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ATENÇÃO À
SAÚDE
Rede de Atenção à
Saúde das Pessoas
com Doenças Crônicas
no Âmbito do Sistema
Único de Saúde
1
REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE:
Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com
Doenças Crônicas no Âmbito do
Sistema Único de Saúde
Universidade Federal do Maranhão
UNA-SUS/UFMA
Organizadores
São Luís
2017
Copyright © 2017 by EDUFMA
CONSELHO EDITORIAL
Prof. Dr. Jardel Oliveira Santos; Profa. Dra. Michele Goulart Massuchin; Prof. Dr. Jadir Machado
Lessa; Prof.ª Dra. Francisca das Chagas Silva Lima; Bibliotecária Tatiana Cotrim Serra Freire;
Prof.ª Dra. Maria Mary Ferreira; Prof.ª Dra. Raquel Gomes Noronha; Prof. Dr. Ítalo Domingos
Santirocchi; Prof. M.e Cristiano Leonardo de Alan Kardec Capovilla Luz.
Projeto de design
Camila Santos de Castro e Lima; Isabelle Aguiar Prado; João Gabriel Bezerra de Paiva; Katherine
Marjorie Mendonça de Assis; Luis Gustavo Sodré Sousa; Paola Trindade Garcia; Stephanie
Matos Silva
Normalização
Edilson Thialison da Silva Reis – CRB 13ª Região, nº de registro – 764
Revisão técnica
Paola Trindade Garcia
Revisão de texto
Fábio Alex Matos Santos
Revisão pedagógica
Elza Bernardes Monier
Regimarina Soares Reis
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Redes de Atenção à Saúde: Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas no
Âmbito do Sistema Único de Saúde/Ana Emilia Figueiredo de Oliveira; Francisca Luzia Soares Macieira
de Araújo; Judith Rafaelle Oliveira Pinho; Marcos Antônio Barbosa Pacheco (Org.). - São Luís:
EDUFMA, 2017.
89 f.: il.
ISBN: 978-85-7862-703-4
CDU 616-036
comercial. A responsabilidade pelos direitos autorais dos textos e imagens desta obra é da UNA-SUS/
UFMA.
INFORMAÇÕES SOBRE OS AUTORES
p.
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................13
2 ENTENDENDO AS CONDIÇÕES CRÔNICAS. . .................................................. 15
2.1 Definição e Classificação das Condições de Saúde............................................ 15
2.2 Contexto Nacional das Doenças Crônicas e Rede de Atenção à Saúde (RAS).... 18
2.3 Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas........................... 27
2.4 O Modelo de Atenção às Condições Crônicas (MACC)...................................... 32
3 LINHAS DE CUIDADO E AS CONDIÇÕES CRÔNICAS.. ................................. 39
3.1 A Estruturação de uma Rede de Atenção à HAS e ao DM................................... 40
3.2 Panorama da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)..... .................................. 41
3.3 Panorama do Diabetes Mellitus (DM)................................................................. 43
4 ESTRATÉGIAS PARA O CONTROLE DA HAS E DM.......................................................45
4.1 Protocolos assistenciais na HAS....................................................................................45
4.1.1 O diagnóstico e tratamento para HAS.............................................................. 45
4.1.2 Classificação de risco cardiovascular (CV)........................................................ 55
4.1.3 A consulta odontológica para o paciente hipertenso........................................... 56
4.2 Protocolos assistenciais no diabetes mellitus (DM)...... . ................................. 58
4.2.1 Classificação e diagnóstico de DM........................................................................ 58
4.2.2 Tratamento do paciente diabético......................................................................... 64
4.2.3 O atendimento odontológico do paciente com DM............................................. 66
4.3 Fluxos de atendimento ao portador de HAS e DM segundo a classificação de
risco........................................................................................................................... 69
4.3.1 Atendimento ao portador de HAS segundo a classificação de risco................... 69
4.3.2 Atendimento ao portador de DM segundo a classificação de risco................... 72
CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................... 77
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 79
PREFÁCIO
13
imunodeficiência adquirida, tuberculose, hanseníase, doenças
respiratórias crônicas) (MENDES, 2012).
