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ESTRUTURALISMO

Interdisiciplinaridade em Sistemas de Informação e Gestão do


Conhecimento

Professora Drª. Marta Macedo Kerr Pinheiro

Aluno: Dárcio Costa Nogueira Júnior


Considerações sobre o Estruturalismo

“Não existe um ‘estruturalismo’ ideal, tal como é inútil


procurar um cartesianismo ideal ou um marxismo
ideal. (...) Uma filosofia nunca existe no momento
decisivo em que se projeta, embora seja esse o único
instante em que a sua voz se manterá integra.”
(COELHO, 1968, P.VI).

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Uma tentativa de definição

Estrutura: “aquilo que nos revela a análise interna


de uma totalidade: elementos, relações entre os
elementos e o arranjo, o sistema dessas mesmas
relações.” (POUILLON, 1968, p.3)

CARACTERIZAÇÃO DE ESTRUTURA (COELHO, 1968)


Conjunto de elementos dotados de leis próprias independentes das
leis de cada elemento em particular.
A existência de tais leis relativas ao conjunto implica que a alteração
de um dos elementos provoque a alteração dos demais.
O valor de um elemento não depende apenas do que ele é por si
mesmo, mas da posição que ocupa em relação aos demais.

Profª. Drª. Marta Macedo Kerr Pinheiro


Ideia de elementos não visíveis na
construção de um edifício.

Disponível em: https://pt.slideshare.net/mundisa/estruturalismo. Acesso em 13/03/2021

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Uma tentativa de definição

Estruturalismo: “O estruturalismo não é uma


teoria nem um método: é um ponto de vista
epistemológico. Parte da observação de que todo
conceito num dado sistema é determinado por todos
os outros conceitos do mesmo sistema, e nada
significa por si próprio” (JOSEPH HRABÁK apud
GARVIN, 1964, p.VIII).

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Uma tentativa de definição
Estruturalismo:
Sua obra científica é uma síntese da visão romântica,
sendo que a base da cognição é a dedução a partir de
um sistema filosófico, classificando e avaliando os
fatos a posteriori e o posicionamento empírico do
positivismo (constrói a sua filosofia a partir dos fatos
que comprovou pela experiência). (GARVIN, 1964).

Trata-se de uma posição científica geral para todos as


áreas do conhecimento humano, abrangendo o estudo
da natureza e o estudo do homem em sua criação
cultural. (CÂMARA, 1967).
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Uma tentativa de definição
CARACTERIZAÇÃO DE ESTRUTURALISMO
Implica duas ideias: a de totalidade e a de
interdependência. (POUILLON, 1968)

Linha da ação: tomar a atitude totalizante, seja em


que caso for (SARTRE, 1968).

Admite-se que conjuntos distintos podem ser


aproximados não a despeito de, mas em virtude
de suas diferenças que se procura então ordenar
(POUILLON, 1968).

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Uma tentativa de definição
CARACTERIZAÇÃO DE ESTRUTURALISMO
Aplicável somente aos conjuntos estáveis,
falhando na pretensão de explicar as mudanças.
(POUILLON, 1968)

Não define simplesmente uma ordem, mas


também funda o dinamismo prático. (POUILLON,
1968).
Implica a pluralidade das organizações.
(POUILLON, 1968).

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Origem

O estruturalismo francês se originou com a publicação


do Curso de linguística geral do suíço Ferdinand de
Saussure (considerado o pai da linguística moderna).
Neste curso Saussure classifica a organização interna
da língua como sistema, porém seus sucessores a
chamarão de estrutura (sua obra póstuma, publicada
em 1916, foi organizada pela reunião de anotações de
dois alunos). (DIAS; MACHADO, 2005).

