Você está na página 1de 12

Ana Karenina dos Santos - RA 004201800633

Arnaldo Gonçalves da Silva - RA 004201800544

Luiz Felipe Rossi - RA 004201804906

Mayara Farias de Almeida - RA 004201801847

Raquel Morais Lelli - RA 04201801428

Trabalho de Fenomenologia Existencial

Campinas

2021
Ana Karenina dos Santos - RA 004201800633
Arnaldo Gonçalves da Silva - RA 004201800544

Luiz Felipe Rossi - RA 004201804906

Mayara Farias de Almeida - RA 004201801847

Raquel Morais Lelli - RA 004201801428

Trabalho de Fenomenologia Existencial

Trabalho de pesquisa apresentado à disciplina,


Psicoterapia Humanista do Curso de Psicologia
da Universidade São Francisco, sob a orientação
da Profa. Ramila Isa de Alencar Alkimim
Ferrari, como exigência parcial para a aprovação
na disciplina de Psicoterapia Humanista.

Campinas

2021
3

Sumário
Introdução..............................................................................................................................................4
Método..................................................................................................................................................7
Resultados e Discussão..........................................................................................................................8
Conclusão............................................................................................................................................10
Referências Bibliográficas...................................................................................................................11
4

Introdução

O método escolhido para este trabalho foi a fenomenologia existencial, surgida com
Franz Brentano no final do século XIX. Porém, foi com Husserl que, no início do século XX,
a fenomenologia ganhou força como movimento contra o positivismo, que era considerado
uma ciência na época, voltando-se para afirmações sobre a realidade e não sobre seu sentido.
Husserl criou a fenomenologia com o objetivo de compreender as questões filosóficas da
metodologia. Em suma, a fenomenologia propõe uma forma de compreender
verdadeiramente as pessoas, ou de uma forma não tão simples “é o estudo dos fatos do
fenômeno como são apreendidos pela consciência” (Rudio, 2001, p. 115). Cada consciência é
singular, e apreende com sua forma e sentido. O fenômeno do ser se entende a partir de como
ser do fenômeno constrói a si mesmo e se revela na existência. Nesse caso, "o fenômeno é o
que se mostra a si mesmo; à maneira do ente, portanto, o fenômeno transparece, mostrando-
se a si mesmo” (Feijoo, 2010, p. 39).
Abordando o existencialismo que se popularizou após a Segunda Guerra Mundial, no
contexto de uma Paris destruída que essa corrente de pensamento foi associada ao nome de
Sartre - trata-se de um equívoco assumir que esse pensador é o inaugurador desse novo olhar
sobre o mundo e o ser humano, na verdade, a fonte de inspiração da existência como
problema filosófico encontra-se em Martin Heidegger, que, por sua vez, foi influenciado por
Nietzsche e Kierkegaard, e embora esses pensadores tenham elaborado explicações distintas,
suas reflexões iniciaram-se baseadas no ser humano em sua concretude. O ser humano se
mostra e se manifesta pela sua existência, pelo seu “ser ai” (Dasein), para utilizar um termo
heideggeriano, que é presença em que o “pré remete ao movimento de aproximação,
constitutivo da dinâmica do ser, através das localizações [...] e o “ex” firma uma
exterioridade, mas interior e exterior fundam-se na estruturação da presença. [...] é na
presença que o homem constrói o seu modo de ser, a sua existência, a sua história”
(Heidegger, 1995, p. 309). A singularidade está na existência. A existência precede a essência
e está em sua existência (Heidegger, 1995, p.77).
O ser-no-mundo escolhe sua possibilidade rodeado pela mundanidade, ou seja, por
aquilo que lhe é necessário no momento. Por isso que quando se mostra se esconde ao mesmo
tempo, manifestando o que lhe é próprio para o momento. Logo, "não há outro legislador
além dele próprio” (Angerami-Camon, 1985, p. 48), sendo assim, o homem é colocado no
centro de suas próprias decisões, em que mesmo quando não escolhe já está escolhendo.
5