A maior expressão dessas condições acarreta desafios
para a organização do Sistema Único de Saúde (SUS) e para o
processo de trabalho em saúde, tendo em vista a necessidade
de transposição do modelo predominante de tratamento agudo
para o tratamento de problemas de saúde de longo prazo (OMS,
2015).
Diante disso, o objetivo desta obra é descrever o contexto
de organização e funcionamento de redes de atenção às doenças
crônicas.
Como vimos, as condições crônicas envolvem um leque
muito amplo de doenças e agravos, desse modo, para que
você tenha um contato inicial com essa rede de atenção,
vamos começar nossa abordagem enfocando duas condições
crônicas que têm o tratamento, na maioria das vezes, conjunto:
hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes mellitus (DM).
Ementa: As condições crônicas: classificação das condições
de saúde. Rede de Atenção à Saúde e o Modelo de Atenção às
Condições Crônicas. Linhas de Cuidado e as Condições Crônicas:
rede de atenção à hipertensão arterial sistêmica e ao diabetes
mellitus. Estratégias para o controle da hipertensão arterial
sistêmica e diabetes mellitus: protocolos assistenciais e fluxos de
atendimento segundo a classificação de risco.
14
2 ENTENDENDO AS CONDIÇÕES CRÔNICAS
15
social aos problemas de saúde, algumas doenças transmissíveis,
pelo longo período de seu curso, estão mais próximas da lógica
de enfrentamento das doenças crônicas que das doenças
transmissíveis de curso rápido (MENDES, 2012).
Nesse sentido, as condições que geralmente se
apresentam com curso curto (inferior a três meses de duração),
autolimitadas, com formas de enfrentamento do tipo episódicas,
reativas e com foco na queixa-conduta, com boa resposta a
tratamentos específicos, devem ser consideradas condições
agudas. Diferentemente disso, as condições crônicas têm um
período de duração mais ou menos longo, superior a três meses,
com formas de enfrentamento contínuas, proativas, com foco
nas pessoas por meio de cuidados permanentes e, nos casos
de algumas doenças crônicas, tendem a apresentar-se de forma
definitiva e permanente (VON KORFF et al., 1997; SINGH, 2008;
MENDES, 2012).
Conforme Portaria nº 483, de 1º de abril de 2014, considera-
se doenças crônicas as que apresentam início gradual, com
duração longa ou incerta, que, em geral, apresentam múltiplas
causas e cujo tratamento envolva mudanças de estilo de vida,
em um processo de cuidado contínuo que, usualmente, não leva
à cura (BRASIL, 2014).
As condições crônicas, especialmente as doenças crônicas
se iniciam e evoluem lentamente. Usualmente, são multicausais
incluindo hereditariedade, estilos de vida, exposição a fatores
ambientais e a fatores fisiológicos. Normalmente, faltam padrões
regulares ou previsíveis para as condições crônicas (MENDES,
2012).
16
Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças
Crônicas no Âmbito do Sistema Único de Saúde
Esforço
repetitivo no
trabalho
Fadiga Tensão
muscular
Depressão Dor
Problemas Estresse e
emocionais ansiedade
17
• Deficiências físicas e estruturais contínuas
(amputações, cegueiras, deficiências motoras
persistentes etc.).
• Doenças metabólicas.
• Doenças bucais.
• As condições de saúde caracterizadas como
enfermidades (illnesses) em que há sofrimento,
mas não doenças que se inscrevam nos padrões
biomédicos (MENDES, 2012).
18
Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças
Crônicas no Âmbito do Sistema Único de Saúde
2045.
