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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE MEDICINA

DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA, FONOAUDIOLOGIA E TERAPIA

OCUPACIONAL

Ariane Monteiro Barbosa dos Santos

Terapia Ocupacional na atenção aos idosos com histórico de quedas e seus


cuidadores no contexto hospitalar

São Paulo
2023
ARIANE MONTEIRO BARBOSA DOS SANTOS

Terapia Ocupacional na atenção aos idosos com histórico de quedas e seus


cuidadores no contexto hospitalar

Trabalho apresentado à Faculdade de Medicina da


Universidade de São Paulo (FMUSP) para obtenção do título
de especialista em Saúde do Adulto e do Idoso.
Programa de Residência Multiprofissional em Promoção da
Saúde e Cuidado na Atenção Hospitalar.
Área de Concentração: Promoção da Saúde e Cuidado na Atenção Hospitalar - Saúde do
Adulto e do Idoso.
Orientadora: Dra. Rosé Colom Toldrá
Co-orientadora: Maria Helena Morgani de Almeida

São Paulo
2023

2
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, sou grata Aquele que nunca me desamparou e me sustentou em


todo o percurso, sendo a minha força a cada amanhecer.
A minha família, que se alegra e orgulha de toda a minha trajetória, sempre com
palavras de incentivo e encorajamento.
Ao meu amor Vinícius Mateus, por me apoiar desde o início quando a residência era
apenas um “talvez”, sendo meu amigo de todas as horas.
Aos meus colegas de residência e preceptores por me ensinarem, tanto com seus
conhecimentos técnicos, mas também com companheirismo diário.
Acima de todos, agradeço aos meus pacientes, que sem dúvidas me fizeram uma
pessoa e profissional melhor, confiando a mim sua saúde.

3
EPÍGRAFE

“Os cabelos brancos são coroa de glória, para quem andou nos caminhos da
justiça.”

Provérbios 16.31

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TERAPIA OCUPACIONAL NA ATENÇÃO AOS IDOSOS COM HISTÓRICO DE
QUEDAS E SEUS CUIDADORES NO CONTEXTO HOSPITALAR

RESUMO
Introdução: As quedas representam uma síndrome geriátrica complexa e comum,
afetando diretamente a mobilidade e funcionalidade da pessoa idosa, além de gerar
agravos na saúde ocasionando a mortalidade. Objetivo: Identificar, refletir e
analisar sobre os fatores associados às quedas de idosos internados em
decorrência desse evento, e daqueles internados por outras razões, mas que
possuam histórico de quedas. Método: Trata-se de uma pesquisa com abordagem
qualitativa do tipo descritiva e exploratória, de caráter retrospectivo baseado em
pesquisa documental realizada a partir da análise de prontuários de Terapia
Ocupacional relativos aos usuários acompanhados no período de 2019 a 2021 nas
Enfermarias de Clínica Médica (ECM) e Enfermarias de Clínica Cirúrgica (ECC) do
Hospital Universitário da USP (HU-USP). Resultados e Discussão: Tendo em vista
a importância da prevenção de quedas e manejo de suas consequências durante a
hospitalização, foram analisadas as ações desenvolvidas pela Terapia Ocupacional
aos pacientes e seus cuidadores, constantes nos prontuários. Trinta e dois (32)
prontuários foram analisados por se enquadrarem aos critérios de inclusão e
agrupadas em oito categorias temáticas correspondentes às ações de Terapia
Ocupacional: Acolhimento do usuário e esclarecimentos quanto ao quadro clínico;
Aspectos relacionados aos vínculos familiares; Manejo das emoções mobilizadas
pela condição de internação; Repercussão da hospitalização na cognição e
estratégias de intervenção; Impacto da hospitalização na funcionalidade e a atuação
terapêutica ocupacional; Educação em saúde durante a hospitalização; Acolhimento
familiar e preparação para a alta; Enfoque no seguimento após a alta hospitalar.
Conclusão: Percebeu-se o potencial da terapia ocupacional na assistência ao idoso
com histórico de quedas e seus cuidadores. Todavia, é necessário o seguimento
dos cuidados em saúde após a alta hospitalar para a prevenção de novos episódios
de quedas, dos quais geram mais agravos ao idoso, com impacto diretamente em
sua rede de apoio, na sociedade e nos serviços de saúde.

Palavras-chave: Quedas; Idosos; Hospitalização; Terapia Ocupacional.

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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 7

OBJETIVO GERAL 10

OBJETIVOS ESPECÍFICOS 10

METODOLOGIA 11

RESULTADOS E DISCUSSÃO 12
Acolhimento do usuário e esclarecimentos quanto ao quadro clínico 19
Manejo das emoções mobilizadas pela condição de internação 22
Repercussões da hospitalização na cognição e estratégias de intervenção 23
Impacto da funcionalidade e a atuação terapêutica ocupacional 24
Educação em saúde durante a hospitalização 25
Acolhimento familiar e preparação para a alta 27
Enfoque no seguimento após a alta hospitalar 28

CONCLUSÃO 29

REFERÊNCIAS 31

6
INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), considera-se pessoa


idosa aquela que tem 60 anos ou mais. De acordo com dados de 2017 do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve aumento exponencial de
brasileiros idosos, contabilizados em 28 milhões neste ano e com crescimento de
18% em cinco anos, o que ultrapassará 30 milhões de brasileiros. De acordo com o
levantamento, é previsto que em dez anos haja cerca de 38,5 milhões de idosos no
território brasileiro (IBGE, 2018).
Tendo em vista que a população idosa compõem parcela significativa dos
cidadãos brasileiros e que esses apresentam condições de saúde mais complexas
decorrentes do processo biológico do envelhecimento, incluindo maior
susceptibilidade às quedas, essas configuram uma questão de saúde pública. As
quedas representam uma síndrome geriátrica complexa e comum, que afeta
diretamente a mobilidade e a funcionalidade da pessoa idosa, capaz de gerar
agravos na saúde e ocasionar mortalidade.
A queda se define como o deslocamento não intencional do corpo para um
nível inferior à posição inicial sem que haja a capacidade de correção em tempo
hábil. Sua incidência aumenta com o avançar da idade, sendo que um terço dos
idosos acima dos 65 anos cai pelo menos uma vez ao ano (SÃO PAULO, 2010).
As quedas podem ser consideradas importantes causadores de
morbimortalidade em idosos, em razão de traumas e/ou fraturas, sofrimento mental
e psicológico, além de impactos socioeconômicos para a família, comunidade e nos
serviços de saúde (FONSECA; MATUMOTO, 2020).
Iinattiniemi et al (2009, tradução nossa) relatam que os principais fatores de
risco a quedas, dos quais foram levantados em estudos prospectivos incluem
pessoas do sexo feminino, idade avançada, ter sofrido quedas anteriores, redução
da força da extremidade inferior, visão prejudicada, comprometimento cognitivo,
tontura, sintomas depressivos, medo de cair, incontinência, déficit sensorial
periférico, alta e baixa atividade física, desnutrição, uso de dispositivo auxiliar, baixa
capacidade nas atividades da vida diária, doenças crônicas como acidente vascular
cerebral, artrite, e parkinsonismo e elevado número de medicamentos.
A maioria das quedas vivenciadas por idosos têm causas multifatoriais,
relacionadas a fatores intrínsecos, extrínsecos e precipitantes (Figura 1). Os fatores

