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CAROLINE DE FARIA PIZZETTI


FERNANDA LOUISE NEVES JAQUES PEREIRA
GABRIELLE MACHADO DA CUNHA SCIAMANA
GABRIELLI DA SILVA VERONEZE
JÉSSICA APARECIDA FEDALTO
MAITÊ APARECIDA RAMIRES
SOLANGE SILVA

TERAPEUTA OCUPACIONAL NO CONTEXTO DE REABILITAÇÃO HOSPITALAR


PÓS-AVC

Trabalho da disciplina Metodologia do Trabalho


Científico e da Pesquisa, Curso de Terapia
Ocupacional, Setor de Ciências da Saúde,
Universidade Federal do Paraná

Prof.ª: Rita Aparecida Bernardi Pereira

CURITIBA
2017
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................3
2 A REABILITAÇÃO NO CONTEXTO HOSPITALAR............................................4

2.1 HISTÓRIA DA REABILITAÇÃO NO CONTEXTO HOSPITALAR.........................4

3 O ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL...............................................................5

3.1 IMPACTOS DA DOENÇA NA VIDA DO PACIENTE E EM SUAS OCUPAÇÕES


DIÁRIAS........................................................................................................................5

4 INTERVENÇÃO DO TERAPEUTA OCUPACIONAL...........................................6

4.1 PLANEJAMENTO E APLICAÇÃO DA ATIVIDADE...............................................6


4.2 ALTA DO PACIENTE.............................................................................................7

5 CONCLUSÃO........................................................................................................8
REFERÊNCIAS.............................................................................................................9
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1 INTRODUÇÃO

A metodologia desse trabalho faz parte de uma pesquisa bibliográfica de


literatura narrativa que tem como objetivo apresentar as possibilidades de ação do
terapeuta ocupacional no ambiente hospitalar – na reabilitação de pacientes pós-
AVC. Esse ramo surgiu no início da década de 50, tendo como marco a atuação em
grandes hospitais.
O terapeuta ocupacional tem função importante de ligação, no ambiente
hospitalar, movimentando toda a equipe multidisciplinar, facilitando a liberação e
defendendo as demandas do paciente. Tem por objetivo a reinserção do indivíduo
na sociedade, propondo atividades que auxiliarão na sua recuperação, as quais,
simultaneamente, devem ser de interesse do cliente.
As incapacidades apresentadas por pacientes pós-AVC podem se relacionar
às áreas motoras, cognitivas ou sensoriais, as quais repercutem em um déficit de
autonomia, podendo influenciar o desempenho ocupacional do indivíduo.
Entender a ação do Terapeuta Ocupacional com pacientes que sofreram
Acidente Vascular Cerebral, bem como o impacto que a lesão/deficiência provoca
nas AVD´s/AIVD´s , requer uma maior compreensão da ocupação humana.
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2 A REABILITAÇÃO NO CONTEXTO HOSPITALAR

A reabilitação foi definida pela Organização Mundial da Saúde (1974) como:


“o uso combinado e coordenado de medidas médicas, sociais, educacionais e
vocacionais para treinar ou retreinar o indivíduo ao mais elevado nível possível de
habilidade funcional”, sendo, no contexto hospitalar, um trabalho multidisciplinar. Ela
distingue o processo de reabilitação em três diferentes áreas:
- Reabilitação médica: se dá pelo cuidado médico, com o objetivo
de desenvolver habilidades funcionais e psicológicas da pessoa.
- Reabilitação social: tem o objetivo de integrar ou reintegrar uma
pessoa incapacitada na sociedade.
- Reabilitação vocacional: fornece serviços vocacionais, com o
objetivo de reinserir a pessoa no mercado de trabalho

2.1 HISTÓRIA DA REABILITAÇÃO NO CONTEXTO HOSPITALAR

O processo de reabilitação se iniciou em 1950, com os mutilados pós-guerra. Dentro


deste contexto histórico, o médico era responsável pelo encaminhamento,
prescrição e também a alta do paciente. A terapia ocupacional poderia então ser
dividida em duas grandes áreas: física e psicológica, com o objetivo de capacitar o
indivíduo para sua atuação profissional, visto a crise pós-guerra em que a sociedade
se encontrava. (LUZO, 2004)
Atualmente, o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional
(COFFITO) permite que o terapeuta ocupacional realize procedimentos de
prescrição e encaminhamentos de reabilitação física. (CREFITO, 2016)
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3 O ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

