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PSICOLOGIA

APLICADA AO
CUIDADO

Fernanda Egger Barbosa


A saúde mental do
profissional de enfermagem
no contexto de trabalho
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Apresentar um panorama sobre adoecimento e prática de enferma-


gem no Brasil.
„„ Analisar resiliência e engajamento do profissional de enfermagem.
„„ Descrever o papel do psicólogo para a promoção da saúde mental
de enfermeiros em diferentes contextos de atuação.

Introdução
A saúde mental do profissional de enfermagem no contexto do trabalho
é palco para inúmeras pesquisas e intervenção na área de saúde, saúde
do trabalhador e saúde ocupacional. Alguns temas comuns que com-
prometem a saúde da enfermagem no trabalho são relacionados a carga
de trabalho, condições de trabalho e relações interpessoais que colocam
em questão aspectos psicológicos do profissional e dos clientes (usuário
dos serviços, família e comunidade). Esses aspectos da organização do
trabalho podem gerar estresse, bem como a síndrome de burnout (ou
síndrome do esgotamento profissional).
A psicologia propõe o reconhecimento dos aspectos psicológicos
que incrementam o sofrimento e o fortalecimento da resiliência do
trabalhador de enfermagem, do engajamento e do posicionamento
ético no trabalho como forma de combater o estresse e a síndrome
de burnout, com propostas humanistas e, principalmente, advindas da
psicologia positiva.
2 A saúde mental do profissional de enfermagem no contexto de trabalho

Neste capítulo, você estudará sobre o adoecimento psíquico oriundo


do trabalho de enfermagem. Além disso, conhecerá os conceitos de resi-
liência, estresse, coping e engajamento. Por fim, verá algumas propostas
do campo da psicologia e da enfermagem para lidar com o cotidiano
de trabalho dos enfermeiros.

1 Adoecimento na prática de enfermagem


no Brasil
O adoecimento é um processo natural que pode ocorrer ao longo da vida
de um sujeito, em momentos diversos e com gravidades ímpares. Contudo,
neste capítulo, trataremos especificamente do adoecer no trabalho de um dos
profissionais que cuida da saúde: o profissional de enfermagem.
Segundo Nascimento (2019), a enfermagem tem como objeto de prática
profissional o cuidado do indivíduo, da família, da coletividade, oferecido
de forma integral e humanizada, uma vez que as necessidades de saúde têm
múltiplas dimensões existenciais, como, por exemplo, dimensões de natureza
biológica, epidemiológica, cultural e psicológica.
Vale apontar que o trabalho de enfermagem não é simples e existem proces-
sos de trabalho bem estabelecidos e definidos, amparados por leis e diretrizes
éticas da profissão. Em suma, o processo de enfermagem, desenvolvido em
todas as suas etapas, pode ser apresentado conforme a seguir (ALMEIDA;
LUCENA, 2011).

1. Anamnese, exame físico, levantamento e coleta de dados.


2. Diagnóstico de enfermagem.
3. Planejamento da intervenção, do cuidado, ou prescrição de enfermagem.
4. Implementação ou execução da intervenção.
5. Avaliação de resultados ou intervenção de enfermagem.

No Brasil, a enfermagem se insere nos três níveis de atenção à saúde:


primário, secundário e terciário. Segundo Magalhães (2010), na atenção
primária, a enfermagem atua fortemente nos programas de saúde da família
(PSF), estando presente nos projetos e estratégias de promoção da saúde como
protagonista nos movimentos de construção social em defesa dos princípios
fundamentais da reforma sanitária. Dessa forma, a enfermagem prepara a
população para receber as estratégias de saúde, elaborando territorialização,
sustentando a integração e a articulação na comunidade, identificando os
A saúde mental do profissional de enfermagem no contexto de trabalho 3

principais problemas das famílias envolvidas, desenvolvendo ações de educação


e preparando os agentes comunitários para o trabalho com essas famílias.
Segundo Ferreira, Medeiros e Carvalho (2017), o trabalho de enferma-
gem na atenção básica tem uma dimensão dupla: assistencial e gerencial.
A dimensão gerencial pode ser voltada para o indivíduo (na produção do
cuidado de enfermagem e na gestão de projetos terapêuticos) e para o coletivo
(no monitoramento da situação de saúde da população, do gerenciamento da
equipe de enfermagem e do serviço de saúde para a produção do cuidado)
e vincula-se à função essencial de prestar assistência a pessoas, famílias e
comunidades, desenvolvendo atividades para promoção, manutenção e recu-
peração da saúde, contribuindo, assim, com a implementação e consolidação
do Sistema Único de Saúde (SUS).

Na atenção básica, o enfermeiro é quem organiza toda a dinâmica de trabalho do


posto de saúde, detendo uma alta gama de responsabilidades. Além disso, ele trabalha
dentro de comunidades de baixa renda e de vulnerabilidades socioeconômicas, de
modo que outros fatores psicológicos, como medo e insegurança, podem se somar
no enfrentamento do dia a dia do profissional de enfermagem.

Segundo Erdman et al. (2013), na rede de saúde brasileira, a atenção


secundária é formada pelos serviços especializados, em níveis ambulatorial
e hospitalar, e atende a demandas de média complexidade, urgência e emer-
gência. Algumas unidades e serviços que compõem a atenção secundária em
saúde são: Unidade de Pronto Atendimento (UPA), Serviço de Atendimento
Móvel (SAMU), policlínicas, Centro de Especialidade Odontológica (CEO),
Centro de Atenção Psicossocial (CAPS).
No Brasil, há uma política nacional de atenção à urgência que determina que
o atendimento aos usuários deve ser prestado por todas as portas de entrada
do serviço do SUS, possibilitando uma resolução integral dos problemas de
saúde, em um sistema hierarquizado e regulado, organizado em redes regio-
nalizadas e em níveis crescentes de complexidade (SANTOS et al., 2013).
Entretanto, os serviços hospitalares de urgência atendem aos problemas não
diagnosticados e não resolvidos nas outras instâncias, pois, para a maioria da
população, as emergências hospitalares representam a principal alternativa
4 A saúde mental do profissional de enfermagem no contexto de trabalho

