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CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO OSWALDO CRUZ

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM: ENFERMAGEM EM URGÊNCIA E


CUIDADOS INTENSIVOS

GLAUCIA ALMEIDA LEITE BRITO

ESTRATÉGIAS UTILIZADAS POR PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM


FRENTE AO ESTRESSE OCUPACIONAL

SÃO PAULO
2022
GLAUCIA ALMEIDA LEITE BRITO

ESTRATÉGIAS UTILIZADAS POR PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM


FRENTE AO ESTRESSE OCUPACIONAL

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como requisito para aprovação
no CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM:
ENFERMAGEM EM URGÊNCIA E
CUIDADOS INTENSIVOS, CENTRO DE
PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E
EXTENSÃO OSWALDO CRUZ, sob
orientação de MARIA CRISTINA RICCI
QUEIROZ.

SÃO PAULO
2022
RESUMO

O tema estresse na enfermagem tem sido amplamente estudado em diferentes contextos da


assistência, mas ainda merece destaque por considerar as peculiaridades presentes na
atividade profissional, as diferenças regionais que impactam no modelo de assistência
adotado e os recursos de gerenciamento na estratégia de trabalho. As transformações
ocorridas no mundo do trabalho em saúde e enfermagem, nos últimos séculos, ao lado de
grandes avanços tecnológicos e benefícios para a população, resultaram em um ambiente
de prática permeado por mudanças e situações precursoras de estresse emocional com
implicações para a segurança do paciente e saúde do profissional. justificativa: A
impossibilidade de excluir o estresse no cotidiano do profissional de enfermagem
evidencia a importância de se buscar estratégias de enfrentamento dele, na tentativa de
conter o dano emocional causado nos trabalhadores. Metodologia: Trata-se de uma revisão
bibliográfica, descritiva e exploratória com análise qualitativa dos dados. A pesquisa foi
realizada nas bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), e na Scientific Eletronic
Library Online (SciELO). No período de 29 de Março de 2022 a 23 de Maio de 2022, com
10 artigos selecionados através da expressão chave/descritores: Enfermagem, Estresse,
coping e burnout. Conclusão: Em virtude dos inúmeros desgastes à saúde do trabalhador de
enfermagem, ocasionados pela exposição às cargas de trabalho, torna-se indispensável a
identificação das cargas que os trabalhadores estão expostos, buscando prevenir e traçar
estratégias que visem um trabalho saudável.

Descritores: Enfermagem, Estresse, coping e burnout.


ABSTRACT

The issue of stress in nursing has been widely studied in different contexts of care, but it
still deserves to be highlighted because it considers the peculiarities present in the
professional activity, the regional differences that impact the care model adopted and the
management resources in the work strategy. The changes that have taken place in the
world of health and nursing work in recent centuries, along with major technological
advances and benefits for the population, have resulted in a practice environment
permeated by changes and precursor situations of emotional stress with implications for
patient safety. and professional health. justification: The impossibility of excluding stress
in the daily life of nursing professionals highlights the importance of seeking coping
strategies in an attempt to contain the emotional damage caused to workers. Methodology:
This is a bibliographic, descriptive and exploratory review with qualitative data analysis.
The research was carried out in the following databases: Virtual Health Library (BVS), and
Scientific Electronic Library Online (SciELO). In the period from March 29, 2022 to May
23, 2022, with 10 articles selected through the key expression/descriptors: Nursing, Stress,
coping and burnout. Conclusion: Due to the numerous strains on the health of the nursing
worker, caused by exposure to workloads, it is essential to identify the loads that workers
are exposed to, seeking to prevent and devise strategies aimed at healthy work.

Descriptors: Nursing, Stress, coping and burnout.


Sumário
INTRODUÇÃO 6
JUSTIFICATIVA 8
METODOLOGIA 8
SINAIS E SINTOMAS E PATOLOGIAS LIGADAS AO ESTRESSE OCUPACIONAL 9
ESTRESSE OCUPACIONAL E BURNOUT 9
RISCOS DO ESTRESSE OCUPACIONAL NA ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM 10
ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO 11
CONCLUSÃO 12
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 13
INTRODUÇÃO