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Concepção estruturalista de linguagem

Jonathan Culler (1976, p.49) assim descreve a


concepção estruturalista de linguagem de Saussure:
“Não se trata simplesmente do fato de que a língua é
um sistema de elementos que são inteiramente
definidos por suas mútuas relações no interior do
sistema, embora isso seja verdade, mas do fato de
que o sistema linguístico é constituído por diferentes
níveis de estrutura; em cada nível, pode-se identificar
elementos que contrastam e se combinam com outros
elementos para formar unidades de nível superior, mas
os princípios estruturais em cada nível são
fundamentalmente os mesmos".
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Estrutura e Estruturalismo

“Em uma primeira aproximação, podemos dizer que


uma estrutura é um sistema de transformações. Na
medida em que é um sistema e não uma simples
coleção de elementos e de suas propriedades, essas
transformações envolvem leis: a estrutura é
preservada ou enriquecida pelo próprio jogo de suas
leis de transformação que nunca levam a resultados
externos ao sistema nem empregam elementos que
lhe sejam externos. Em suma, o conceito de estrutura
é composto de três ideias-chave: a ideia de
totalidade, a ideia de transformação e a ideia de
auto-regulação”. (PIAGET, 1971, p. 5).
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Estruturalismo na França
A razão do êxito que o
Estruturalismo conheceu na
França nas décadas de 50 e 60
se deve à sua apresentação
como um método rigoroso com
possíveis contribuições para o
progresso da Ciência além da
constituição de um momento
particular da história do
pensamento suscetível de ser
qualificado como o tempo forte
da consciência crítica (DOSSE,
1993).
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História do Estruturalismo
Compartilhando a ideia de Foucault, Dosse (1993)
afirma que o estruturalismo não é novo método, mas o
despertar da consciência inquieta do saber moderno,
além de um movimento de pensamento que traz uma
nova forma de relacionar com o mundo.

https://i1.wp.com/psicoativo.com/wp-content/uploads/2016/08/introspecção.jpg (Acesso em 13/01/2021

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Ideias-chave do Estruturalismo
(a partir de Saussare)

i) O objetivo de estudo das Ciências Humanas são


os sistemas formais e suas relações, não os
conteúdos ou significações.
ii) A língua é um sistema que precede a fala, os
códigos e regras precedem e determinam as
práticas
iii) As regras se impõem à revelia da percepção
consciente dos sujeitos.
(DOSSE, 1993)

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Tópicos da História do Estruturalismo:
• Recepção tardia das reflexões da linguística na França.
Ano Claude Lévi-Strauss traz à Antropologia Social as exigências
s 40 científicas necessárias para afirmar-se no campo das ciências
humanas.

• Época épica: inovações propostas por Jacques Lacan no


Ano âmbito da Psicanálise – o inconsciente está no centro do
s 50 paradigma estruturalista (SAUSSARE, LÉVI-STRAUSS,
LACAN).

• La Belle Époque: Negação do sujeito histórico é o cerne da


Anos crítica da geração estruturalista ao humanismo. 1966 – obra
60 publicada por Foucault consolida sua adesão ao paradigma
estrutural.
(DOSSE, 1993)

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Pensamento estruturalista

“Esperança de um espírito científico para as Ciências


Humanas e contraponto à Fenomenologia, o chamado
programa estrutural suscitou o interesse e a dedicação
de pensadores tão distintos entre si, quanto, por
exemplo, Lévi-Strauss, Lacan, Foucault, Althusser ou
Roland Barthes – mesmo que alguns dentre eles
tenham negado veemente este possível rótulo.”
(SALES, 2003, p.160)

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Pensamento estruturalista

Ao longo dos anos 50 e 60, as produções intelectuais


da França vivenciaram o que foi denominado
retroativamente de momento estruturalista. (SALES,
2003)
Pós-modernidade

Segundo Dosse (1993), o estruturalismo expressa o


que se convencionou a chamar de pós-modernidade.
Seguem as principais características que podem ser
encontradas nas obras dos mestres do pensamento
estrutural:

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Pós-modernidade

A noção do presente sem devir, uma dilatação do


presente e uma presentificação do passado.

O irracionalismo (raízes em Nietzsche e


Heidegger) – expressão da decepção com as
promessas do Iluminismo otimista para cair no
niilismo permanente de “uma razão que trabalha
para sua própria descentralização”.

Relativismo absoluto (Lévi-Strauss): rechaçou


qualquer clivagem entre culturas superiores/
inferiores – crise da noção de progresso.

(DOSSE, 1993)

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Pós-modernidade

A aposentadoria do homem, relegado a


ser mera ilusão envolta em ilusões, pois
não existem sujeitos, existem estruturas.