2000 2005
78 78
75 75
72 72
69 69
66 66
63 63
60 60
57 57
54 54
51 51
48 48
45 45
42 42
39 39
36 36
33 33
30 30
27 27
24 24
21 21
18 18
15 15
12 12
9 9
6 6
3 3
0 0
0 0
2 000 000
1 500 000
1 000 000
1 000 000
1 500 000
2 000 000
2 000 000
1 500 000
1 000 000
1 000 000
1 500 000
2 000 000
500 000
500 000
500 000
500 000
2040 2045
78 78
75 75
72 72
69 69
66 66
63 63
60 60
57 57
54 54
51 51
48 48
45 45
42 42
39 39
36 36
33 33
30 30
27 27
24 24
21 21
18 18
15 15
12 12
9 9
6 6
3 3
0 0
2 000 000
1 500 000
1 000 000
1 000 000
1 500 000
2 000 000
2 000 000
1 500 000
1 000 000
1 000 000
1 500 000
2 000 000
500 000
500 000
500 000
500 000
0 0
19
a mortalidade (aumento de mortes causadas por doenças
crônicas), a carga de doenças (as condições crônicas
representam 75% da carga global das doenças no país) e os
seus fatores de riscos (determinantes sociais da saúde ligados
aos comportamentos e aos estilos de vida respondem pelo
predomínio das situações crônicas) (MENDES, 2012).
Desde 2006, implantada em todas as capitais dos 26
estados brasileiros e no Distrito Federal, a pesquisa Vigitel –
Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas
por Inquérito Telefônico monitora, por inquérito telefônico,
a frequência e distribuição dos principais determinantes das
doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). No quadro 1,
apresentamos indicadores relacionados a doenças e condições
crônicas para o período de 2006 a 2015 (BRASIL, 2016a).
20
% de fumantes passivos
12,7 11,5 11,3 10,2 10,2 9,4 9,1
no domicílio
VIGITEL Brasil 2015 Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças
Crônicas no Âmbito do Sistema Único de Saúde
% de fumantes passivos
12,1 10,5 11,2 10,4 9,8 8,9 8,0
no trabalho
Finalmente, acompanhando a evolução desfavorável dos indicadores de obesidade,
% com1excesso
Quadro de peso da Vigitel que apresentaram variação temporal
- Indicadores
a frequência de indivíduos 42,6 médico
com diagnóstico 43,4de diabetes
44,9 aumentou
46,0 em 48,2
média 48,8 51,0 50,8 52,5 53,9
0,2(IMC
pp ao≥ 25nokg/m ) 2006-2015.
2
ano significativa
período no período. População adulta (≥ 18 anos) de ambos os
% com obesidade
sexos das capitais
11,8dos 26 estados
13,3 13,7brasileiros
14,3 e15,1
do Distrito
16,0 Federal
17,4 17,5 17,9 18,9
(IMC
Quadro 2 ≥ 30 kg/m
Indicadores )
2 que apresentaram variação temporal significativa no período. População adulta (≥ 18
do Vigitel
anos) de(2006-2015).
