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REUMATOLOGIA - 8º período
Prof: Flávio Roberto e Alessandra Pereira
EPIDEMIOLOGIA
Essa é uma doença que está frequentemente associada à pobreza
e às más condições de vida. Assim, apesar da reconhecida redução da
incidência da FR nas últimas décadas nos países desenvolvidos, com
consequente redução na prevalência da CRC, a FR permanece como um
grande problema de saúde pública, principalmente nos países em
desenvolvimento. Primeiro, porque a infecção é oral, então muitas
pessoas vivendo em ambientes pequenos torna mais fácil a infecção.
Também há uma dificuldade de se receber tratamento adequado nos
pacientes com baixas condições sócio-econômicas.
A FR afeta especialmente crianças e adultos jovens. Incidência
entre 5 - 15 anos. Rara em menores de 3 anos, dificilmente vemos FR
em crianças pequenas, assim como em adultos mais velhos,
provavelmente não terão FR. Isso ocorre porque a maior incidência de
ETIOPATOGENIA
O desenvolvimento da FR está associado à infecção de
orofaringe pelo EBGA, principalmente em crianças e adolescentes.
Fatores ambientais e socioeconômicos contribuem para o aparecimento
apenas 5% dos pacientes com cardite grave cursaram com coreia, en-
quanto a incidência entre os pacientes com cardite leve foi de 65%.
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
Poliartrite
A artrite é a manifestação mais comum da FR, presente em 75%
dos casos, com evolução autolimitada e sem sequelas. Muitas vezes é
o único critério maior presente, principalmente em adolescentes e
adultos.
Caracteristicamente se apresenta como uma poliartrite
(acometimento de 5 ou mais articulações) migratória (varia de
lugar), geralmente acometendo grandes articulações, e é extremamente
dolorosa, sendo que a criança pode necessitar ser carregada por não
conseguir andar.
A artrite típica da FR evolui de forma assimétrica e
migratória, ou seja, quando os sintomas melhoram em uma articulação,
aparecem em outra. O quadro articular afeta preferencialmente as
grandes articulações, particularmente dos membros inferiores. A
duração do processo inflamatório em cada articulação raramente
ultrapassa uma semana e o quadro total cessa em menos de um mês.
A artrite é, em geral, muito dolorosa, apesar de não mostrar
sinais inflamatórios intensos ao exame físico. A resposta aos anti-
inflamatórios não hormonais é rápida e frequentemente a dor
desaparece em 24 horas, enquanto os outros sinais inflamatórios
cessam de dois a três dias.
O uso precoce de anti-inflamatórios não hormonais pode ser
responsável pela ausência da característica migratória da artrite,
Relato de caso:
Caso 1: criança 8 anos, poliartrite migratória, há três semana teve
amigdalite. Ao exame não tem sopro cardíaco, mas está com
taquicardia em repouso, na ausência de febre.
Conduta: investigar anemia; se tiver febre avaliar
possibilidade de ser pela febre reumática; sem febre suspeita de
miocardite.
Cardite
A cardite é a manifestação mais grave da FR, pois é a única
que pode deixar sequelas e acarretar óbito. A manifestação ocorre
entre 50%-70% dos primeiros surtos.
A cardite tende a aparecer em fase precoce e, mais
frequentemente, é diagnosticada nas três primeiras semanas fase
aguda. O acometimento cardíaco é caracterizado pela pancardite,
Coreia de Sydenham
A coreia de Sydenham (CS) ocorre predominantemente em crianças
e adolescentes do sexo feminino, sendo rara após os 20 anos de
idade. Sua prevalência varia de 5%-36% em diferentes relatos, com
início insidioso caracterizado, geralmente, por labilidade emocional
e fraqueza muscular que dificultam o diagnóstico. Também pode
aparecer no início do surto, mas geralmente ocorre como manifestação
tardia até 6 meses após a infecção estreptocócica.
Trata-se de uma desordem neurológica caracterizada por
movimentos rápidos involuntários incoordenados, que desaparecem
durante o sono e são acentuados em situações de estresse e esforço.
Esses movimentos podem acometer músculos da face, lábios, pálpebras
Obs1: Aqui no Brasil, sempre que o paciente chegar com este tipo de
Coreia, desconfiar de FR. Tem que perguntar se teve dor nas juntas,
ficou entrevado, cansado ao subir escada.