7
intrínsecos são as alterações fisiológicas, condições patológicas e/ou efeitos
adversos de medicação. Nesse caso, a queda está intimamente relacionada com a
deterioração da saúde devido a alguma doença crônica pré-existente (TIDEIKSAAR,
2003, tradução nossa). Dentre esses processos de doenças, a disfunção visual está
incluída nos possíveis causadores das quedas, assim como as doenças
cardiovasculares, os distúrbios cognitivos, osteomusculares e psicológicos e os
efeitos danosos dos medicamentos (TIDEIKSAAR, 2003, tradução nossa).
Os fatores extrínsecos são definidos como as condições ambientais, tais
como iluminação inadequada, degraus irregulares e tapetes soltos. Estudos
comprovam que o ambiente mais propício para a ocorrência de incidentes é o
próprio domicílio e seus arredores (TIDEIKSAAR, 2003, tradução nossa). Nesse
sentido, para prevenir as quedas, faz-se necessária a inspeção dos ambientes
domésticos, tais como: quarto, banheiro, sala de estar, cozinha, escadas e quintal.
Dessa forma, os fatores extrínsecos também compõem a avaliação do contexto de
vida e da rotina das atividades, para compreender de modo mais adequado as
quedas sofridas pelo idoso.
Os fatores precipitantes para quedas incluem doenças agudas ou agudização
de doenças crônicas e alta hospitalar recente.

Figura 1. Fonte: Manual do médico-residente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da


Universidade de São Paulo, 2011.

Quedas podem estar associadas ainda a cultura e ao gênero (é mais comum


em mulheres), a hábitos alimentares e a prática de atividades físicas e, também,

8
comportamentos de exposição a riscos, como subir escadas para alcançar objetos e
uso de calçados impróprios. Ainda, pessoas idosas são mais propensas à falta de
interação social e, consequentemente, dificuldade para manutenção de redes de
apoio, que lhes proporcione qualidade cognitiva, emocional e bem-estar do idoso
(SÃO PAULO, 2010). Esse cenário aumenta a probabilidade de sofrer algum
episódio de queda.
Isto posto, as quedas tornam-se questão de saúde pública, gerando forte
impacto aos serviços de saúde. Elas correspondem entre 20% a 30% dos
ferimentos leves e são causa subjacente de 10% a 15% das consultas aos serviços
de emergência. Mais de 50% das hospitalizações estão relacionadas a ferimentos
ocorridos com as pessoas idosas, as principais causas estão relacionadas a quedas
como fratura do quadril, lesões traumáticas do cérebro e ferimentos dos membros
superiores (SÃO PAULO, 2010). Vale ressaltar que, além das lesões físicas, a perda
de confiança na capacidade de deambular com segurança conhecida como
“Síndrome Pós-Queda” é fator de risco para maior declínio funcional, depressão,
sentimentos de desamparo e isolamento social. (RUBENSTEIN; JOSEPHSON,
2006). Além disso, componentes das redes de apoio da pessoa idosa
frequentemente necessitam de atenção. O surgimento de limitações físicas,
psíquicas e sociais em razão das quedas, levam o idoso a necessitar de auxílio nas
suas atividades representando um grande desafio para familiares e cuidadores.
Importante salientar que o perfil dos cuidadores informais de idosos é
caracterizado fundamentalmente por pessoas do sexo feminino com idade entre
22-75 anos, sendo que destes 25,8% tem 60 anos ou mais. Outra característica
relevante desse perfil se deve ao grau de parentesco. Os cuidados são
frequentemente mais prestados pelos seus/suas filhos(as), seguidos por cônjuge
(12,4%), netos (5,6%) e irmãos (4,5%). Mais de 50% dos cuidadores relatam não ter
conhecimento sobre a prevenção de novas quedas e mais de 80% não recebem
orientações dos profissionais de saúde quanto à prevenção de quedas, visando à
educação em saúde (AVILA et al, 2015).
Tendo em vista que as quedas (ou o medo delas) altera a funcionalidade do
idoso e interfere diretamente no cotidiano dos mesmos e de seus cuidadores, a
Terapia Ocupacional (T.O), definida como profissão da saúde voltada para o
desempenho humano, apresenta potencial de contribuir de forma a identificar as
habilidades passíveis de ser restauradas ou adaptadas, com vistas à promoção de

9
saúde e à prevenção de agravos. A prática do terapeuta ocupacional visa a
antecipação ou na vigilância das perdas funcionais, baseando-se na prevenção,
adaptação e recuperação para que haja o equilíbrio da vida cotidiana. Esses pilares
são essenciais para que o processo de envelhecimento ocorra de forma a manter ou
aumentar a independência e autonomia (ALMEIDA, 2004).
No cuidado ao idoso o terapeuta ocupacional orienta e realiza adaptações
ambientais, orienta comportamentos individuais, técnicas de manutenção e
organização da rotina, a fim de proporcionar e facilitar seus aspectos físicos,
emocionais, sociais, culturais e ambientais. (PAULA et al, 2014).

OBJETIVO GERAL

Levantar e refletir sobre fatores associados às quedas, tanto de idosos internados


em decorrência desse evento quanto de idosos internados por outras razões, mas
que possuam histórico de quedas e ações desenvolvidas pela Terapia Ocupacional
relacionada à prevenção de quedas e manejo de suas consequências.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

● Identificar fatores relacionados a quedas de idosos internados em


enfermarias de clínica médicas e cirúrgicas de um hospital escola, devido a
essa condição;
● Identificar fatores relacionados a quedas de idosos internados em
enfermarias de clínica médica e cirúrgica de um hospital escola, com histórico
de quedas, mas que não tenham sido internados devido a essa condição;
● Conhecer e analisar as principais demandas dos idosos que tenham sido
internados devido a queda ou com histórico de quedas acompanhados pela
terapia ocupacional nas enfermarias de clínica médica e cirúrgica;
● Conhecer e analisar as estratégias utilizadas pela terapia ocupacional em
enfermarias de clínica médica e cirúrgica de um hospital escola, com idosos
que tenham sido internados devido a queda ou com histórico de quedas.