Ruptura radical em relação ao


ILUMINISMO e aos valores e direitos
universais, liberdade, igualdade e
fraternidade, em nome das lutas das
minorias particularistas.
(DOSSE, 1993)

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Paradigma estrutural
“O estruturalismo, invenção mais ou menos
individual de Lévi-Strauss, foi o único paradigma
verdadeiramente novo que se desenvolveu nos anos
60. Poderia até se dizer que é o único paradigma
genuinamente original das ciências sociais (e das
humanidades também, para o caso) que se
desenvolveu no século vinte.” (ORTNER, 2011,
p.429).

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Paradigma estrutural
“Inspirado na linguística e na teoria da comunicação,
e considerando-se influenciado por Marx e Freud,
Lévi-Strauss arguiu que a desconcertante
diversidade visível dos fenômenos sociais e culturais
podia tornar-se inteligível ao se demonstrarem as
relações que esses fenômenos compartilham com
uns poucos princípios simples subjacentes.”
(ORTNER, 2011, p.429).

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Fissuras no paradigma estrutural

A partir de 1967 surgem as primeiras fissuras no


paradigma estrutural, que inicia um período de
declínio que se estende ao longo dos anos 70 e 80.
Com exceção de Lévi-Strauss, cada mestre-
pensador passou a evitar o qualificativo de
estruturalista (DOSSE, 1993).

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Limitação no paradigma estrutural

“Enquanto as escolas filosóficas inspiradas pelo


evolucionismo sustentam as ideias de gênese,
desenvolvimento e derivação histórica como
essenciais para a inteligibilidade da realidade
humana, por outro lado a compreensão histórica se
torna suspeita, e mesmo problemática, para a
inteligência estrutural, para a qual os padrões
‘sincrônicos’ são os mais facilmente inteligíveis”
(RICOUER, 1979, p.263).

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Tipos de Estruturalismo.

Estruturalismo Estruturalismo Estruturalismo


fenomenológico genético dos modelos
• Merleau-Ponty • Goldmann • Lévi-Strauss
• Sartre • Piaget • Lacan
• Gurvitch • Barthes
• Lefebvre • Foucault
• Sartre • Althusser

(COELHO, 1968).
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Principais mestres-pensadores

Roman Osipovic Jakobson (1896-1982) –


linguista e filósofo russo.

“Se tivermos que escolher um termo que sintetize a ideia


central da ciência atual, em suas mais variadas
manifestações, dificilmente poderemos encontrar uma
designação mais apropriada que a de estruturalismo.
Qualquer conjunto de fenômenos analisado pela ciência
contemporânea é tratado não como um aglomerado
mecânico, mas como um todo estrutural, e sua tarefa básica
consiste em revelar as leis internas – sejam elas estáticas,
sejam elas dinâmicas – desse sistema.” (JAKOBSON, 1973).
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Principais mestres-pensadores

Claude Lévi-Strauss (1908-2009) –


antropólogo, professor e filósofo francês (nascido
na Bélgica).

“Se, como cremos, a atividade inconsciente do espírito


consiste em impor formas a um conteúdo, e se as formas são
fundamentalmente as mesmas para todos os espíritos, antigo
e moderno, primitivo e civilizado [...] é preciso e basta atingir
a estrutura inconsciente, subjacente a cada instituição ou a
cada costume, para obter um princípio de interpretação
válido para outras instituições e outros costumes.” (LÉVI-
STRAUSS, 1968, p. 21)
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Principais mestres-pensadores

Jean Piaget (1886-1980) – especialista em


psicologia evolutiva e epistemologia genética,
filósofo e educador.

“Na medida em que se opta pela estrutura e se


desvaloriza a gênese, a história e a função ou até
mesmo a atividade do próprio sujeito, não se pode
deixar de entrar em conflito com os princípios centrais
dos modos dialéticos de pensamento". (PIAGET, 1971,
p.120).

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Principais mestres-pensadores

Michel Foucault (1926-1984) – filósofo,


historiador, crítico literário e professor.

