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Psicologia e Saúde Coletiva 1

Atenção Primária Em Saúde


•Primeiro nível de contato com o sistema nacional de saúde, processo de atenção continuada à
saúde.
•Atenção primária em saúde (APS) = Atenção básica (AB) adotada pelo ministério da saúde.
•Atenção Básica: ações de caráter individual ou coletivo que envolve promoção de saúde,
prevenção de doenças, diagnóstico, tratamento e reabilitação dos pacientes.
•AB faz encaminhamentos para atendimentos de alta e média complexidade, 80% de resolução
das necessidades e problemas de saúde de um município.
•Estratégiade reorientação do modelo assistencial, abordagem mais integral, preventiva e
promocional. Leva em consideração o sujeito em sua singularidade e inserção sociocultural.
•Um modelo de atenção à saúde só voltado para ações curativas é insuficiente.
•PNAB (política nacional de atenção básica) – revisão 2006 /2011 / 2017. PORTARIA Nº 2.436, DE
21 DE SETEMBRO DE 2017. Nova política nacional de atenção básica, revisão de diretrizes para
organização da Atenção Básica na RAS (rede de atenção em saúde), no âmbito do SUS.
•PNAB (2017): Atenção Básica é o conjunto de ações de saúde individuais, familiares e coletivas
que envolvem promoção, prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de
danos, cuidados paliativos e vigilância em saúde, desenvolvida por meio de cuidado integrado e
gestão qualificada, com equipe multiprofissional e dirigida à população em território definido, onde
essas equipes assumem responsabilidade sanitária.
•Características:
alto grau de descentralização (organização de gestão em esferas cada uma com
atribuição própria) e capilaridade (capacidade de difusão e inserção dos serviços no local mais
próximo às pessoas), próximo à vida das pessoas. Deve ser o contato preferencial dos usuários,
principal porta de entrada e centro de comunicações da RAS, coordenadora do cuidado e
ordenadora das ações e serviços. Ofertada de forma integral e universal, levando em consideração
os determinantes condicionantes de saúde (ver fatores de risco). Considera sua singularidade e
sua inserção sociocultural, buscando atenção integral.
•Diretrizes (implementação):
- Ter território adstrito (área de abrangência que a equipe terá responsabilidade sanitária,
priorizando atuação) para permitir o planejamento, a programação descentralizada e o
desenvolvimento de ações sobre os determinantes da saúde das coletividades que constituem
aquele território.
- População adscrita: população presente no território da UBS. Desenvolver relações de vínculo
e responsabilização entre as equipes e a população garantindo a continuidade das ações de saúde.
- Cuidado é centrado nas pessoas e construído com as pessoas, de acordo com suas necessidades
e potencialidades.
- Possibilitar o acesso universal e contínuo a serviços de saúde de qualidade e resolutivos. Resolver
a grande maioria dos problemas de saúde da população.
- Longitudinalidade do cuidado. Continuidade da relação do cuidado. Dar assistência em todos os
ciclos de vida. Construção de vínculo e responsabilização entre profissionais e usuários,
acompanhando os efeitos da intervenção e de outros elementos.
- Efetivar a integralidade em seus vários aspectos: integração de ações programáticas (conjunto
de atividades organizadas para atender problemas frequentes na população) e demanda
espontânea; articulação das ações de promoção à saúde, prevenção de agravos; tratamento e
reabilitação; trabalho de forma interdisciplinar e em equipe. Cuidado integral com o usuário.
- Coordenação do cuidado: elaborar, acompanhar e organizar o fluxo dos usuários entre os pontos
de atenção das RAS. Acompanhar o paciente, dentro da rede de atenção.
- Estimular a participação popular e o controle social como forma de ampliar sua autonomia e
capacidade na construção do cuidado à sua saúde e das pessoas e coletividades do território.
Autocuidado.
•Desafios da AB: Valorização política e social do espaço da APS junto a gestores, academia,
trabalhadores, população, mídia e todos os segmentos. Contratação pelo setor público, de
profissionais com perfil adequado ao que se pretende e se espera da APS. Rotatividade de
profissionais. Capacitação e educação permanente de gestores municipais e profissionais de saúde.