Eritema marginado
Constitui manifestação rara, sendo descrita em menos de 3% dos
pacientes. Caracteriza-se por eritema com bordas nítidas, centro
claro, contornos arredondados ou irregulares, sendo de difícil
detecção nas pessoas de pele escura. As lesões são múltiplas,
indolores, não pruriginosas, podendo haver fusão, resultando em
aspecto serpiginoso.
As lesões se localizam principalmente no tronco, abdome e face
interna de membros superiores e inferiores, poupando a face; são
fugazes, podendo durar minutos ou horas, e mudam frequentemente de
forma. Ocorrem geralmente no início da doença, porém podem persistir
ou recorrer durante meses. Essa manifestação está associada à
cardite, porém não necessariamente à cardite grave.
Nódulos subcutâneos
Os nódulos subcutâneos são raros, presentes apenas em 2%-5%
dos pacientes, e estão fortemente associados à presença de cardite
grave. São múltiplos, arredondados, de tamanhos variados (0,5-2 cm),
firmes, móveis, indolores e recobertos por pele normal, sem
características inflamatórias. Localizam-se sobre proeminências e
tendões extensores, sendo mais facilmente percebidos pela palpação
do que pela inspeção.
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS
- Artrites: Infecciosas (virais e bacterianas), Reativas, Doenças
hematológicas (leucemia principalmente, anemia falciforme),
Neoplasias, D. reumáticas. Podemos ter todos esses quadros se com
alguma semelhança com a FR.
EXAMES LABORATORIAIS NA FR
Auxiliam no monitoramento da inflamação e sua remissão.
VHS:
Aumento precoce, intenso.
PCR:
Altamente sensível, mas inespecífica.
Normalização em 14 dias ou com AINH.
Principal marcador de reagudização.
Eleva-se em infecções bacterianas e FR
PROFILAXIA PRIMÁRIA
A profilaxia primária é baseada no reconhecimento e tratamento
das infecções estreptocócicas, com a finalidade de prevenir o
primeiro surto de FR por meio da redução do contato com o
estreptococo e tratamento das faringoamigdalites.
O tratamento da faringoamigdalite é relativamente simples e
eficaz, sendo baseado na administração de antibiótico bactericida,
com manutenção de nível sérico por 10 dias. A eficácia dessa
intervenção preventiva da FR é obtida ainda que se inicie o
antibiótico até 9 dias após o início do quadro infeccioso.
Recomenda-se, em casos de faringoamigdalite estreptocócica em países
com alta prevalência de FR, que esses pacientes sejam prontamente
Penicilina benzatina:
- 600.000 U (< 20kg)
- 1.200.000 U (> 20kg)
- IM, Dose única.
Antibióticos orais:
- Fenoximetilpenicilina (penicilina V), 25-50.000 U/Kg/dia, VO
8/8h ou 12/12h. Adulto – 500.000 U 8/8h.
- Azitromicina por 5 dias.
- Cefalosporinas de primeira geração.
Alérgicos a penicilina:
- Eritromicina, clindamicina, azitromicina.
TRATAMENTO SINTOMÁTICO DA FR
O objetivo do tratamento da FR aguda é suprimir o processo
inflamatório, minimizando as repercussões clínicas sobre o coração,
articulações e sistema nervoso central, além de erradicar o EBGA da
orofaringe e promover o alívio dos principais sintomas.
HOSPITALIZAÇÃO:
Diante de pacientes com suspeita de FR, primeiro surto ou
recorrência, a necessidade de hospitalização varia de acordo com a
gravidade da apresentação clínica. Indica-se internação hospitalar
para os casos de cardite moderada ou grave, artrite incapacitante e
coreia grave.
A hospitalização pode também ter como objetivo abreviar o
tempo entre a suspeita clínica e o diagnóstico, bem como iniciar
rapidamente o tratamento. Além disso, deve ser uma oportunidade para
promover a educação do paciente e de sua família, no que se refere
às informações sobre a doença e à necessidade de adesão à profilaxia
secundária. O tempo de hospitalização dependerá do controle dos
sintomas, principalmente do quadro de cardite.
REPOUSO:
Não há evidências que reduz duração e intensidade da cardite
ou do surto agudo; repouso relativo por 2 semanas, chegando a 4
semanas nas cardites moderadas.