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METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa do tipo descritiva e


exploratória, de caráter retrospectivo baseado em pesquisa documental realizada a
partir da análise de prontuários de Terapia Ocupacional relativos aos usuários
acompanhados no Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (HU-USP).
Os prontuários foram elaborados principalmente por residentes de Terapia
Ocupacional do Programa de Residência Multiprofissional em Promoção da Saúde e
Cuidado na Atenção Hospitalar da área de concentração Saúde do Adulto e Idoso e,
em menor proporção, por graduandos do curso de Terapia Ocupacional do
Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade
de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP). Os registros analisados
referem-se aos atendimentos prestados aos idosos internados nas Enfermarias de
Clínica Médica (ECM) e Enfermarias de Clínica Cirúrgica (ECC) do HU-USP, além
dos dados clínicos e sociodemográficos desses usuários referentes aos registros
médicos ocorridos no período de internação.
Após cada atendimento, os terapeutas ocupacionais realizaram registros
breves nos prontuários médicos e relatórios mais detalhados, que fazem parte do
prontuário de Terapia Ocupacional. Os registros e relatórios visam além da
assistência, ensino e pesquisa de graduandos e pós-graduandos (PEREIRA et al,
2020). Foram considerados para a pesquisa, os documentos correspondentes ao
período de janeiro de 2019 a dezembro de 2021.
O estudo documental considerou as seguintes informações: dados
sociodemográficos, clínicos, resumo de alta do HU-USP, condutas terapêuticas
ocupacionais como técnicas e orientações durante o período de hospitalização e
após a alta, informações sobre rotina, atividade laboral, perfil familiar e social e
encaminhamentos realizados. Além disso, foram considerados os dados do Índice
Modificado de Barthel (IMB) contidos nas avaliações terapêuticas, que avaliam
desempenho para atividades de vida diárias (AVD) pontuado de 0-100, a partir das
seguintes categorias: higiene pessoal, banho, alimentação, toalete, subir escadas,
vestuário, controle de bexiga, controle de intestino, deambulação ou cadeira de
rodas e transferência, conforme consta no banco de dados referido acima.
Para identificação dos idosos com histórico de quedas foi realizado
levantamento de informações contidas no banco de dados da Terapia Ocupacional

11
no programa EpiData versão 3.0 (EpiData Association, Odense, Denmark), além do
estudo dos registros nos prontuários de Terapia Ocupacional corresponde ao
período da pesquisa.
Os critérios de inclusão no estudo foram prontuários de idosos internados
devido a episódio de quedas ou com histórico de quedas, atendidos pela Terapia
Ocupacional na ECM e ECC no período de janeiro de 2019 a dezembro de 2021.
Foram excluídos do estudo prontuários de adultos com histórico de quedas; idosos
que não faziam menção sobre a ocorrência de quedas nos últimos 12 meses;
pacientes que não foram acompanhados pela Terapia Ocupacional durante a
internação e/ou dados de prontuários incompletos.
As informações dos prontuários foram descritas e analisadas quanto a sua
ocorrência, frequência absoluta e relativa. Os dados qualitativos foram analisados
em seu conteúdo a partir das etapas estabelecidas por Minayo (2007) para análise
categorial temática, que se referem a: pré-análise, exploração do material e
tratamento dos resultados e interpretação.
O presente estudo faz parte de uma pesquisa mais ampla aprovada pelo
Comitê Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
(FMUSP) com o parecer n° 365/2013 e CAAE 21434113.0.0000.0065.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Conforme as informações coletadas no estudo documental foram


identificados 265 prontuários de idosos acompanhados pela Terapia Ocupacional
nas ECM e ECC do HU-USP no período de 2019 a 2021. Trinta e cinco (35)
prontuários foram selecionados por atenderem aos critérios de inclusão, todavia três
destes foram excluídos por informações incompletas em prontuário, totalizando 32
prontuários analisados.

Os dados sociodemográficos dispostos na Tabela 1 indica que as pessoas


idosas com histórico de quedas ou internadas devido a quedas, em sua maioria era
do sexo feminino, com maior número de idosos na faixa de 80 anos ou mais, com
até 4 anos de escolaridade, casadas ou viúvas e aposentadas.

12
Tabela 1. Perfil sociodemográfico dos usuários idosos hospitalizados no período de 2019 a 2021 com
histórico de quedas ou internados por quedas na ECM e ECC do HU-USP. São Paulo, 2022.

PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO n = 32 %

Sexo

Feminino 20 62,5

Masculino 12 37,5

Idade

entre 60-69 anos 9 28,1

entre 70-79 anos 10 31,3

> 80 anos 13 40,6

Anos de escolaridade

Analfabeto 3 9,4

Até 4 anos 13 40,6

5 a 8 anos 8 25

9 a 11 anos 5 15,6

12 ou mais 1 3,1

Não informado 2 6,2

Estado Civil

Solteiro (a) 6 18,7

Casado (a) 10 31,2

Viúvo (a) 10 31,2

Divorciado (a) 6 18,7

Profissão

Ativo 1 3,1

Do lar 8 25

Aposentado/Afastado (a) 21 65,6

Desempregado (a) 2 6,3


Fonte: Elaborada pela autora, 2023.

Como apresentado na Tabela 1, as mulheres são mais suscetíveis às quedas


do que os homens (62,5%), sendo quase o dobro dos casos. Dados sobre

13
mortalidade em idosos que foram vítimas de queda no Brasil entre 2000-2019
(GONÇALVES et al, 2022), informam 135.209 óbitos por quedas, sendo 51,41% em
mulheres. Estudo realizado na Índia constatou que as mulheres são mais
suscetíveis às quedas do que os homens, evidenciando assim o processo de
feminização da velhice e suas consequências (NAGARKAR, 2022, tradução nossa).
Segundo Fernandes et al (2018), a maior incidência de mulheres idosas caidoras se
dá pela diminuição nos níveis de estrógeno que acompanha o período
pós-menopausa, maior perda de massa óssea, que aumenta o risco da osteoporose
e de fraturas. Maior exposição a atividades domésticas e a alterações emocionais,
podem também desencadear quedas e, consequentemente, risco de óbito
(GONÇALVES et al, 2022).
A Tabela 1 sugere, a crescente relação idade e as quedas, mostra idosos
acima dos 80 anos sendo mais vulneráveis a cair. Dados nacionais mostram que a
idade avançada possui relação direta com a probabilidade das quedas e,
consequentemente levando ao óbito, idosos com ≥80 anos (GONÇALVES et al,
2022). Com relação às características sociodemográficas, nesse mesmo estudo,
observou-se que 60,87% tinham escolaridade máxima de sete anos de estudo.
Dados semelhantes foram obtidos na pesquisa atual em que 50% dos idosos tinham
até quatro anos de escolaridade e 75% até 8 anos de estudo. Lima e colaboradores
(2017) constataram que os idosos analfabetos apresentaram maior ocorrência de
quedas, quando comparados aos escolarizados. Em estudo realizado no Rio
Grande do Sul, 6.751 idosos foram avaliados, com média de idade de 70,3 anos, e
aqueles com maior escolaridade, apresentaram-se sem risco de quedas.
Acredita-se que o aumento da escolaridade está relacionado a uma tendência a
melhor renda, consequentemente melhores condições de moradia e acesso à
saúde. (PEREIRA et al, 2013). Outras variáveis apontaram o estado marital e
aposentadoria associados às quedas (LIMA et al, 2017).

Quanto ao ingresso dos idosos no HU-USP, esse se deu em parte por


agravantes diretamente relacionados às quedas (50%) e, nos demais casos devido
a diferentes problemáticas de saúde. A identificação do histórico de quedas, em sua
maioria, surgiu durante as avaliações e ações terapêuticas ocupacionais. Os
diagnósticos clínicos dos idosos internados durante o período, encontram-se na
Tabela 2.