Sobre a visão de homem a partir da fenomenologia existencial, o mesmo é visto na


realidade de sua existência (com suas crenças e valores), cuja consciência é influenciada pelo
mundo que o cerca (em constante mudança), deixando de ser algo que existe por si só. Já não
é a consciência do homem que constitui o mundo, mas é o homem e o mundo, numa dialética,
que se constituem um ao outro. Não se pode afirmar quem age sobre quem: se o homem
sobre o mundo ou vice-versa. É a esta dicotomia a qual Merleau-Ponty denomina de
ambigüidade. Há também a perspectiva de homem como um ser consciente, autônomo,
afetivo e repleto de emoções próprias, sentimentos, sonhos, anseios, crises e desejos. Dessa
forma, na relação terapêutica, o cliente é sempre percebido como uma pessoa com capacidade
para expandir sua consciência e decidir, por si mesmo, a futura orientação a ser dada à sua
vida. (Corey, 1986, p. 223).
A respeito dos princípios da terapia fenomenológica existencial, de maneira geral,
apresentam uma postura visando um verdadeiro encontro com o cliente, baseando-se nos
elementos do inter-humano de Buber (2003) de respeitar e valorizar a criatividade existencial
emergente em cada um. Assim, não se trata de dar orientações nem de trazer interpretações
prontas aos clientes, como às vezes acontece em psicoterapias de outras abordagens. Pelo
contrário, trata-se de permitir que cada um, com suas próprias potencialidades e capacidade
para o crescimento, como já defendiam os humanistas Maslow e Rogers, busque encontrar o
seu próprio caminho a partir de suas próprias observações e reflexões. Pois uma psicologia
fenomenológica procura revelar o ser humano para si próprio, fazendo-o observar-se aos
demais, refletir sobre si próprio e sobre suas observações (Holanda, 1998, p. 13). As
Psicoterapias Fenomenológico-Existenciais constituem suas teorias e formas de atuação
embasadas nos princípios da empatia, autenticidade, respeito e crença na potencialidade
humana. Princípios estes que tiveram origem nos fundamentos da Fenomenologia, do
Existencialismo e do movimento Humanista, os quais percorreram toda a história da
Psicologia até os dias atuais.
Trazendo alguns principais conceitos e ideias, em Fenomenologia é ensinado que cada
ato de consciência que nós realizamos, cada experiência que nós temos, é intencional: é
essencialmente “consciência de” ou uma “experiência de” algo, toda nossa consciência está
direcionada a objetos. Se nós vemos, vemos algum objeto visual, como uma árvore ou um
lago, se nós imaginamos, nossa imaginação apresenta-nos um objeto imaginário e se nós
estamos envolvidos em uma recordação, recordamos um objeto passado, se tomamos parte
em um julgamento, projetamos uma situação ou fato. Cada ato de consciência, cada
experiência é correlata com um objeto. Cada intenção tem seu objeto intencionado.
6

(Sokolowski, 2004, p. 17). Ou seja, a intencionalidade fenomenológica abrange a integração


sujeito/objeto, atribuindo sentido, “É ela que unifica a consciência e o objeto, o sujeito e o
mundo. Com a intencionalidade há o reconhecimento de que o mundo não é pura
exterioridade e o sujeito não é pura interioridade, mas a saída de si para um mundo que tem
uma significação para ele” (Forghieri, 1997, p. 15). Desta forma, é sempre consciência de
alguma coisa, “o movimento para as coisas, procurando entrar em contato com a realidade”
(Rudio, 2001 p. 113).
7