de atendimento, dispondo de consultas, remédios, procedimentos de enfer-


magem, exames laboratoriais e internações, ou seja, todas as necessidades da
população. Como consequência, há uma superlotação caótica das emergências,
criando dificuldades tanto para os pacientes quanto para a equipe de saúde,
pois é gerada uma carga de trabalho excessiva que, consequentemente, causa
estresse. Vale ressaltar que, informalmente, são os enfermeiros que negociam
no dia a dia a resolução dos problemas em emergência.
A atenção terciária em saúde abrange os atendimentos hospitalares gerais
e especializados, porém, após a reforma sanitária, sua gestão foi renovada.
Segundo Sousa et al. (2017), a renovação da gestão hospitalar tem por obje-
tivo propor modelos gerenciais que estimulem a autonomia profissional e a
coordenação do cuidado, facilitando a comunicação entre os profissionais e os
serviços, tendo em vista um clima organizacional mais efetivo para o cuidado
integral aos usuários. Nesse novo paradigma assistencial, o supervisor de enfer-
magem responde pelo cuidado de enfermagem e conta com enfermeiros-chefe
e assistentes, responsáveis pela qualidade da assistência, a fim de promover
a integração entre os diferentes profissionais de saúde por meio de relações
interdisciplinares. Na atenção terciária, também aparece a dupla modalidade
de trabalho: assistência e gestão, sendo o enfermeiro o supervisor ou gestor
que gerencia as enfermarias hospitalares.
Para Rosado, Russo e Maia (2015), o trabalho de enfermagem intermedeia
relações e impele a construção de formas de sociabilidade. Nesse sentido,
origina-se o ser social, que impulsiona a transformação da realidade e pode
ser um dos fatores determinantes de saúde, podendo contribuir para o seu for-
talecimento ou a sua deterioração. Mantovani et al. (2009) afirmam que, entre
os determinantes da saúde do trabalhador, há alguns condicionantes sociais,
econômicos, tecnológicos e organizacionais que correspondem a fatores de risco
ocupacionais. Assim, o foco das ações em saúde do trabalhador está voltado
para as alterações no processo de trabalho com atuação multiprofissional.

No site do Cofen, estão disponíveis informações sobre os desafios da prática de en-


fermagem. Um bom exemplo disso é o texto Cofen discute desafios na assistência de
Urgência e Emergência, que trata dos enfrentamentos na urgência e na emergência.
A saúde mental do profissional de enfermagem no contexto de trabalho 5

Na sociedade capitalista, infelizmente, o trabalho apresenta-se como veículo


de exploração da mão de obra e de desigualdade social. Em países como o
Brasil, com grandes desigualdades sociais, o trabalho também funciona como
desencadeador ou intensificador do desgaste da saúde. Segundo Rosado,
Russo e Maia (2015), esse desgaste é intensificado no caso do adoecimento
dos profissionais de saúde, pois estes vivenciam uma situação em que não
dependem apenas de sua competência ou compromisso, mas sim principalmente
das condições de trabalho, da interação e da adesão do usuário, bem como do
acesso e da reação aos procedimentos e orientações.
Os autores ressaltam, ainda, que, na realidade brasileira, os profissionais
que atuam principalmente em hospitais públicos de urgência e emergência
lidam continuamente com condições de trabalho precárias, como insuficiência
do quadro profissional, de materiais, equipamentos, falta de leitos e estruturas
físicas adequadas, superlotação e defasagem salarial. Todas essas condições
podem contribuir para o desgaste do profissional de saúde e fazê-lo adoecer.
Os profissionais de enfermagem ainda enfrentam os desafios impostos pelas
exigências de sua própria profissão. Mantovani et al. (2009) afirmam que a
enfermagem possui peculiaridades da sua área de atuação, que é assumida
pelos trabalhadores como aquém da necessidade das atividades inerentes ao
processo de trabalho.
Para Felli (2012), a enfermagem, inserida no setor terciário da economia,
sofre pelas condições de trabalho não condizentes com as especificidades de
sua prática. O autor afirma, ainda, que as estatísticas oficiais estão defasadas
e sem visibilidade para ajudar a compreender o adoecimento dos profissionais
de enfermagem. O panorama real do trabalho de enfermagem abrange jornada
de 24h/dia nas instituições de saúde com internação e em outras instituições
de saúde, onde os profissionais, por necessidade, acabam perfazendo um total
de 44h semanais, pois precisam cobrir ausências de outros trabalhadores, por
faltas e afastamentos devidos a acidentes ou doença, e escassez de trabalhadores
de enfermagem, intensificando o ritmo de trabalho. Essa escassez também
implica a desqualificação da assistência.
O impacto das políticas sociais é sentido na análise comparativa entre
salário e jornada de trabalho, pois as horas que deveriam ser pagas como
extras são computadas em “banco de horas”, que geralmente são aproveitadas
em virtude de afastamento por acidente ou licença médica, ou seja, de acordo
com as necessidades institucionais. Felli (2012) afirma que essas condições
de trabalho promovem riscos ocupacionais e geram desgaste e adoecimento,
comprometendo tanto a saúde e a vida dos trabalhadores quanto a qualidade
da assistência.
6 A saúde mental do profissional de enfermagem no contexto de trabalho

Diversos estudos (ALVES, 1996; STEAGALL-GOMES; MENDES, 1995;


