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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Disciplina: Casos Clínicos em Neuropsicológica

Prof. Carlos Eduardo Nórte

Discente: Sulliene Freitas Veneranda

Sala: 12 PSI AVA

AVALIAÇÃO DA DISCIPLINA CASOS CLÍNICOS

1. IDENTIFICAÇÃO

A.L.P. tem 53 anos de idade, é casado, é destro, e há alguns anos se queixa de


esquecer compromissos, bem como, de esquecer onde colocou objetos, como chaves e
óculos, e frequentemente, esquece o que a esposa pede para ele fazer, como por
exemplo, quando vai comprar remédios na farmácia, esquecendo alguns itens que a
esposa lhe pediu para comprar. Porém, não apresenta dificuldade de rememorar eventos
da infância e da juventude, inclusive, gosta muito de contar suas aventuras quando era
soldado e, como costuma dizer “aprontava muito no quartel!”. Segundo a esposa, os
esquecimentos começaram a acontecer após às complicações cardíacas. Desta forma,
possui características de uma amnésia anterógrada. A Cinco anos atrás A.L.P foi
diagnosticado com hipertensão arterial, Cardiomegalia (coração grande), insuficiência
cardíaca, e aterosclerose, sendo que devido a esta última doença, ele precisou passar por
uma cirurgia para desobstrução das artérias. Faz uso dos medicamentos Varfarina e
Furosemida.

Ao longo da juventude e da idade adulta A.L.P fez uso de álcool frequentemente, e


também de muitos outros tipos de drogas. Tendo cessado o uso de álcool e drogas há 17
anos quando se converteu ao cristianismo protestante. A família de origem humilde,
teve 16 irmãos de pais diferentes. Não relata alcoolismo ou uso de drogas por parte dos
pais, porém os irmãos, assim como ele, também fizeram uso dessas substâncias.
Atualmente, é casado e tem um filho adotivo de 14 anos. Em relação a escolaridade, fez
até a 8° série do ensino fundamental. Hoje está aposentado, devido aos problemas
cardíacos, mas ao longo da sua vida, trabalhou como pedreiro e mestre de obras na
construção civil, e como motorista de caminhão. Esteve servindo no quartel, porém não
seguiu carreira.

Sempre que tem oportunidade A.L.P, vai com a esposa e o filho para cachoeira, pois
ele gosta muito de nadar e mergulhar, estes passeios costumam acontecer uma ou duas
vezes por mês. No dia-a-dia se diverte assistindo vídeos no YouTube e filmes com o
filho.

2. OBJETIVO

A avaliação realizada tem como objetivo identificar falhas cognitivas, como: erros de
memória, atenção, linguagem, funções executivas, cálculo, abstração, memória,
percepção visual, atenção e concentração. Tendo em vista, a queixa de Amnésia
apresentada pelo paciente que dificulta as tarefas diárias.

3. DESCRIÇÃO DOS INSTRUMENTOS UTILIZADOS

1. Questionário de Falhas Cognitivas

Esse instrumento observa pequenos erros de memória, atenção, linguagem, motricidade


ou impulsividade presentes no cotidiano. Tornando possível documentar como o
paciente percebe tais dificuldades, considerando a frequência com que ocorrem. Trata-
se de uma escala de autopreenchimento onde o paciente responde se nos últimos seis
meses com que frequência apresentou algumas falhas cognitivas, tais como perder
compromissos, ter dificuldade em se lembrar do que acabou de ler, derrubar objetos,
dentre outros. É realizado em uma folha de aplicação própria contendo 25 perguntas a
serem respondidas com autorrelato em uma escala de 0 (nunca) a 4 (quase sempre).

2. Montreal Cognitive Assessment – Basic (MoCA-B)

Esse instrumento observa o comprometimento cognitivo leve manifesto em funções


executivas, linguagem, orientação, cálculo, abstração, memória, percepção visual,
atenção e concentração em populações com baixa escolaridade, incluindo analfabetos. É
realizado com as instruções do examinador em folha de aplicação específica.

4. RESULTADOS

Montreal Cognitive Assessment – Basic (MoCA-B

Domínio Cognitivo Resultados Brutos

(1/1)
Funções executivas

(2/2)
Fluência

(6/6)
Orientação

Cálculo (3/3)

(2/3)
Abstração

(1/5)
Evocação tardia

(3/3)
Percepção visual

Nomeação (4/4)
Atenção (1/1)
(2/2)

Pontuação Total: 25 pontos

Questionário de Falhas Cognitivas

Questões

Quase sempre 1,3,9,11,16,17,

Frequentemente 2,12,14,

Ocasionalmente 6,7,8,10,13,20,21,23,24

Raramente 5,15,18,22,25

Nunca 4,19,

A aplicação do instrumento Montreal Cognitive Assessment (MoCA) e do Questionário


de Falhas Cognitivas foram realizadas no mesmo dia (22/ 11/2020), na residência do
paciente. Nos últimas 48 horas antes dos testes, ele relatou que havia dormido e se
alimentando bem, que tinha tomado seus remédios corretamente, e sentia bem
emocionalmente.

