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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

Centro de Ciências Humanas e Letras

Bacharelado em Administração

ESTRESSE OCUPACIONAL EM PROFISSIONAIS DE


ENFERMAGEM NOS SERVIÇOS DE URGÊNCIA E
EMERGÊNCIA

BRENA APARECIDA MENESES RODRIGUES

FRANCISCA KARINNY RIBEIRO DE ANDRADE

FRANCISCO CAWAN LEITE FREITAS

JADSON ANTONIO FONTES CARVALHO

Orientador: Prof. Claudinei

TERESINA - PI

2023

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ESTRESSE OCUPACIONAL EM PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
NOS SERVIÇOS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

BRENA APARECIDA MENESES RODRIGUES

FRANCISCA KARINNY RIBEIRO DE ANDRADE

FRANCISCO CAWAN LEITE FREITAS

JADSON ANTONIO FONTES CARVALHO

Projeto de Pesquisa apresentado como


requisito parcial para a aprovação na
disciplina de Pesquisa Aplicada a
Administração, do curso de bacharelado
em Administração, da Universidade
Federal do Piauí, sob a orientação do
professor Claudinei.

TERESINA - PI

2023

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................04

2 JUSTIFICATIVA......................................................................................................06

3 OBJETIVOS............................................................................................................. 06

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................................07

5 METODOLOGIA......................................................................................................13

REFERÊNCIAS...........................................................................................................15

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1 INTRODUÇÃO

Os profissionais de enfermagem enfrentam condições inadequadas de trabalho,


estando em exposição a um ambiente insalubre com cargas de trabalho e repetição de
tarefas que tem capacidade de levar ao acometimento de várias doenças ao trabalhador
na instituição hospitalar. Esses fatos posicionam a enfermagem como uma profissão
entre as mais vulneráveis ao desenvolvimento de estresse ocupacional (LORO;
ZEITOUNE, 2017).

A ocorrência deve-se às particularidades do trabalho, somados à sua


organização e divisão, uma vez que há a permanência nesse ambiente durante todo o dia
útil e durante grande parcela de sua vida produtiva. Esses trabalhadores são os
principais responsáveis por realizar atendimentos aos pacientes, por atividades de
administração e organização do departamento hospitalar e tarefas burocráticas
(SANTANA; FERREIRA; SANTANA, 2020).

O trabalho, a saúde e o adoecimento possuem ligações com a vida dos


indivíduos, de modo que a atividade ocupacional repercute tanto na saúde física quanto
mental. O exercício do trabalho dispõe de diversos benefícios como produtividade,
desenvolvimento de habilidades e de relações, realizações, disciplina e
responsabilidade. Entretanto, quando o ambiente laboral é desfavorável, acarreta
diversos prejuízos ao funcionário. Em relação aos danos a saúde, incluímos o estresse
ocupacional, decorrente do ambiente laboral e envolve aspectos organizacionais, de
gestão, das condições e da qualidade das relações interpessoais no trabalho (BARBOZA
et al, 2018; RIBEIRO et al, 2018).

Esse estresse quando prolongado somado à falta de resolutividade quanto ao


fator desencadeante no ambiente laboral tem como consequência a síndrome de
Burnout, considerada um distúrbio mental, onde o trabalhador demonstra tensão
emocional elevada e estresse crônico. É um processo tridimensional caractezido pela
exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional no trabalho. A
síndrome de Burnout representa a Classificação Estatística Internacional de Doenças e
Problemas Relacionados à Saúde (CID) como uma doença ocupacional no Grupo V da
CID-10 (DORNELES et al, 2020).

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É considerável que no ambiente do trabalho existam riscos que possam acometer
prejuízos ao trabalhador e a empresas inseridas no contexto. Para prevenir esses riscos é
necessário a identificação precoce e implementação de medidas preventivas. Os riscos
no ambiente laboral são classificados em cinco tipos: físicos, químicos, biológicos,
ergonômicos e de acidentes. A exposição a tais riscos pode ocasionar estresse
ocupacional (BRASIL, 1995).

