O comportamento alimentar tornou-se assunto de interesse nas
últimas décadas após ser identificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que a quantidade de pessoas que tem problemas por comer a mais do que deveriam veem ultrapassando a quantidade de pessoas que passam fome. É perceptível ao analisar alguns estudos que esse tipo de comportamento sofre influência das condições sociais, culturais, da percepção individual como sujeito e dos alimentos por parte do indivíduo, por experiências prévias e pelo estado nutricional. (OLIVERA e FONSÊCA, 2006) A mudança do corpo e peso na adolescência (decorrente das alterações da puberdade) e o ideal promovido pela mídia acompanhando da necessidade de aceitação junto aos padrões sociais produzem uma insatisfação corporal e a mesma pode levar, em muitos dos casos, a apresentam-se como gatilho para o início de comportamentos de risco que podem desencadear transtornos alimentares, esses do tipo: métodos de controle de peso como uso de laxantes, diuréticos, indução de vômitos, excesso de atividade física, além de adesão a dietas restritivas. Por ser um período em que as transformações biológicas acontecem paralelamente a construção da personalidade, os adolescentes mostram-se mais vulnerais ao desenvolvimento dos transtornos alimentares, uma vez que essas transformações refletem no desenvolvimento afetivo emocional dos mesmos. (DUNKER; FERNANDES e FILHO, 2009 p.157) Contudo é visto então pela OMS a necessidade e uma preocupação com relação a prestação de serviços em saúde que possam auxiliar no acolhimento e tratamento dos mesmos, uma vez que as pessoas portadoras destes transtornos apresentarem, não apenas problemas de ordem biológica, mas também psicológicas como por exemplo: ansiedade, estresse e depressão. Assim sendo, o estudo em questão tem como objetivo geral identificar e descrever como é realizado o acolhimento aos adolescentes que apresentam transtornos alimentares pelo serviço de assistência e saúde e como objetivos específicos produzir um breve referencial teórico identificando quais transtornos alimentares apresentam-se com maior incidência na adolescência e relatar a percepção de profissionais da equipe técnica que atuam nesse acolhimento. 2. METODOLOGIA
Para o desenvolvimento do presente artigo foi realizado pesquisa
bibliográfica, com base nos artigos do site Scielo (Scientific Electronic Library Online) e periódicos de sites acadêmicos, como também pesquisa de campo, através da realização de entrevistas semiestruturadas. Esses processos caracterizam assim esse estudo como uma investigação de natureza descritiva e qualitativa. As entrevistas serão aplicadas individualmente, gravadas (se autorizadas) e transcritas, as mesmas ocorridas em colocar data e local. Todos os entrevistados assinaram (não sei se precisar constar essa informação aqui) um termo de consentimento livre e esclarecido. As informações coletadas em campo serão tratadas a partir da perspectiva teórica decorrente do arcabouço produzido com realização de leituras contínuas, não privilegiando nenhum dos elementos discursivos. Com o intuito de elucidar e promover a discussão dos aspectos analisados, alguns fragmentos dos relatos dos profissionais entrevistados serão descritos ao longo do texto.