O retorno às atividades habituais deverá ser gradual,
dependendo da melhora dos sintomas e da normalização ou redução
acentuada das provas de atividade inflamatória (VHS e PCR).
CONTROLE DE TEMPERATURA:
Quando a febre for baixa, não há necessidade de administração
de medicamentos antitérmicos. Já nos casos de febre mais alta (igual
ou superior a 37,8 ºC), recomenda-se utilizar o paracetamol, como
primeira opção, ou dipirona, como segunda opção. Não é recomendável
ARTRITE:
De modo geral, o uso dos antiinflamatórios não esteroides
(AINE) apresenta bons resultados no controle da artrite, levando ao
desaparecimento dos sinais e sintomas entre 24-48 horas.
O ácido acetilsalicílico (AAS), por 4-6 semanas, se mantém
como a primeira opção para o tratamento do comprometimento articular
há mais de 50 anos.
CARDITE:
O tratamento da cardite é baseado no controle do processo
inflamatório, dos sinais de insuficiência cardíaca e das arritmias.
Controle da inflamação:
Prednisona 1-2 mg/kg/dia, VO, inicialmente pode ser dividido
em até 4 doses diárias, total de 8-12 semanas.
Controle da ICC:
- Diuréticos,
- Restrição hídrica,
- IECA,
- Digoxina.
COREIA:
A coreia é uma manifestação tardia da FR, de evolução benigna
e autolimitada na maior parte dos casos. Na coreia leve e moderada,
estão indicados repouso e a permanência do paciente em ambiente
calmo, evitando-se estímulos externos.
Os benzodiazepínicos e fenobarbital também podem ser
utilizados. O tratamento específico está indicado apenas nas formas
graves da coreia, quando os movimentos incoordenados estiverem
interferindo na atividade habitual do indivíduo. Nos casos graves, a
hospitalização poderá ser necessária.
Os fármacos mais utilizados no controle dos sintomas da coreia
são:
a) haloperidol 1 mg/dia em duas tomadas, aumentando 0,5 mg a
cada três dias, até atingir a dose máxima de 5 mg ao dia;
b) ácido valproico 10 mg/ kg/dia, aumentando 10 mg/kg a cada
semana até dose máxima de 30 mg/Kg/dia;
c) carbamazepina 7-20 mg/kg/dia.
Por 8-12 semanas.
PROFILAXIA SECUNDÁRIA
A profilaxia secundária consiste na administração contínua de
antibiótico específico ao paciente portador de FR prévia ou
cardiopatia reumática comprovada, com o objetivo de prevenir
colonização ou infecção de via aérea superior pelo EBGA, com
consequente desenvolvimento de novos episódios da doença.
A profilaxia secundária regular previne recorrências da doença
e reduz a severidade da cardiopatia residual, de modo a prevenir,
consequentemente, mortes decorrentes de valvopatias severas. Após o
Duração da profilaxia:
OSTEOARTRITE
A osteoartrite, doença articular degenerativa, artrose ou
osteoartrose, como ainda é conhecida no nosso meio, é a doença
reumática mais prevalente entre indivíduos com mais de 65 anos de
idade.
É um grupo heterogêneo de condições que leva a sinais e
sintomas articulares que são associados com defeitos na integridade
da cartilagem articular, além de mudanças no osso subcondral, sendo
irreversível.
O quadro pode ser primário (idiopático) que começa do nada e
tem uma predisposição genética relacionada ou pode ser secundária a
algum fator prévio, como atletas que estão sempre traumatizando,
fazendo esforço intenso sobre a articulação. Isso aumenta a chance
de ter um desequilíbrio entre formação e reabsorção, levando a
desestruturação.
O ponto de partida é a cartilagem, osso subcondral ou membrana
sinovial, e apresenta alterações anatômicas que são: degeneração da
cartilagem e mumificação óssea (aspecto de marfim que o osso adquire
– ocorre esclerose do osso subcondral deixando-o espessado) e a
remodelação óssea que forma o osteófito.
EPIDEMIOLOGIA
- Doença crônica, sendo a mais comum da reumatologia.
- Principal causa de dor na terceira idade.
- Acomete 20% da população mundial.
- 3ª causa de afastamento do trabalho no Brasil.
