenvolvimento do presente artigo foi realizado pesquisa


bibliográfica, com base nos artigos do site Scielo (Scientific Electronic Library
Online) e periódicos de sites acadêmicos, como também pesquisa de campo,
através da realização de entrevistas semiestruturadas. Esses processos
caracterizam assim esse estudo como uma investigação de natureza descritiva
e qualitativa.
As entrevistas serão aplicadas individualmente, gravadas (se
autorizadas) e transcritas, as mesmas ocorridas em colocar data e local. Todos
os entrevistados assinaram (não sei se precisar constar essa informação aqui)
um termo de consentimento livre e esclarecido. As informações coletadas em
campo serão tratadas a partir da perspectiva teórica decorrente do arcabouço
produzido com realização de leituras contínuas, não privilegiando nenhum dos
elementos discursivos. Com o intuito de elucidar e promover a discussão dos
aspectos analisados, alguns fragmentos dos relatos dos profissionais
entrevistados serão descritos ao longo do texto.

3. TRANSTORNOS ALIMENTARES NA ADOLESCÊNCIA

3.2 EQUIPAMENTOS EM ATENÇÃO E SÁUDE AOS ADOLESCÊNTES

A Reforma Psiquiátrica brasileira tem uma história própria, inscrita


em um contexto internacional de mudanças pela superação da violência nos
manicômios. Um dos processos da Reforma Psiquiátrica foi a luta a favor do
fechamento dos manicômios onde os usuários eram severamente abusados de
diversas formas, pois almejava-se um tratamento apontado para os direitos
humanos, valorizando o indivíduo e sua vida social. A rede de atenção à saúde
mental brasileira é parte integrante do Sistema Único de Saúde (SUS), rede
organizada de ações e serviços públicos de saúde, instituído no Brasil pelas
Leis Federais 8080/1990 e 8142/90. Leis, Portarias e Resoluções do Ministério
da Saúde priorizam o atendimento ao portador de transtorno mental em
sistema comunitário.
O ano de 1978 marca o início efetivo do Movimento dos
Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM) no Brasil, formado por trabalhadores
integrantes do movimento sanitário, associações de familiares, sindicalistas,
membros de associações de profissionais e pessoas com longo histórico de
internações psiquiátricas, passa a protagonizar e a construir a denúncia da
violência dos manicômios, da mercantilização da loucura (BRASIL, 2005). Em
março de 1987 foi inaugurado o primeiro CAPS do Brasil, na cidade de São
Paulo: Centro de Atenção Psicossocial Professor Luiz da Rocha Cergueira
(BRASIL, 2004). Os NAPS/CAPS foram criados oficialmente pela Portaria GM
224/92. Atualmente os CAPS e outros tipos de serviços substitutivos que têm
surgido no país são regulamentados pela Portaria nº 336/GM, de 19 de
fevereiro de 2002 e integram a rede do Sistema Único de Saúde.
Os CAPS foram criados para organizar a rede de atenção a saúde
das pessoas com transtornos mentais severos e persistentes. Esses serviços
de saúde mental são abertos a comunidade, oferecendo atendimento diário as
pessoas e aos familiares, seja por meio de acompanhamento individualizado e
clínico visando a reinserção de pessoas portadoras de transtornos mentais ao
meio social. São divididos por territórios e responsáveis por uma
população restrita, ou seja, cada serviço abrange uma determinada região que
é seu território. Isso faz com que seus profissionais tenham que estar
diretamente envolvidos com as questões sociais da comunidade e são
oferecidos diversos tipos de atividades terapêuticas, como psicoterapia
individual ou de grupo, orientação e acompanhamento do uso de medicação,
oficinas terapêuticas, atividades comunitárias além de atendimento domiciliar e
aos familiares. As oficinas podem ser variadas, dependendo da necessidade da
clientela, desde esporte ao artesanato, podem assessorar usuários e seus
familiares quanto a sua aquisição e administração (SILVETRE, 2009).
As modalidades dos CAPS se diferenciam pelo tamanho da
comunidade a ser alcançada, capacidade de atendimento, clientela atendida e
organizam-se no país de acordo com o perfil populacional dos municípios
brasileiros. Assim, estes serviços diferenciam-se como CAPS I, CAPS II, CAPS
III, CAPSi e CAPSad.
Os CAPS I são serviços de menor porte, capazes de atender a
população entre 20.000 e 70.000 habitantes. Já os CAPS II são serviços de
médio porte, e dão cobertura a municípios com 70.000 a 200.000 habitantes. E
os CAPS III são os serviços de maior porte da rede CAPS, previstos para dar
cobertura aos municípios com mais de 200.000 habitantes. Os CAPSi,
especializados no atendimento de crianças e adolescentes com transtornos
mentais. Já os CAPSad têm atendimento especializado para pessoas que
fazem uso prejudicial de álcool e outras drogas.
Os primeiros Centros de Atenção Psicossocial específicos para
crianças e adolescentes, denominados Centro de Atenção Psicossocial
Infantojuvenil (CAPS i), foram implantados a partir de 2002 com a função de
disponibilizar a atenção comunitária em saúde mental de forma integral além
de organizar uma rede de cuidados existentes no seu território de abrangência,
tornando-se elementos estratégicos no cuidado de crianças e adolescentes
com transtornos mentais (HOFFMAN, 2008).
No Brasil, a aprovação da Lei Nº 10.216/01 da Reforma Psiquiátrica
e a publicação da Portaria 336/02 consolidaram o modelo assistencial do Caps
i no campo normativo (ONOCKO-CAMPOS, 2006). O movimento da Reforma
Psiquiátrica, sedimentado com a construção do SUS, e o reconhecimento da
criança e do adolescente como sujeitos de direitos e responsabilidades pela
promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) de 1990,
redefiniram a posição do Estado em relação à assistência e à elaboração de
políticas públicas voltadas a tal população (DELFINI, 2012).
O CAPSi atende crianças e adolescentes de 0 a 25 anos de idade
que apresentem intenso sofrimento psíquico decorrente de transtornos mentais
graves e persistentes, incluindo transtornos que estão relacionados ao uso de
substâncias psicoativas, e outras situações clínicas que impossibilitem
estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: referências:


elaboração. Rio de Janeiro, ago. 2002.

Manual ABNT: regras gerais de estilo e formatação de trabalhos acadêmicos.


FECAP – Biblioteca Paulo Ernesto Tolle. Organizado por: Gisele Ferreira de
Brito, Vania Picanço Choi, Andreia de Almeida. 4ª edição. Revisada e
Ampliada. São Paulo: 2014.

Material de orientação para elaboração de trabalhos acadêmicos - Complexo


de Ensino Superior de Santa Catarina. Faculdade de Ciências Sociais de
Florianópolis. Organização: Hellen Christina Ferreira, Naira Tomiello, Leonardo
Ripoll Tavares Leite, Edson Mário Gavron. – Florianópolis: CESUSC, 2008. 16
f. Disponível em: <
http://www.cesusc.edu.br/fmanager/cesusc/manual_metodologia.pdf >
Acessado em 13 outubro de 2017.

OLIVERA, Gabriela Alves de; FONSÊCA, Patricia Nunes da. A compulsão


alimentar na percepção dos profissionais de saúde. Psicol. hosp. Säo
Paulo; 2006. Disponível em: <
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/ph/v4n2/v4n2a06.pdf > Acessado em 12 outubro
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DUNKER, Karin Louise Lenz; FERNANDES, Cássia Peres Bonar; FILHO,


Daniel Carreira. Influência do nível socioeconômico sobre
comportamentos de risco para transtornos alimentares em adolescentes.
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https://www.researchgate.net/profile/Karin_Dunker/publication/250051271_Influ
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2017.

CARVALHO, Igho Leonardo do Nascimento et al. CAPS i: Avanços e


desafios após uma década de funcionamento. 2012. 19 f. Artigo (Mestre em
Saúde Coletiva) - UNIFOR, Florianopólis, 2013. Disponível em:
<http://incubadora.periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/download/
1741/3936>. Acesso em: 19 out. 2017.

GABRIELA, Malazavi. Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) como


dispositivos da reforma psiquiátrica. Disponível em: <
http://www.sermelhor.com.br/espaco/centros-de-atencao-psicossocial-caps-
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na Saúde Mental: uma perspectiva dos profissionais e dos usuários.
Disponível em:
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MOURA, Joviane A. História da Assistência à Saúde Mental no Brasil: da


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Disponível em: <https://psicologado.com/psicologia-geral/historia-da-
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SILVESTRE, Joseldon. Centros de Atenção Psicossocial: Um Outro Olhar.


2009. Disponível em:
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