O acidente vascular cerebral (AVC) caracteriza-se pela instalação de um


déficit neurológico focal repentino e não convulsivo, determinado por uma lesão
cerebral secundária a um mecanismo vascular e não traumático; ocorre quando os
vasos sanguíneos cerebrais são bloqueados ou se rompem e são classificados em
dois tipos: hemorrágico e isquêmico. O primeiro decorre do rompimento de um vaso
cerebral; o segundo, da obstrução de uma artéria. (TERRANOVA, 2012)
Nos dois tipos apresentados, uma vez que o sangue, contendo oxigênio e
nutrientes, não chega em determinadas áreas do cérebro, ocorre a perda das
funções dos neurônios, causando sinais e sintomas que dependerão da região
afetada. O derrame cerebral atinge pessoas de todas as idades, sendo raro na
infância. Deve ser considerado um ataque cerebral, pois é uma das causas mais
frequentes de morte e incapacidades entre a população adulta brasileira. A repetição
do derrame cerebral é frequente – cerca de 25% dos pacientes recuperados de seu
primeiro AVC, tendem a ter um próximo em aproximadamente 5 anos. (CRUZ, 2009)

3.1 IMPACTOS DA DOENÇA NA VIDA DO PACIENTE E EM SUAS OCUPAÇÕES


DIÁRIAS

Mesmo sendo uma doença no cérebro, o AVC pode comprometer o


organismo todo. As principais sequelas causadas pelo AVC são: diminuição ou
perda súbita, bem como alteração da sensibilidade com sensação de formigamento
na face, braço ou perna de um lado do corpo; perda da visão em um ou nos dois
olhos; alteração aguda da fala, incluindo dificuldades para articular, expressar ou
compreender a linguagem; dor de cabeça súbita e intensa, sem causa aparente;
instabilidade, vertigem e desequilíbrio associados à náuseas e vômitos. A pessoa
pode sofrer diversas complicações, como alterações comportamentais e cognitivas,
dificuldades para se alimentar, constipação intestinal, epilepsia vascular e
depressão, decorrentes da imobilidade e do acometimento muscular. (ARES, 2003).
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4 INTERVENÇÃO DO TERAPEUTA OCUPACIONAL

Programas de reabilitação têm contribuído significativamente para diminuir os


danos causados pelo AVC, porém, para que o êxito seja alcançado, é fundamental
que se iniciem o mais cedo possível as medidas de reabilitação, como forma de
garantir uma recuperação eficaz, que deve ser iniciada assim que o quadro clínico
se estabiliza. (PERLINI; FARO, 2005).
Para autores como Rocha e Mello (2004), a intervenção do terapeuta
ocupacional em hospitais deve promover ações que melhorem ao máximo a
comunicação entre o paciente, a família e a equipe como parceiros da situação.
Dessa forma, o terapeuta ocupacional estará instrumentalizando o paciente e a
família para o resgate de sua autonomia e independência nas atividades de vida
diária, e proporcionando-lhe oportunidades de escolha e de tomadas de decisões.
O processo de reabilitação do paciente que sofre um AVC inicia-se na fase de
hospitalização. As intervenções devem começar logo que o paciente estiver
clinicamente estável e essa assistência imediata é necessária para garantir maior
recuperação das funções motoras e sensório-perceptivas. A falta de orientação
quanto ao posicionamento no leito e o atraso no início da estimulação sensorial
podem acarretar perdas significativas na evolução e na recuperação do quadro de
lesão (CARVALHO, 2004).
A educação do paciente e da família é uma parte integrante do processo de
reabilitação desde o início, o que torna crucial que as famílias e os pacientes
compreendam as alterações que ocorreram durante o processo. A possibilidade de
acesso às mesmas informações várias vezes, favorece compreender todas as
alterações pelas quais estão passando no momento. Quanto mais cedo as famílias
são envolvidas nos cuidados do ente querido, mais fácil compreendem e tornam-se
parte do processo (PULASKI, 2002).