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Tabela 2. Diagnóstico clínico dos idosos com histórico de quedas hospitalizados no período de 2019
a 2021 no HU-USP. São Paulo, 2023.

DIAGNÓSTICOS n = 32

Fratura de fêmur 6

Fratura pertrocantérica 5

AVC isquêmico ou hemorrágico 4

Fratura de membros superiores 2

Síndromes demenciais 2

Insuficiência cardíaca 2

Hiperosmolaridade e hipernatremia 2

Neoplasia 2

Insuficiência respiratória 1

Cirrose hepática 1

Insuficiência renal crônica/Infecção do trato urinário 1

Encefalopatia de Wernicke 1

Septicemia 1

Osteomielite 1

Convulsão 1
Fonte: Elaborada pela autora, 2022.

Conforme tabela 2, dezessete (17) idosos foram internados por consequência


das quedas, referentes a: fratura de fêmur (6), fratura pertrocantérica (5), síndromes
demenciais (2), fratura de membro superior (1), infecção do trato urinário (1),
insuficiência cardíaca (1) e acidente vascular encefálico (1). Outras causas foram
acidente vascular encefálico, complicações após fratura de membro superior,
insuficiência cardíaca e insuficiência respiratória, hiperosmolaridade e
hipernatremia, neoplasia, cirrose hepática, encefalopatia de Wernicke, septicemia,
osteomielite e convulsão correspondem aos pacientes que relataram algum episódio
de queda, todavia não foram internados por essa causa.
Estudo refere que em torno de 5 a 10% das quedas em idosos, apresentam
consequências como fraturas ou traumatismos cranioencefálicos. Cerca de 95% das
fraturas de quadril decorrem de uma queda, sendo que 30% dos idosos que

15
sofreram uma fratura de fêmur apresentam a sobrevida de um ano após a
ocorrência. Entre os que sobrevivem, 25 a 75% não recuperam a funcionalidade
anterior à queda (CABRAL; SOARES, 2019).
Segundo Costa e colaboradores (2010), os idosos que sofreram acidente
vascular encefálico (AVE) também apresentam maiores riscos de sofrerem quedas.
Os achados do estudo retratam uma amostra composta por idosos com média de
idade de 69,5 anos (±6,9), em sua maioria do sexo feminino, e, destas, 20,5% com
estado mental rebaixado e comprometimento cognitivo correlacionado.
Estudo realizado por Bortoli e colaboradores (2015), mostrou que o equilíbrio
de idosos com quadros demenciais mais graves, apresenta piora correlativa.
Indivíduos portadores de demência de Alzheimer possuem maior risco de quedas
que os de demência de Parkinson, entretanto os idosos diagnosticados com
Comprometimento Cognitivo Leve (CCL) obtiveram maior ocorrência de quedas
neste estudo, e os autores relacionam os acontecimentos pelo fato desses idosos
serem mais autônomos nas atividades de vida diária e independentes do ponto de
vista funcional.
A hipernatremia é denominada como um déficit de água corporal em relação
ao sal corporal total, estando na maioria das vezes associada à elevação da
osmolaridade do plasma, ocorrendo quando a concentração sérica de sódio
ultrapassa >145 mmol/L (145 mEq/L). Infelizmente as alterações sódicas tornam-se
comuns na população idosa, com maior propensão por apresentarem diminuição da
sede e da capacidade de concentração urinária, redução da água corporal total,
além do uso de medicamentos que podem exacerbar essa predisposição e, estar
associada a altas taxas de morbimortalidade dos idosos. (SHAH et at, 2014,
tradução nossa).
Idosos com diagnósticos oncológicos desenvolvem maior incidência de
quedas por conta da fragilidade que apresentam. Comprovou-se que existem
fatores de risco para quedas que são exclusivos de uma população de pacientes
com câncer, que incluem determinados agentes quimioterápicos e estágio avançado
do câncer. Vale salientar que consequentemente a funcionalidade dos mesmos
torna-se alterada, sendo que 1 em cada 5 idosos desenvolve nova dependência em
suas atividades de vida diária entre o primeiro e o segundo ciclos de quimioterapia.
(WILDES et al, 2015, tradução nossa).

16
Estudos comprovam que as doenças crônicas são determinantes
indissociáveis das quedas. Immonen e colaboradores (2020, tradução nossa),
declaram em seu estudo que indivíduos com diabetes, artrite reumatóide, problemas
de circulação sanguínea no cérebro e nas pernas, insuficiência cardíaca, doença de
Parkinson, osteoporose, comprometimento cognitivo leve, moderado ou grave;
depressão, tontura e/ou incontinência urinária desenvolvem um risco
significativamente maior de ter quedas do que indivíduos sem essas patologias.
As quedas podem desencadear alterações emocionais, produzindo sintomas
de depressão e ansiedade, principalmente em pacientes que tiveram fratura de colo
femoral. Alguns idosos desenvolvem fobia decorrente desse evento, o que foi
denominado de ptofobia sendo a sua incidência de 20% a 85% em idosos não
institucionalizados (AGUIAR et at, 2021). Além disso, em decorrência das quedas,
aqueles que caíram passam a experimentar o medo de sofrer outros episódios de
quedas e essa perda de confiança pode resultar na restrição das atividades que
outrora executava.
Antes do retorno ao domicílio, durante o período de hospitalização os
pacientes idosos com histórico de quedas apresentaram declínio nos aspectos
funcionais, especificamente no que se refere ao desempenho das AVDs dos
usuários. No presente estudo os dados foram coletados com base na utilização do
protocolo Índice de Barthel Modificado, que identifica os déficits no que tange a
funcionalidade. O Índice de Barthel Modificado serve de norteador para determinar
nível de dependência funcional leve, moderada, severa ou total (SHAH et al,1989,
tradução nossa), com base em pontuações de 0 a 100, em intervalos de cinco
pontos, sendo que as mais elevadas indicam maior independência (Minosso et al,
2010). A grande maioria dos idosos encontrou-se no nível de dependência
moderada a severa no que diz respeito ao desempenho das AVDs. Segue abaixo a
Tabela 3 que apresenta os diferentes níveis de funcionalidade dos idosos
hospitalizados.

17
Tabela 3. Nível de funcionalidade pelo Índice de Barthel Modificado de idosos hospitalizados do
HU-USP com histórico de quedas no período de 2019 a 2021. São Paulo, 2023.

NÍVEL DE FUNCIONALIDADE

Totalmente independente (100 pontos) 0

Dependência leve (99-76 pontos) 5

Dependência moderada (75-51 pontos) 9

Dependência severa (50-26 pontos) 14

Dependência total (25 ou menos pontos) 3

TOTAL 32
Fonte: Elaborado pela autora, 2023.