NASCIMENTO, 2003 apud NOGUEIRA, 2007) corroboram a ideia de que a
carga horária intensa leva a enfermagem a manter um nível de produção que
excede o seu potencial fisiológico, gerando agravos à saúde do trabalhador.
Algumas situações que favorecem o adoecimento são: carga de trabalho ex-
cessiva, condições de trabalho desfavoráveis, enfrentamento da dor humana
e ter de cumprir a expectativa de produtividade com a qualidade exigida
pelos dirigentes. Monteiro (2012) lembra que o sofrimento decorrente do
adoecimento psíquico surge quando não é possível para o sujeito a negociação
entre suas necessidades e a realidade imposta pela organização do trabalho.
Assim, a precarização do trabalho da enfermagem causa sofrimento e aumenta
a vulnerabilidade às doenças ocupacionais.
Felli (2012) classifica as cargas de trabalho às quais os profissionais de
enfermagem se expõem como biológicas, químicas, físicas, mecânicas, fisioló-
gicas e psíquicas (além das cargas sociais). Contudo, essas cargas trazem outras
consequências para além do adoecimento, como diminuição da capacidade
para o trabalho (apesar de continuar executando o trabalho com dor, carac-
terizando presenteísmo e apoio aos colegas de trabalho). Em contrapartida,
geram também o absenteísmo (ausência do trabalho por motivo de doença)
e, consequentemente, o elevado custo dos afastamentos, não só com salários,
pois os gastos abrangem a previdência, e os custos são repassados à sociedade.
A autora considera, ainda, que a carga de trabalho gera um perfil patoló-
gico ainda pouco conhecido pelos gestores: a morte dos trabalhadores, pois
influencia doenças como câncer e o suicídio (principais causas de falecimento).
Alguns tipos de câncer têm relação com a quantidade de produtos químicos
manipulados pelo trabalho noturno. São relatados os cânceres de cérebro,
mama, fossas nasais, pele, pulmão e fígado. O suicídio está atrelado ao sofri-
mento no trabalho, por pressão ou pela convivência com a dor e o sofrimento
dos outros, às vezes não lhes sobrando tempo ou condições para elaborar o
processo de luto.
Além disso, a carga psicológica é ampla e origina-se de diferentes fontes,
tornando crescente o número de afastamentos permanentes por problemas
mentais entre os profissionais de saúde. Seemann e Garcez (2012) destacam
que os principais fatores de estresse no trabalho são: organização, adminis-
tração e sistema de trabalho e qualidade das relações humanas. Em geral, os
trabalhadores possuem mais de um vínculo empregatício e, em sua maioria,
pertencem ao gênero feminino, incrementando a jornada com o trabalho domés-
tico. Assim, sobra pouco tempo destinado ao lazer, devendo este ser um fator
considerável na análise da qualidade de vida do profissional de enfermagem.
A saúde mental do profissional de enfermagem no contexto de trabalho 7

No Brasil, a maior concentração de profissionais de enfermagem encontra-


-se em hospitais, atendendo o modelo biológico-curativista. Além dos fatores
relacionados com o ambiente e a ergonomia, o cuidado está voltado para
pessoas debilitadas por doenças crônicas, traumas agudos, doenças mentais,
terminais ou com risco de morte. Nesse contexto, Seemann e Garcez (2012)
consideram que o maior sofrimento do profissional de enfermagem é o estresse,
o qual desencadeia uma série de outros transtornos psicológicos e fisiológicos.
Belancieri et al. (2010) afirmam que o ambiente de trabalho da enfermagem
constitui-se de inúmeros elementos estressores, comprometendo a saúde e
a qualidade de vida no trabalho. Essa visão é corroborada por Sousa et al.
(2017), que apontam que os profissionais de enfermagem são os que apre-
sentam maiores índices ocupacionais e agravos à saúde em consequência do
cuidado ininterrupto e contínuo com o cliente e a família, produzindo desgaste
e volumosa carga de trabalho, que, associados às condições de trabalho em
saúde mental, geram estresse, tensão emocional e esgotamento físico e mental,
o que pode levar o trabalhador a adoecer.
Para Felli (2012), institucionalmente, é possível controlar a insalubridade, a
periculosidade e a penosidade nesse trabalho, de modo a impedir o desgaste e a
exaustão dos trabalhadores, permitindo a recuperação da força de trabalho e o
distanciamento da exposição a cargas pela diminuição da jornada de trabalho.
No entanto, é preciso o interesse por parte das instituições.

Uma irreverente e, ao mesmo tempo, abrangente perspectiva dos problemas de


adoecimento e sofrimento psíquico dos trabalhadores da saúde é encontrada na
cartilha para profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) Atenção ao sofrimento
e ao adoecimento psíquico do trabalhador e da trabalhadora, disponível no Portal de
Acessibilidade do RS.

Mas, afinal, como o profissional de enfermagem segue atuando em um


ambiente tão estressante? Como ele lida com esses fatores de risco no dia a
dia do trabalho? A seguir, veremos como esses profissionais lidam com o
sofrimento no ambiente de trabalho, quais as estratégias de enfrentamento
dessa realidade e como se sentir realizado com esse trabalho.
8 A saúde mental do profissional de enfermagem no contexto de trabalho

2 Resiliência e engajamento no trabalho


de enfermagem
Desde os primórdios, o trabalho de enfermagem preocupa-se com a assis-
tência, com os cuidados das necessidades básicas do ser humano. É fato que
a enfermagem evoluiu ao longo da história, porém não atingiu sua plena
maturidade (PAVANI; HAULBERT, 2017). Após a Segunda Guerra Mundial,
o conhecimento de novas técnicas e a formação em enfermagem se dissemina-
ram, de modo que a profissão de enfermagem se expandiu em todas as áreas,
desenvolvendo-se em um corpo de conhecimentos específicos e generalizados.
Assim, passou-se a se reconhecer a importância do papel da enfermagem na
promoção da saúde, e não apenas na manutenção da saúde durante o tratamento.
Apesar de ser uma profissão que abrange altas cargas de trabalho, às vezes,
em uma realidade como a brasileira, com poucas condições que favoreçam a
qualidade de vida e da assistência em saúde, muitos profissionais de enferma-
gem insistem em sua profissão e fazem um excelente trabalho. Assim, para
cuidar da saúde mental desses profissionais, é preciso saber identificar os pontos
fortes e fracos de seu funcionamento psíquico para interferir nos riscos e na
prevenção do adoecimento dos trabalhadores, minimizando os pontos fracos
e potencializando os fortes, como sugere a psicologia positiva (HUTZ, 2014).
Um dos aspectos psicológicos que favorecem o trabalho de enfermagem
diante de situações adversas e estressantes é a resiliência. O termo resiliência
vem da física e, segundo Belancieri et al. (2010), tem um sentido de resistência:
quando um certo tipo de matéria sofre um impacto ou choque com outros
materiais, não perde a sua propriedade, dando um sentido de invulnerabilidade.
Yunes (2003) ressalta que a resiliência consiste na habilidade de superar as
adversidades, mas isso não significa que o indivíduo saia ileso, como sugerido
nos termos da física, com a ideia de invulnerabilidade e invencibilidade. Para
que o sujeito seja considerado resiliente, faz-se necessário que exista um
equilíbrio ou uma combinação entre fatores de risco e de proteção. Belancieri
et al. acreditam que a resiliência pode ser desenvolvida com base na existência
do indivíduo, conforme ele vai se apropriando e transformando a realidade e
a si mesmo ao longo de sua vida. Assim, o que precisa ser feito para melhorar
a saúde e a qualidade de vida dos profissionais de enfermagem é aumentar a
resiliência e minimizar os agentes causadores de estresse no trabalho.
Segundo Ferreira, Medeiros e Carvalho (2017), na prática de saúde da
enfermagem, a dupla função — assistência e gerência — exige muito da
resiliência do profissional, da sua capacidade física e, principalmente, mental
de organizar e cumprir diferentes demandas sem adoecer. Para Magalhães
A saúde mental do profissional de enfermagem no contexto de trabalho 9