Método
O artigo analisado foi “O processo ludoterapêutico na perspectiva fenomenológico
existencial das crianças em atendimento clínico”, onde o método trata-se de uma pesquisa
qualitativa fundamentada no método fenomenológico, a partir do modelo desenvolvido por
Giorgi (1985, 1997). Este método de Amadeo Giorgi estrutura-se em 4 fases: 1. Transcrição
literal das falas e uma leitura inicial geral; 2. Leitura repetida do material de fala e
discriminação das unidades de significado que constituem o fenomeno; 3. Conversão das
unidades de significado para a linguagem científica e aprofundamento teórico; 4. Síntese das
unidades de significado em um texto coeso que apresente aos leitores a compreensão da
experiência estudada.
A intervenção ocorreu na própria clínica onde trabalha o psicólogo ou na sala de
psicoterapia (antes ou depois da sessão semanal do cliente), e se deu por meio de encontros
individuais orientados por questões norteadoras foram utilizados como mediadores da
expressão infantil uma Caixa Lúdica - papel ofício A4, lápis grafite, borracha, coleção de
lápis de cor e hidrocor, massa de modelar, tesoura, glitter e cola; Mala de Figuras - gibis
infantis e tesoura; História Incompleta - contação de história inicialmente narrada pela
pesquisadora e depois completada pela criança; Recado - pedido de elaboração de um recado
para crianças que ainda não conhecem o psicólogo.
Os três primeiros encontros, aconteceram da seguinte forma:
Primeiro encontro - caixa lúdica com objetivo de estabelecer o rapport com a criança
e introduzir a temática da psicoterapia. Segundo encontro - estabelecimento do diálogo com
questões voltadas à experiência da psicoterapia. Utilizou-se a Mala de Figuras para a criança
recortar cenas dos gibis que mostrassem sentimentos, comportamentos e/ou pensamentos
relacionados à atividade do psicólogo. Terceiro encontro - História Incompleta, a elaboração
do recado e o encerramento. Participaram da investigação seis crianças em processo
psicoterápico de base humanista ou fenomenológico-existencial com, no mínimo, seis meses
de duração.
8

Resultados e Discussão
De acordo com o objetivo proposto, cinco unidades de significado foram distinguidas:
a) Ignorância de ocupação;
b) Quem vai ao psicólogo e qual o motivo do encaminhamento;
c) O que faz o psicólogo;
d) As características da ludoterapia;
e) Valorização da ludoterapia.

Sendo, o desconhecimento da profissão, a dificuldade em expressar o que se sabe


sobre ela ou um desconhecimento em relação à profissão. A questão da familiaridade das
crianças com o psicólogo parece ter sido edificada a partir da inserção delas em seu atual
processo terapêutico. Anterior ao fato, o que se percebe é a falta de conhecimento em relação
à profissão ou uma dificuldade em expressar o que se sabe sobre ela, havendo possíveis
contradições. Quem vai ao psicólogo e quais os motivos para um encaminhamento,
normalmente expressam que a criança vai ao psicólogo porque precisa, seja por um
comportamento - bater, brigar - ou devido a sentimentos como medo, vergonha, tristeza;
utilizam também de significados como “estar perdido”, louco ou doente, ou acreditam que os
sentimentos são deficiências. E embora relatem ter poucas informações sobre a psicoterapia
antes da primeira hora terapêutica, as crianças demonstram ter um conhecimento mais
estruturado sobre os usuários do serviço e sobre os motivos que justificam um
encaminhamento para a Ludoterapia. Sobre o que faz o psicólogo e as características da
Ludoterapia, quando se remeteram ao trabalho do psicólogo, as crianças fizeram referências
aos recursos utilizados por ele, aos objetivos na utilização de tais recursos e,
consequentemente, à função deste profissional. O desenho e a pintura são considerados pela
literatura como registros que revelam a percepção da criança sobre determinado assunto. O
uso de tais recursos é estimulado porque possibilita à criança a liberdade de expressar
exatamente o que ela quiser. Dizem também que as conversas são para compartilhar
segredos, promover bem-estar e aprender algo. Por fim, a apreciação da Ludoterapia, esta
última unidade de significado diz sobre como as crianças avaliam a Ludoterapia, abordando
os pontos positivos e os negativos destacados por elas. De uma forma geral, os sujeitos
9

relataram que gostam do processo ludoterapêutico, recomendando-o, inclusive, às outras