O tema estresse na enfermagem tem sido amplamente estudado em diferentes


contextos da assistência, mas ainda merece destaque por considerar as peculiaridades
presentes na atividade profissional, as diferenças regionais que impactam no modelo de
assistência adotado e os recursos de gerenciamento na estratégia de trabalho. As
transformações ocorridas no mundo do trabalho em saúde e enfermagem, nos últimos
séculos, ao lado de grandes avanços tecnológicos e benefícios para a população, resultaram
em um ambiente de prática permeado por mudanças e situações precursoras de estresse
emocional com implicações para a segurança do paciente e saúde do profissional
(ANDOLHE, 2015).
O processo de trabalho é constituído por condições geradoras de cargas de trabalho
que atuam direta ou indiretamente na saúde dos trabalhadores. Na Enfermagem, às cargas
de trabalho estão relacionadas ao excesso de trabalho, estruturas físicas inadequadas,
jornadas de trabalho excessivas e escassez no quantitativo de trabalhadores. Estas
condições provocam desgastes à saúde dos trabalhadores, os quais podem apresentar
dificuldade no desenvolvimento da assistência ao paciente. As cargas de trabalho são
diferenciadas pela maneira que atuam no corpo do trabalhador. São caracterizadas como
cargas de materialidade externa as cargas físicas, químicas, biológicas e mecânicas. São
caracterizadas como cargas de materialidade interna as cargas fisiológicas e psíquicas.
Entre as cargas de materialidade externa, destacam-se como cargas físicas as mudanças de
temperatura e as radiações ionizantes; como cargas químicas, a manipulação de produtos
químicos e medicamentos em geral; as cargas biológicas são identificadas pela exposição
ao sangue, fluídos corporais e manipulação de materiais contaminados. As cargas
mecânicas podem ser caracterizadas por acidentes de trabalho com perfurocortantes e
violência física. (CARVALHO, 2019).
Sabe-se que o estresse no modo de vida atual tornou-se importante e é reconhecido
como um dos riscos ao bem-estar psicossocial do indivíduo, relacionado, por vezes, a
alterações no estado de saúde. E, ainda, pode colocar em risco a saúde dos membros da
organização e pode ter como consequências no desempenho do profissional baixa moral,
alta rotatividade, absenteísmo e violência no local de trabalho (GUIDO, 2011)
As diversas reações do corpo humano ao trabalho, manifestadas pelo prazer e pela
satisfação, mas, também, pela dor, adoecimento, desgaste, sofrimento mental e físico, que
desencadeiam incapacidades, absenteísmo, aposentadoria precoce e até a morte, entre os
trabalhadores de enfermagem, vêm sendo foco de diversos estudos brasileiros. Estudos
realizados com profissionais de enfermagem em hospitais demonstraram que grande parte
desses trabalhadores realiza duas ou três jornadas de trabalho, o que reflete em poucas
horas para lazer, repouso, atividade física, qualidade do sono, além do aumento das
exposições às cargas e riscos presentes nos ambientes de trabalho (MININEL, 2013).
O trabalho na área hospitalar tem potencial gerador de prazer e/ou sofrimento aos
profissionais da enfermagem. O sofrimento caracteriza-se por situações frustrantes geradas
no ambiente de trabalho, como impotência, desânimo, insatisfação, culpa, tristeza, além de
outros sentimentos que causam desgaste físico e emocional durante o trabalho,
prejudicando assim o rendimento do profissional, podendo levá-lo ao adoecimento.
Sofrimento diante a incapacidade/impotência no atendimento; dependência da assistência
do médico e a morte do paciente. Assim, o sofrimento surge quando se sentem debilitados
e impotentes frente à proximidade com a dor e a morte; padecimento dos pacientes,
impotência diante de esforços fracassados, acarretando em conflitos pessoais (KOLHS,
2017).
O trabalho em hospitais tem características particulares e abrange várias situações-
limite como vida/morte, saúde/doença que acabam influenciando no bem-estar da própria
equipe de saúde, podendo gerar estresse e adoecimento. Autores da área da psicologia da
saúde apontam que poucos ambientes de trabalho são tão complexos como um hospital,
pelo fato de ser ao mesmo tempo um centro de cuidado à vida e um local de doença e
morte. Considerado por muitos um ambiente de trabalho penoso e insalubre por lidar com
o sofrimento, a dor, a doença e a morte humana, o hospital também exige atenção
constante do trabalhador, no sentido de prevenção de acidentes de trabalho e/ou
contaminações. O grau de insalubridade e o risco de contaminações irão depender do tipo
de atenção dada ao doente pelo profissional da saúde e do setor de atuação. Profissionais
que desempenham funções que exijam contato mais direto com o paciente, principalmente
quando relacionado a procedimentos invasivos, estão mais propensos aos riscos citados
(MATURANA, 2014)
A experiência de estresse vem acompanhada pelo processo de coping. O coping
pressupõem a mobilização de recursos, através dos quais o indivíduo irá empreender
esforços cognitivos e comportamentais para gerir as exigências internas ou externas que
resultam da interação com o meio ambiente, que são avaliadas como ameaça e excedem as
capacidades individuais de confronto. Segundo estudos anteriores, para lidar com o
estresse ocupacional, os enfermeiros utilizam estratégias de coping, de tipo preservação
(demarcação de limites no envolvimento de situações causadoras de estresse), reconstrução
(ações que permitem a reconstrução de identidade equilibrada) e reavaliação (reanálise de
situações em termos de significado e de alternativas de resolução) (GOMES, 2013).
A escala "Estratégias de Coping Ocupacional” (ECO), instrumento formulado para
mensurar o coping no ambiente ocupacional, foi adaptada para o Brasil em 2003. Ela é
composta por 29 itens relacionados ao modo como os indivíduos lidam/enfrentam os
problemas do ambiente de trabalho, classificados em 3 categorias: Controle (11 itens),
esquiva (9 itens) e manejo dos sintomas (9 itens). A categoria controle engloba as ações e
as reavaliações de enfrentamento ou confronto com o estressor; a esquiva inclui ações de
conteúdo escapista relativas a ações e reavaliações que sugerem fuga ou distanciamento do
problema; e o manejo de sintomas engloba as estratégias de relaxamento ou atividades
físicas como forma de enfrentamento do estresse (MONTEIRO, 2013).