4.1 PLANEJAMENTO E APLICAÇÃO DA ATIVIDADE

De acordo com Araújo e Caldas (1998) papel do cuidador é muito importante


na fase inicial para prevenir a instalação do espasmo muscular por meio de um bom
posicionamento no leito. A posição correta deve ser contrária à atitude espástica, o
que deve tornar-se um hábito na vida do paciente hemiplégico.
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Nesse sentido, os cuidados da Terapia Ocupacional abrangem as áreas


ocupacionais que envolvem as atividades básicas e instrumentais da vida diária,
bem como o trabalho, a educação, o brincar, o lazer e a participação social. Essas
áreas podem variar de acordo com a idade da pessoa, o tipo de atividade, rotina,
hábitos, dentre outros fatores. Diante disso, o principal foco do terapeuta, para a
reabilitação da pessoa com AVC deve ser adaptar e manter o desempenho do ser
humano nas diferentes ações cotidianas. (JOHNSTONE, 1986).
Uma das inúmeras atividades que um terapeuta ocupacional pode realizar é o
estímulo da memória com os pacientes, através de jogral de canções, bingos
interativos e vários outros tipos de jogos em que se pode trabalhar a função
cognitiva. O uso da realidade virtual para o treino da força muscular, associado ao
treino aeróbico e a simulação de atividades diárias, também propiciam melhora na
função de membros superiores e inferiores, bem como a utilização de instrumentos
que dessensibilizam o membro envolvido, amenizando a lesão tátil dolorosa. É
importante que o profissional trabalhe lembrando sempre de prestar a devida
atenção ao hemicorpo que foi prejudicado (ECHER, 2005)
A família é codependente de tudo que ocorre ao paciente, muitas vezes, não
tendo instruções suficientes para lidar com as adaptações necessárias. Assim, o
terapeuta pode fornecer um material de instruções e informações, para que paciente
e familiares tomem ciência de todas as possíveis consequências da doença, bem
como todas as possíveis intervenções pendentes à família. (PULASKI, 2002).
Um material bem escrito ou uma informação de fácil entendimento melhora o
conhecimento e a satisfação dos pacientes, desenvolve suas atitudes e habilidades,
facilita-lhes a autonomia, promove sua adesão, torna-os capazes de entender como
as próprias ações influenciam seu padrão de saúde, favorece sua tomada de
decisão, sendo uma alternativa para promover saúde. A criação de manuais facilita o
trabalho da equipe multidisciplinar na orientação, que é também um processo de
tratamento, recuperação e autocuidado. Dispor de material educativo e instrutivo
facilita e uniformiza as orientações com objetivos primários de saúde. (MOREIRA,
2003)

4.2 ALTA DO PACIENTE


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O terapeuta ocupacional tem a função de orientar e preparar os cuidadores de


pacientes com AVC para retorno ao domicílio durante o momento da alta hospitalar
por meio de orientação verbal, finalizando com a entrega de um manual de
orientação de posicionamento e execução de atividades de vida diária. O
planejamento de alta deverá começar no momento da internação, com objetivos
centrados na necessidade de reabilitar, organizar o ambiente de vida da melhor
forma possível e assegurar a continuidade dos cuidados após a alta. O terapeuta
ocupacional em um ambiente de cuidados intensivos deverá instruir e orientar os
cuidadores para que eles colaborem no processo de reabilitação (WOODSON,
2005).
Segundo Motta e Ferrari (2004), a participação da família é fundamental no
processo de recuperação do paciente durante o período de alta hospitalar. O
paciente precisa sentir-se seguro e apoiado em suas necessidades para que se
efetivem as orientações da equipe multidisciplinar. O terapeuta ocupacional deve
orientar o acompanhante, seja ele um familiar cuidador ou um cuidador formal, pois
esse acompanhamento irá refletir na recuperação.
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5 CONCLUSÃO

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou uma análise da


importância do terapeuta ocupacional no contexto hospitalar, que tem como objetivo
manter e implementar o bem-estar físico, emocional e cognitivo do paciente, em
conjunto com a equipe multidisciplinar, proporcionando sentido à vida do indivíduo.
No contexto pós-AVC, o profissional tem grande importância no processo de
recuperação da pessoa, favorecendo sua independência nas atividades e
ocupações diárias; auxiliando sua família no processo adaptativo, e garantindo-lhe
acesso à participação ativa na sociedade.
Sendo assim, conclui-se que é de extrema importância a participação de
terapeuta ocupacional para uma recuperação mais efetiva. O profissional deve
utilizar-se de uma gama de atividades para acelerar a alta e preparar toda a família
nesse processo devolvendo ao paciente seus diversos papéis ocupacionais, hábitos
e rotinas em diversos ambientes que antes do trauma costumava possuir.
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REFERÊNCIAS

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