- Mais de 80% > 75 anos tem alteração no raio X.
- Articulações diartrodiais periféricas e axiais (tanto na coluna
quanto nas articulações periféricas).
- Sexo feminino é mais prevalente.
- Idade > 45 anos.
- Pode haver dissociação clínico-rsubcondrais.
FATORES DE RISCO
- Idade (quanto maior a idade, maior o risco).
- Sexo (mulheres têm mais tendência).
- Fatores genéticos.
- Traumatismo articular (desestabiliza a integridade da
articulação).
- Obesidade (> risco em mãos - estado inflamatório; aumento da
sobrecarga).
- Distúrbios metabólicos/endócrinos (hipotireoidismo, acronose,
hemocromatose, acromegalia).
- Defeitos congênitos (Doença de Legg Perthes, displasia acetabular,
genu valgo ou varo).
- Doença articular inflamatória prévia. Se já há doença inflamatória
prévia, a chance de desenvolver osteoartrite secundária é maior.
ETIOPATOGENIA
Osteoartrite: a balança dos fatores etiológicos e processos
teciduais:
Os condrócitos produzem enzimas que estimulam a formação de
matriz cartilaginosa e também a sua degradação (metaloproteinases).
Por um desequilíbrio negativo, seja ele por carga anormal em tecidos
normais ou por carga normal em tecido anormal onde a capacidade de
regeneração não consegue compensar o insulto, começa a ocorrer uma
maior destruição tecidual, além da produção de macromoléculas
diferentes e inadequadas para compor o tecido cartilaginoso normal.
Na osteoartrite primária não sabe se porque isso acontece. Ou
seja, começa a destruir mais do que manter a integridade. O tecido
não consegue se adaptar ao insulto e realizar o reparo.
Ao quebrar o equilíbrio de remodelação, há uma maior
quantidade de citocinas (IL1, TNF, IL8, IL6 e PGE2) ativando enzimas
que são as metaloproteases estimulando a destruição da articulação –
vai ocorrer uma diminuição do espaço articular por conta da redução
da espessura da cartilagem e aumento das partes moles, e em um
Ativação de mediadores:
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
- Dor articular (queixa que leva o paciente ao consultório): dor em
torno da margem articular, movimentos restritos e dolorosos. Início
insidioso, a queixa não é muito relevante no início – subir as
escadas sente dor, ao lavar as roupas; ao realizar movimentos mais
intensos sente dor.
No início do quadro clínico a dor começa aos poucos, com a
evolução do processo isso e mantém.
Acometimento Articular:
DIAGNÓSTICO
- Clínica
Dor relacionada ao movimento, que melhora ao repouso, rigidez
matinal ou não. Há crepitação ou não.
- Imagem
Raio-X simples (exame de eleição para diagnóstico de
osteoartrite) e modificado, ultrassonografia (alterações
inflamatórias), tomografia, cintilografia (não é uma boa opção), RNM
(vê o processo inflamatório, consegue-se ver a hidratação da
cartilagem é a segunda opção se não conseguir realizar o diagnóstico
pela radiografia).
- Sangue e urina (bioquímica)
Radiologia
- Articulação normal: osso subcondral e espaço articular normal.
- Articulação na osteoartrite:
Esclerose subcondral, redução do espaço articular (afilamento da
cartilagem), remodelação óssea (forma osteófitos), espessamento
ósseo.
- Presença de osteófitos.
- Diminuição do espaço articular.
- Esclerose subcondral.
- Deformidades,
- Cistos e erosões ósseas podem estar presente nos casos mais graves
ou na OA erosiva das mãos. Erosões são bem raras, são comuns nas
mãos – Importante diagnóstico diferencial com Artrite Reumatoide.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
- Bursites
- Tendinopatias
- Doenças inflamatórias (AR e espondiloartropatias)
- A. Microcristalina
- A. Séptica
- Polimialgia Reumática
- Paraneoplasia
- Artrite Psoriásica (acomete interfalanges distais)
- Espondiloartrite
TRATAMENTO
Os objetivos da abordagem da OA são, em linhas gerais:
1. educação do paciente sobre a doença e seu controle;
2. controle da dor;
3. melhora da função e diminuição da deficiência;
4. alteração do processo de doença e suas consequências.