JUSTIFICATIVA

A impossibilidade de excluir o estresse no cotidiano do profissional de enfermagem


evidencia a importância de se buscar estratégias de enfrentamento dele, na tentativa de
conter o dano emocional causado nos trabalhadores.
Estratégias de coping podem ser adotadas pelos profissionais e pode ser útil iniciar
ou aprofundar a discussão dessa temática, de forma a propiciar maior satisfação no
trabalho, que irá refletir no cuidado prestado, melhorando consequentemente a qualidade
da assistência aos pacientes.

METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão bibliográfica, descritiva e exploratória com análise


qualitativa dos dados. A pesquisa foi realizada nas bases de dados: Biblioteca Virtual em
Saúde (BVS), e na Scientific Eletronic Library Online (SciELO), através dos descritores:
estresse ocupacional, enfermagem e coping. Utilizou-se como critérios de inclusão artigos
publicados entre os anos de 2010 a 2019, lendo se resumo e conclusão e selecionando os
10 principais que tivessem mais relevância para a temática abordada.

SINAIS E SINTOMAS E PATOLOGIAS LIGADAS AO ESTRESSE


OCUPACIONAL

Em síntese, os estudos apontam uma variedade de sinais e sintomas e patologias


ocasionadas pelo estresse ocupacional entre eles estão: a) Sinais e Sintomas: Cefaleia,
mialgia seguida com sensação de fadiga, sensação de desânimo pela manhã, dificuldades
para dormir ou sono entrecortado, indisposição gástrica, e dores estomacais, taquicardia,
tremores musculares, inapetência, sensação de fôlego curto e rubor facial, sensação de
agulhadas pelo corpo, desgastes físicos, conflitos emocionais, cansaço, alterações
cardiovasculares, lombalgias, síndromes depressivas, síndrome do pânico, esgotamento
emocional, palpitações, extremidades frias, resfriados constantes, confusão, perda do senso
de humor, raiva, frustração, preocupação, medo, irritabilidade, impaciência, náuseas em
escala moderada, impotência, desconforto visual e ansiedade. b) Patologias: Infarto agudo
do miocárdio, distúrbios mentais neurológicos, psiquiátricos, síndromes depressivas,
síndrome do pânico, hipertensão, gastrite, doenças somáticas e síndrome de burnout.
Diante de todos estes agravos associados, seja por causa ou efeito do estresse ocupacional,
o organismo do profissional de enfermagem necessita mobilizar energia extra para retomar
seu equilíbrio inicial (GUIDO, 2011).

