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Pós-estruturalismo
“[…] um modo de pensamento, um estilo de filosofar e uma forma de escrita, embora o termo não
deva ser utilizado para dar qualquer ideia de homogeneidade, singularidade ou unicidade” (PETERS,
2000, p. 29).
Pós-estruturalismo: novas formas de compreensão da realidade social
b) Pensar que o lugar onde se começa, seja ele qual for, é sempre sobredeterminado por
estruturas históricas, políticas, filosóficas, fantasiosas.
c) Considerar que a verdade é fabricada social e institucionalmente, que não existe a “verdade”,
mas “regimes de verdade”.
e) Considerar que o sujeito não é constituinte, mas constituído, assim como o seu objeto.
Re/significações: Pesquisas Pós-estruturalistas
f) Pensar que o poder não pode ser reduzido aos aparelhos estatais, pois está em toda a parte e
é por todos compartilhado.
“Cabe ao pesquisador esclarecer o sentido que dá a cada palavra, […] construindo os contextos e
estabelecendo os elos denotativos e conotativos, num processo inesgotável, porque infinito, de
afinação e abrangência”, transformando os conceitos interessantes para a pesquisa” (VEIGA-NETO,
2002, p. 38).
Pesquisas pós-estruturalistas: contribuições
Pós-estruturalismo.
Deleuze (1925-1995) e Guattari (1930-1992) -> base metodológica e inspiração ética e
estética para pensar a pesquisa no campo da educação.
Buscamos um processo metodológico, uma elucidação que nos ajude a traduzir por
outra fundação ontológica aquilo que estivermos praticando e refletindo no nosso
campo da educação.
3 apontamentos:
Apontamento 1 - De quantas filosofias se
faz um Rizoma?
Apontamento 2 - O rizoma entre o
estruturalismo e o pós-estruturalismo.
Apontamentos 3 - Pós-estruturalismo e
rizoma.
Deleuze: aproximações com o Pós-Estruturalismo
"Ao estudar e analisar os conceitos de filósofos da tradição (alguns nem tão conhecidos
ou pautados), Deleuze criou novos conceitos e propôs métodos e metodologias [...]"
(CUNHA, 2021, p.59).
A inquietude e a complexidade de Deleuze
"[...] A complexidade dessa filosofia aponta para um pensador sensível e inquieto, que
absorvia e se transformava com as dinâmicas rupturantes, as reviravoltas político-
culturais produzidas e refletidas em vários campos. [...]" (CUNHA, 2021, p.59-60).
Para David Lapoujade, o pensamento de Deleuze se constitui "[...] como uma tentativa
rigorosa, sistemática de inventariar os movimentos aberrantes, todo fluxo que se move
entre matéria, vida, pensamento, natureza, até mesmo a história das sociedades. [...]"
(CUNHA, 2021, p.61).
Diferença e repetição marcada por um estilo próprio > "[...] faz uso de um processo
metodológico com o qual mapeia os conceitos principais do autor e a relação
desses conceitos com outros que o margeiam [...]". (CUNHA, 2021, p.62)
Orientações para uma pesquisa em educação
i) começar nossas pesquisas pelo que acontece e nos afeta e pede uma expressão, não
pelo que se adequa a processos que apenas obedecem às normas da representação
impostas pelo Estado, pela linguagem dominante, pelas imagens de mundo que
fartamente inventam o que é o real;
ii) estudar autores e pensamento outros é importante, porém é preciso olhar para a
forma como esses autores/as organizam seus conceitos, como dispõem deles e como
eles conduzem um pensamento que se faz por meio de uma engrenagem conceitual;
v) é preciso dramatizar, não mais perguntar “o que é isso ou aquilo”, mas buscar
entender quais perspectivas se colocam por detrás de cada objeto, situação,
acontecimento, estudo;
vi) problematizar nossas experiências e aquilo que nos acontece significa pesquisar
ousando desocultar o que já se sabe sobre ou as repetições ocultas disfarçadas e
animá-las pelo movimento da diferença; é preciso exercitar a prática da diferença.
(CUNHA, 2021, p.67)
O rizoma entre o estruturalismo e o pós-estruturalismo.
“i) os limites dos espaços em que se nos inserimos para v) são propostas e projetos de estudo que, algumas
trabalhar como docentes, limites que muitas vezes vêm vezes borram as linhas limítrofes do campo
do que aprendemos a chamar de normal ou real; educativo;
ii) as práticas docentes e as rotinas da escolarização, vi) ultrapassam a representação da docência nas
como planos que se sobrepõem e interagem com condições de sujeitos/as múltiplos/as, singulares,
outros planos; únicos, em seus modos de experimentar novas
práticas, no ousar novos modos de ensinar e
iii) o que tais práticas desdobram de seus vividos nos aprender;
espaços educativos quando expandem a noção de
interpretação; vii) por fim, são experimentações ora teóricas, ora
metodológicas, que arriscam-se a propor
iv) tais análises buscam com esse estimulo à procedimentos e estratégias educativas que
diferenciação, traduzir em escritas acadêmicas introduzem elementos incomuns ao meio,
experiências problematizadas por profissionais que deslocando os arranjos dominantes” (CUNHA, 2021,
sentem-se incapazes de expressar temas que os p.77-78).
convocam através de representações identitárias;
ITINERÁRIOS DA PESQUISA PÓS-ESTRUTURALISTA
EM EDUCAÇÃO
Autores: Reginaldo Santos Pereira e Nilson Fernandes Dinis
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AUTORES CITADOS NA ABORDAGEM DO TEXTO
Alfredo Veiga-Neto
Antonio Fernando Cascais
Guacira Lopes Louro
Jean-François Lyotard
Michael Peters
Sandra Mara Corazza
Tomaz Tadeu da Silva
O problema de pesquisa não é uma simplória descoberta, um achado extraordinário, ele está
engendrado nos emaranhados e labirintos das vivências e reflexões teóricas construtivas e
destrutivas das concepções enraizadas em todo o processo formativo do pesquisador.