É evidente que ações de prevenção são necessárias para manutenção da saúde e


redução de custos. Para que isso aconteça, é imprescindível identificar riscos e
programar cuidados, possuindo o controle sobre o trabalho e estimulando a participação
dos empregados nas melhorias no ambiente ocupacional, como também a organização
de reuniões regulares para discussão de problemas no local de trabalho. O Manual para
a Prevenção do Estresse no Trabalho recomenda ações que promovam a valorização
profissional através do enaltecimento por um trabalho bem sucedido e a efetivação de
um sistema em que os funcionários tenham a possibilidade de expressar suas opiniões.
(UENO et al, 2017)

Apesar das considerações quanto a evolução no setor da saúde, da Atenção às


Urgências e do quadro preventivo, tanto no Brasil quanto em outros países, observa-se
que ainda é significante a preocupação quanto a frequência de exposição a riscos,
adoecimento e óbito, por parte dos trabalhadores em saúde. Define-se urgência como
constatação médica de condições de agravo a saúde que impliquem sofrimento intenso
ou risco iminente de morte, exigindo, portanto, tratamento médico imediato, enquanto
emergência é definida como a ocorrência imprevista de agravo a saúde como ou sem
risco potencial a vida, cujo portador necessita de assistência médica imediata (BRASIL,
2014).

Mesmo que os profissionais adquiram o aprendizado dos conceitos de urgência e


emergência e da lei referente a regulamentação do Sistema Único de Saúde (SUS) que
remete que a saúde é direito de todos grande parcela desses trabalhadores não
conseguem ter a percepção que essa lei também é aplicada a eles, onde deve haver
exigência de melhores condições de trabalho (BRASIL, 1990).

A área de emergência, onde se enquadra o serviço de Assistência Pré-Hospitalar


(APH), é tida como de maior estresse principalmente relacionado ao processo de
trabalho, que necessita esforços físicos, mentais, psicológicos e emocionais. O estresse
ocupacional pode intervir no comportamento pessoal e profissional, nos resultados, na
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eficácia e na qualidade de vida. A deterioração apresentada pelo trabalhador pode elevar
o estresse, podendo acarretar prejuízos na sua qualidade de vida e saúde (CARVALHO
et al, 2020).

2 JUSTIFICATIVA

Conservar a saúde nos dias atuais tem sido um grande desafio principalmente
quando se refere ao estilo de vida e quando os fatores do ambiente de trabalho não são
favoráveis para uma boa produtividade. Além disso, quando o assunto é o estresse
ocupacional temos muitos fatores desencadeantes deste processo tais como: baixa
qualidade da gestão nos serviços de saúde relacionada a falta de recursos, alta exposição
a riscos ocupacionais, insatisfação econômica baseada na carga horária aumentada,
dentre outros, gerando estresse e grande impacto na qualidade do serviço tendo como
consequência as iatrogenias.

Com isso, a presente pesquisa está direcionada a enfermeiros e acadêmicos e é


de alta relevância porque surge da curiosidade de profissionais da saúde já vivenciarem
isso mesmo ainda sendo acadêmicos, também vale salientar ainda que o tema em
discussão atenta para questões sociais, econômicas e políticas. Sendo assim, possui
grande impacto no contexto atual e sua não reflexão pode acarretar em grandes desafios
para toda a equipe.

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

 Analisar as causas de estresse ocupacional em profissionais de enfermagem


atuantes no setor de Urgência e Emergência.

3.2 Objetivos específicos

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 Verificar a relação entre sobrecarga de trabalho e qualidade de vida nos
profissionais de enfermagem que atuam nos serviços de emergência
 Investigar como o estresse pode interferir no desempenho dos profissionais de
enfermagem do setor de urgência e emergência
 Analisar a maneira que os profissionais de enfermagem atuantes na área de
urgência e emergência reagem diante de fatores estressantes.