ambos os sexos das capitais dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal (2006-2015)
% com consumo
Variação anual
regular de
Indicadores frutas 2006 2007 2008 2009 2010 33,0
2011 32,22013
2012 32,0
2014 33,7média
2015 34,0
(em PP)*
36,0 36,5 37,6
e hortaliças
% de fumantes 15,7 15,6 14,8 14,3 14,1 13,4 12,1 11,3 10,8 10,4 -0,65
%%decom consumo
fumantes de
4,6 4,7 4,6 4,2 4,3 4,0 4,0 3,4 3,0 3,1 -0,19
≥ 20 cigarros por dia
recomendado de frutas 20,0 20,2 19,5 22,0 22,7 23,6 24,1 25,2
% de fumantes passivos
e domicílio
no hortaliças 12,7 11,5 11,3 10,2 10,2 9,4 9,1 -0,57
% de fumantes passivos
% com consumo
no trabalho
de 12,1 10,5 11,2 10,4 9,8 8,9 8,0 -0,61
carnes com excesso de
% com excesso de peso
32,3 31,9 32,2 32,9 32,4 31,5 31,0 29,4 31,1
42,6 43,4 44,9 46,0 48,2 48,8 51,0 50,8 52,5 53,9 1,28
gordura
(IMC ≥ 25 kg/m2)
% com obesidade
% de
(IMC ≥ 30consumo
kg/m2) de11,8 13,3 13,7 14,3 15,1 16,0 17,4 17,5 17,9 18,9 0,77
%consumo
com consumo de leite com 54,3 56,3 57,8 55,9 55,9 53,8 53,5 52,9 51,5
regular
teor de frutas
integral de gordura 33,0 32,2 32,0 33,7 34,0 36,0 36,5 37,6 0,79
e hortaliças
%% consumo
com consumo de
recomendado de frutas 20,0 20,2
refrigerantes em
e hortaliças
cinco 30,919,5 26,4
22,0 22,7
26,023,6 26,8
24,1 25,2
27,5 0,82
26,0 23,3 20,8 19,0
%ou mais
com dias
consumo de da semana
carnes com excesso de 32,3 31,9 32,2 32,9 32,4 31,5 31,0 29,4 31,1 -0,27
% de ativos no
gordura 30,3 30,5 31,6 33,5 33,8 35,3 37,6
%tempo livre
de consumo de
consumo de leite com 54,3 56,3 57,8 55,9 55,9 53,8 53,5 52,9 51,5 -0,54
% integral
teor de ativos no
de gordura
17,0 17,9 14,8 14,2 12,1 12,3 11,9
%deslocamento
consumo de
refrigerantes em cinco 30,9 26,4 26,0 26,8 27,5 26,0 23,3 20,8 19,0 -1,20
%mais
ou que realizaram
dias da semana
%exame
de ativosde
mamografia
no 82,830,5 86,3 86,533,8 87,7 88,7 89,9 89,7 90,8 91,9
30,3 31,6 33,5 35,3 37,6 1,20
tempo livre
em algum momento
% de ativos no
17,0 17,9 14,8 14,2 12,1 12,3 11,9 -1,04
deslocamento
% que realizaram
% que realizaram
exame
exame de mamografia 82,8
de mamografia 86,3 71,187,7
86,5 71,7
88,7 72,489,7
89,9 73,4
90,8 74,4
91,9 77,4
0,97 78,0 77,8 78,1
nos
em últimos
algum momento3 anos
% que realizaram
% com
exame diagnóstico
de mamografia 71,1 71,7 72,4
5,5 5,8 73,4 6,2
74,4 77,4
6,3 78,0 6,8
77,8 78,1
6,3 1,03
7,4 6,9 8,0 7,4
médico
nos últimos 3de diabetes
anos
% com diagnóstico
5,5 5,8 6,2 6,3 6,8 6,3 7,4 6,9 8,0 7,4 0,23
médico de diabetes
Fonte: SVS/MS.
PP: Pontos
Fonte: SVS/MS. percentuais.
PP: Pontos percentuais.
* Correspondente ao coeficiente da regressão linear do valor do indicador sobre o ano do levantamento.
* Correspondente ao coeficiente da regressão linear do valor do indicador sobre o ano do levantamento.
Nota:
Nota: As estimativas
As estimativas paradeaalguns
para a evolução evolução depoderão
indicadores algunsapresentar
indicadores
pequenaspoderão apresentar
variações com relação a pequenas variações com relação a
estimativas divulgadas em relatórios anteriores do Vigitel em função de aperfeiçoamentos metodológicos quanto a
estimativas divulgadas em relatórios anteriores do Vigitel em função de aperfeiçoamentos metodológicos quanto a
fatores de ponderação e imputação de dados faltantes (ver Capítulo 2 - "Aspectos Metodológicos" no - Vigitel Brasil 2015).
fatores de ponderação e imputação de dados faltantes (ver Capítulo 2 - "Aspectos Metodológicos" no - Vigitel Brasil 2015).