No Montreal Cognitive Assessment – Basic (MoCA-B) a aplicação do instrumento foi


realizada em 17 minutos, apresentando resultado de 25 pontos. O paciente teve bom
desempenho em relação a funções cognitivas, fluência, orientação, cálculo, percepção
visual, nomeação, atenção.

Porém, na avaliação da Abstração, A.L.P apresentou uma falha na categorização de um


grupo de palavras. Ele não soube responder a que categoria às palavras norte-sul
pertencem.
Na Evocação Tardia A.L.P apresentou muita dificuldade na execução da tarefa. Na
primeira etapa de evocação livre, só conseguiu lembrar-se de um palavra “ azul”. Na
segunda etapa, evocação com pistas, conseguiu lembrar-se de duas palavras: “tomate e
colher”; e finalmente, na fase do reconhecimento, conseguiu lembrar-se de uma palavra:
“ joelho”. Mesmo apresentando às opções, A.L.P. não conseguiu lembrar da palavra
sofá. Ficou evidenciado que A.L.P tem um desempenho abaixo do esperado para a sua
idade.

Na auto avaliação de falhas cognitivas, A.L.P respondeu que comete com maior
frequência erros relacionados ao esquecimentos e dificuldade de atenção. E pontuou
com menor frequência os erros relacionados a linguagem, motricidade ou
impulsividade.

No questionário de falhas cognitivas ele apresentou resultado de 54 pontos, um valor


acima da média que no QFC é de Média 35,58 (de Paula et al., 2018), representando que
existem maiores queixas cognitivas no dia-a-dia, e transtornos internalizantes.

5. CONCLUSÃO

Neuropsicologia Clínica busca Apresentar as relações das funções cognitivas superiores


com suas bases cerebrais visando à compreensão da expressão cognitiva,
comportamental, emocional e social das disfunções cerebrais. Busca também apresentar
casos reais de pacientes com danos cerebrais de modo a exemplificar a teoria da
avaliação e reabilitação neuropsicológica, trazendo uma reflexão sobre os prejuízos
neurocognitivos explicitados por esses pacientes, bem como sobre a prática
neuropsicológica na contemporaneidade.

Através da aplicação dos testes psicológico é possível perceber que muitas funções
cognitivas são observadas de maneira clara e objetiva. Os instrumentos auxiliam em
uma avaliação segura e baseada em evidências científicas, facilitando o diagnóstico
preciso e futuro tratamento com maior chance de sucesso. É de extrema importância o
futuro psicólogo conhecer e dominar diferentes instrumentos de avaliação pois, a
Avaliação Psicológica é uma pratica restrita ao profissional da psicologia e sem tal
conhecimento a avaliação pode ter caráter totalmente subjetivo, passível a erros, sem
validade cientifica e questionável. Afetando diretamente o paciente, atrapalhando ou
impedido que ele tenha um tratamento adequado as suas necessidades.

A experiência de aplicação dos instrumentos Montreal Cognitive Assessment (MoCA) e


do Questionário de Falhas Cognitivas, me fez compreender, na prática, a importância
de saber aplicar testes, sejam neuropsicológicos, ou de qualquer outra categoria na
psicologia, de forma correta, e por isso entender que há a necessidade de uma
preparação do psicólogo, com embasamento teórico-científico e também o treinamento
prático, para a aplicação desses testes.

Foi muito interessante observar como através da execução de tarefas simples é possível
detectar falhas neuropsicológicas, e como o próprio paciente, que muitas vezes , não
percebe e até mesmo nega ter alguma dificuldade, se surpreende quando esta se
apresenta diante dos seus olhos. Por isso, considero importante a aplicação de testes na
psicologia clínica, porque se tem a possibilidade de materializar e mensurar queixas
subjetivas, e assim direcionar para o melhor tratamento.

Acredito que essa experiência, me proporcionou, além do conhecimento prático da


aplicação desses testes, uma reflexão a respeito da importância da realização de uma
avaliação psicológica humanizada que leve em consideração os aspectos históricos e
subjetivos do paciente.

Outro aspecto que me despertou o interesse foi de conhecer mais a respeito dos testes
psicológicos para ser capaz ler e interpretar com mais clareza esses documentos e assim
poder direcionar melhor a psicoterapia. Pois, na prática profissional, podemos nos
deparar com pacientes que foram mal-diagnosticados, ou sub-diagnosticados o que
prejudica muito a qualidade de vida do paciente.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Julayanont, P., Phillips, N., Chertkow, H., and Nasreddine, Z.S. The Montreal Cognitive
Assessment (MoCA): Concept and Clinical Review. To appear in A.J. Larner (Ed.),
Cognitive Screening Instruments: A Practical Approach. Springer-Verlag, pp. 111-152.
Montreal Cognitive Assessment - Basic (MoCA-B) Adapted by: Daniel Apolinario MD
Copyright: Z. Nasreddine MD Final Version November 30, 2015.

Paula, Jonas Jardim de, Ph.D. Questionário de Falhas Cognitivas (CFQ) (versão 2)
Belo Horizonte, 2019.
ANEXOS

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