Compreendendo que histórico de quedas nas pessoas idosas implica grande


impacto na independência e, consequentemente, alterações no desempenho
ocupacional, a atuação do profissional de Terapia Ocupacional é de extrema
relevância para as ações de promoção de saúde e orientações em conjunto com
usuário e família quanto às possibilidades de retorno e/ou engajamento nas
atividades. Na leitura e análise dos conteúdos de prontuários dos atendimentos
terapêuticos ocupacionais com os idosos com histórico de quedas ou internados por
quedas, referentes às ações desenvolvidas relacionadas a prevenção de quedas e
manejo de suas consequências no período de hospitalização, foram categorizados
conforme as etapas estabelecidas por Minayo (2007). No total foram geradas oito
(8) categorias temáticas, conforme a Tabela 4.

18
Tabela 4. Categorias temáticas elaboradas a partir dos registros de acompanhamento de terapia
ocupacional com idosos hospitalizados no período de 2019 a 2021, com histórico de quedas ou
internados por quedas na ECM e ECC do HU-USP. São Paulo, 2022.

CATEGORIAS TEMÁTICAS

Acolhimento do usuário e esclarecimentos quanto ao quadro clínico

Aspectos relacionados aos vínculos familiares

Manejo das emoções mobilizadas pela condição de internação

Repercussão da hospitalização na cognição e estratégias de intervenção

Impacto da hospitalização na funcionalidade e a atuação terapêutica ocupacional

Educação em saúde durante a hospitalização

Acolhimento familiar e preparação para a alta

Enfoque no seguimento após a alta hospitalar


Fonte: Elaborado pela autora, 2023.

Acolhimento do usuário e esclarecimentos quanto ao quadro clínico


Com base nos dados coletados nos prontuários, os pacientes compartilharam
suas vidas, preocupações e dúvidas com os terapeutas ocupacionais. Relataram
sobre suas vidas, suas rotinas prévia a hospitalização, as emoções e desejos que
emanaram durante a internação, além do pedido por companhia por sentirem-se
sozinhos e desamparados em alguns momentos. Também nesse período, o
indivíduo reflete e resgata lembranças de atividades das quais executava,
verbalizando com saudosismo, esperança e planejamentos futuros. Em determinado
trecho coletado dos prontuários, foi observado a percepção de uma das terapeutas
ocupacionais durante o momento de acolhimento, em que descreve que “o paciente
resgatou memórias de sua ocupação prévia, relembrando como fazia para o pão
ficar mais saboroso(...) foi possível observar evolução clínica e emocional após o
relato”.
“Quando o indivíduo adoece e precisa ficar internado em um hospital, o abandono do
ambiente ao qual está acostumado e onde desenvolve suas ações e sentimentos,
ocorre de forma abrupta, rompendo com as rotinas que estruturam sua vida e lhe
dão significado. O indivíduo domina o ambiente onde vive com seu corpo e
sentimentos, mas o que acontece quando se é retirado desse ambiente de forma
abrupta e surpreendente, e enviado para outro lugar, onde não se pode exercer o
domínio habitual?” (SOARES; CUSTÓDIO, 2011, p. 12)

Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2010), o acolhimento é elemento


crucial nos relacionamentos de saúde, e no período de internação, torna-se a porta

19
de entrada. O mesmo é entendido como “estar com” e “estar perto de”, sendo então
uma ação de inclusão, aceitação, atenção, crédito e recebimento das diferenças,
dores, modos de viver, de sentir e de entender do outro. O acolhimento não está
restrito a um espaço físico, mas também diz respeito a uma postura ética, em que o
profissional toma para si a responsabilidade de “abrigar e agasalhar” outrem em
suas demandas.
A construção de um espaço acolhedor com escuta qualificada tende a não só
permitir, mas facilitar o compartilhamento dos usuários acerca de suas vivências
com os profissionais de saúde, encontrando neles uma importante rede de apoio. Já
que esse oferecimento de espaço tende a fornecer um maior estabelecimento de
vínculo entre profissional de saúde e usuário/paciente, uma das importantes
consequências pode ser a maior probabilidade de aderência tanto ao processo
terapêutico quanto às orientações relacionadas ao plano de tratamento específico.
Segundo a Política Nacional de Humanização (PNH) instituída em 2003, o
acolhimento atua em uma das diretrizes como objetivo a construção de relações de
confiança, compromisso e vínculo entre as equipes/serviços, trabalhador/equipes e
usuário com sua rede socioafetiva (BRASIL,2003). Por meio dos prontuários foi
percebido que a Terapia Ocupacional, tal como atua no contexto hospitalar, é uma
das profissões que mais gera proximidade como paciente e constrói com o mesmo
essa relação de confiança. Por essa razão, esta profissão tende a ser colocada
como valiosa no auxílio com as dúvidas que aparecem, já que facilita a
comunicação entre o paciente com a equipe e em sinergia com a equipe. Essas
questões recebem prioridade por também serem primordiais na oferta de um
cuidado em saúde qualificado, especialmente visando a possível alta.
Os questionamentos quanto ao estado de saúde e prognóstico do paciente
podem ser facilitados por meio desse processo de construção de vínculo com o
profissional de saúde. Alguns procedimentos específicos, tais como solicitações
para visualizar exames de imagem e esclarecimentos sobre testes aplicados
ocorrem com maior frequência nos momentos em que o usuário se sente à vontade
para isso. Dessa maneira, pode ser observada mais uma vez a importância do
estabelecimento de vínculo a partir do acolhimento citado anteriormente.

20
Aspectos relacionados aos vínculos familiares
Na análise documental, identifica-se que os idosos durante o período de
internação relataram angústias pessoais envolvendo seus relacionamentos e/ou a
ausência deles: como sentimento de solidão devido à realidade de residir sozinho,
após falecimento do cônjuge; relacionamento fragilizado com filhos e sentimento de
abandono pelos mesmos; conflitos familiares; idosos em situação de rua que não
possuem rede de apoio alguma; e aqueles que, apresentam rede de apoio, mas por
zelo com a saúde de sua família, optam por não receber visitas, referindo tristeza
por "estar dando trabalho". Grande parte dos idosos atendidos demonstram auto
imagem abalada declarando "sentir-se um peso"; pois outrora não era dependente
de terceiros para o seu cuidado.
Segundo Pinto (2013, p. 28) a família é definida como sendo um “espaço
fundamental para a garantia da sobrevivência de um grupo social, podemos defini-la
como o núcleo formador dos vínculos sociais, biológicos, afetivos e emocionais”.
Soares e Custódio (2011) declaram que quando o núcleo familiar do idoso não o
acompanha durante o tratamento, existe a tendência de que o mesmo apresente
atitudes depressivas, dificultando assim sua reabilitação. Quando inseridos em seus
lares, os idosos constroem a visão de utilidade e que a morte está distante de si.
Porém, uma vez hospitalizados, a proximidade de morte evidencia-se e então,
tornam-se frágeis diante de suas próprias emoções.
De acordo com Souza e colaboradores (2016), a hospitalização distancia o
usuário do convívio familiar, e a presença de um membro da família não serve
apenas para acompanhar o usuário, mas para fazer-lhe companhia mesmo quando
não solicitada. A presença do familiar remete à vontade de se fazer presente o
máximo que pode e proporciona bem-estar para o indivíduo hospitalizado. Esse
convívio atende a necessidade emocional básica de aceitação e conexão, que é
parte da condição humana e faz com que os indivíduos valorizem a situação de se
sentirem aceitos, importantes e devidamente acolhidos.
Nesse contexto, é preciso estar junto com a família e com o paciente. Ambos
vivenciam em diferentes cenários as dores e limitações da hospitalização. Quando o
cuidado é centrado na família e nas necessidades biopsicossociais do indivíduo,
ocorre a melhora do esgotamento e o sofrimento mental de todos os envolvidos.
Além disso, estar junto à família e ao paciente faz parte das “reações humanas, do

21
reconhecimento do outro, das suas diferenças, das suas dores, das suas alegrias e
dos seus modos de viver, contribuindo para a construção da sua própria
humanidade” (SILVA et al, 2022).