(2010), com frequência, o planejamento estratégico do enfermeiro é sufocado


por imprevistos do dia a dia. Baseado na sua resiliência pessoal e nas exigências
do trabalho, ele assume um pouco de tudo e vai adquirindo com a experiência
uma habilidade de resolver os problemas emergenciais, porém isso pode
sobrecarregá-lo, prejudicando a qualidade do seu atendimento. Desse modo,
faz-se necessário que o enfermeiro tenha tempo para estudar e planejar ações,
mas, para que isso ocorra, tem de haver mudanças nos processos de trabalho.
Para Ferreira, Medeiros e Carvalho (2017), em relação à sobrecarga de
trabalho do enfermeiro com atividades administrativas, gerenciais e de apoio
ao funcionamento do serviço de saúde, da organização da demanda espontânea
e da infraestrutura (geradora de estresse e de sofrimento psíquico), uma das
formas de ele enfrentar essa situação sem adoecer é por meio de uma gestão
de processos compartilhada entre toda a equipe de saúde atuante na unidade,
para que o trabalho clínico do profissional de enfermagem não seja aprisionado
por atividades que, em sua essência, não contemplam o seu principal objeto de
intervenção. Outra solução seria compor as equipes com um número maior de
enfermeiros, para que eles possam realizar com efetividade o trabalho nessas
duas dimensões (cuidado e gestão).
Em um estudo, Santos et al. (2013, p. 138) demonstram, por meio da fala de
uma enfermeira, como se apresenta a resiliência do profissional e sua capaci-
dade de enfrentar os desafios de seu cotidiano de trabalho: “[...] o gerenciamento
da superlotação, do excesso de pacientes com as nossas condições [...] eu gosto
de ter a unidade mais organizada possível dentro da desorganização da emer-
gência, a gente vive e convive com ela, sempre procurando amenizá-la [...]”.
A pesquisa de Santos et al. (2013) reflete sobre estratégias de enfrentamento
dos processos de trabalho em enfermagem em emergência, como superlotação
e manutenção da qualidade do cuidado, colocando ênfase na liderança como
forma de gerenciar os problemas do setor e reiterando a importância de práticas
que invistam no desenvolvimento/aprimoramento de estratégias para além de
potencializar a qualidade do cuidado, a fim de garantir condições de trabalho
decentes para os enfermeiros e os demais profissionais de saúde.
Para Seligmann e Csikszentmihalyi (2000 apud HUTZ, 2014), a psico-
logia positiva investiga os aspectos positivos para a qualidade de vida (aqui
se inclui a qualidade de vida no trabalho de enfermagem) em três áreas:
no nível subjetivo, no nível individual e no nível grupal. No nível subjetivo,
estuda-se as experiências subjetivas, como bem-estar, satisfação, otimismo,
esperança, felicidade e flow (fluidez). Já no nível individual são investigados
os traços positivos do funcionamento da pessoa, como a capacidade para o
amor, os talentos, as generosidades e a sabedoria. Por fim, no nível grupal,
10 A saúde mental do profissional de enfermagem no contexto de trabalho

são investigadas as virtudes cívicas, o que contribui para que os indivíduos


se tornem cidadãos melhores, suas responsabilidades, altruísmo, tolerância,
ética e engajamento para o trabalho.
Segundo Maslach (1998 apud ABREU et al., 2002), o termo engajamento
refere-se a uma postura positiva, um estado de maior energia e um forte envol-
vimento e senso de eficácia e realização pessoal no trabalho. Está associado à
síndrome de burnout como característica oposta, isto é, a falta de engajamento,
que significaria um estado negativo em que a pessoa passa a não se sentir
motivada para o trabalho; já a presença de engajamento seria a ocorrência de
motivação pelo trabalho, que ocorre pelo fato de o profissional aliar conheci-
mento técnico, ético e prazer para superar os desafios de seu trabalho.
Segundo Vazquez et al. (2015), o engajamento no trabalho é um estado
mental e disposicional positivo caracterizado por vigor, dedicação e concen-
tração. A autora também o caracteriza como um sentimento de elevado prazer
e realização profissional com o que a pessoa produz no seu trabalho, com as
atividades que têm um propósito relevante para o trabalhador. Na psicologia
positiva, o suporte social e a criatividade protegem o trabalhador contra as
perturbações induzidas pelo estresse.

Sobre os termos engajamento e flow, importantes conceitos da psicologia positiva para


a qualidade de vida, é possível encontrar uma descrição resumida, mas bem palpável,
da importância desses conceitos no artigo Engajamento e o estado de flow, de Campos e
Salgado (2016), disponível no portal Qualidade de vida, do Ministério do Meio Ambiente.