129
21
Note que os indicadores % com excesso de peso e %
com obesidade tiveram um incremento significativo ao longo
dos anos. O The World Health Report 2002, da Organização
Mundial da Saúde, aponta que o excesso de peso e obesidade
são determinantes importantes da saúde e levam ao aumento
da pressão arterial, níveis de colesterol desfavoráveis e aumento
da resistência à insulina. Eles aumentam os riscos de doença
cardíaca coronária, acidente vascular cerebral, diabetes mellitus
e muitas formas de câncer (WHO, 2002).
Esse contexto proporcionou a implantação do Plano de
Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas
não Transmissíveis (DCNT) no Brasil, 2011-2022, objetivando
preparar o país para enfrentar e deter, durante o interstício, as
DCNT, como: acidente vascular cerebral, infarto, hipertensão
arterial sistêmica, câncer, diabetes mellitus e doenças respiratórias
crônicas. O Plano aborda ainda os fatores de risco: tabagismo,
consumo nocivo de álcool, inatividade física, alimentação
inadequada e obesidade, tendo como metas nacionais:
22
Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças
Crônicas no Âmbito do Sistema Único de Saúde
APS
24
Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças
Crônicas no Âmbito do Sistema Único de Saúde
Alta Complexidade
Média Complexidade
Atenção Básica
REDE DE ATENÇÃO À
SISTEMA FRAGMENTADO
SAÚDE
Organizado por componentes Organizado por um contínuo
isolados de atenção
Organizado por níveis Organizado por uma rede
hierárquicos poliárquica
Coordenação feita pela
Coordenação inexistente atenção primária à saúde
(APS)
25
Voltado para os indivíduos Voltado para uma população
Paciente recebe as Paciente é o agente
prescrições dos profissionais corresponsável pela própria
de saúde saúde
26
Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças
Crônicas no Âmbito do Sistema Único de Saúde
27
IX - participação e controle social dos usuários sobre
os serviços;
X - autonomia dos usuários, com constituição de
estratégias de apoio ao autocuidado;
XI - equidade, a partir do reconhecimento dos
determinantes sociais da saúde;
XII - formação profissional e educação permanente,
por meio de atividades que visem à aquisição de
conhecimentos, habilidades e atitudes dos profissionais
de saúde para qualificação do cuidado, de acordo
com as diretrizes da Política Nacional de Educação
Permanente em Saúde; e
XIII - regulação articulada entre todos os componentes
da Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças
Crônicas.
28
Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças
Crônicas no Âmbito do Sistema Único de Saúde
29
diretrizes (BRASIL, 2014):
Definição no âmbito de uma ou mais regiões de saúde,
de acordo com a pactuação realizada nas CIR e/ou CIB
I
e no CGSES/DF, considerando-se as necessidades de
saúde das respectivas populações.
Garantia da regionalização da atenção especializada de
II forma que esta trabalhe com abrangência territorial e
populacional, conforme pactuações locorregionais.
Caracterização dos pontos de atenção que conformam
a linha de cuidado por meio da definição mínima de
III competências e de responsabilidades de cada um deles
e do estabelecimento de mecanismos de comunicação
entre eles, entre outros dispositivos.
Garantia e articulação dos recursos existentes para
IV operacionalização das linhas de cuidado, segundo o
planejamento de cada unidade federada.
Garantia de acesso regulado à atenção especializada,
V
ambulatorial e hospitalar.
Implementação de sistemas de informação que
permitam o acompanhamento do cuidado, a gestão de
casos, o apoio às decisões clínicas e a regulação do
VI
acesso aos serviços de atenção especializada, assim
como o planejamento, o monitoramento e a avaliação
das ações e serviços.
30
Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças
Crônicas no Âmbito do Sistema Único de Saúde
31
reconhecido o estratégico papel da Atenção Básica à Saúde
(ABS) como o ponto de atenção de maior capilaridade, como
potencial para identificar as necessidades de saúde da população
e realizar a estratificação de riscos que subsidiará a organização
do cuidado em toda a rede (BRASIL, 2013a).