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.1. A importância da enfermagem nos serviços de atendimento rápido

          A atuação do profissional de enfermagem nos serviços de urgência e emergência


é de grande relevância pois a área exige atenção e requer habilidade, técnica e agilidade
dos enfermeiros, uma vez que estes profissionais lidam com situações de vida e morte
continuamente. Nesse sentido, a falha ou a demora no atendimento inicial pré-hospitalar
pode acarretar na morte de uma pessoa. (CABRAL et al., 2019)

Para que isto não ocorra, há o Serviço de Atendimento Móvel (SAMU). É o


elemento de apoio móvel das redes de assistência à emergência e como tal, empenha-se
a prover o socorro com prontidão aos que necessitam. Além disso, em 1986 foi
idealizado na França como Service d' AideMédicale d' Urgence, porém só foi instituído
no Brasil em 2003, referente a Política Nacional de Atenção às Urgências. Tem por
objetivo oferecer atendimento de forma eficaz e com transporte rápido após agravos de
ocorrência clínica, cirúrgica, traumática, obstétrica, pediátrica, psiquiátrica, dentre
outras, direcionando assim de forma segura, para um serviço fixo de acordo com suas
complexidades e nível de Atenção. Em contrapartida, os enfermeiros incluídos nesse
atendimento, podem apresentar poucas perspectivas de qualidade de vida, sendo o
trabalho um determinante estressor (CANESIN; LOVADINI; SAKAMOTO, 2020).

Trabalhar com situações desafiadoras, incluindo tensões emocionais, condições


inadequadas de trabalho, exposição a riscos, estresse, locais de difícil acesso e violência
podem submeter esses profissionais da saúde a um quadro de sofrimento psicológico,
físico e emocional decorrente do estresse ocasional do trabalho (CABRAL et al., 2020)
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4.2 Definição para estresse

O estresse, antes denominado popularmente de "Síndrome do estar doente", teria


despertado certa curiosidade no cientista Hans Selye que, em 1925, em uma de suas
experiências submeteu víboras a situações agressivas para observar suas reações, e
concluiu que os animais apresentaram comportamentos comuns aos dos humanos em
uma reação defensiva. Foi então que em 1936, conceituou o estresse como Síndrome
Adaptação Geral (SAG) ou Estresse biológico. Devido a isto, Selye é considerado
precursor do Estresse biológico (SILVA; GOULART; GUIDO, 2018).

O estresse é um mecanismo de reação do organismo que submete o individuo a


estados de alerta ou alarme quando submetidos a situações de perigo ou ameaça gerando
assim alterações físicas e emocionais como se estivesse se preparando para adaptar- se a
novas situações. Conforme as disposições há dois tipos de estresse: o agudo e o crônico.
O agudo surge em situações intensas de impacto com uma curta duração, já o crônico
repercute de forma mais prolongada na vida das pessoas, de forma que, muitas vezes na
rotina se torna imperceptível. Porém, há muitos fatores desencadeantes do estresse que
pode fazer com que ele evolua de um quadro para o outro. Essa evolução pode ser
observada em três diferentes fases: Fase de alerta: considerada primeira fase do estresse
e ocorre quando o contato com o agente estressor é de forma direta. (BRASIL, 2015)

Surgem a partir daí as alterações iniciais que preparam o corpo para toda uma
reação que pode ser de fuga ou luta. As alterações principais são sudorese, taquicardia,
tensão e dor muscular, nervosismo, insônia, etc. A Fase de resistência: é descrita como,
a fase em que o corpo tenta entrar em uma homeostase, regulando a parte sanguínea de
forma a baixar os níveis pressóricos que estavam altos, a pessoa apresenta, além disso,
problemas de memória, desgaste físico e emotivo, problemas na pele, gastrite
prolongada, desejo sexual diminuído, dentre outros. Fase de exaustão: é o momento em
que o que eram apenas sintomas, pode se materializar e se tornar uma doença de fato,
como: hipertensão arterial confirmada, úlcera, hipersensibilidade excessiva, insônia,
dificuldades sexuais, etc. (BRASIL, 2015)

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4.3 A relação do trabalho com Burnout

O trabalho é um suporte essencial para a manutenção da vida. Por isso, desde os


tempos antigos até os dias atuais, o ser humano sofre por exaustão, devido se submeter
até por necessidade e sem condições de saúde muitas vezes, a situações
desencadeadoras de estresse no trabalho. Essas situações desencadeiam um quadro de
alterações psicológicas e biológicas que se evoluídas, despertam uma síndrome
conhecida como Síndrome de Burnout.