Segundo Lima et al. (2014), o sentimento de impotência e as limitações para


lidar com situações estressantes no ambiente de trabalho podem restringir a
abordagem integral ao paciente e à família, causando sofrimento para quem
cuida. Desse modo, a enfermagem necessita dispor de estratégias para lidar
com esses fatores estressantes e produzir o cuidado integral. Hutz (2014)
sugere treinar cognitivamente o trabalhador, alterando pensamentos negativos
e contraproducentes e fortalecendo comportamentos positivos e engajados
profissionalmente.
A saúde mental do profissional de enfermagem no contexto de trabalho 11

No contexto hospitalar, a enfermagem é considerada uma ocupação de alto


risco, pois provoca desgaste e adoecimento. Segundo Ferreira, Medeiros e
Carvalho (2017), o trabalho de enfermagem é desgastante, pois, além de estar
sujeito a várias condições insalubres e ter uma grande quantidade de carga de
trabalho, o enfermeiro tem de lidar, em seu cotidiano, com a dor, o sofrimento
e a morte, e, muitas vezes, ele nem sequer percebe que está sofrendo. Assim,
é preciso reconhecer com antecedência os fatores causadores de estresse no
trabalho, ou seja, o contexto de trabalho, para energizar o grupo dos profis-
sionais de saúde com aspectos motivacionais.
Com relação ao estresse ocupacional, é comum que ele esteja associado
à síndrome de burnout. Segundo Abreu et al. (2002), o conceito de estresse
foi descrito por Selye, em 1936, como um grau de desgaste total causado pela
vida, mas não há um consenso. Lazarus (1993 apud ABREU et al., 2002)
descreve quatro categorias observáveis: agente causal (interno ou externo)
ou estressor, avaliação de tipos de estresse, processo de coping utilizado para
lidar com os agentes estressores e padrão de efeitos (na mente ou no corpo)
ou reação ao estresse.
Segundo Dias e Pais-Ribeiro (2019), coping é um conjunto de estratégias
cognitivas e comportamentais que pode ser desenvolvido por uma pessoa para
lidar com as exigências externas e externas na relação indivíduo-ambiente.
Essas estratégias estão relacionadas com a saúde mental, podendo moderar
o impacto das adversidades, aumentar os níveis de bem-estar psicológico e
reduzir o sofrimento.
Segundo Codo e Vasques-Meneses (1999 apud ABREU et al., 2002),
o termo burnout refere-se a uma “síndrome da desistência”, em que o indivíduo
deixa de investir em seu trabalho e nas relações afetivas que dele decorrem,
tornando-se incapaz de envolver-se emocionalmente com sua profissão, apre-
sentando sintomas de fadiga, depressão, estresse e falta de motivação, o que
caracteriza desistência do trabalho, pois são incapazes de lidar com ele. Abreu et
al. (2002, p. 24) consideram que o burnout é “[...] o resultado de um prolongado
processo de tentativas de lidar com determinadas condições de estresse [...]”.
Além disso, o burnout é visto com uma forma de adaptação que pode resul-
tar em efeitos negativos tanto para a pessoa quanto para o seu local de trabalho,
podendo ocorrer pela falta de habilidade ou de resiliência para enfrentar o
estresse oriundo do trabalho. A exaustão emocional sentida nesse quadro de
adoecimento mental é caracterizada por sentimento de tensão, esgotamento
e falta de energia para enfrentar os desafios de sua prática profissional (nível
individual) e pode representar um risco de desumanização (dimensão inter-
pessoal), influenciando na forma de atendimento e na organização do trabalho.
12 A saúde mental do profissional de enfermagem no contexto de trabalho

Na pesquisa realizada por Lima et al. (2014), alguns dos fatores encontrados
que geram sofrimento psíquico no ambiente hospitalar foram os seguintes:
infraestrutura inadequada; relações interpessoais ineficientes no trabalho;
dificuldade no manejo das emoções e dos aspectos psicológicos do paciente e
da família; dificuldades no enfrentamento da morte e da finitude dos pacientes.
Para enfrentar esses fatores, os autores recomendam a compreensão dos aspectos
psicológicos e a busca de parceria na equipe multiprofissional do hospital.
Seemann e Garcez (2012), em sua pesquisa sobre estresse no trabalho de
enfermagem, apontam resultados parecidos. As autoras identificam como fatores
estressores: a organização do trabalho, as relações interpessoais, o absenteísmo
e o próprio atendimento. Elas acreditam que a principal forma de combater o es-
tresse e otimizar a assistência seja aumentar o número de pessoal de enfermagem,
capacitar esses profissionais adequadamente na área de saúde do trabalhador e
promover programas de relaxamento e integração do ser para aumentar a resi-
liência dos profissionais. Desse modo, é extremamente importante a realização
de estudos e pesquisas nas instituições para identificar os níveis de estresse,
a fim de evitar o adoecimento e a morte dos profissionais de enfermagem.
Em uma pesquisa realizada por Sousa et al. (2017), o número de recursos
humanos insuficiente foi considerado crítico para o adoecimento dos enfermei-
ros em hospital psiquiátrico. Além disso, foram citadas a própria assistência e
a necessidade de cuidados do paciente, pois o portador de transtorno mental
não apresenta, na maioria das vezes, alterações físicas, e sim alterações de
cunho psicológico, como as de humor, sono, personalidade, agressividade e
imprevisibilidade, o que requer estado permanente de alerta dos profissionais.
Menciona-se, ainda, o fato de o campo da saúde mental não ser atrativo,
em virtude do estigma e do preconceito diante do paciente.
Em todas as situações e as instâncias em que o profissional de enfermagem
se insere para a atuação de sua prática de trabalho, torna-se evidente o seu
fortalecimento, a sua resiliência para combater o estresse, o adoecimento men-
tal. Entretanto, a síndrome de burnout faz um grande número de profissionais
abandonar a sua profissão.
Existem vários modelos que estudam e explicam a síndrome de burnout.
O estudo de Silva et al. (2015) se baseia na teoria do intercâmbio social, no
qual o indivíduo se baseia na percepção de justiça e reciprocidade nas relações
sociais. Por meio dele, explica-se o êxito ou o fracasso nas relações sociais,
dependendo do custo e das recompensas obtidas por seus esforços. Nesse
sentido, os autores afirmam que a ausência de reciprocidade nas relações
interpessoais é a principal fonte desencadeadora da síndrome de burnout,
podendo se manifestar em três níveis, descritos a seguir.
A saúde mental do profissional de enfermagem no contexto de trabalho 13

