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Histórico:

O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criada no Brasil (1988) para democratizar a saúde
pública. A estratégia do PSF foi iniciada em junho de 1991, com a implantação do Programa de
Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Em 1994, foram formadas as primeiras equipes de
Saúde da Família, incorporando e ampliando a atuação dos agentes comunitários. O Ministério
da Saúde cria então, em 1994, o Programa de Saúde da Família (PSF), Seu principal propósito:
reorganizar a prática da atenção à saúde em novas bases, levando a saúde para mais perto da
família e comunidade, com isso melhorar a qualidade de vida dos brasileiros. Em 2006, foi
firmado o Pacto de Gestão, acordo entre as três esferas de governo – Ministério da Saúde,
Secretarias Estaduais e Municipais da Saúde – a Saúde da Família foi considerada prioridade
para o fortalecimento da atenção básica (primária) e seu desenvolvimento deve considerar
diferenças loco-regionais.

Responsabilidade de cada esfera governamental:

Federal:
-Elaborar as normas gerais (diretrizes) da política nacional de atenção básica;
-Participar no gasto (co-financiar) do sistema de atenção básica;
-Elaborar normas gerais para a formação de recursos humanos;
-Propor instrumentos para a programação, controle, regulação e avaliação da atenção
básica;
-Manter as informações (bases de dados) nacionais da atenção básica.
Estadual:
-Acompanhar a implantação e a execução das ações de atenção básica no Estado;
-Criar sistemas para controle do fluxo de pessoas entre os municípios de uma mesma
região (Regular as relações inter-municipais);
-Coordenar a execução das políticas de educação continuada dos trabalhadores que
atuam na atenção básica no Estado;
-Participar nos gastos (co-financiar) das ações de atenção básica;
-Auxiliar na avaliação da atenção básica fornecida a população no Estado.
Municipal:
-Definir e implantar a maneira de atender a população do município na atenção básica
(modelo de atenção básica);
-Elaborar os contratos dos trabalhadores da atenção básica da atenção básica
garantindo os direitos trabalhistas previstos em Lei;
-Manter a rede de unidades básicas de saúde em funcionamento;
-Participar nos gastos (co-financiar) das ações de atenção básica;
-Alimentar o Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) e os demais sistemas de
informação da atenção básica;
-Avaliar o desempenho das equipes de atenção básica no município.

Definição de UBSF:
Unidade de atendimento, que se caracteriza por ser a porta preferencial de entrada do
usuário no SUS (cobre 80% dos problemas de saúde da população) e centro de comunicação
com toda a Rede de Atenção à Saúde, além de desenvolver ações de âmbito individual e
coletivo. Alto grau de descentralização, ocorrendo no local mais próximos das pessoas, e não
só nos grandes centros. As UBSFs são instaladas perto de onde as pessoas moram, trabalham e
vivem, devem auxiliar no manejo das demandas e necessidades de saúde de maior frequência
e relevância em seu território. Observam critérios de risco, vulnerabilidades.
Orienta-se pelos princípios da universalidade, da acessibilidade, do vínculo, da
continuidade do cuidado, da integralidade da atenção, da responsabilização, da humanização,
da equidade e da participação social. Abrangendo a promoção de saúde, a prevenção de
agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde.
Trata-se de um serviço que acompanha o paciente ao longo de sua vida, cuidando dos
problemas mais frequentes da sua população, consequentemente, refletindo um impacto na
melhoria da saúde da sociedade.

Diferença entre UBSF x UBS:


Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) = é composta por equipes que respondem
pelas famílias de um território delimitado. As equipes são compostas por médicos de família e
comunidade, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e agentes comunitários de saúde.
Algumas unidades também contam com equipes de Saúde Bucal, compostas por Cirurgiões
Dentistas, Auxiliares de Consultório Dentário e Técnico de Higiene Dental. Este modelo de
reorganização da Atenção Primária acompanha uma tendência mundial.
Unidade Básica de Saúde (UBS) = o trabalho é desenvolvido por vários profissionais:
assistentes sociais, enfermeiros, dentistas e por médicos (clínico geral, pediatra, ginecologista
e obstetra). O atendimento da população se dá por demanda espontânea ou programada, e no
Brasil, este modelo vem sendo substituído pela estratégia saúde da família.

