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AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA

DO IDOSO

Psicóloga Janynne Caovila


Especialista em Neuropsicologia.
CRP:12/07921
Avaliação cognitiva

• A realização da avaliação cognitiva pode ser um


instrumento útil na avaliação global do paciente idoso,
permitindo ao clínico geral, psiquiatra, neurologista ou
geriatra obterem informações que subsidiem tanto o
diagnóstico etiológico do quadro em questão quanto o
planejamento e execução das medidas terapêuticas e de
reabilitação a serem realizadas em cada caso.
• Infelizmente, essa não é uma prática de rotina no Brasil
em serviços de saúde primária, e mesmo secundária,
seja em psiquiatria, em neurologia ou geriatria.
• A avaliação cognitiva pode ser feita a partir de dois
níveis de complexidade.

• O primeiro nível é de rápida e fácil aplicação, em que se


avalia quantitativamente o estado cognitivo e funcional
por intermédio de testes abreviados e por uma escala
que determinará o grau de autonomia do paciente.
• Esses testes, associados a outros que colaboram na
exclusão de outras doenças, como depressão e múltiplos
infartos, não necessitam de grande sofisticação e são de
fácil aplicação.
• Num segundo nível, quando existe a necessidade de
aprofundar a avaliação, a utilização de métodos mais
sofisticados, detalhados e complexos é indispensável e
sua aplicação e interpretação devem ser feita por
profissionais especializados.
• As características principais que os testes devem
conter são: simplicidade, sensibilidade e
confiabilidade.

• Devem estabelecer o diagnóstico precoce do déficit,


determinar a natureza e importância deste, e avaliar
o grau de dependência e autonomia do paciente para
as atividades básicas e instrumentais do cotidiano.

• O bom senso na escolha do teste a ser aplicado é


fundamental, uma vez que vários fatores podem
interferir no resultado final, mascarando o resultado
da avaliação.


• Para uma escolha correta, é necessário que se
considerem alguns fatores que podem interferir no
resultado da investigação cognitiva, como nível de
escolaridade, diferenças geográficas, cegueira, surdez,
limitação motora, asilamento e costumes, culturas e
dificuldades com o idioma.

• Outro fato refere-se à graduação e interpretação do


resultado.
• Outro fato refere-se à graduação e interpretação do
resultado. Quando as pontuações são extremas, não há
dúvidas; quando o resultado se encontra nas zonas
fronteiriças, é necessário que a investigação seja
aprofundada.
• Interrogar familiares e amigos é importante, pois o
paciente muitas vezes não tem percepção ou esconde
suas dificuldades.

• Devem-se questionar alterações de memória, orientação,


capacidade de realizar atividades diárias, incluindo
trabalho, questões financeiras, compras e cuidados
pessoais.
• Pesquisa de sintomas depressivos precedendo ou
simultaneamente ao quadro cognitivo é fundamental, pois
muitas vezes depressão pode simular quadros
demenciais.
Queixa principal ou motivo da consulta.
• Nem sempre é o problema principal
• Quase sempre o idoso não pode queixar em casa
• Sente feliz, só pelo fato de ser escutado , acolhido.
Sentimentos em relação a velhice

Relacionamento familiar -
• com quem mora
• se necessita de ajuda para as AVDs e quem ajuda
• quantos filhos, netos.
• Qual o papel do idoso na família.
• Que papel desempenhava antes e agora.
• Quais as atividades realizadas em família

Interesse Social
• Dado importante para saber se existe isolamento social e
investigar motivos (violência doméstica, incontinência
urinária, depressão etc.)
• Faz alguma atividade física? Qual?
• Faz alguma atividade manual
• Ciclo de amizades e contatos (vizinhos etc.)
Relacionamento afetivo
• estado civil
• se tem parceiro fixo ou não
• Relacionamento casal
• Relacionamento dos familiares com o parceiro
• Sexualidade ( disfunções e inadequações sexuais)

• Vida profissional e/ou atividades ocupacionais


• Ocupação anterior e atual
• Relatar as atividades da semana
• Se frequenta algum Grupo de Convivência
• Se sai sozinho ou se precisa de acompanhante
Controle Financeiro
• Quem faz o controle do dinheiro do idoso. (família contra
o relacionamento afetivo por causa dos presentes dos
idosos)
• Se fez algum empréstimo para familiares.