„„ Primeiro nível: de acordo com Silva et al. (2015), o intercâmbio social


ocorre entre os profissionais e os usuários do sistema de saúde. Por
exemplo, quando um profissional de enfermagem espera gratidão por
parte dos usuários e percebe que eles apenas veem os seus esforços
como algo esperado enquanto profissional do cuidado. Assim, na busca
por reconhecimento, ele não mede esforços e despende cada vez mais
energia nas relações até culminar em uma exaustão emocional. Como
consequência, surgem as frustrações no trabalho, e, como mecanismo
de defesa, o profissional passa a agir de forma invertida, afastando-se
psicologicamente dos usuários (despersonalização).
„„ Segundo nível: segundo Silva et al. (2015), ocorre entre companheiros
de trabalho. Por exemplo, quando as pessoas se esforçam para estabelecer
as boas relações no trabalho, usando o suporte social, é estabelecido
um equilíbrio entre o que é oferecido e o que é recebido dos colegas.
Assim, o processo de burnout é desencadeado pela falta de reciprocidade
nessas relações de apoio entre os companheiros de trabalho, tendo como
consequência a despersonalização enquanto afastamento psicológico
dos colegas de trabalho, desencadeando comportamentos carregados de
frieza ou de cinismo e reinstalando, por meio do coping (inconsciente),
a reciprocidade, desta vez de forma negativa.
„„ Terceiro nível: ocorre na relação empregado-organização. Para Silva
et al. (2015), o burnout resulta do desequilíbrio entre o que o empregado
dá e o que espera receber da organização onde trabalha. Por exemplo,
quando as expectativas e as recompensas são constantemente frus-
tradas, a energia psíquica e motivacional passa a se esvair, de modo
que o indivíduo passa a se envolver cada vez menos com o trabalho.
Vários elementos podem influenciar nesse processo: falta de liderança,
problemas de comunicação, falta de informação, entre outros. O absen-
teísmo é considerado uma das estratégias para recuperar o esgotamento
psíquico, promovendo o abandono ou a falta de engajamento com os
objetivos da empresa.

Santos et al. (2013) apontam que a enfermagem das unidades de emergência


deve aliar o controle do tempo, a fundamentação teórica e a iniciativa e a es-
tabilidade emocional à capacidade de liderança e relacionamento interpessoal
para o gerenciamento do trabalho em más condições.
14 A saúde mental do profissional de enfermagem no contexto de trabalho

O material Desafios da enfermagem na atenção primária à saúde, disponível no site


do Conselho Regional de Enfermagem de Santa Catarina (Coren-SC), apresenta um
trabalho desenvolvido pela enfermagem da atenção primária do governo de Santa
Catarina, que apresenta o trabalho desenvolvido na região, a sua organização e as
conquistas alcançadas diante de desafios como uma forma de trazer satisfação e
reconhecimento pelo trabalho.

Portanto, é possível concluir que são múltiplos os fatores que geram estresse
e sofrimento psíquico aos trabalhadores de enfermagem. Alguns desses fatores,
como organização e condições de trabalho, talvez sejam mais fáceis de se
identificar e resolver se houver o interesse institucional ou governamental.
Contudo, é mais complexa a identificação dos aspectos psicológicos e dos
problemas que surgem nas relações tanto de trabalho quanto pessoais no
cuidado do paciente e da família.
Talvez a presença de um profissional de psicologia nas equipes em todas
as instâncias da atenção possa servir de apoio e otimizar o trabalho não só
da enfermagem, mas de todos os profissionais de saúde. Assim, sugere-se
um trabalho de fortalecimento psíquico baseado nos preceitos da psicologia
humanista e da psicologia positiva (HUTZ, 2014) para alcançar a promoção
da saúde mental do profissional de enfermagem, superando e ampliando os
modelos de cura e reparação por práticas de prevenção e potencialização dos
pontos fortes dos trabalhadores.

3 Promoção da saúde mental da enfermagem


O papel do psicólogo na área de saúde não é exclusivo para a assistência e
a promoção da saúde aos profissionais de enfermagem, estendendo-se para
todos os profissionais da saúde e do cuidado. Sabe-se, também, que ele não é
hegemônico, pois não há uma forma predeterminada e uma corrente teórico-
-metodológica que abarque e resolva todos os problemas ocupacionais e de
saúde mental para as profissões da saúde. Desse modo, é preciso estabelecer
um trabalho em conjunto. Segundo Santos, Quintanilha e Dalbello-Araújo
(2010), se a concepção de saúde vai além da simplificação biomédica, abre-se
A saúde mental do profissional de enfermagem no contexto de trabalho 15

espaço de práticas coletivas, comprometidas com transformações da realidade


e com a produção de sujeitos autônomos e solidários.
Assim, na promoção da saúde, destaca-se a proposta feita pelo governo
na Política Nacional de Promoção da Saúde (PSPS), que prevê estratégias de
articulação transversais que busquem a equidade, a participação e o controle
social da gestão de políticas públicas, por meio, principalmente, da atenção
básica. Essa proposta foi preconizada para que a concepção da saúde enquanto
total bem-estar biopsicossocial seja pensada em termos dos serviços de saúde,
a fim de garantir a integralidade da assistência, ou seja, um trabalho em
conjunto e em rede de profissionais e serviços de saúde.
Nesse sentido, Corradi-Webster e Carvalho (2011, p. 975) afirmam que:

O trabalho em equipe nos serviços se faz essencial, no qual profissionais


com formações e experiências diversas discutem situações, ampliam o olhar
e as possibilidades de intervenção. Este diálogo também é preconizado para
acontecer entre os diferentes serviços, não apenas os de saúde, mas entre estes
e os equipamentos sociais, de educação e comunitários.

Uma das formas de se produzir uma diminuição dos fatores causadores de


estresse e da síndrome de burnout é por meio do investimento na qualidade
da formação dos profissionais. Atualmente, alguns cursos de enfermagem já
preveem como um dos papéis do psicólogo a inserção na formação acadêmica
e a especialização do profissional de enfermagem.
Segundo Hutz (2014), a proposta da psicologia positiva apresenta um traba-
lho de fortalecimento dos aspectos positivos e saudáveis do indivíduo para o
enfrentamento de situações adversas, em conexão com a proposta humanista.
As propostas humanista e positiva vão de encontro com as necessidades
defendidas pelas instâncias de saúde para formalizar o conceito enquanto
bem-estar integral a todos e qualidade de vida, e pode ser uma das ferramentas
necessárias para a conquista de qualidade de vida no trabalho de enfermagem.
Os profissionais vêm repensando sua prática em saúde, o que é visto por
Corradi-Webster e Carvalho (2011) como uma mudança de paradigma, tor-
nando a enfermagem uma das profissões mais importantes no cuidado, com a
finalidade de ajudar o máximo de pessoas a terem saúde e qualidade de vida.
O cuidado pode ser oferecido individualmente, na família ou na comunidade,
e a enfermagem representa o maior contingente de trabalhadores que oferecem
cuidado à saúde em todo o mundo. Há, assim, uma transformação na própria
formação do enfermeiro, principalmente em termos de trabalho interdisciplinar
16 A saúde mental do profissional de enfermagem no contexto de trabalho