Composição da UBSF:

(Mínimo)
 1 médico (especialista em saúde da família e comunidade ou generalista)
 1 enfermeiro (especialista em saúde da família ou generalista)
 1 Técnico ou Auxiliar de enfermagem
 6 Agentes Comunitários da Saúde (ACS) (no máx. 12)
(Facultativo – de acordo com a estrutura da UBSF e demando local)
 1 cirurgião-dentista (especialista em saúde da família ou generalista)
 1 auxiliar em saúde bucal (ASB) e/ou técnico em saúde bucal (TSB)
 1 psicólogo
As equipes atuam com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de
doenças e agravos mais frequentes e na manutenção da saúde desta comunidade.

Funções de cada membro da equipe da UBSF:

Médico: Atende a todos os integrantes de cada família, independente de sexo e idade,


desenvolve com os demais integrantes da equipe. Ocupa-se da saúde humana, promovendo
saúde, prevenindo, diagnosticando e tratando doenças, responsabilizando-se pelo
acompanhamento do plano terapêutico do usuário. Para que possa atender à demanda dos
indivíduos, deve realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea, de
forma compartilhada, consultas clínicas e pequenos procedimentos cirúrgicos, quando
indicado na Unidade de Saúde, no domicílio ou em espaços comunitários, responsabilizando-se
pela internação hospitalar ou domiciliar e pelo acompanhamento do usuário. Além disso, o
médico deve, em um trabalho conjunto com o enfermeiro, realizar e fazer parte das atividades
de educação permanente dos membros da equipe e participar do gerenciamento dos insumos.
Enfermeiro: Supervisiona o trabalho do ACS e do Auxiliar/Técnico de Enfermagem, realiza
consultas na unidade de saúde, bem como assiste às pessoas que necessitam de cuidados de
enfermagem, no domicílio. Ao enfermeiro cabe atender a saúde dos indivíduos e famílias
cadastradas, realizando consulta de enfermagem, procedimentos, atividades em grupo e,
conforme protocolos, solicitar exames complementares, prescrever medicações e gerenciar
insumos e encaminhar usuários a outros serviços. Cabem a ele também as atividades de
educação permanente da equipe de enfermagem, bem como o gerenciamento e a avaliação
das atividades da equipe, de maneira particular do agente comunitário de saúde (ACS), que
ocupa na ESF papel fundamental para a manutenção do vínculo entre os usuários e a Unidade
de Saúde.
Técnico ou auxiliar de enfermagem: Cabe, sob a supervisão do enfermeiro, realizar
procedimentos regulamentados no exercício de sua profissão tanto na Unidade de Saúde
quanto em domicílio e outros espaços da comunidade, educação em saúde e educação
permanente.
Agente Comunitário de Saúde (ACS): Exerce o papel de “elo” entre a equipe e a comunidade,
devendo residir na área de atuação da equipe, vivenciando o cotidiano das
famílias/indivíduo/comunidade com mais intensidade em relação aos outros profissionais. É
capacitado para reunir informações de saúde sobre a comunidade. Realiza Visitas Domiciliares
(VD) na área adscrita, produzindo dados capazes de dimensionar os principais problemas de
saúde de sua comunidade. A esses profissionais cabe cadastrar todas as pessoas do território,
mantendo esses cadastros sempre atualizados, orientando as famílias quanto à utilização dos
serviços de saúde disponíveis. Devem acompanhá-las, por meio de visitas domiciliarias e ações
educativas individuais e coletivas, buscando sempre a integração entre a equipe de saúde e a
população adscrita à UBS. Devem desenvolver atividades de promoção da saúde, de prevenção
das doenças e agravos e de vigilância à saúde, mantendo como referência a média de uma
visita/família/mês ou considerando os critérios de risco e vulnerabilidade, em número maior.
Cirurgião-dentista: Desenvolve com os demais membros da equipe atividades referentes à
saúde bucal, integrando ações de saúde de forma multidisciplinar. A ele cabe, em ação
conjunta com o técnico em saúde bucal (TSB), definir o perfil epidemiológico da população
para o planejamento e a programação em saúde bucal, a fim de oferecer atenção individual e
atenção coletiva voltadas à promoção da saúde e à prevenção de doenças bucais. Sempre que
necessário, deve realizar os procedimentos clínicos, incluindo atendimento das urgências,
pequenas cirurgias ambulatoriais e procedimentos relacionados com a fase clínica da
instalação de próteses dentárias elementares, além de realizar atividades programadas e de
atenção à demanda espontânea e ao controle de insumos. É responsável ainda pela supervisão
técnica do Técnico (TSB) e do Auxiliar (ASB) em Saúde Bucal e por participar com os demais
profissionais da Unidade de Saúde do gerenciamento dos insumos necessários para o
adequado funcionamento da UBS.
Técnico em saúde bucal (TSB): Cabe, sob a supervisão do cirurgião-dentista, o acolhimento do
paciente nos serviços de saúde bucal, a manutenção e a conservação dos equipamentos
odontológicos, a remoção do biofilme e as fotografias e tomadas de uso odontológicos, a
limpeza e a antissepsia do campo operatório, antes e após atos cirúrgicos, e as medidas de
biossegurança de produtos e resíduos odontológicos.
Auxiliar em saúde bucal (ASB): Realiza procedimentos regulamentados no exercício de sua
profissão, como limpeza, assepsia, desinfecção e esterilização do instrumental, dos
equipamentos odontológicos e do ambiente de trabalho, processa filme radiográfico, seleciona
moldeiras, prepara modelos em gesso, além das demais atividades atribuídas ao TSB.
Número (aprox.) de hab. coberto por uma UBSF (com o mín. de profissionais necessários):