• Histórico de Saúde
• bebida - dado importante - violência doméstica
• fumante
• portador de doença crônica - se faz controle médico
(dado importante negligencia e auto cuidado.
• Se alguém acompanha nas consultas médicas
• faz uso de algum medicamento - quem busca, se toma sozinho
• Se tem plano de saúde, quem paga
• Internações (periodicidade)
• Quedas freqüentes .
• Hematomas.

• É importante que os familiares descrevam:

• os primeiros sinais de anormalidade que foram detectados: data,


tipo etc;
• a evolução dessas anormalidades: tempo de duração,
ocorrências importantes e descrição detalhada das alterações
atuais;
• doenças pregressas, especialmente acidente vascular cerebral
(AVC) , cardiopatias, diabetes, depressão e doenças
neurológicas;
• ocorrências mal esclarecidas nos antecedentes : desmaios,
convulsões, quedas com contusão craniana, quedas suspeitadas
não testemunhadas etc;
• Memória

• O paciente está com dificuldades nessa área? Encontra desculpas


poucos razoáveis para os problemas que vêm enfrentando com a
memória?

Comportamento

• O paciente tem explosões de raiva sem motivo relevante?


• Observam-se mudanças bruscas de comportamento?
• Tem estado deprimido? Desinteressado? Agressivo?
• Houve mudança marcante na personalidade prévia?
• Age antissocialmente?
• Apresenta comportamento sexual inadequado?
• Sente-se perseguido? Roubado? Tem visões? Ouve vozes?
• Comunicação e autonomia

dificuldade para encontrar palavras?


Apresenta problemas nas tarefas cotidianas? Recados
telefônicos, vestir-se, controle do saldo bancário e banhar-se?

• Orientação
Apresenta dificuldades na orientação temporoespacial?
Confunde dias e horários?
Já se perdeu?
Parece não saber onde está?

• Hábitos
Hábitos que o paciente mantém ou manteve: álcool, fumo, drogas
ilícitas, contato profissional com tóxicos, padrão de sono,
promiscuidade sexual etc.
Um dado comumente observado durante a anamnese é o
chamado “sinal de virar a cabeça”.
MINI EXAME DO ESTADO MENTAL
• É o teste de avaliação mais usado na triagem cognitiva
por ser simples e de fácil aplicação, durando em média
de 5 a 10 minutos.

• É composto de 11 itens divididos em 2 fases. A primeira


fase (itens 1-5) avalia a memória e a função executiva
(atenção e concentração).
• A segunda (itens 6-11) avalia as outras funções cognitivas
como: linguagem, praxia, gnosia, função visuoespacial e
função executiva. É capaz de rastrear todas as funções
cognitivas.
PONTOS DE CORTE:
• Analfabetos: 13 pontos
• De 1 a 4 anos de escolaridade: 18 pontos
• De 5 a 8 anos de escolaridade:24 pontos.
• Mais de 9 anos de escolaridade: 26 pontos
• Pontuação máxima: 30 pontos

• Interpretação
• Qualquer pontuação igual ou superior a 25
(de um total de 30) é efetivamente normal
(intacto).
• Abaixo disso, a pontuação pode indicar
perda cognitiva grave (≤9 pontos), moderada
(10 a 20 pontos) ou leve (21 a 24 pontos).
Interpretação
Pontuação menor que 7 => anormalidade
Pontuação entre 6-8 => suspeita
Pontuação entre 9-10 => desempenho normal
Montreal CognitiveAssessment (MoCA)
• O Montreal Cognitive Assessment (MoCA) foi
desenvolvido como instrumento de rastreio para
Comprometimento Cognitivo Leve (CCL).
• O teste foi validado em um grupo de idosos com alta
escolaridade (média de 13 anos) para diferenciar entre
envelhecimento cognitivo normal e CCL.
• No entanto, no instrumento original muitos itens são
fortemente dependentes de escolarização formal.

Este teste tem mais ênfase nas tarefas de


funcionamento executivo e de atenção do que o MMSE,
o que pode torná-lo mais sensível na detecção de
demências não-DA.
• Essa nova versão do MoCA, denominada Montreal
Cognitive Assessment – Basic (MoCA-B), foi
desenvolvida para identificar CCL em populações com
baixa escolaridade, incluindo analfabetos.