Capacitação e educação permanente de gestores municipais e profissionais de saúde. Formas de
contratação que garantam a perenidade dos profissionais da APS. Adoção de planos de carreira
e remuneração adequadas para todos profissionais da ESF. Trabalho em equipe (gestor e
profissional).
•PNAB: Infraestrutura, ambiência, funcionamento Portaria 397/2020 UBS e USF.
- Funcionamento: 40 h, população adscrita de 2.000 a 3500 pessoas, outros arranjos conforme
as vulnerabilidades, risco e dinâmica comunitária – facultado aos gestores, equipes de AB e
Conselho Municipal ou local de saúde. 4 equipes por UBS/USF (AP ou SF).
- Tipos de equipes: - Equipe de Saúde da Família (eSF); Equipes de Atenção Básica (eAB)
(substituído) / Equipe de Atenção Primária; Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção
Básica (NASF-AB); Equipe de Saúde Bucal; Estratégias ACS; Equipes de atenção básica para
populações específicas.
•Estratégia de Saúde da Família
Estratégia adotada pelo Ministério da Saúde, prioritária para a organização e expansão da AB.
Em 2012 que estabeleceu vínculo sólido de corresponsabilização com a comunidade. Implantada
em 1994.
•Equipe de Saúde da Família (ESF)
- A Política Nacional de Atenção Básica tem na Saúde da Família sua estratégia prioritária para
expansão e consolidação da Atenção Básica.
- Favorecer uma reorientação do processo de trabalho com maior potencial de ampliar a
resolutividade e impactar na situação de saúde das pessoas e coletividade.
- Equipe multiprofissional no mínimo: 01 Médico generalista ou Especialista em saúde da Família ou
médico da família e Comunidade; 01 Enfermeiro generalista ou especialista em Saúde da Família;
Auxiliar ou técnico de enfermagem; Agentes comunitários de saúde (ACS).
Pode acrescentar: agente de combate às endemias (ACE) e os profissionais de saúde bucal:
cirurgião-dentista, preferencialmente especialista em saúde da família, e auxiliar ou técnico em
saúde bucal.
- Cada equipe deve ser responsável por no máximo 4 mil pessoas (2.000 a 3500), quanto maior
a vulnerabilidade menor o número de pessoas acolhidas. Número de Agente Comunitário Sanitário
deve cobrir 100% da população cadastrada, recomendado máximo 750 pessoas por ACS. 40
horas todos os profissionais.
•Equipe de Atenção Primária (EAP)
Deve atender aos princípios e diretrizes da ESF; Modelo transitório – EAP; Composição mínima:
Médico + Enfermeiro. 20 ou 30 horas.
•Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB)
PORTARIA Nº 154, DE 24 DE JANEIRO DE 2008.
Objetivo de ampliar a abrangência e o escopo das ações da atenção básica, bem como sua
resolubilidade, apoiando a inserção da estratégia de Saúde da Família na rede de serviços e o
processo de territorialização e regionalização a partir da atenção básica. (antes apoio, agr ampliado
que mudou em 2017).
Constitui uma equipe multiprofissional e interdisciplinar composta por categorias de profissionais
da saúde, complementar às equipes que atuam na Atenção Básica
É formada por diferentes ocupações (profissões e especialidades) da área da saúde, atuando de
maneira integrada para dar suporte (clínico, sanitário e pedagógico) aos profissionais das equipes
de Saúde da Família (ESF) e de Atenção Primária (eAP).
A composição de cada um dos NASF será definida pelos gestores municipais, seguindo os critérios
de prioridade identificados a partir dos dados epidemiológicos e das necessidades locais e das
equipes de saúde que serão apoiadas. Pode ter: Assistente social, farmacêutico, fisioterapeuta,
fonoaudiólogo, médico acunpurista, médico do trabalho, médico geriatra, médico
ginecologista/obstetra, médico internista, médico homeopata, pediatra, psiquiatra, veterinário,
nutricionista, psicólogo, profissional da arte/educação, prof. Educação física, prof. Saúde sanitarista,
terapeuta ocupacional.
Recomenda-se que tenha pelo menos 1 profissional de saúde mental.
O Nasf-AB não se constituem como serviços com unidades físicas independentes ou especiais, e
não são de livre acesso para atendimento individual ou coletivo.