3. TRANSTORNOS ALIMENTARES NA ADOLESCÊNCIA
3.2 EQUIPAMENTOS EM ATENÇÃO E SÁUDE AOS ADOLESCÊNTES
A Reforma Psiquiátrica brasileira tem uma história própria, inscrita
em um contexto internacional de mudanças pela superação da violência nos manicômios. Um dos processos da Reforma Psiquiátrica foi a luta a favor do fechamento dos manicômios onde os usuários eram severamente abusados de diversas formas, pois almejava-se um tratamento apontado para os direitos humanos, valorizando o indivíduo e sua vida social. A rede de atenção à saúde mental brasileira é parte integrante do Sistema Único de Saúde (SUS), rede organizada de ações e serviços públicos de saúde, instituído no Brasil pelas Leis Federais 8080/1990 e 8142/90. Leis, Portarias e Resoluções do Ministério da Saúde priorizam o atendimento ao portador de transtorno mental em sistema comunitário. O ano de 1978 marca o início efetivo do Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM) no Brasil, formado por trabalhadores integrantes do movimento sanitário, associações de familiares, sindicalistas, membros de associações de profissionais e pessoas com longo histórico de internações psiquiátricas, passa a protagonizar e a construir a denúncia da violência dos manicômios, da mercantilização da loucura (BRASIL, 2005). Em março de 1987 foi inaugurado o primeiro CAPS do Brasil, na cidade de São Paulo: Centro de Atenção Psicossocial Professor Luiz da Rocha Cergueira (BRASIL, 2004). Os NAPS/CAPS foram criados oficialmente pela Portaria GM 224/92. Atualmente os CAPS e outros tipos de serviços substitutivos que têm surgido no país são regulamentados pela Portaria nº 336/GM, de 19 de fevereiro de 2002 e integram a rede do Sistema Único de Saúde. Os CAPS foram criados para organizar a rede de atenção a saúde das pessoas com transtornos mentais severos e persistentes. Esses serviços de saúde mental são abertos a comunidade, oferecendo atendimento diário as pessoas e aos familiares, seja por meio de acompanhamento individualizado e clínico visando a reinserção de pessoas portadoras de transtornos mentais ao meio social. São divididos por territórios e responsáveis por uma população restrita, ou seja, cada serviço abrange uma determinada região que é seu território. Isso faz com que seus profissionais tenham que estar diretamente envolvidos com as questões sociais da comunidade e são oferecidos diversos tipos de atividades terapêuticas, como psicoterapia individual ou de grupo, orientação e acompanhamento do uso de medicação, oficinas terapêuticas, atividades comunitárias além de atendimento domiciliar e aos familiares. As oficinas podem ser variadas, dependendo da necessidade da clientela, desde esporte ao artesanato, podem assessorar usuários e seus familiares quanto a sua aquisição e administração (SILVETRE, 2009). As modalidades dos CAPS se diferenciam pelo tamanho da comunidade a ser alcançada, capacidade de atendimento, clientela atendida e organizam-se no país de acordo com o perfil populacional dos municípios brasileiros. Assim, estes serviços diferenciam-se como CAPS I, CAPS II, CAPS III, CAPSi e CAPSad. Os CAPS I são serviços de menor porte, capazes de atender a população entre 20.000 e 70.000 habitantes. Já os CAPS II são serviços de médio porte, e dão cobertura a municípios com 70.000 a 200.000 habitantes. E os CAPS III são os serviços de maior porte da rede CAPS, previstos para dar cobertura aos municípios com mais de 200.000 habitantes. Os CAPSi, especializados no atendimento de crianças e adolescentes com transtornos mentais. Já os CAPSad têm atendimento especializado para pessoas que fazem uso prejudicial de álcool e outras drogas. Os primeiros Centros de Atenção Psicossocial específicos para crianças e adolescentes, denominados Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPS i), foram implantados a partir de 2002 com a função de disponibilizar a atenção comunitária em saúde mental de forma integral além de organizar uma rede de cuidados existentes no seu território de abrangência, tornando-se elementos estratégicos no cuidado de crianças e adolescentes com transtornos mentais (HOFFMAN, 2008). No Brasil, a aprovação da Lei Nº 10.216/01 da Reforma Psiquiátrica e a publicação da Portaria 336/02 consolidaram o modelo assistencial do Caps i no campo normativo (ONOCKO-CAMPOS, 2006). O movimento da Reforma Psiquiátrica, sedimentado com a construção do SUS, e o reconhecimento da criança e do adolescente como sujeitos de direitos e responsabilidades pela promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) de 1990, redefiniram a posição do Estado em relação à assistência e à elaboração de políticas públicas voltadas a tal população (DELFINI, 2012). O CAPSi atende crianças e adolescentes de 0 a 25 anos de idade que apresentem intenso sofrimento psíquico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes, incluindo transtornos que estão relacionados ao uso de substâncias psicoativas, e outras situações clínicas que impossibilitem estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: referências:
elaboração. Rio de Janeiro, ago. 2002.