Tratamento Medicamentoso:
Os recursos farmacológicos disponíveis para o tratamento da OA
podem ser de uso sistêmico, tópico ou intra-articular.
> Cirurgia:
- Artroplastia.
- Artroscopia – retirada de fragmentos.
FIBROMIALGIA
É uma doença não inflamatória relacionada a dor, onde os
pacientes apresentam um quadro álgico intenso. É um distúrbio do
processamento central dos estímulos álgicos.
EPIDEMIOLOGIA
- População geral – 0,5 a 5%.
- Clínica da dor – 10%.
- Clínica reumatológica – 6 a 20%.
- Complicar o curso de outras doenças.
- No Brasil:
- É a 2ª desordem reumatológica (a 1ª é a osteoartrite).
- 2,5% da população.
- 75% da idade entre 35 a 54 anos.
- Mais frequente no sexo feminino do que no masculino.
ETIOLOGIA
> Componente Genético:
- Familiares (frequência de 8x maior, se há uma pessoa na família
com história de fibromialgia).
- Associação com polimorfismos na enzima COMT e no transportador de
serotonina (COMT = catecol-O-metiltransferase).
- Maiores níveis de substância P (neurotransmissor da dor) no
líquor.
FISIOPATOLOGIA
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
O quadro clínico desta síndrome costuma ser polimorfo,
exigindo anamnese cuidadosa e exame físico detalhado. O sintoma
presente em todos os pacientes é a dor difusa e crônica, envolvendo
o esqueleto axial e periférico.
> Típicas:
- Dor difusa crônica
- Fadiga
> Osteoarticular:
- Mialgia difusa predominantemente axial (um segmento da coluna
acometida).
- Sensação de edema articular (mãos inchadas – edema deve ser visto
pelo médico). Não visualizado.
- Rigidez matinal não-inflamatória.
- Dor à palpação de múltiplos pontos – tender points.
- Parestesias.
DIAGNÓSTICO
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
- Síndrome da dor miofascial: paciente com tender point, mas que ao
apertar o paciente tem dor irradiada por toda área específica.
- Reumatismo extra articular afetando várias áreas.
- Polimialgia reumática e às vezes está associada a arterite de
células gigantes.
- Polimiosites/Dermatopolimiosites.
- Miopatias endócrinas.
- Miopatia metabólica/medicamentoso.
- Neurose (depressão, ansiedade).
- Síndrome da fadiga crônica.
TRATAMENTO
A fibromialgia permanece ainda voltada às manifestações
clínicas, com medidas farmacológicas e não farmacológicas. O
tratamento tem como objetivos o alívio da dor, a melhora da
qualidade do sono, a manutenção ou restabelecimento do equilíbrio
emocional, a melhora do condicionamento físico e da fadiga e o
tratamento específico de desordens associadas.
Tratamento Farmacológico:
> Antidepressivos tricíclicos:
- Amitriptilina (12,5 a 150 mg/d)
- Nortriptilina (10 a 150 mg/d)
> Relaxante muscular com mecanismo de ação tricíclico:
- Ciclobenzaprina (5 a 80 mg/d)
> Inibidores seletivos da recaptação de serotonina:
- Fluoxetina (10 a 40 mg/d)
- Paroxetina (20 a 40 mg/d)
- Sertralina (50 a 100 mg/d)
- Citalopram (20 a 40 mg/d)
DOR EM MEMBROS
Pacientes com queixas relativas ao sistema musculoesquelético
são frequentemente encaminhados aos serviços de reumatologia para
investigação, embora nem sempre sejam portadores de enfermidades
reumatológicas.
CONCEITOS BÁSICOS
Alguns conceitos rápidos devem ser enfatizados. A localização
da dor é extremamente importante, já que pode estar em articulação,
ossos, músculos, tendões, ligamentos ou em outras estruturas de
partes moles.
Artralgia significa dor na articulação, e artrite ocorre
quando, além da dor, existem sinais inflamatórios como calor,
hiperemia e impotência funcional. O aumento de volume de uma
Osteocondrose
As osteoartroses (necrose óssea avascular) compreendem um
grupo de alterações degenerativas nos centros de calcificação
epifisários que acometem a faixa etária infanto-juvenil
(preferencialmente), sendo auto-limitada (2 a 3 anos), podendo
Obs1: toda alteração no quadril pode dar dor no joelho por contração
da região glútea, que gera reflexo no joelho.
c) Doença de Sever:
- Osteocondrose da apófise do calcâneo.