crianças. Os pontos negativos destacados se referem ao horário dos atendimentos e ao
material da sala, e também das sessões em que eles conversam mais do que brincam (não
gostam tanto disso).
A respeito do que foi feito com a abordagem, é clara a necessidade de estabelecer diálogos
que esclareçam a todos, que a Ludoterapia se apresenta como um instrumento de apoio em
momentos de conflito e que visa ajudar à família como um todo, e à criança de uma forma
mais específica, a encontrar estratégias que transformem o sofrimento em crescimento. E a
necessidade de elaborar novas formas de intervenção e de desassociar a imagem de que a
criança só vai ao psicólogo quando não está bem ou tem uma “deficiência”. Nos resultados
também ficou evidente a necessidade dos psicólogos clínicos conquistarem mais espaços de
atuação em lugares que oferecem algum tipo de serviço para as crianças, além do consultório.
É visível que a ludoterapia é essencial para a clínica, de forma que a criança tenha liberdade
de se expressar e mostrar-se por si mesma. Além disso, a visão do porquê ir a um psicólogo,
principalmente pelas crianças, está muito voltada ao fato de a criança não estar saudável ou
bem. Elas acabam tendo uma visão muito negativa sobre si mesmas por conta disso.
10

Conclusão
A Ludoterapia é baseada no fato de que os jogos e brincadeiras são os meios naturais
de uma criança expressar-se, assim como, na terapia de adultos, o indivíduo resolve suas
dificuldades falando. Ela pode ser descrita como um caminho que se oferece à criança para a
mesma crescer sob melhores condições. Sendo o brinquedo seu meio natural de
autoexpressão lhe é dada a oportunidade de, brincando, expandir seus sentimentos
acumulados de tensão, frustração, insegurança, agressividade, medo, espanto e confusão.
Libertando-se destes sentimentos através do brinquedo, ela se conscientiza deles, esclarece-
os, enfrenta-os, aprende a controlá-los, ou os esquece. E quando a mesma atinge uma certa
estabilidade emocional, percebe sua capacidade para realizar-se como um indivíduo, pensar
por si mesma, tomar suas próprias decisões e tornar-se psicologicamente mais madura. Assim
é visível que a teoria fenomenológica existencial que trabalha a ludoterapia com crianças tem
gerado resultados positivos no desenvolvimento infantil.
11

Referências Bibliográficas

Axline,V. (1972). Ludoterapia: a dinâmica interior da criança. Belo Horizonte (MG):


Interlivros
Buber, M. (2003). Eu e tu. (6a ed., N. A., Von Zuben, Trad.). São Paulo: Centauro.
Corey, G. (1986). Técnicas de aconselhamento e psicoterapia. Rio de Janeiro: Campus.
Forghieri, Y. C. (1997). Psicologia Fenomenológica – Fundamentos, Métodos e Pesquisas.
São Paulo: Editora Pioneira.
Holanda, A. F. (1998). Fenomenologia, Psicoterapia e Psicologia Humanista. (pp. 33-46).
Estudos de Psicologia. Campinas.
Lousada, E., Cardoso, R. & Gusmão, L. V. N. (2018). A abordagem fenomenológica
existencial espaço para a vivência do ser. Paraná: Rev. Saberes UNIJIPA. Recuperado
de: https://pos.unijipa.edu.br/documentos/revista/16)%20-%20A%20ABORDAGEM
%20FENOMENOL%C3%93GICA%20EXISTENCIAL%20ESPA%C3%87O
%20PARA%20A%20VIV%C3%8ANCIA%20DO%20SER.pdf
Lima, B. F. (2008). Alguns apontamentos sobre a origem das psicoterapias fenomenológico-
existenciais. Goiânia: Rev. abordagem gestalt. Recuperado de:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-
68672008000100006#:~:text=Com%20a%20chegada%20da%20Fenomenologia,que
%20existe%20por%20si%20s%C3%B3.
Merleau-Ponty, M. (1999). Fenomenologia da percepção. (2a ed). São Paulo: Martins
Fontes.
Rudio, F. (2001). Diálogo Maiêutico e Psicoterapia Existencial. São Paulo: Ed. Novos
Horizontes.
Sokolowski, R. (2004). Introdução à Fenomenologia. São Paulo: Edições Loyola.
12

Você também pode gostar