Manejo das emoções mobilizadas pela condição de internação


Alterações comportamentais e/ou emocionais foram observadas e
relacionaram-se a estado de saúde prévio e pós-internação, tais como apatia,
depressão e ansiedade. Falas como “eu não acredito em mais nada”, "me sinto um
peso para o meu filho", "estou dando trabalho" demonstram crenças disfuncionais
capazes de gerar sentimentos de frustração relacionados às dificuldades funcionais
que passaram a apresentar ou que se agravaram. Nos prontuários apareceram
questões referentes à apreensão e descrença sobre o diagnóstico, dificuldade de
sono por sentirem-se preocupados com sua saúde e família, medo de novas
quedas, sentimentos de desvalor (aqueles com rede de apoio vulnerável e também
daqueles que possuem), debilidade e inutilidade.
Estudo realizado por Soares e Custódio (2011) com idosos hospitalizados na
rede pública do Distrito Federal, percebeu-se que toda a amostra referia-se triste,
sendo os principais motivos à distância do lar, dos familiares e amigos e por não
conseguir cuidar de seus fazeres, interferindo em sua independência.
Demonstraram-se também mais irritados, ansiosos e confusos, resultando
diretamente no estado de saúde. Observou-se razoável melhora no estado
emocional de alguns pacientes idosos a partir das atividades que envolvem o
resgate de memórias afetivas e significativas de seu repertório ocupacional.
“Tradicionalmente no contexto hospitalar, a terapia ocupacional tem
priorizado ações de avaliação e preparação para alta, destinando pouco
tempo para atividades de lazer e de trabalho. Embora as primeiras
configuram-se intervenções relevantes, o uso de repertório variado de
atividades durante a internação hospitalar resgata papéis ocupacionais,
enfatiza o valor da terapia ocupacional nesse âmbito de atuação e se
constitui como fator motivacional para o restabelecimento da saúde.”
(SANTOS et al, 2018, p. 614).

Durante a hospitalização o idoso muitas vezes se depara com a sua


fragilidade, dependência e desamparo, passando a ter maior propensão ao
reconhecimento de seus diversos sentimentos, sendo estes exteriorizados para
aqueles que estão à sua volta - familiares, amigos e até mesmo os profissionais que

22
o atendem (SOUZA et al, 2016), o que confere a importância do atendimento
humanizado e acolhedor.
Considerando o potencial impacto das relações familiares no estado
emocional da pessoa idosa é fundamental considerar esses aspectos na construção
de um cuidado integral e terapêutico eficaz.

Repercussões da hospitalização na cognição e estratégias de intervenção

As alterações cognitivas foram vistas nos prontuários, partindo da premissa


de dois pacientes internados com o diagnóstico de síndrome demencial (retratado
na Tabela 2) e também daqueles que desenvolveram algum declínio enquanto
internados. Desorientação no tempo e espaço, alterações atencionais, de memória
dentre outros foram observadas. Para que houvesse o retardo da progressão (para
aqueles já diagnosticados) e minimização dos sintomas para aqueles que passaram
a ter alterações decorrentes da hospitalização, os terapeutas ocupacionais
adotaram os seguintes recursos: colocação de calendário no quarto; uso de jogos
de interesse prévio do paciente (charada, dominó, baralho), ouvir músicas; ver fotos
de pessoas conhecidas e verbalizar a identidade delas; leitura de livros, receitas,
revistas; imagens de lugares, objetos, flores com o intuito de nomeação;
fornecimento de dados de realidade como a orientação temporo-espacial; abertura
de janelas durante o dia; oferecimento de estímulos sensoriais sejam eles visuais,
auditivos, táteis, olfativos, gustativos ou proprioceptivos e orientação aos
acompanhantes para que também realizassem com seus idosos essa estimulação
para melhoria dos aspectos cognitivos dentro de suas possibilidades, a fim de
prevenir o delirium que infelizmente é comum em idosos hospitalizados.

O declínio cognitivo é uma alteração comum no paciente hospitalizado, que


pode ocorrer devido a agravos no estado geral de saúde e/ou como um sinal de
doença crônica ou aguda (SANTOS et al, 2018). Profissionais de terapia
ocupacional, por meio de sua formação e experiência em análise de atividades e
experiência de atuação com idosos em vários ambientes (inclusive no hospitalar),
abordam o declínio cognitivo como uma condição que afeta o desempenho
ocupacional, o qual pode ser minimizado por meio de adaptações, estimulações,
orientações, dentre outros, auxiliando na melhora da funcionalidade (AOTA, 2017,
tradução nossa).

23
A intervenção da Terapia Ocupacional ocorre em diferentes abordagens
como: as cognitivas que servem para lentificar o processo degenerativo gerando
plasticidade cerebral; as funcionais que são centradas nas estratégias de adaptação
ambiental e treino das atividades de vida diária; o manejo de sintomas
comportamentais e psicológicos associados à demência que são definidas como
abordagens não farmacológicas, visando fornecer estratégias para minimizar as
alterações comportamentais decorrentes do declínio cognitivo (LINS; GOMES,
2019). Todas foram aplicadas com os pacientes idosos e seus familiares, além de
auxiliar a equipe multidisciplinar que o acompanha.

As atividades visando a estimulação cognitiva como citadas anteriormente,


foram desenvolvidas pela Terapia Ocupacional no hospital e são ferramentas
eficazes e aplicáveis nesse contexto para a melhora dos idosos com algum tipo de
alteração, seja ela no âmbito de função executiva, memória, atenção, desorientação
temporal e/ou espacial, linguagem, nomeação e outros.

Impacto da funcionalidade e a atuação terapêutica ocupacional

Assim como destacado na Tabela 3, o nível de dependência funcional dos


idosos é afetado ou agravado durante a hospitalização, podendo “potencializar um
comprometimento funcional já existente, devido à má nutrição, repouso excessivo,
privação de sono e a polifarmácia. Estima-se que esse declínio atinja de 25% a 35%
dos idosos submetidos à internação hospitalar” (PEREIRA et al, 2014).

Nos prontuários analisados foram descritas diferentes ações: técnicas de


posicionamento no leito, elevação de membros edemaciados, correção postural no
leito, mobilizações ativas, passivas e/ou assistidas, alongamentos, massagens,
dentre outras técnicas com o objetivo de ofertar conforto e melhorar a
funcionalidade dentro das possibilidades. As atividades de vida diária sempre foram
compreendidas como principal finalidade dessas ações, mas também utilizadas,
elas mesmas, como meio para seu alcance da maior independência para sua
realização.