- A maior incidência é em meninos de 5 a 10 anos.
- Em 60% dos pacientes é bilateral;
- Dor de característica espontânea e à direita, podendo causar edema
(não é comum);
- Pode gerar dor local à palpação ou espontânea, podendo levar à
claudicação. A criança começa a andar na ponta dos pés para evitar a
dor.
- Diagnóstico: clínico-radiológico.
- Tratamento: pode ser obtido com o uso de palmilhas, com elevação
dos saltos e do arco longitudinal do pé, jogando o centro de
gravidade para à frente e diminuindo a impactação no calcâneo.
Outros tratamentos incluem gelo local, repouso, alongamento do
complexo do gastroquinêmio.
d) Doença de Köhler:
- Osteocondrose do osso navicular do tarso.
- Geralmente entre os 4 e 8 anos, atingindo mais homens. A criança
claudica e caminha sobre a face lateral do pé, protegendo o osso
navicular do tarso.
- Pode existir leve edema no meio do tarso e dor espontânea e à
palpação. A dor fica localizada na região do navicular do tarso.
- É um processo benigno que cessa após 2-3 anos. O uso de um calçado
com suporte para o navicular ou bota gessada ajuda a diminuir a dor
e prevenir deformidades ósseas.
e) Doença de Freiburg:
Epifisiólise
Caracteriza-se por desarranjo da fise que se enfraquece e
produz deslizamento secundário da epífise sobre a metáfise e pode
ser bilateral em 20% dos casos. Ocorre um deslizamento da cabeça do
fêmur em relação ao colo, que pode ser causado por uma força súbita
(trauma) ou crônica, com quadro de dor no quadril, joelho ou em
ambos, mas o joelho não apresenta alterações.
Homens são duas vezes mais acometidos. Principalmente em
adolescentes masculinos que crescem muito rápido (12-17 anos) ou
sexo feminino obesas, antes da menarca (obesos do tipo Frölish ou
longilíneos de crescimento rápido).
Início insidioso com dor e/ou claudicação, com limitação dos
movimentos de rotação e abdução do quadril. Pode haver atrofia ou
encurtamento do membro devido ao deslizamento. Radiografia de
quadril ou métodos de imagem mais sofisticados confirmam o
diagnóstico. Os exames laboratoriais completamente normais.
Doença ortopédica cirúrgica (bilateral mesmo que afete apenas
um lado). Diagnóstico diferencial: Legg-Perthes-Calvé, é mais comum
na criança, a história clínica é a mesma, para diferenciar pede
exame de imagem.
II - Doenças inflamatórias:
Podem surgir devido a uma infecção ou como consequência de
mecanismos imuno-inflamatórios. As principais condições observadas
em crianças são: artrite séptica, artrite tuberculosa, artrites
reativas, artrites virais, osteomielite, sífilis, discite, miopatias
infecciosas, artrites crônicas da infância, doenças difusas do
tecido conjuntivo, SIDA.
Artrite séptica:
Tem disseminação hematogênica, inoculação direta por
traumatismo ou complicações de procedimentos terapêuticos. Principal
causa é estafilococos aureus. Toda monoartrite aguda, até que se
prove o contrário, é uma artrite séptica aguda.
É uma doença grave, que evolui rapidamente e que pode matar,
quando não deixa seqüelas importantes. A evolução pode ocorrer em
questão de 12 a 24 horas, com piora progressiva.
O tratamento com atb deve ser realizado por via EV por 2 a 3
semanas e posteriormente por via oral até que se normalize a VHS e
não existam mais sinais clínicos.
Agentes etiológicos:
- RN: SBHGB, e S. aureus;
- 6 meses a 2 anos: H. influenzae e S. aureus;
- > 2 anos: S. aureus;
Artrite reativa:
Artrite inflamatória estéril associada a uma infecção primária
em um sítio distinto do corpo. Sua causa parece ser a formação de
anticorpos contra o agente infectante com reação cruzada contra
elementos da cartilagem articular e do tecido sinovial. Ocorre de 1-
4 semanas após a infecção.