“O problema da linguagem veio à tona, e pareceu que a


fenomenologia não era capaz de dar conta, tão bem quanto uma
análise estrutural, dos efeitos de sentido que podiam ser
produzidos por uma estrutura de tipo linguístico, escritura em que o
sujeito no sentido da fenomenologia não intervinha como aquele
que confere o sentido. E, muito naturalmente, estando a esposa
fenomenológica desqualificada por sua incapacidade de falar da
linguagem, o estruturalismo tornou-se a nova noiva” (FOUCAULT,
2005, p.311).

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Principais mestres-pensadores

Jacques-Marie Émile Lacan (10901 – 1981) –


psicanalista francês.

 "Todo fenômeno analítico, todo fenômeno que


participa do campo analítico, da descoberta
analítica, daquilo que lidamos no sintoma e na
neurose, é estruturado como linguagem. Isto quer
dizer que é um fenômeno que apresenta sempre a
duplicidade essencial do significante e do
significado." (LACAN, 1955-56/2008, p.196)
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Estruturalismo nos diferentes campos do
Conhecimento
• Linguística • Literatura

Pode-se conhecer
Preocupação com a
a história ou a
forma da expressão
estrutura, mas não
e a forma do
a história e a
conteúdo
estrutura
(CONEJO, 2007)
(CANDIDO, 2012)

Mente seria uma


Existem regras
soma de processos
estruturantes das
estruturais e a
culturas na mente
consciência e a
humana (Lévi-
mente eram
Strauss) (LIDÓRIO,
resultados desta
2009)
estruturação.
• Antropologia • Psicologia

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Estruturalismo nos diferentes campos do
Conhecimento
• Matemática • Sociologia

Organização A existência do
estrutural e homem para os
apresentação de um estruturalistas é uma
novo estilo formal e construção social
algebrizante. (ALVES, (OLIVEIRA et al,
2016) 2014)

Recuperação da
De um modo geral,
informação; a
então, quanto mais
relevância e a
estruturado e coeso
interação, as quais
um pensamento,
formam um estrutura
mais ele tem de ser
para o entendimento
tomado no seu
da própria ciência da
todo. (VEIGA-NETO,
informação.
2000)
(TÁLAMO, 2009)
• Filosofia • Ciência da
Informação

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Método de pesquisa para Ciências da
Gestão

 "O objeto do estruturalismo é o conjunto das


relações interdependentes de fenômenos
determinados”.
 “O referente da estrutura é o observado, o real
concreto”.
 “O método consiste em identificar um sistema
relacional de elementos, das suas propriedades e
do conjunto de estados e transformações possíveis
através dos quais os elementos e relações podem
passar”. (THIRY-CHERQUES, 2006, p.145-146)
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Método de pesquisa para Ciências da
Gestão

 O estudo das propriedades consiste em analisar as


condições que possibilitam à estrutura passar de
um estado a outro, através da mudança de
elementos, mantendo inalterado o sistema
estrutural.
 O estruturalista procura encontrar as totalidades.
Assim, não faz uso do exame e decomposição para
encontrar os elementos supostamente últimos e
determinantes (THIRY-CHERQUES, 2006)

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Método de pesquisa para Ciências da
Gestão
"A construção do modelo consiste nas seguintes
operações:
 definir o fenômeno em estudo como relação entre
dois ou mais termos reais ou supostos;
 construir uma tabela das permutas possíveis entre
esses elementos;
 proceder à análise, adotando esta tabela como
referência, e considerando os fenômenos empíricos
apenas como uma possível combinação entre
outras, cujo sistema completo deve ser construído
de antemão.” (THIRY-CHERQUES, 2006, p.150).

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Considerações sobre o método de pesquisa
para Ciências da Gestão

 A sociedade não tem uma estrutura, mas uma


multiplicidade delas – parentesco, código de
etiqueta, maneira de cozinhar, ...
 Os sistemas simbólicos que formam a sociedade
são diversos – organizações, linguagem, regras
matrimoniais, relações econômicas, arte, Ciência,
religião.
 Estruturas podem conter contradições, serem
irredutíveis ou incomensuráveis (THIRY-
CHERQUES, 2006).