Busca-se que essa equipe seja membro orgânico da Atenção Básica, vivendo integralmente o
dia a dia nas UBS e trabalhando de forma horizontal e interdisciplinar com os demais profissionais,
garantindo a longitudinalidade do cuidado e a prestação de serviços diretos à população.
Pode-se afirmar então que:
-É uma equipe formada por diferentes profissões/especialidades.
-Constitui-se como apoio especializado na própria Atenção Básica, mas não é ambulatório de
especialidades ou serviço hospitalar.
-Recebe a demanda por negociação e discussão compartilhada com as equipes que apoia, e não
por meio de encaminhamentos impessoais.
-Deve estar disponível para dar suporte em situações programadas e também imprevistas.
-Possui disponibilidade, no conjunto de atividades que desenvolve, para realização de atividades
com as equipes, bem como para atividades assistenciais diretas aos usuários (com indicações,
critérios e fluxos pactuados com as equipes e com a gestão).
-Realiza ações compartilhadas com as equipes de Saúde da Família (eSF), o que não significa,
necessariamente, estarem juntas no mesmo espaço/tempo em todas as ações.
O NASF-AB tem o intuito de apoiar e ampliar as práticas de saúde das eSF, atuando em conjunto
com estas a partir de uma responsabilização compartilhada. Prevê assim, a revisão da lógica de
encaminhamento para uma lógica de acompanhamento.
Atividades desenvolvidas:
- Apoio Matriarcal: arranjo organizacional do trabalho em saúde que acontece a partir da
integração entre equipes de referência com perfil generalista e outras equipes com profissionais
de diferentes núcleos de conhecimento, cuja função é prestar apoio através do compartilhamento
dos casos e corresponsabilização. Apresenta as dimensões de suporte assistencial e técnico-
pedagógica.
- Discussões de caso.
- Atendimento em conjunto com profissionais das equipes apoiadas (compartilhados).
- Atendimentos individuais (específicos).
- Atividades coletivas.
- Atendimentos domiciliares (específicos ou compartilhados).
- Clínica Ampliada: proposta de construção da clínica pautada na visão do sujeito em seus aspectos
biológicos, psíquicos e sociais, em seu contexto e singularidade, para além da doença.
- Projetos Terapêuticos Singulares (PTS): instrumento de organização no qual é sistematizado
um conjunto de propostas de condutas terapêuticas articuladas em um plano de ação que pode
ser direcionado a um indivíduo, família ou coletivo. Construído na discussão entre uma equipe
interdisciplinar e o usuário. É um conjunto de intervenções que seguem uma intencionalidade de
cuidado integral à pessoa, a doença é apenas um dos focos. Definição em 4 momentos:
diagnóstico, definição de ações e metas, divisão de responsabilidades e reavaliação.
- Educação permanente.
- Intervenções no território (PST).
- Ações de prevenção e promoção da saúde.
- Sala de Espera.
- Genograma /ecomapa.
•Programa Previne Brasil 2019: a composição de equipes multiprofissionais deixa de estar vinculada
às de equipes NASF-AB. Com essa desvinculação, o gestor municipal passa a ter autonomia para
compor suas equipes multiprofissionais, definindo os profissionais, a carga horária e os arranjos de
equipe. O gestor municipal pode então cadastrar esses profissionais diretamente nas equipes de
Saúde da Família (eSF) ou equipes de Atenção Primária (eAP), ampliando sua composição mínima.
Poderá, ainda, manter os profissionais cadastrados no SCNES como equipe NASF-AB ou cadastrar
os profissionais apenas no estabelecimento de atenção primária sem vinculação a nenhuma equipe
•Apoio Matriarcal ou Matriarcamento: um novo modo de produzir saúde em que duas ou mais
equipes, num processo de construção compartilhada, criam uma proposta de intervenção
pedagógico-terapêutica.
•Equipesde referência: trabalham com algum objeto ou questão específica — no caso da AB, a
população e suas necessidades de saúde subscrita a um território.
•Equipe na retaguarda: — de apoio matricial — formada por especialistas, que se organiza a partir
da demanda de EqSF e participa regularmente de suas atividades como uma maneira de contribuir
para seu melhor funcionamento.