e de raciocínio clínico ampliado, para evitar fatores que interferem no próprio


adoecimento do trabalhador.
Lunney et al.(2011) defende que a enfermagem só é capaz de oferecer
cuidado de qualidade se os enfermeiros tiverem competência de pensamento
crítico suficiente e capacidade de usá-lo com eficiência, a fim de promover
a qualidade do cuidado, trazendo efeitos positivos no atendimento integral à
saúde em geral. A definição de pensamento crítico exposta pela autora está
em consonância com estudos de Schaffer e Rubenfeld (2000, 2006 apud
LUNNEY et al., 2011), apontando que, para raciocinar de forma crítica em
enfermagem, é preciso apresentar os seguintes hábitos mentais: confiança,
perspectiva contextual, flexibilidade, criatividade, intuição, perseverança,
entre outros aspectos positivos da personalidade (Quadro 1).

Quadro 1. Pensamento crítico em enfermagem: definição de termos

Dimensões do
Definições
pensamento

Habilidades cognitivas

Análise Separação ou fragmentação de um todo em partes para


descoberta da natureza, do funcionamento e das relações

Aplicação de Julgamento conforme regras ou critérios pessoais,


padrões profissionais ou sociais estabelecidos

Discernimento Reconhecimento de diferenças e semelhanças entre


coisas ou situações e distinção criteriosa como categoria
ou classificação

Busca de Procura de evidências, fatos ou conhecimento pela iden-


informações tificação de fontes relevantes e coleta de dados objetivos,
subjetivos, históricos e atuais a partir dessas fontes

Raciocínio lógico Obtenção de inferências ou conclusões que tenham o


apoio de evidências ou sejam justificadas por evidências

Previsão Visualização de um plano e suas consequências

Transformação do Mudança ou conversão da condição, da natureza, da


conhecimento forma ou do funcionamento de conceitos entre contextos

(Continua)
A saúde mental do profissional de enfermagem no contexto de trabalho 17

(Continuação)

Quadro 1. Pensamento crítico em enfermagem: definição de termos

Dimensões do
Definições
pensamento

Hábitos mentais

Confiança Certeza das capacidades individuais de raciocínio

Perspectiva Análise da situação como um todo, incluindo relações, an-


contextual tecedentes e ambiente relevantes a algum acontecimento

Criatividade Inventividade intelectual usada para gerar, descobrir ou


reestruturar ideias; imaginação de alternativas

Flexibilidade Capacidade de adaptação, acomodação, modificação ou


mudança de pensamentos, ideias e comportamentos

Inquisição Desejo de conhecer por meio de busca de conhecimentos


e entendimento pela observação e perguntas interessadas
para investigação de possibilidades e alternativas

Integridade Busca da verdade por meio de processos sinceros e


intelectual honestos, mesmo que os resultados sejam contrários
aos pressupostos e às crenças individuais

Intuição Sensação perceptiva de saber sem uso consciente


da razão

Compreensão Ponto de vista caracterizado por receptividade a visões


divergentes e sensibilidade às próprias tendências

Perseverança Busca de um rumo, com determinação de vencer


obstáculos

Reflexão Contemplação de um assunto, em especial os próprios


pressupostos e pensamentos, para compreensão e
autoavaliação mais profundas

Fonte: Lunney et al. (2011, p. 32).

Segundo Hutz (2014), na proposta da psicologia positiva, defende-se que as


pessoas têm tendências naturais de buscar o crescimento e o desenvolvimento
e que o trabalho do psicólogo está em fortalecer as capacidades saudáveis dos
indivíduos em seu nível máximo, enfatizando a vida digna de ser vivida. O autor
aponta, ainda, que a psicologia positiva não ignora o sofrimento humano, mas
sim direciona seus estudos científicos para características humanas positivas,
18 A saúde mental do profissional de enfermagem no contexto de trabalho

como forças e virtudes. Trata-se de ampliar as possibilidades de resolução


de problemas onde as correntes psicológicas com foco apenas na doença não
conseguem atingir, buscando a prevenção do problema e a potencialização
dos aspectos positivos para barrar o adoecimento.
Para Ferreira et al. (2019), o enfermeiro tem assumido um papel diversifi-
cado principalmente no âmbito hospitalar. O mundo do trabalho é caracterizado
por competitividade, exigência de altos níveis de produtividade com baixo
custo de produção, incremento do ritmo de trabalho, descaso com a satisfação
pessoal, demandas excessivas e desvalorização profissional, o que vai minando
a resiliência do profissional de enfermagem, dificultando tanto o papel ge-
rencial quanto a assistência, podendo gerar estresse e doenças ocupacionais.
Para os autores, uma das formas de aliviar essa carga de trabalho é por meio
da promoção da integração entre os profissionais da saúde.
Para Campos, David e Souza (2014), o sofrimento repercute negativamente
no estado de saúde e no desempenho profissional, refletindo nos aspectos
sociais, econômicos e na organização do trabalho. A busca exacerbada por
produtividade se depara com um limite intransponível, próprio ao ser humano.
O estresse e a síndrome de burnout são desafios que o psicólogo deve identificar
para auxiliar os profissionais de saúde, principalmente os de enfermagem, para
continuar realizando o seu trabalho sem adoecer. Outra proposta de interven-
ção no sentido de prevenção antes que o adoecimento psíquico aconteça está
alicerçada na psicologia positiva.
Segundo Hutz (2014), o modelo da psicologia positiva tem por base a
prevenção e a potencialização. A prevenção pode ser pensada em dois níveis:
prevenção primária e prevenção secundária. Na prevenção primária, identi-
fica-se o que é ruim e faz mal ao sujeito, não deixando que essa característica
psíquica se desenvolva. Já na prevenção secundária pensa-se em consertar
um problema já instalado, por exemplo, em um quadro de depressão, pode-se
treinar cognitivamente o sujeito para que ele desenvolva habilidades sociais,
alterando os pensamentos negativos e contraproducentes.
Na potencialização, pensa-se também em dois níveis: potencialização pri-
mária e potencialização secundária. Na potencialização primária, sugere-se
tornar a vida boa (SHAPIRO; SCHWARTZ; SANTERE, 2002 apud HUTZ,
2014), ao passo que, na potencialização secundária, sugere-se tornar a vida
o melhor possível, aumentando os aspectos positivos ao máximo em termos
de satisfação e desempenho na vida.
A saúde mental do profissional de enfermagem no contexto de trabalho 19