Faria et al. (2019) defendem os conceitos da psicóloga, grande precursora do


termo burnout, Christine Maslac, que segundo ela, expõe o termo como uma síndrome
que acomete os profissionais enquanto que envolvidos no seu serviço. Esta síndrome
estaria também, envolvendo a exaustão emocional, despersonificação (cinismo), e
redução de realização pessoal, ou seja, insatisfação consigo mesmo. Devido a isto, a
psicóloga americana criou o Inventário de Burnout Maslach (MBI), que mede as três
dimensões já citadas do esgotamento. As consequências podem ser observadas deste o
trabalho, no que se refere a qualidade dos serviços prestados pelos enfermeiros.
Depressão, ansiedade, rotinas desgastantes podem ser as causas.

Em contrapartida, Neves (2019), se refere a esta síndrome como algo


conceituado como, resultante do estresse crônico que não foi gerenciado com sucesso
no local de trabalho. Segundo ela ainda a Organização Mundial de Saúde (OMS)
adicionará burnout na Nova Classificação Internacional de doenças (CID-11).

Diante do exposto, Mussi et al.(2019), afirmam que a exposição ao estresse já se


faz presente desde a vida acadêmica do aluno de Enfermagem, no momento em que
precisam gerenciar suas rotinas, sua vida pessoal e social e se defrontam com diferentes
fatores desencadeantes de situações que necessitam de tomada de decisão.

De fato, a vida acadêmica apresenta muitos desafios, pois ao longo do processo


de formação, os alunos submetidos a isso devem tentar uma readaptação do tempo, do
ambiente que agora mudou e tentar novas responsabilidades. O problema é que, uma
nova realidade também repercute em novas rotinas de trabalho que na maioria das
vezes, é exaustiva (MUSSI et al, 2019).

Sendo assim, o trabalho pode ser definido como uma atividade essencial humana
que surgiu da utilidade de satisfazer necessidades básicas e para isso, ele se

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disponibiliza da natureza e de tudo ao seu redor, e a medida que ele modifica a natureza,
seu ambiente interior também é modificado (SILVA; SCHRAIBER; MOTA, 2019).

4.4. Ambiente de trabalho saudável e saúde mental

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2019), um ambiente de


trabalho saudável é aquele em que os funcionários priorizam a saúde e promoção de
saúde e tomam como parte de sua vida profissional, onde as pressões sobre os
trabalhadores são adequadas de acordo com suas habilidades e recursos tornando-se
fator estressor quando seus conhecimentos e habilidades desafiam sua capacidade de
lidar com a situação. É considerado fator agravante que o trabalhador percebe-se não ter
apoio de seus supervisores e colegas de trabalho. Os níveis de controle que eles
possuem sobre seu trabalho e ao apoio recebido de pessoas que são importantes para
eles.

Santos et al (2019) afirmam que a unidade de emergência se torna um ambiente


mais agradável quando devidamente equipado, com materiais adequados e suficientes,
refletindo diretamente na saúde dos enfermeiros e técnicos de enfermagem, assim como
na qualidade da assistência prestada.

4.5. Sofrimento psíquico e coping

As medidas de enfrentamento, também conhecidas como coping tornam-se


necessárias diante do estresse relacionado ao trabalho podendo ser auxiliadas por
acompanhamento escuta, programas educacionais e a possibilidade do trabalhador
expressar os obstáculos vivenciados no trabalho. No setor de emergência, entre as
estratégias de enfrentamento mais comuns estão resolução de problemas e reavaliação
positiva e, em contrapartida, o confronto sendo o menos utilizado (RIBEIRO et al,
2015).

Segundo Tavares et al (2017), o descuido do enfermeiro quanto ao seu estado de


saúde está relacionado com a atenção e tensão constantes no serviço e falta de estímulos
dos gestores no que diz respeito a adoção de hábitos que promovam a qualidade de vida
tem como consequência profissionais que acabam não se preocupando com os aspectos

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físicos e psíquicos que o envolvem. As questões psicológicas tem influência nas
atividades de trabalho diárias dos enfermeiros, já que tem o potencial de influenciar de
maneira negativa na assistência. Por conseguinte, existe a necessidade da criação de
mecanismos defensivos para o enfrentamento de situações estressantes, na tentativa de
manter o equilíbrio emocional, tendo como consequência uma sociedade que considera
esses trabalhadores como insensíveis e mecanicistas.