•Funcionamento do NASF-AB a partir da lógica do apoio matricial (suporte assistencial e técnico
pedagógico).
- A dimensão assistencial é aquela que vai produzir ação clínica direta com os usuários.
- A ação técnico-pedagógica vai produzir ação de apoio educativo com e para a equipe.
O matriciamento deve proporcionar a retaguarda especializada da assistência, assim como um
suporte técnico-pedagógico, um vínculo interpessoal e o apoio institucional no processo de
construção coletiva de projetos terapêuticos junto à população.
Ações do NASF, exercendo o apoio matricial, proporciona a ampliação da clínica.
•Clínica Ampliada
Conceito ampliado de saúde; Corresponsabilidade do cuidado; Ampliar o olhar sobre o sujeito;
Trabalhar com ofertas.

- Equipe de especialistas na clínica ampliada têm um diálogo mais profundo com o paciente.
- Ela deve acolher as queixas do usuário mesmo que pareçam não ter relação direta com o
diagnóstico e o tratamento, pois essa escuta ajuda o próprio usuário a descobrir as causas de seu
adoecimento, por exemplo.
- Supera o modelo de reduzir saúde como uma linha de montagem.
- Ampliar a clínica - expandir nossa capacidade de reconhecer modos de vida e com isso criarmos
coletivamente condições concretas para que estes diferentes modos possam existir.
- Cuidar das pessoas e não doenças, trabalho em saúde transdisciplinar, produzindo
corresponsabilidade, busca de ajuda em outros setores (intersetorialidade), construção
compartilhada de diagnósticos e terapêuticas.
•Projeto Terapêutico Singular
Conjunto de propostas de condutas terapêuticas articuladas, para um sujeito individual ou coletivo,
resultado da discussão coletiva de uma equipe interdisciplinar. Nova relação em que profissionais
de saúde e usuários participem igualmente da construção do cuidado.
Leva em consideração a singularidade do sujeito; Ações coerentes com o contexto de cada
pessoa; Participação ativa do usuário na construção do PTS (corresponsabilidade); Identificação
das potencialidades e vulnerabilidades.
Dedicação a casos de manejos difícil: a equipe traça coletivamente um plano de cuidado para uma
pessoa ou família que envolve diagnóstico, construção de metas, divisão de responsabilidades e
reavaliação.
•Responsabilidades Conjuntas NASF-AB e ESF - Relativas à Saúde Mental
- Apoiar as equipes de SF na abordagem e no processo de trabalho referente aos casos de
transtornos mentais comuns, severos e persistentes - Ressalta-se que deve haver a articulação
entre as equipes de NASF e Saúde da Família com as equipes de CAPS para um trabalho
integrado e apoio do CAPS nos casos necessários.
- Realizar atividades clínicas pertinentes a sua responsabilidade profissional.
- Criar, em conjunto com as ESF, estratégias para abordar problemas vinculados à violência e ao
abuso de álcool, tabaco e outras drogas, visando à redução de danos e à melhoria da qualidade
do cuidado dos grupos de maior vulnerabilidade.
- Evitar práticas que levem aos procedimentos psiquiátricos e medicamentos à psiquiatrização e
à medicalização de situações individuais e sociais, comuns à vida cotidiana.
- Fomentar ações que visem à difusão de uma cultura de atenção não-manicomial, diminuindo o
preconceito e a segregação em relação à loucura.
- Possibilitar a construção de projetos de detecção precoce de situações de sofrimento mental,
bem como desenvolver ações de prevenção e promoção em saúde mental.
- Priorizar as abordagens coletivas, identificando os grupos estratégicos para que a atenção em
saúde mental se desenvolva nas unidades de saúde e em outros espaços na comunidade.
- Ampliar o vínculo com as famílias, tomando-as como parceiras no tratamento e buscando
constituir redes de apoio e integração.
- Cabe a AB a função de prevenir os agravos de saúde mental, garantir a integralidade do cuidado
dos usuários assistidos pelo CAPS e responsabilizar-se pelo cuidado longitudinal dos usuários que
não estiverem mais dentro dos quadros mais graves de sofrimento mental.
- Profissional de psicologia torna-se um ator estratégico na operacionalização de uma política
antimanicomial dentro da AB.

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