Manual ABNT: regras gerais de estilo e formatação de trabalhos acadêmicos.
FECAP – Biblioteca Paulo Ernesto Tolle. Organizado por: Gisele Ferreira de Brito, Vania Picanço Choi, Andreia de Almeida. 4ª edição. Revisada e Ampliada. São Paulo: 2014.
Material de orientação para elaboração de trabalhos acadêmicos - Complexo
de Ensino Superior de Santa Catarina. Faculdade de Ciências Sociais de Florianópolis. Organização: Hellen Christina Ferreira, Naira Tomiello, Leonardo Ripoll Tavares Leite, Edson Mário Gavron. – Florianópolis: CESUSC, 2008. 16 f. Disponível em: < http://www.cesusc.edu.br/fmanager/cesusc/manual_metodologia.pdf > Acessado em 13 outubro de 2017.
OLIVERA, Gabriela Alves de; FONSÊCA, Patricia Nunes da. A compulsão
alimentar na percepção dos profissionais de saúde. Psicol. hosp. Säo Paulo; 2006. Disponível em: < http://pepsic.bvsalud.org/pdf/ph/v4n2/v4n2a06.pdf > Acessado em 12 outubro de 2017.
DUNKER, Karin Louise Lenz; FERNANDES, Cássia Peres Bonar; FILHO,
Daniel Carreira. Influência do nível socioeconômico sobre comportamentos de risco para transtornos alimentares em adolescentes. Jornal brasileiro de psiquiatria. 2009. Disponível em < https://www.researchgate.net/profile/Karin_Dunker/publication/250051271_Influ encia_do_nivel_socioeconomico_sobre_comportamentos_de_risco_para_transt ornos_alimentares_em_adolescentes/links/53d6894a0cf220632f3dab65/ Influencia-do-nivel-socioeconomico-sobre-comportamentos-de-risco-para- transtornos-alimentares-em-adolescentes.pdf > Acessado em 12 outubro de 2017.
CARVALHO, Igho Leonardo do Nascimento et al. CAPS i: Avanços e
desafios após uma década de funcionamento. 2012. 19 f. Artigo (Mestre em Saúde Coletiva) - UNIFOR, Florianopólis, 2013. Disponível em: <http://incubadora.periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/download/ 1741/3936>. Acesso em: 19 out. 2017.
GABRIELA, Malazavi. Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) como
dispositivos da reforma psiquiátrica. Disponível em: < http://www.sermelhor.com.br/espaco/centros-de-atencao-psicossocial-caps- como-dispositivos-da-reforma-psiquiatrica.html>. Acesso em: 19 out. 2017. SILVA, Edlaine Alves. Características do Processo de Reforma Psiquiátrica na Saúde Mental: uma perspectiva dos profissionais e dos usuários. Disponível em: <http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinpp2013/JornadaEixo2013/anais- eixo3estadolutassociaisepoliticaspublicas/pdf/ caracteristicasdoprocessodareformapsiquiatricanasaudemental.pdf >. Acesso em: 19 out. 2017.
MOURA, Joviane A. História da Assistência à Saúde Mental no Brasil: da
Reforma Psiquiátrica à Construção dos Mecanismos de Atenção Psicossocial. Disponível em: <https://psicologado.com/psicologia-geral/historia-da- psicologia/historia-da-assistencia-a-saude-mental-no-brasil-da-reforma- psiquiatrica-a-construcao-dos-mecanismos-de-atencao-psicossocial>. Acesso em: 19 out. 2017.
SILVESTRE, Joseldon. Centros de Atenção Psicossocial: Um Outro Olhar.