Conforme Kolhs et al. (2017), o trabalho na enfermagem tem como requisito a


dedicação dos profissionais, pois eles não lidam somente com o físico dos pacientes,
mas também com o espiritual num todo, o que pode ocasionar sentimentos geradores de
prazer ou sofrimento durante a jornada de trabalho, devido a existência de situações
frustrantes e de contentamento diante do atendimento prestado.

Duarte, Glanzner e Pereira (2018) relatam que os métodos defensivos


individuais utilizados por enfermeiros na área de emergência podem ser compreendidas
como alternativas fora do ambiente laboral para superação do estresse, gerar melhorias
nas condições de trabalho e enfrentar a ausência de perspectiva de futuro. Dessarte, o
lazer, atividades físicas, músicas e terapias foram identificadas como mecanismos de
enfrentamento individuais realizadas na sua privacidade, fora do ambiente de trabalho.
Os profissionais afirmam que a realização de exercícios físicos reduz o sofrimento
vivenciado no setor de emergência. Tais práticas se dão através de esportes, caminhadas
e academia, que auxiliam no relaxamento e aliviam sentimentos de ira, fadiga e
sofrimento, originados a partir de um trabalho fatigante.

Os mesmos autores evidenciam que a busca de atividades de lazer fora do


ambiente laboral pode ser positivo para redução do sofrimento, porém, ainda expressa
uma estratégia de compensação mais próxima da defesa. Este mecanismo de
enfrentamento evita contato com o sofrimento proveniente de situações de trabalho,
onde não há buscas nas mudanças das causas do sofrimento, mas maneiras de controlá-
lo. Todavia, seria interessante que os funcionários buscassem mudanças no seu trabalho
por meio de mobilizações coletivas, dentre elas, um espaço para a prática da ginástica
laboral, por exemplo.

4.6. Condições inadequadas de trabalho.

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De acordo com Santos et al (2019)., a quantidade insuficiente de profissionais na
equipe de enfermagem, a elevada demanda existente na emergência, a carência de
material, a carga horária de trabalho extensa e a correria característica dos prontos-
socorros, entre outros, são fatores responsáveis pelo esgotamento apresentado pelos
enfermeiros e técnicos de enfermagem. A ausência de materiais nas unidades de saúde,
principalmente no setor público, é uma dificuldade antiga na saúde e apresenta-se como
um dos maiores motivos de sofrimento no trabalho para os profissionais da
enfermagem. O ambiente da emergência, em adição à condições de trabalho
desfavoráveis e a consciência da realidade resultam em desgaste, estresse, sofrimento e
sentimento de impotência por parte da equipe de enfermagem.

Consoante a Nazario et al (2015)., a exposição ao ruído além de ser causa de


estresse como também é apontada como fator para desconcentração e irritabilidade para
profissionais que atuam em hospitais. Em um estudo, destaca que o ruído relatado como
mais incômodo pelos profissionais são os ruídos gerados por pessoas, em grande
parcela, dos pacientes. Também foram citados aqueles originados pela própria equipe de
saúde e de equipamentos. É relatado como consequência problemas extra-auditivos,
estresse, nervosismo, ansiedade e irritabilidade. (FILUS et al., 2018)

Andrade et al (2016). apontam que os funcionários sentem-se desconfortáveis,


apresentam mal-estar e cansaço devido ao estresse ocasionado pelo barulho que é
produzido por vários aparelhos, em combinação com sons de alarmes, obras, horários de
visitas e conversas entre os trabalhadores do hospital, e, dentre os fatores extra-auditivos
prejudiciais mais relevantes, encontrados entre os trabalhadores de enfermagem de um
hospital, a irritação teve maior ocorrência.