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Considerações sobre o método de pesquisa
para Ciências da Gestão

 Qualquer modalidade de comprovação empírica,


paramétrica, não-paramétrica ou mesmo a
simples documentação de ocorrências (caso) é
válida para os fins a que o estruturalismo se
propõe: demonstrar que a estrutura é possível.
 O método estruturalista exige rigor e diligência para
que possa apresentar resultados.
 Alega-se, contra o estruturalismo, que as
estruturas não podem ser demonstradas como
universais (THIRY-CHERQUES, 2006).
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Conhecimento, Interdisciplinaridade e
Estruturalismo

Interdisciplinaridade e os fluxos conceituais: através


do compartilhamento de uma mesma metodologia – a
análise estrutural - algumas disciplinas das ciências
humanas aproximaram-se e obtiveram ganhos de
cientificidade reconhecidos. O movimento
estruturalista é considerado um dos exemplos de
interdisciplinaridade no século XX. (TÁLAMO, 2009).

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Estruturalismo: Interdisciplinaridade na
constituição de novos campos

O Estruturalismo continua exercendo papel


importante na organização de novos campos de
investigação, como o das ciências do impreciso e o
da ciência da informação. (TÁLAMO, 2009).

“O conceito de estrutura permite interrogar o campo


da ciência da informação como lugar de produção de
conhecimento e não apenas da proposição de
soluções pontuais para melhoria de processos.”
(TÁLAMO, 2009, p.127).

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Pós-estruturalismo

"Os pós-estruturalistas continuam, de formas variadas,


a sustentar essa compreensão estruturalista do
sujeito, concebendo-o, em termos relacionais, como
um elemento governado por estruturas e sistemas,
continuando a questionar também as diversas
construções filosóficas do sujeito: o sujeito cartesiano-
kantiano, o sujeito hegeliano e fenomenológico; o
sujeito do existencialismo, o sujeito coletivo marxista”.
(PETERS, 2000, p. 31).
  

Profª. Drª. Marta Macedo Kerr Pinheiro


Pós-estruturalismo

"Se o pós-estruturalismo, em sua primeira e segunda


gerações, pode ser visto como, em grande parte, um
empreendimento francês, a situação agora é bem
diferente: os pós-estruturalistas de terceira e quarta
gerações (feministas, pós-colonialistas, psica- nalistas,
neofoucaultianos, neodeleuzianos, neoderrideanos)
procuram desenvolver e aplicar o pensamento da
primeira geração em uma série de experimentos e de
mutações teóricas, escapando a qualquer tentativa de
uma definição única, porque o pensamento pós
estruturalista é uma obra em andamento.” (PETERS,
2000, p. 46).
   Drª. Marta Macedo Kerr Pinheiro
Profª.
Considerações finais

 A respeito do legado de Saussure para as


humanidades, “no seu conjunto tais premissas
permitem definir um método científico e uma
terminologia compartilhados, sem vestígios de
superioridade de um saber disciplinar sobre o
outro. Isto é, as ciências humanas passam a
dialogar a partir de método e de terminologia
comuns”. (TÁLAMO, 2009, p.125).

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Considerações finais

 A Interdisciplinaridade pode deixar de restringir-se


à migração conceitual e realizar sua disseminação
a partir do esforço integrador dos trabalhos do
campo e possibilidade de existência e
compartilhamento de fundamentos teóricos que
reúne as respectivas áreas do Conhecimento
(TÁLAMO, 2009).

Profª. Drª. Marta Macedo Kerr Pinheiro


Sugestão de leitura
TÁLAMO, M. F. G. M. Produção do conhecimento, interdisciplinaridade e
estruturalismo. Revista Eletrônica de Comunicação, Informação e Inovação em
Saúde, v. 3, n. 3, 2009. DOI: 10.3395/reciis.v3i3.788 Acesso em: 13 mar. 2021.

Resumo: Apresentação da organização da ciência moderna, identificando


ocorrências da produção de saberes segundo contextos formais e informais, e de
sua transição paradigmática para a pós-modernidade, com o recurso à
interdisciplinaridade, cujo funcionamento seguindo princípio de economia dos
sistemas simbólicos, permite a dialogia e a consolidação das humanidades.
Exemplifica-se, tal fenômeno, com o estruturalismo, que na contemporaneidade
continua exercendo papel importante na organização de novos campos de
investigação, como o das ciências do impreciso e o da ciência da informação.