Estas equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de


famílias, localizadas em uma área geográfica delimitada:

Cada ACS = cobre no máx. 750 pessoas;


Cada Equipe da Saúde = pode ter no máx. 12 ACS;
Cada Unidade que contenham 1 Equipe da Saúde da Família (eSF) = cobre 3000 ~ 4500 pessoas
ou 800 ~ 1000 famílias.

OBS: O Ministério da Saúde não recomenda mais de 3 eSF na mesma UBSF, devido a
dificuldade de organizar agendamentos e fluxos operacionais. Entretanto, se houver uma
estrutura adequada e uma alta densidade demográfica, é possível a presença de mais de 3 eSF.

Procedimentos realizados na UBSF:


As atuações das equipes ocorrem, principalmente, na própria UBSF, nas residências e
na mobilização da comunidade.
O usuário pode agendar a consulta, ou se necessário, procurar a unidade sem
agendamento. Este serviço tem uma área de atendimento definida e uma população
cadastrada, e compõe o nível primário de atenção à saúde.

Os principais serviços oferecidos são:

-consultas médicas e/ou de enfermagem;


-adm. de medicamentos orais e injetáveis;
-fornecimento de medicações básicas;
-controle de diabetes e hipertensão;
-acompanhamento ginecológico/obstétrico (preventivo e pré-natal);
-inalações, vacinas, injeções, curativos, drenagem de abscessos (acúmulo de pus na pele) e
suturas (“ponto”);
-terapia de reidratação oral (como no caso de diarreia);
-coleta de exames laboratoriais (se houver condições de coleta);
-tratamento odontológico (se houver equipe da saúde bucal [eSB]);
-encaminhamentos para especialidades.

Além de exercer atividades como:

-Mapeamento da área adstrita e dos equipamentos sociais presentes nesse território como
escolas, associações comunitárias, organizações não-governamentais (ONGs) etc;
-Cadastramento no SUS e acompanhamento das famílias de sua área adstrita;
-Acolhimento, recepção, registro e marcação de consultas;
-Ações individuais e/ou coletivas de promoção a saúde e prevenção de doenças (ex.:
campanhas de vacinação).
Desafios para o Ministério da Saúde e das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde:

Dotar estas unidades de infraestrutura necessária a este atendimento é um desafio


que o Brasil – único país do mundo com mais de 100 milhões de hab. com um sistema de
saúde público; universal, integral e gratuito – está enfrentando com o investimento do Min. da
Saúde;
Desenvolver ações junto as universidades públicas e privadas para promoverem
mudanças na graduação e na pós-graduação dos profissionais de saúde, de modo a que
contribuam com os desafios da expansão e da qualificação da atenção básica;
O aumento no número de UBS com Equipes de Saúde da Família;
A construção ou a melhoria de estruturas gerenciais nos municípios e estados para
aperfeiçoar a atenção básica.

Alguns dados:
-Modelo de Atenção à Saúde do Brasil é referência internacional;
-Estudos acadêmicos em curso entre 1992 – 2002 demonstram resultados animadores quanto
a diminuição na taxa de mortalidade infantil;
-Existem no país em atividade 204 mil ACS.

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