Santos et al (2019). ressaltam que o ambiente hospitalar é estressante para o


paciente e para seu acompanhante, principalmente em uma unidade emergencial. O
medo do desconhecido, a insegurança ao encarar situações entre a vida e a morte, a
preocupação diante do estado grave de entes queridos, somado a percepção da
sobrecarga de trabalho para a equipe, são sentimentos presenciados pelos pacientes e
por seus acompanhantes. Frequentemente, os acompanhantes acabam por destratar a
equipe de enfermagem por associação negativa ao serviço público e a superlotação do
setor com a assistência realizada pelo profissional e, infelizmente, ocorre dificuldades
nas relações entre o profissional com o paciente e seu acompanhante.
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4.7. Consequências decorrentes da exposição ao estresse

O estresse pode ocasionar diversas patologias se tornando um problema a nível


sistemático. Dentre eles, citam-se alterações cognitivas, físicas, emocionais e
comportamentais como problema de memória, falta de concentração, ansiedade e
preocupação excessiva, dor na coluna, cefaleia, perda de libido, diarreia, constipação,
náuseas e tontura, insônia, mau humor, agitação, tristeza, episódios de choro, hábito de
roer unhas, hipersonia, aumento no consumo de álcool, polifagia ou anorexia e
dificuldade para relaxar (SILVA et al, 2019).

Diante de um estudo, demonstrou-se que os danos psicológicos tinham relações


com aspectos decorrentes do serviço, tais como superlotação e trabalho exaustivo,
frustrações, falta de segurança e conflitos entre a equipe profissional. Em consequência
da dinâmica de emergência, desencadeia-se o estresse físico e psíquico, onde o trabalho
torna-se esgotante, ocasionando a sensação de impotência e sofrimento decorrente da
necessidade de priorizar suas atividades, refletindo no sentimento de não conseguir lidar
com todas as necessidades do paciente devido ao profissional de enfermagem se
encontrar sobrecarregado. (DUARTE; GLANZNER; PEREIRA, 2018).

5 METODOLOGIA

Este estudo baseia-se no método de revisão integrativa e possui como finalidade


a coleta e análise de dados em pesquisas através da definição da questão da pesquisa,
definição dos critérios de elegibilidade, busca em fontes de dados publicados,
elaboração das estratégias de busca e avaliação da elegibilidade, com finalidade de
possuir o potencial de ser norteador para futuras pesquisas, de modo a ser possível
expressar uma opinião crítica e ter a possibilidade de analisar a própria concepção
acerca de uma determinada temática, proporcionando o desenvolvimento de várias
pesquisas com diferentes perspectivas e resultados. (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO,
2008)

O método utilizado para coleta de informações deste estudo será a verificação de


dados realizada após leitura crítica do título e do resumo de artigos publicados a respeito

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da área estudada. A organização será desenvolvida a partir do momento da coleta de
dados.

A investigação dos artigos na literatura será executada através da busca nas


principais bases de dados SciELO (Scientific Online Library Online), BVS (Biblioteca
Virtual em Saúde), BDENF (Base de Dados em Enfermagem), LILACS (Literatura
Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde). Durante a procura os descritores
foram cruzados entre si através do uso do operador lógico booleano “and”, foi utilizado
também a filtragem de anos em todas as buscas. Serão empregados, para procura de
artigos os seguintes descritores: Estresse ocupacional, Enfermagem, Emergências,
Saúde do Trabalhador, Esgotamento Psicológico.

A pesquisa será realizada a partir de agosto de 2020 empregando como critério


de inclusão: artigos científicos e periódicos publicados no período de 2015 a 2020 que
se apresentam gratuitamente nos idiomas português, inglês e espanhol de forma íntegra.
Como critério de exclusão não serão utilizados livros e textos incompletos, monografia,
dissertações e teses.

Os resultados serão apresentados em forma de um quadro e discutidos através de


categorias baseado no conteúdo disponível nos artigos. A análise dos dados será
realizada de forma descritiva.

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14
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funcionários a partir do relato de queixas, Revista CEFAC, São Paulo, v. 18, n.6,
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm. Acesso em: 13/04/2020.

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proposta de Projeto de Resolução "Boas Práticas para Organização e Funcionamento de
Serviços de Urgência e Emergência”. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2014/prt0354_10_03_2014.html. Acesso
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