Palavras-chave: Ciência Moderna. Ciência Pós-


moderna. Estruturalismo. Interdisciplinaridade. Conhecimento.

Profª. Drª. Marta Macedo Kerr Pinheiro


Referência
ALVES, Francisco Regis Vieira. Didática de matemática: seus pressupostos de ordem
epistemológica, metodológica e cognitiva. Interfaces da Educação, v. 7, n. 21, p.
131-150, 2016.

CANDIDO, Antonio et al. A literatura e a formação do homem. Remate de males,


2012.

CÂMARA JR, J. Mattoso. O estruturalismo. ALFA: Revista de Linguística, v. 11,


1967.

COELHO, Eduardo Prado (Org). Estruturalismo: antologia de textos teóricos.


Lisboa: Portugália, 1968.

CONEJO, Cássia Rita. O estruturalismo e o ensino de línguas. Línguas & Letras, v.


8, n. 15, p. 225-242, 2007.

DIAS, Juciele Pereira; MACHADO, Daniela Zimmermann. História do Estruturalismo:


La Belle Époque. Revista Idéias – Edição Especial, p. 19-22, 2005.

Profª. Drª. Marta Macedo Kerr Pinheiro


Referência
DOSSE, F. História do estruturalismo. São Paulo: Ensaio, 1993.

FOUCAULT, Michel. Estruturalismo e pós- estruturalismo. In: MOTA, M. (Org.). Michel


Foucault Ditos e Escritos II: Arqueologia das ciências e história dos sistemas de
pensa- mento. Tradução de Elisa Monteiro. Rio de Janeiro: Forense Universitária,
2005.

GARVIN, Paul L. A Prague school reader on esthetics, literary structure, and style.
1964.

JAKOBSON, Roman. Questions de poétique. Éditions du Seuil, 1973.

LACAN, J. O Seminário, livro 3: As psicoses. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1955-


56/2008.

LÉVI-STRAUSS, Claude et al. Mitológicas. 1968.

LIDÓRIO, Ronaldo. Conceituando a antropologia. Revista Antropos, v. 3, p. 1982-


1050, 2009.

Profª. Drª. Marta Macedo Kerr Pinheiro


  
Referência
OLIVEIRA, Arley Silva et al. Antropológica: investigação estruturalista de Lévi-
Strauss. Contribuciones a las Ciencias Sociales, n. 2014-02, 2014.

ORTNER, Sherry B.. Teoria na antropologia desde os anos 60. Mana,  Rio de


Janeiro ,  v. 17, n. 2, p. 419-466,  Aug.  2011 .   Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
93132011000200007&lng=en&nrm=iso>. access on  13  Mar.  2021.  
https://doi.org/10.1590/S0104-93132011000200007.

PETERS, Michael. Pós-estruturalismo e filo- sofia da diferença. Tradução de Tomaz


Ta- deu da Silva. Belo Horizonte: Ed. Autêntica, 2000.

PIAGET, J. Seis estudos de psicologia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1971.

PiAGET, J. Épistémologie des sciences de l’homme. Paris: Gallimard, 1972.

RICOEUR, Paul. Main Trends in Philosophy. New York. Holmes & Meyer, 1979.

  
Profª. Drª. Marta Macedo Kerr Pinheiro
Referência

SALES, Léa Silveira. Estruturalismo—história, definições, problemas. Revista de


Ciências Humanas, n. 33, p. 159-188, 2003.

TÁLAMO, M. F. G. M. Produção do conhecimento, interdisciplinaridade e


estruturalismo. Revista Eletrônica de Comunicação, Informação e Inovação em
Saúde, v. 3, n. 3, 2009. DOI: 10.3395/reciis.v3i3.788 Acesso em: 13 mar. 2021.

THIRY-CHERQUES, Hermano Roberto. O primeiro estruturalismo: método de


pesquisa para as ciências da gestão. Revista de administração contemporânea, v.
10, n. 2, p. 137-156, 2006.

VEIGA-NETO, Alfredo. Michel Foucault e os estudos culturais. COSTA, Marisa, p. 37-


72, 2000.
  

Profª. Drª. Marta Macedo Kerr Pinheiro

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