ESTRESSE OCUPACIONAL E BURNOUT

Alguns estudos demonstraram a Síndrome de Burnout como sendo uma recorrente


patologia associada e com prevalência dentre os agravos que podem ser desencadeados e
ou como efeito do estresse ocupacional. Essa síndrome se caracteriza por três dimensões,
sendo a exaustão emocional, a realização profissional e a despolarização. O sofrimento
moral está diretamente ligado ao desenvolvimento da síndrome de burnout, sendo que esta
pode ocorrer por diversos fatores, dentre eles se destacam as práticas assistenciais e o
envolvimento exacerbado do profissional da equipe de enfermagem com o cuidar. Na
maioria das vezes se desenvolve num período de 10 anos de exposição direta às atividades
laborais associadas aos problemas cotidianos, tais como, trânsito e relacionamentos entre
pacientes e cuidadores (CARVALHO, 2019).
Muitas vezes a equipe de enfermagem transcende o seu papel de cuidadora e passa
a atribuir os sofrimentos e as problemáticas vivenciada pelos pacientes que estão sendo
assistidos para si, querendo realizar o papel de advogado do paciente, acarretando ao
profissional da equipe de enfermagem um estresse na defesa da integridade e dos valores
do cuidado. Outro fator determinante em que a equipe de enfermagem tem dificuldade é no
compartilhamento de saberes. A participação na equipe multiprofissional pode ficar
deficitária acarretando conflitos, estresse e muitas vezes não conseguem ser membros
efetivos de uma equipe multiprofissional com ênfase na interdisciplinaridade
(CARVALHO, 2019).
O enorme investimento cognitivo e emocional que se dá na assistência direta
prestada ao paciente são fatores que contribuem em larga escala para o desencadeamento
da síndrome de burnout. Na maioria das vezes, o trabalhador insatisfeito consigo com
características depressivas e irritantes próprias não consegue responder às próprias
exigências, devido ao seu relacionamento intrapessoal estar colidente. Tais características
podem gerar conflitos com a chefia, com a equipe e o afastamento do profissional de sua
clientela como uma forma de refúgio.

RISCOS DO ESTRESSE OCUPACIONAL NA ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM

Segundo um conjunto ampliado de estudos, o estresse é responsável pela


diminuição da qualidade do desempenho profissional, pela diminuição da satisfação e bem-
estar do indivíduo, pela estagnação do desenvolvimento pessoal e pelo absentismo laboral.
Os fatores individuais e os recursos sociais podem moderar a reação às causas de estresse
ocupacional. Nas instituições de saúde, o estresse profissional é referido na literatura como
determinante da diminuição da qualidade dos serviços prestados, aumento do número de
erros e elevados custos financeiros. os estressores identificados relacionam-se
principalmente a aspectos organizacionais e condições de trabalho, e as estratégias de
coping escolhidas estão direcionadas para a resolução de problemas e melhoria do bem-
estar dos enfermeiros. Percentagem expressiva de enfermeiros apresentou níveis elevados
de pressão e emoções deprimidas. Os resultados apresentados corroboram estudos
anteriores que alertam para a importância do desenvolvimento de estratégias de prevenção
dos níveis de estresse (GOMES, 2013).
Os estudos identificaram que a assistência de enfermagem compreendida nos
serviços de alta e média complexidade tais como, atendimento pré-hospitalar (APH),
pronto atendimento (PA), unidade de terapia intensiva (UTI), unidades públicas de
urgência e emergência, pronto socorro (PS), unidades de hemodinâmica e os profissionais
da área de enfermagem capacitados para atuarem nesses serviços, tais como os de
socorristas e intensivistas relataram um maior grau de prevalência de estresse ocupacional.
Observou-se que o ambiente de trabalho, de característica de alta e média complexidade, é
considerado estressante. Nesses ambientes, os profissionais sofrem intensas demandas
devido aos atendimentos de alta complexidade, que requerem elevadas cargas de prontidão
e de responsabilidade, acarretando um desgaste emocional além dos problemas advindos
da prática laboral do cuidar (MATURANA, 2014).
O estresse ocupacional compromete o estado físico e mental do trabalhador da área
da enfermagem. Assim, pode apresentar dificuldades para compreender os fatos que estão
sendo vivenciados e de que forma esses estressores estão afetando a sua vida diária.

ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO

O processo de estresse desencadeia estratégias de enfrentamento, também


conhecidas pela palavra da língua inglesa “coping”. Atualmente, a definição mais utilizada
em pesquisas sobre estratégias de enfrentamento é a de Lazarus e Folkman (1984), que
definem o coping como uma variável individual representada pelas formas como as
pessoas comumente reagem ao estresse, determinadas por fatores pessoais, exigências
situacionais e recursos disponíveis. Com a finalidade de aferir o coping e criar uma medida
para uso em pesquisas, os autores Lazarus e Folkman (1980) desenvolveram o instrumento
denominado Ways of Coping Checklist. Segundo estes, o instrumento oferece vantagens
para os estudiosos de Coping por várias razões. Uma delas é o fato de que este foi
projetado para aferir o coping em uma situação específica, podendo ser utilizado para
análise individual ou de comparação. O instrumento também permite que o sujeito
caracterize a complexidade de suas ações e pensamentos em determinada situação. Em
outra pesquisa sobre tema, agora em 1986, Folkman e Lazarus (1986) elaboraram uma
nova versão revisada do instrumento, o Ways of Coping Questionnaire Revised - WOCQ-
R, um questionário com 66 itens. Dentre os itens, encontra-se uma ampla gama de tipos de
“enfrentamento” e estratégias comportamentais que as pessoas utilizam para gerenciar
situações estressoras, sejam essas externas ou internas. De acordo com os autores, uma
análise fatorial do questionário produziu oito escalas, também chamadas de fatores nas
pesquisas atuais. Em seu artigo Appraisal, Coping, Health Status, and Psychological
Symptoms, Lazarus, et. al. (1986) citam os oito fatores de estratégias de enfrentamento,
sendo eles: Confronto, Afastamento, Autocontrole, Suporte Social, Aceitação de
Responsabilidade, Fuga-Esquiva, Resolução de Problemas e Reavaliação Positiva
(MATURANA, 2014).
Em ambiente hospitalar, a possibilidade de esquiva e fuga de situações estressoras
diminui, pois muitas vezes essas situações fazem parte do dia-a-dia da instituição. Diante
dessa realidade, os profissionais utilizam estratégias para enfrentar essas situações que
causam estresse e desconforto físico e emocional, as chamadas “estratégias de
enfrentamento”. Estas são parte integrante de um repertório comportamental aprendido ao
longo da vida e principalmente durante a formação acadêmica, estágios e residência, já que
as situações enfrentadas no ambiente de trabalho em hospitais, apesar de terem
semelhanças com eventos e situações cotidianas, têm suas próprias peculiaridades
(MATURANA, 2014).
Nesse contexto de prevenção, torna-se essencial a implementação de estratégias que
visem: (1) melhorar a organização do trabalho e a distribuição de funções, de forma a que
sejam respeitadas e efetivamente aproveitadas as capacidades e os recursos pessoais e
coletivos dos enfermeiros; (2) melhorar os canais de comunicação (maior adequação da
passagem de informação entre equipes), tornando mais efetiva essa comunicação; (3)
possibilitar o desenvolvimento e crescimento profissional (valorização das competências e
da profissão de enfermagem); (4) criar programas de formação contínua (formação em
serviço ou promoção de formação em cursos conferentes de competências transversais ou
específicas) e (5) desenvolver programas de apoio e prevenção de estresse (grupos de
discussão e grupos de suporte/apoio psicossocial para a ajuda na monitorização do estresse
e resolução de situações problemáticas).
CONCLUSÃO

A identificação dos estressores no trabalho corresponde a um agente de mudança,


uma vez que desenvolvidas as possíveis estratégias para minimizar seus efeitos, estas
podem tornar o cotidiano do enfermeiro mais produtivo, menos desgastante e,
possivelmente, valorizá-lo mais como ser humano e como profissional. Com isso, pode-se
afirmar que estudar o estresse dos enfermeiros no ambiente hospitalar permite uma melhor
compreensão das suas causas, o que contribui para elucidar questões cotidianas,
frequentemente enfrentadas por esses profissionais. Há, portanto, a necessidade de
aprofundar conhecimentos, para que haja uma ação mais condizente com as
transformações que têm ocorrido neste espaço de trabalho. Ações educativas devem ser
incentivadas, a fim de disponibilizar ferramentas para que o profissional desenvolva
estratégias de coping resolutivas em seu dia-a-dia, minimizando o efeito do estresse na sua
saúde e no seu trabalho.
Em virtude dos inúmeros desgastes à saúde do trabalhador de enfermagem,
ocasionados pela exposição às cargas de trabalho, torna-se indispensável a identificação
das cargas que os trabalhadores estão expostos, buscando prevenir e traçar estratégias que
visem um trabalho saudável.

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