• O MoCA-B avalia os mesmos domínios cognitivos que


MoCA original: funções executivas, linguagem,
orientação, cálculo, abstração, memória, percepção
visual (em vez de habilidades visuoconstrutivas), atenção
e concentração. O tempo necessário para administração
é de aproximadamente 15 minutos e escore total máximo
é de 30 pontos.
Avaliação Cognitiva Montreal ( MoCA)
FULL
A Avaliação Cognitiva Montreal (MoCA) foi desenvolvida
como um instrumento breve de rastreio para deficiência
cognitiva leve .
O mesmo acessa diferentes domínios cognitivos: Atenção
e concentração, funções executivas, memória, linguagem,
habilidades viso-construtivas, conceituação, cálculo e
orientação.
O tempo de aplicação do MoCA é de aproximadamente 10
minutos. O escore total é de 30 pontos; sendo o escore de
26 ou mais considerado normal.
Exame Cognitivo Addenbrooke (ACE)

• A Addenbrookes Cognitive Examination Revised (ACE-R)


avalia cinco domínios cognitivos em conjunto e também
oferece notas parciais para cada um deles, a saber:
Atenção e Orientação, Memória, Fluência, Linguagem e
Habilidades VisuaisEspaciais.

• Essa bateria tem se mostrado útil na diferenciação entre


a doença de Alzheimer (DA) e a demência frontotemporal
(DFT) em outros países.
• O instrumento foi submetido à adaptação para o
português e sua versão brasileira foi previamente
publicada pelos autores.

• OBJETIVO: Investigar o desempenho de indivíduos


idosos cognitivamente saudáveis e de outros com DA
provável leve na versão brasileira da ACE-R.
Bateria Breve de Rastreio Cognitivo
(Nitrini et al., 1994; 2004)
• Em nosso meio foi desenvolvida a Bateria Breve de
Rastreio Cognitivo elaborada de modo a permitir a
avaliação de indivíduos de baixa escolaridade, já que o
teste de memória é baseado em figuras a serem
nomeadas.

• Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da FMUSP


• O escore é dado pelo número
de respostas corretas na
evocação após 5 minutos.

• Finalmente, avalia-se o
reconhecimento das figuras
colocando uma lista de 20
figuras que contenha as 10
figuras mostradas
anteriormente em frente ao
paciente e peça para que ele
reconheça quais as figuras
mostradas inicialmente.
Questionnaire on CognitiveDecline in
the Elderly (IQCODE)
A triagem da demência ligeira ou de DCL em idosos
de muito baixa escolaridade é difícil.
Nestes casos, a informação
dos acompanhantes e dos familiares usando versões
longa (26 itens) ou breve (16 itens)

O IQCODE é rápido e fácil de usar, revelando boa


sensibilidade para o diagnóstico de demência.
Sugere-se a combinação do IQCODE com o MMSE
Escala Geriátrica de Depressão (GDS)

Trata-se de uma escala de hetero-avaliação,


composta por vinte e oito itens, com duas
alternativas de resposta (sim ou não), consoante o
modo como o idoso se tem sentido ultimamente, em
especial na semana transata
Interpretação:
De 0 a 5 pontos: exame
normal
De 5 a 10 pontos: indícios de
quadro depressivo leve
Acima de 11 pontos:
provável depressão severa.

Referência: Yesavage J, Brink T,


Rowe T, et al: Development and
validation of a geriatric depression
screening scale. J. Psychiatr Res
17:37, 1983
• O teste de fluência verbal (BRUCKI et al., 1997) também
é extremamente simples e avalia a memória semântica
(conhecimento geral sobre o mundo, dos fatos, das
palavras, sem relação com o momento do seu
aprendizado).

• Consiste na avaliação de categorias semânticas


predefinidas, como, por exemplo, animai e frutas.
• Solicita-se ao paciente que enumere o máximo de
animais e frutas em 1 min cronometrado
Bateria CERAD
(Consortium Estabilish of Alzheimer Disease)

• É uma bateria neuropsicológica utilizada para avaliação


da doença de Alzheimer.
• Inclui o Mini-Exame do Estado Mental e testes que
avaliam a memória (fixação, evocação e
reconhecimento), a linguagem (nomeação e fluência
verbal), a praxia (cópia de desenhos) e função executiva
(teste de trilhas).
Escala de Mattis para avaliação
de demência (MDRS) (MATTIS, 1988)

• É composta por 36 itens, distribuídos em cinco


subescalas:
• Atenção (8 itens, total de 37 pontos)
• Iniciação e perseveração (11 itens, total de 37 pontos),
• Construção (6 itens, total de 6 pontos)
• Conceituação (6 itens, total de 39 pontos)
• Memória (5 itens, total de 25 pontos).

A soma das cinco subescalas proporciona um total que representa o


grau de comprometimento cognitivo e/ou da gravidade do quadro
demencial (PORTO et al., 2003).

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