De acordo com Rubenstein e Josephson (2006, tradução nossa), o


comprometimento funcional, geralmente indicado pela incapacidade de realizar as
atividades básicas da vida diária (AVDs; por exemplo, vestir-se, tomar banho,

24
comer), duplica o risco de queda. Na comunidade, o comprometimento nas AVDs
afeta 20% das pessoas com mais de 70 anos. No ambiente do lar de idosos, a
prevalência de comprometimento funcional é muito maior; 96% dos residentes de
lares de idosos precisam de ajuda para tomar banho e 45% precisam de ajuda para
comer.

A diminuição funcional surge durante e após a hospitalização, mas também


antes dela. O envelhecimento proporciona naturalmente perdas fisiológicas e
funcionais, tornando os indivíduos mais vulneráveis à influência dos fatores
intrínsecos e extrínsecos causadores das quedas (TEIXEIRA et al, 2019). Os
comportamentos de risco também devem ser destacados, como: sedentarismo e
ausência de atividade física, uso crônico de medicamentos (polifarmácia), má
alimentação, dentre outras causas que formam um cenário desfavorável para o
idoso. Cabe destacar que, como apresentado anteriormente, os aspectos
emocionais do paciente são abalados quando o mesmo se depara com o seu atual
quadro e a necessidade do auxílio de terceiros, para a realização das atividades que
antes executava independentemente ou com pouca assistência. O corpo frágil lhe
causa, portanto, impacto de várias ordens e por isso cabe ao terapeuta ocupacional
abordagens no que tange aos aspectos biopsicossociais.

Com base nos relatos retratados nos prontuários, as atividades básicas de


vida diária como alimentação, vestuário, uso do vaso e outras, foram treinadas e
orientadas para que o idoso pudesse se adaptar e construir novas formas de fazer.
Em relação às capacidades motoras, os terapeutas ocupacionais realizavam as
tarefas com o objetivo de estimular a autonomia e independência dos indivíduos, e
quando possível, juntamente com os profissionais de fisioterapia compunha o
atendimento conjuntamente visando outros aspectos como fortalecimento, controle
motor, equilíbrio, etc.

Educação em saúde durante a hospitalização

A atuação da Terapia Ocupacional durante o período de hospitalização


possibilitou orientar os pacientes e seus acompanhantes para melhor adequação e
estimulação do ambiente hospitalar, como: possibilidades de reorganização do
mobiliário do quarto para facilitar o alcance de objetos; deixar as persianas abertas

25
durante o dia para favorecer a orientação temporal e estimulação sensorial,
estratégias de conservação de energia durante as transferências e em atividades
que exigem maior esforço como o banho, realização de massagem para
relaxamento e/ou drenagem dos membros edemaciados, estimulações cognitivas
por meio de músicas, fotos, conversas, jogos; além de orientações que poderão ser
seguidas após a alta. Foram fornecidas cartilhas de prevenção de quedas no
domicílio, conservação de energia, cuidado com os pés, mobilização ativa, passiva
ou auto-passiva, para favorecer o seguimento aos cuidados durante a permanência
no hospital e em casa.

Segundo Zumbo et al (2006, tradução), educação em saúde geralmente se


refere às estratégias orientadas com a finalidade de capacitar os indivíduos para
decisões apropriadas de saúde, ocasionando em comportamentos de saúde que
levarão a resultados positivos a sua própria saúde. Posto isto, a educação em
saúde na atenção hospitalar é considerada fundamental, pois se torna um
instrumento para construir coletivamente com o paciente os saberes voltados à
adesão ao tratamento, além de propiciar possibilidades de recursos plausíveis para
o aumento da qualidade de vida, provendo saúde. É durante o período de
hospitalização que as pessoas estão mais sensibilizadas com sua condição de
saúde e manifestam o anseio de cuidar melhor de si (ARRUDA; SILVA, 2020).
Portanto, educar o paciente orientando-o, é papel do profissional de saúde. As
orientações devem ocorrer durante a internação, mas com a perspectiva da alta
desse paciente, servindo de norteador para o mesmo e, também, para os seus
acompanhantes.

As cartilhas de prevenção de quedas foram os recursos mais utilizados pelos


terapeutas ocupacionais com o objetivo na prevenção de novos eventos, pois esses
fatores de risco são passíveis de tratamento ou abordagens de reabilitação para
melhorá-los. Em estudo feito por Rubenstein e Josephson (2006, tradução nossa)
notou-se que é possível identificar pessoas que apresentam um risco
substancialmente aumentado de sofrer uma queda ou lesão relacionada à queda,
detectando a presença de fatores de risco.

26
Acolhimento familiar e preparação para a alta

Faz parte da atuação do terapeuta ocupacional prestar assistência também


ao familiar do paciente hospitalizado. Na análise dos prontuários foram identificados
que o cuidador foi abordado com diferentes questionamentos: “Suas dúvidas estão
sendo sanadas?”, “Está ciente da situação do paciente?”, “Como está lidando com a
internação?”, “Sente-se preparado(a) para o cuidado? Existem dificuldades?” e
“Qual o impacto de ser cuidador nesse momento da sua vida?”. Por meio dessas
perguntas norteadoras, a sobrecarga surge como a principal queixa dos familiares,
que pode ser definida como o “conjunto de responsabilidades e sentimentos
decorrentes do cuidar, que, frequentemente, é interpretado como peso nas vidas
dos cuidadores, uma incumbência, ou condição de risco ao qual estão expostas”
(JORGE; TOLDRÁ, 2017, p. 276).

Durante o acolhimento ao familiar, são relatadas aos profissionais


preocupações e dúvidas acerca do cuidado no contexto hospitalar e no retorno para
casa como acessibilidade doméstica, estruturação da rede de apoio (possibilidades
de moradia após a alta), além do sentimento de impotência diante do prognóstico e,
as barreiras apresentadas após esse novo cenário, sobrevém aos cuidadores.
Segundo Ballarin e colaboradores (2016), a sobrecarga engloba a esfera
biopsicossocial, levando em consideração diversos fatores do cuidador e suas
variáveis como: condições físicas, sociais e psicológicas, os papéis
desempenhados, recursos financeiros, disponibilidade de tempo para o cuidado e
outros elementos.

Como observado, a hospitalização acarreta mudanças físicas e/ou


emocionais não apenas no paciente, mas na vida daqueles que o acompanham.
Voltar o olhar para aqueles que se desdobram para prestar cuidados nesse período
tão delicado é importante, por isso que o acolhimento familiar se caracteriza como
uma ação da Terapia Ocupacional. A hospitalização impõe reorganização do
funcionamento familiar, e essas mudanças repercutem na presença permanente ou
não do familiar no hospital, o que gera descontentamento no idoso que se sente
sozinho e no parente que se culpa por não estar presente o tempo que gostaria. As
demandas supracitadas, foram ouvidas, acolhidas e, coletivamente, foram sendo
construídas as possibilidades de resolução ou formas de minimizá-las. Quando

27
necessário, o serviço social foi acionado e pode ajudar com questões sociais, como
a aquisição de auxílios, obtenção de tecnologias assistivas (cadeira de rodas,
muletas, cadeira de banho) e articulação para o seguimento com os serviços do
Sistema Único de Assistência Social (SUAS) dos respectivos territórios.