Além disso, é importante lembrar que para o bom
funcionamento da rede é necessário que o trabalho seja
compartilhado entre os profissionais da ABS e a atenção
ambulatorial especializada e a atenção hospitalar, de modo
complementar e integrado, superando a atuação fragmentada
e isolada.
32
Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças
Crônicas no Âmbito do Sistema Único de Saúde
Subpopulação com
Subpopulação com
Subpopulação com
condição crônica
População total
Modelo da
estilos de vida
pirâmide de
complexa
riscos complexa
Nível 1: Nível 2:
Modelo de Intervenções de
Nível 3: Nível 4: Nível 5:
Intervenções de Gestão da Gestão da Gestão de
atenção promoção da prevenção das
condição de condição de Caso
crônica saúde condições de
saúde saúde
saúde
Modelo da
determinação Determinantes Determinantes Determinantes sociais individuais com condição
social da sociais da saúde sociais da saúde de saúde e/ou fator de risco biopsicológico
saúde intermediários proximais estabelecido
34
Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças
Crônicas no Âmbito do Sistema Único de Saúde
Âmbito micro:
Pessoas e
Comunidade
familiares
Equipe
de saúde
35
Redes de Atenção à Saúde
36
Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças
Crônicas no Âmbito do Sistema Único de Saúde
37
38
Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças
Crônicas no Âmbito do Sistema Único de Saúde
39
Optamos por discutir linhas de cuidado específicas para
o cuidado da hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes
mellitus (DM), uma vez que essas doenças estão relacionadas aos
indicadores mais preocupantes relatados na pesquisa Vigitel de
2016, e de acordo com o The World Health Report 2002, doenças
como diabetes, obesidade e hipertensão estão cada vez mais
globalizadas, mesmo em países com desnutrição coexistente
(BRASIL, 2016b; WHO, 2002).
40
Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças
Crônicas no Âmbito do Sistema Único de Saúde
Urgência e
Emergência
Atenção Atenção
Hospitalar Especializada
APS
Vigilância Vigilância e
Sanitária Monitoramento
41
aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não fatais
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2016).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a
prevalência global de HAS em adultos com idade igual ou superior
a 18 anos foi igual a 22% em 2015, com prevalência de 24,1%
entre os homens e 20,1% entre as mulheres (WHO, 2016b).
No Brasil, essa condição apresenta grande impacto
no sistema de saúde pública, com uma maior prevalência de
22,5% hipertensos em 2006 para 25,7% em 2016 . Esse quadro
aumentou com a idade, com 19,1% entre indivíduos de 35 a
44 anos de idade e 64,2% em idosos com 65 anos ou mais.
Além disso, a HAS foi maior entre os indivíduos com menor
escolaridade, com prevalência de 41,8% na população com até
oito anos de estudo e 15% entre aqueles com 12 anos de estudo
ou mais; e maior em mulheres, com prevalência de 26,9%, que
em homens (21,4%) (BRASIL, 2016b) (Figura 9).
42
Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças
Crônicas no Âmbito do Sistema Único de Saúde
43
11,3%, em 2030 (OMS, 2003). Sobre isso, os últimos dados
da Vigitel apontam um crescimento de 61,8% no número de
pessoas diagnosticadas com DM, passando de 5,5% em 2006
para 8,9% em 2016. Assim como no panorama da HAS,
aqui a prevalência também foi maior entre as mulheres, em
indivíduos com menor escolaridade e naquelas pessoas com
maior idade (Figura 10).
44
Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças
Crônicas no Âmbito do Sistema Único de Saúde
45
Figura 11 - Principais fatores de risco para HAS.
FATORES
SOCIOECONÔMICOS OUTROS FATORES
(mais prevalente em GENÉTICA DE RISCO
indivíduos com menor CARDIOVASCULAR
escolaridade)
!
IMPORTANTE!
47
Quadro 5 - Condições padronizadas para a medida da pressão arterial.