Para Santos, Quintanilha e Dalbello-Araújo (2010), o trabalho do psicólogo


na atenção básica e em parceria com a enfermagem deve buscar a implantação
de ações integrantes e transdisciplinares, rompendo fronteiras entre discipli-
nas e profissões, contribuindo para a atenção integral com responsabilidade
compartilhada e promovendo a participação social, a educação, a comunicação
e a sustentabilidade.
No setor secundário, o papel fundamental do psicólogo está centrado nos
CAPS. Segundo Soares et al. (2011), os profissionais de enfermagem que
trabalham em um centro de atenção psicossocial conseguem perceber os
benefícios trazidos da reforma psiquiátrica, tratando a pessoa portadora de
transtorno mental em ambientes abertos e mais humanizados, mais próximos
dos familiares e menos coercitivos. Assim, percebe-se o desejo dos profissio-
nais de darem o melhor de si, em parceria com integrantes de outras equipes,
propiciando o que os psicólogos consideram como engajamento no trabalho,
uma das formas de combater o estresse ocupacional e a síndrome de burnout.
Em uma pesquisa de Zerbetto et al. (2011), foi constatado que as estratégias
a serem pensadas e implementadas para garantir a qualidade da atenção e da
assistência de enfermagem ao usuário e à família que busca ajuda, bem como
o fortalecimento do modelo de atenção biopsicossocial, envolvem a revisão
dos currículos das escolas formadoras das diversas categorias e de novos
cenários de formação profissional. Além disso, faz-se necessário o trabalho
interdisciplinar na equipe de saúde para a compreensão da saúde mental e da
reforma sanitária, quebrando estigmas e dando suporte para o trabalho de
assistência de qualidade.
O trabalho de enfermagem em uma unidade de terapia intensiva (UTI)
caracteriza-se pela presença de uma clientela complexa, que depende, em alto
grau, do cuidado altamente instrumentalizado, racionalizado e tecnológico,
de modo que o enfermeiro acaba por vivenciar um ritmo de trabalho intenso,
permeando situações de imprevistos e conflitos, o que exige do profissional
agilidade nas tomadas de decisão para um cuidado com o mínimo de danos.
Segundo Campos, David e Souza (2014), esse ambiente de trabalho faz o
profissional pensar nas próprias angústias, contribuindo para o desgaste fí-
sico, psíquico e social. Isso leva à exigência de uma equipe interdisciplinar
preparada, para detectar os possíveis agravos à saúde da equipe diretamente
voltada para o cuidado e a assistência de enfermagem.
20 A saúde mental do profissional de enfermagem no contexto de trabalho

Nesse contexto, o psicólogo tem um papel fundamental junto ao profissio-


nal, ao paciente e à família. Assim, as estratégias defensivas da enfermagem
(coping) junto ao psicólogo e à equipe de saúde são, em sua maioria, ações
coletivas, com as quais o trabalhador pretende modificar, transformar e mi-
nimizar aspectos presentes no contexto de trabalho resultantes do conflito
entre o prescrito e o real. Contudo, ao utilizar essas defesas, pode ocorrer um
processo de alienação e cristalização do trabalhador, dificultando e diminuindo
as possibilidades de modificação das situações de trabalho.
Straub (2014) questiona se a melhor estratégia seria a de o psicólogo e
o profissional de saúde trabalharem focados nos aspectos psicológicos ligados
à emoção ou ao problema em si, trazendo exatamente o exemplo de pessoas
que trabalham com pacientes terminais. O autor afirma que, no trabalho,
a tendência é adotar um mecanismo de defesa baseado no problema, entretanto,
para alguns problemas relacionados com a saúde, um certo distanciamento
emocional talvez seja a melhor opção. Straub (2014) defende que, provavel-
mente, a melhor opção é utilizar os dois focos como mecanismo de defesa.
Assim, o papel do psicólogo em uma instituição de saúde e seu apoio
na promoção e na prevenção da saúde, principalmente dos profissionais de
enfermagem, acaba sendo múltiplo e complexo, pois ele precisa estar atento
às condições de trabalho, aos processos de trabalho (problemas) e a como os
enfermeiros enxergam essas questões em sua prática diária. Além disso, ele
precisa perceber se a comunicação e as informações necessárias para a prática
do cuidado, da assistência e da gerência estão sendo levadas de forma positiva,
e se o engajamento e a liderança são características fortes em seu ambiente
de trabalho. Assim, o trabalho do psicólogo envolve dar suporte aos aspectos
psicológicos oriundos das relações de trabalho com pacientes, familiares
e outros empregados, respeitando-se limites e adotando uma perspectiva
técnica, ética e humanizada, além de auxiliar na formação especializada do
enfermeiro e promover encontros em que sejam observadas formas criativas
e de prazer no trabalho cotidiano.
Embora não seja uma tarefa fácil, a ocupação de espaços multidisciplinares
pode ser um diferencial em todas as instâncias e unidades de atendimento à
saúde, pois facilita o engajamento, fortalece a resiliência e promove o suporte
social ao profissional. Portanto, recomenda-se o reconhecimento e a valori-
zação do papel do profissional de enfermagem e a promoção de um clima
organizacional positivo para proporcionar qualidade de vida e saúde mental
e resultados mais saudáveis e produtivos.
A saúde mental do profissional de enfermagem no contexto de trabalho 21

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SILVA, D. G. V. et al. Os desafios enfrentados pelos iniciantes na prática de enfermagem.
Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 44, n. 2, p. 511–516, 2010. Disponível
em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v44n2/38.pdf. Acesso em: 19 abr. 2020.

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