Conforme afirma Corazza (2007) o problema de pesquisa nasce a partir de atos de rebeldia e
insubmissão, das pequenas revoltas com o instituído e aceito, do desassossego em face das
verdades tramadas. Para que uma problematização de pesquisa se efetive despida de pré-
conceitos (com o seu campo teórico e com os próprios sujeitos da pesquisa) se requer do
pesquisador uma nova postura epistemológica e pós-identitária.
A elaboração de uma investigação com orientação pós-estruturalista “[...] é um exercício de
problematização sobre um corpo sem órgãos a ser construído; e é no ponto mais alto dessa
problematização que um problema pode adquirir a discernibilidade mais intensa na apreensão
instantânea dos múltiplos que lhe pertencem e aos quais ele pertence” (SILVA, 2004, p. 44).
“Na pós-modernidade, parece necessário pensar não só em processos mais confusos, difusos e
plurais, mas, especialmente, supor que o sujeito que viaja é, ele próprio, dividido, fragmentado
e cambiante. É possível pensar que esse sujeito também se lança numa viagem, ao longo de sua
vida, na qual o que importa é o andar e não o chegar. Não há lugar de chegar, não há destino
pré-fixado, o que interessa é o movimento e as mudanças que se dão ao longo do trajeto”
(LOURO, 2008, p. 13).
Deslocamento da razão da transcendência para a contingência
O pós-moderno não filosofa sobre o mundo concreto, isso é, não parte do pensamento
para entender o mundo. O que ele tenta fazer, então, é edificar um pensamento a partir
do mundo ou daquilo que entendemos como sendo o mundo (VEIGA-NETO, 1995, p. 10).
Inspirado nos insights pós-estruturalistas o Sujeito não é o centro da ação social ele é dirigido a
partir do exterior: pelas estruturas, pelas instituições, pelo discurso (SILVA, 2011, p. 113-114).”
Deslocamento da razão da transcendência para a contingência
Identidade do sujeito pós-moderno discutida por Stuart Hall (2011) - “não possui uma
identidade unificada e estável, mas está se tornando fragmentado, composto não de uma
única, mas de várias identidades, ela é definida historicamente e não biologicamente,
afinal a identidade plenamente unificada, completa, segura e coerente é uma fantasia” (p.
13).
Esse novo sujeito ganha visibilidade nos estudos
pós-estruturalistas: não tem uma identidade fixa,
imutável, ele é mulher, homem, índio, negro,
homossexual, transexual, bissexual.
Para Foucault (2008, p. 323), “[...] atrás do que se chamou de estruturalismo, havia um certo
problema, que era em geral o do sujeito”.
Na crítica pós-estruturalista o sujeito passa a ser constituído
por múltiplas identidades presentes nas práticas sociais e
culturais, discursivas ou não discursivas, nas relações de poder
e saber entre os grupos e nas instituições.
A teoria Queer: suas problematizações lançadas no campo da cultura e que têm como alvo mais
imediato e direto o regime de poder-saber “[...] que permite pensar a ambiguidade, a
multiplicidade e a fluidez das identidades sexuais e de gênero, mas, além disso, também sugere
novas formas de pensar a cultura, o conhecimento, o poder e a educação” (LOURO, 2008, p.
47)."
Fonte: < http://murieltotal.zip.net/arch2011-05-22_2011-05-28.html >. Acesso em: 16/09/2021.
Para Veiga-Neto (1995) coloca-se tudo sob suspeita, "[...] é dessa atitude hipercrítica que
podem nascer nossas pequenas revoltas." (p. 49)
Referências
CUNHA, Claúdia. Rizoma e pós-estruralismo: três apontamentos para a possíveis usos na pesquisa em educação. Quaestio,
Sorocaba, v. 23, n. 1, p. 55-81, jan./abr. 2021. Disponível em:
<http://periodicos.uniso.br/ojs/index.php/quaestio/article/view/4071>. Acesso em 9 set. 2021.
PEREIRA, Reginaldo Santos; DINIS, Nilson Fernandes. Itinerários da pesquisa pós-estruturalista em educação. Itinerarius
Reflectionis, [S. l.], v. 11, n. 2, 2015. Disponível em: <https://www.revistas.ufg.br/rir/article/view/36291>. Acesso em: 10 set.
2021.
PETERS, Michael. Pós-estruturalismo e filosofia da diferença. Tradução de Tomaz Tadeu da Silva. Belo Horizonte: Autêntica,
2000. 96p.
TEDESCHI, Sirley Lizott; PAVAN, Ruth. A produção do conhecimento em educação: o Pós-estruturalismo como potência
epistemológica. Praxis Educativa, Ponta Grossa, v.12, n. 3, p.772-787, set./dez. 2017. Disponível em:
<https://www.revistas2.uepg.br/index.php/praxiseducativa/article/view/9314>. Acesso em: 10 set. 2021.