48
Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças
Crônicas no Âmbito do Sistema Único de Saúde
Sintomas de crise
hipertensiva
– Cefaleia (dor de cabeça)
– Alterações visuais
– Déficit neurológico
(diminuição da força
Pessoa >18 anos muscular/dormência)
na UBS – Dor precordial (dor no
peito)
– Dispneia (falta de ar)
Verificar PA
(média de duas medidas no dia)
Consulta médica na
crise hipertensiva
SIM
49
O atendimento inicial e acompanhamento da pessoa
com diagnóstico de HAS requer um apoio diagnóstico mínimo,
conforme ilustra o quadro 13.
• Eletrocardiograma;
• Dosagem de glicose;
• Dosagem de colesterol total;
• Dosagem de colesterol HDL;
• Dosagem de triglicerídeos;
• Cálculo do LDL = Colesterol total - HDL - colesterol - (Triglicerídeos/5);
• Dosagem de creatinina;
• Análise de caracteres físicos, elementos e sedimentos na urina (Urina tipo 1);
• Dosagem de potássio;
• Fundoscopia.
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REFLETINDO!
51
Quadro 14 - Indicações das classes medicamentosas.
Indicações Classe medicamentosa
Diuréticos, betabloqueadores, inibidores da enzima
Insuficiência cardíaca conversora de angiotensina ou antagonistas da
angiotensina II, antagonistas de aldosterona.
Prevenção da
recorrência de Diurético, inibidores da enzima conversora de
acidente vascular angiotensina.
encefálico (AVE)
52
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REFLETINDO!
53
O estilo de vida é claramente um dos
maiores responsáveis pela patogenicidade
e alta prevalência da HAS, e nesse contexto
temos a alimentação ocupando um papel
de destaque no tratamento e prevenção
da HAS. Diversas modificações dietéticas podem repercutir sobre
a PA, como a menor ingestão de sal e álcool, redução do peso e
possivelmente aumento no consumo de alguns micronutrientes,
como potássio e cálcio. Além disso, é importante considerarmos
que o padrão dietético como um todo, mais que um alimento
isolado, tem grande importância na prevenção de doenças e
redução da morbidade e mortalidade cardiovascular (MIRANDA;
STRUFALDI, 2012).
Veja como a mudança de estilo de vida impacta na redução
da PA (quadro 15):
55
de classificação considerando o risco baixo, moderado e alto,
conforme tabela 2:
!
IMPORTANTE!
57
No que diz respeito à dose, o máximo
de felipressina recomendado para pessoas
cardiopatas não deve ultrapassar 0,27 UI,
o que equivale a cinco tubetes de 1,8 ml. A
adrenalina, 1:100.000 ou 1:200.000, também
pode ser utilizada em doses pequenas; o ideal
é não ultrapassar o limite de dois tubetes por sessão, quando se
tratar de uma pessoa hipertensa controlada (BRASIL, 2013b).
59
Na presença de fatores de risco para DM, as pessoas
devem ser encaminhadas para uma consulta de rastreamento e
solicitação do exame de glicemia. Os objetivos desta consulta são:
conhecer a história pregressa da pessoa; realizar o exame físico,
realizar a aferição da pressão arterial, de dados antropométricos
(peso, altura e circunferência abdominal) e do cálculo do IMC;
identificar os fatores de risco para DM; avaliar as condições
de saúde e solicitar os exames laboratoriais necessários e que
possam contribuir para o diagnóstico e para a decisão terapêutica
ou preventiva (BRASIL, 2013c).
!
IMPORTANTE!
Como outros sintomas, podemos ter: fraqueza, letargia, fadiga e visão turva.
Fonte: UNA-SUS. UFMA. 2017.
60
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Figura 14 - Diagrama de rastreamento e diagnóstico para o DM tipo 2.
SIM NÃO
NÃO
Glicemia casual Possui critérios para
>200 ml/d? rastreamento de DM2?
Diagnóstico de DM:
encaminhar para Consulta de
Solicitar glicemia enfermagem para
consulta médica
de jejum orientações sobre
estilio de vida saudável
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63
Quadro 18 - Rotina complementar mínima para pessoa com DM.