Enfoque no seguimento após a alta hospitalar

Com base na análise dos prontuários, foram vistos os encaminhamentos que


ocorreram após a alta hospitalar, entendendo que o cuidado em saúde se perpetua
após esse procedimento, para que diminua a incidência de reinternações.

Desde 2010, no HU-USP ocorre por meio do programa intitulado Grupo de


Prevenção de Quedas (GPQ) atendimentos com o objetivo de promover a
prevenção de quedas na população idosa a partir da atenção de uma equipe
multiprofissional. Os idosos elegíveis são aqueles com histórico de quedas ou
predisposição para estes eventos, sendo assim, a maioria dos pacientes idosos
atendidos pela T.O nas enfermarias foram encaminhados para esse grupo. Outro
encaminhamento foi realizado para o Grupo de Apoio a Alta Multi Assistencial
(GAAMA). Esse grupo visa acompanhamento do usuário que recebeu alta, através
de contato telefônico durante um ano ou até sua inserção em serviço de
reabilitação. O GAAMA foi desenvolvido em 2013 e constituído por residentes do
Promoção à Saúde e Cuidado na Atenção Hospitalar - Área de concentração Adulto
e Idoso em fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional no HU-USP. Dessa
forma, os idosos com histórico de quedas ou internados por um episódio de quedas
são assistidos para que ocorra a continuidade de cuidado na rede (TOLDRÁ et al,
2019). O Ambulatório de Neurologia Multidisciplinar também regido pelos residentes
semanalmente, foi uma possibilidade de continuidade em saúde para os idosos que
sofreram AVE e que precisavam dos cuidados fonoaudiológicos, fisioterapêuticos e
terapêuticos ocupacionais.

Encaminhamentos pela equipe médica e/ou serviço social também ocorreram


para outros serviços do SUS, como: hospitais de retaguarda quando a família não
tem condições de residir com o idoso ou para o Programa de Assistência
Domiciliária (PAD), que tem como ideia central o atendimento domiciliar do paciente,
visando diminuir seu período de permanência no hospital, com orientação do

28
indivíduo para o autocuidado e o preparo da família na complementação desta
assistência (ANDREONI et al, 1994).

Entretanto, existem falhas no fluxo das redes e essa problemática da gestão


dos serviços não se resume apenas à questão estrutural e operacional, mas nos
modelos assistenciais adotados, recaindo de maneira incisiva sobre o exercício
profissional e sobre a qualidade das práticas de continuidade e integralidade do
cuidado em saúde (BELGA et al, 2022).

“O processo de alta do paciente busca a construção de alta segura como


programas de pré-alta, ficha de desospitalização, planejamento de alta, alta
responsável, alta assistida. Esses dispositivos de mobilização para a alta
baseiam-se na transferência do cuidado realizada por meio de orientação ao
usuário, ao seu familiar e ao cuidador, ou mesmo a outros profissionais da
saúde, visando à continuidade do tratamento” (BELGA et al, p. 564, 2022).

Assim como a assistência é de responsabilidade de todo profissional da


saúde, o encaminhamento também é. Os cuidados não devem ser prestados
apenas nas quatro paredes do quarto, mas o profissional precisa garantir que o
paciente continuará inserido na rede e recebendo os cuidados necessários para seu
retorno à família, território e sociedade.

CONCLUSÃO

As intervenções de Terapia Ocupacional apesar de não abranger todos os


pacientes internados nas ECM-HU e ECC-HU, teve sua relevância na prestação de
assistência ao idoso com histórico de quedas e seus familiares. A hospitalização
provoca diversos impactos que vão além do motivo de internação e requer
observação, além de atenção mais integral daquilo que emana durante a fase de
internação e após ela, como as angústias, dúvidas e preocupações do novo
cotidiano que passou a vivenciar dentro do contexto hospitalar e as mudanças que
virão após o retorno para casa.

As ações de terapia ocupacional envolveram atenção voltada aos idosos e


seus cuidadores visando o acolhimento de ambos, esclarecimento quanto ao quadro
clínico, tratamento e adesão; orientações para favorecer o período hospitalar e a
alta; atividades cognitivas, motoras, funcionais; encaminhamentos e articulação com

29
outros profissionais. Essas atuações repercutiram na assistência ao idoso, seus
familiares e equipe, sempre com o objetivo de proporcionar qualidade de vida
durante a internação, autonomia e independência para o desempenho das
atividades, além da educação em saúde com o intuito da prevenção de novos
agravos, pois os mesmos causam impacto diretamente em sua rede de apoio, na
sociedade e nos serviços de saúde.

Vale salientar que a prevenção de novos episódios de quedas necessita não


apenas de educação em saúde, mas no acompanhamento objetivando o
seguimento na rede de saúde. O HU-USP possui o selo Hospital Amigo do Idoso e,
portanto, tem como uma de suas metas assistenciais à população idosa e suas
famílias. Tendo em vista as experiências vivenciadas nas ECM-HU e ECC-HU, no
presente estudo, observou-se grande incidência de pessoas idosas por terem
sofrido quedas ou apresentarem em seu histórico ocupacional episódio de quedas
hospitalizadas por curto ou longo período, o que pode gerar desgastes físicos e/ou
emocionais, ruptura de cotidiano, sobrecarga do cuidador e necessitam de
educação em saúde no que diz respeito à prevenção de novas quedas. No entanto,
constata-se que nem sempre os idosos com histórico de quedas hospitalizados
recebem informações mais sistematizadas sobre os cuidados e medidas de
prevenção de quedas durante o período de internação ou mesmo são
encaminhadas para o GPQ, GAAMA ou para outro serviço no momento da alta,
além dos profissionais de Terapia Ocupacional, o que indica a necessidade de
construção de ações integrais para essa população.

Nota-se que é necessário que todos os profissionais da saúde envolvidos no


cuidado do idoso com histórico de quedas orientem o mesmo e seus
acompanhantes a dar continuidade no cuidado em saúde após a alta,
encaminhando às especialidades do Hospital (como o GPQ citado anteriormente) ou
o seu retorno para a rede recebendo assistência continuada da sua Unidade Básica
de Saúde e/ou outro nível de atenção.

Como limite do estudo pode-se citar o fato de que o mesmo foi desenvolvido
por meio de estudo documental da Terapia Ocupacional do qual não possuía
aprofundamento das ações desenvolvidas. Salienta-se para a importância de
estudos mais sistematizados sobre a atuação do terapeuta ocupacional, em

30
conjunto com os demais profissionais da equipe com a população idosa que possui
histórico de quedas possa ser desenvolvido, para qualificar a atenção a essa
população e seus cuidadores.

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