64
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65
!
IMPORTANTE!
66
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!
IMPORTANTE!
67
Figura 15 - Protocolo de pré-consulta odontológica em paciente diabético.
D
Alimentação
I
A
Deve ser normal
antes da consulta
Na necessidade de
jejum prolongado
B
odontológica.
Consultar o médico E
para alteração da
medicação.
Redução da
ansiedade T
Consultas curtas no E
início da manhã.
S
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica:
diabetes. Brasília: Ministério da Saúde, 2013c. 160 p. (Cadernos de
Atenção Básica, n. 36). Disponível em:<http://189.28.128.100/dab/docs/
portaldab/publicacoes/caderno_36.pdf>.
!
IMPORTANTE!
68
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69
Figura 16 - Fluxograma para o atendimento com classificação de risco/
vulnerabilidade dos pacientes hipertensos.
Necessita NÃO
Consulta de revisão
tratamento
estabelecida pelo
odontológico
cirurgião-dentista
SIM
Necessita NÃO
procedimento Realizar
invasivo? procedimento
SIM
SIM
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1 exige sempre a administração de insulina e o DM tipo 2, em
geral, é complementado com antidiabético oral e, eventualmente,
uma ou duas doses de insulina basal, conforme a evolução da
doença. A figura 9 apresenta uma sugestão de fluxograma de
tratamento do DM tipo 2 (BRASIL, 2013c).
Pessoa com
diagnóstico de DM*
NÃO
MEV
NÃO
NÃO
Pessoa com DM
em consulta odontológica
Executar Tratamento
procedimento de paliativo.
controle de forma Adiar procedimento
mais simples até estabilizar
possível glicemia
Encaminhar
para avaliação
médica
75
Os pacientes diabéticos e com bom controle
metabólico podem ser tratados pelo dentista da mesma forma
que um paciente sem o distúrbio metabólico, pois a resposta ao
tratamento é favorável em ambas as situações (ALVES et al.,
2006; SOUSA et al., 2003; ASOCIACIÓN DENTAL MEXICANA,
1999). Aos pacientes com DM mal controlado, indica-se a
profilaxia antibiótica antes do procedimento cirúrgico quando
houver infecção dentária, tendo em vista o maior risco desses
pacientes em desenvolver processos infecciosos (ALEXANDER,
1999). Pessoas com DM e alto risco para procedimentos
odontológicos devem passar apenas por exames bucais após
medidas para redução do estresse. Qualquer outro tratamento
deve aguardar a estabilização do quadro sistêmico, com
realização de procedimento apenas paliativo (FANG et al., 2006).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
77
78
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REFERÊNCIAS
79
ASOCIACIÓN DENTAL MEXICANA. Actualidades en el Manejo
Dental del Paciente Diabético. Revista de la Asociación Dental
Mexicana, México, v. 44, n. 1, p. 18-26, ene./mar. 1999.
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81
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Estratégias para o cuidado da pessoa com doença
crônica: hipertensão arterial sistêmica. Brasília, DF: Ministério
da Saúde, 2013b. 128 p. (Cadernos de Atenção Básica, n. 37).
Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
estrategias_cuidado_pessoa_doenca_cronica.pdf>. Acesso em:
7 jun. 2017.
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Crônicas no Âmbito do Sistema Único de Saúde
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Crônicas no Âmbito do Sistema Único de Saúde
85
SOUSA, R. R. et al. O Paciente Odontológico Portador de
Diabetes Mellitus: Uma Revisão da Literatura. Pesquisa
Brasileira em Odontopediatria e Clínica Integrada, v. 3. n.
2, p. 71-79, jul./dez. 2003. Disponível em: <http://dms.
ufpel.edu.br/ares/bitstream/handle/123456789/266/15%20
2003%20diabetes%20sa%FAde%20bucal%20risco%20do%20
paciente.pdf?sequence=1.>. Acesso em: 12 jun. 2017.
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