Ocorre por contato com vírus, bactérias algum tempo antes,
formando-se Ac para os mesmos, e este Ac reage, após algumas
semanas, contra uma articulação.
- Claudicação;
- Dor no quadril e/ou joelho;
- Limitação de abdução e rotação do membro;
- História prévia de IVAS ou diarréia;
- Autolimitada, benigna;
- Punção mostra líquido estéril.
- Seu tratamento é feito com antiinflamatórios e tem diagnóstico
diferencial com artrite séptica do quadril.
Osteomielite:
- Artrite séptica pode levar a osteomielite.
- Pode ser causada por uma infecção, corpo estranho;
- Infecções congênitas: sífilis, citomegalovírus, toxoplasmose,
rubéola (periostite), Zika
- Sífilis: RN com choro diferente, em posição antálgica do quadril –
pseudoparalisia de Parrot, lesões vesico-bolhosas (pênfigo) palmo-
plantares.
Discite:
- Destruição por infecção ou inflamação do disco intervertebral,
geralmente ocorre em crianças pequenas (2-3 anos) e na coluna
lombar, geralmente acompanhada de osteomielite da vértebra e
contratura paravertebral importante;
- Clínica: andar retificado – marcha anserina, febre, criança não
quer colo.
- Radiografia: redução do espaço entre os corpos vertebrais.
O que caracteriza o diagnóstico definitivo é o estreitamento
do espaço correspondente ao disco intervertebral nas radiografias
simples da coluna vertebral, associado à febre, leucocitose e
aumento da velocidade de hemossedimentação.
Se acomete apenas 1 vértebra, pensar em neoplasia porque a
célula neoplásica não atravessa por ser uma área mal perfundida. Se
atinge 2 vértebras adjacentes é infeccioso.
Hanseníase:
- Eritema nodoso (cintura pélvica para cima), artrite, neuropatia
(avaliar nervo cubital que geralmente esta espessado).
Leucemia:
Hemoglobinopatias:
Crises vaso-oclusivas provocam dores recorrentes em músculos,
ossos e articulações.
Manifestações da crise vaso-oclusiva: necrose asséptica,
infarto ósseo, osteomielite, artralgia, artrite, Sd. de mão-pé
(lactentes e crianças até 5 anos, é uma inflamação aguda dos tecidos
que revestem os ossos dos tornozelos, punhos, mãos e pés), crianças
maiores as crises acometem mais a coluna.
IV - Doenças endócrinas:
- Lúpus causa muito hipotireoidismo.
- Tireoide, paratireoide e adrenal causa muitas doenças reumáticas.
- Escorbuto: deficiência de vitamina C, também causa dor articular.
Dor do crescimento:
- Dor musculoesquelética idiopática da infância, acomete 10-20% das
crianças entre a faixa dos 4-12 anos.
Distrofia simpático-reflexa:
(causalgia, atrofia de Sudeck, algodistrofia)
- É uma síndrome dolorosa associada à disfunção do SNA.
- Ocorre, sobretudo, após um trauma emocional ou físico. O paciente
pode ter muita dor na mão, ter alterações físicas como queda ou
aumento de temperatura (causado por disfunção simpática nos vasos),
queda de pêlos, alteração de cor, edema, sudorese.
- Os exames laboratoriais são normais.
- O tratamento é realizado com analgesia (AINES, analgésicos) e
fisioterapia (o mais importante).
- Além dos critérios de dor idiopática localizada a criança
apresenta manifestações como sensibilidade dolorosa ao mais leve
toque, alteração da cor e da temperatura da pele e edema de tecidos
moles ou atrofia, sendo o diagnóstico provável quando ao menos uma
dessas condições está presente.
OSTEOPOROSE
A osteoporose é uma doença sistêmica progressiva caracterizada
por diminuição da massa óssea e deterioração da microarquitetura,
levando à fragilidade do osso e aumentando o risco de fraturas, por
baixo impacto ou fragilidade óssea.
A osteoporose é uma doença multifatorial, da qual
aproximadamente 70% dependem de fatores genéticos e 30% de fatores
ambientais. Portanto, um único fator de risco não é capaz de
identificar indivíduos com ou sem fratura. Diferenças genéticas,
raciais e antropométricas, bem como da composição corporal,
densidade óssea, dieta, atividade física e outros hábitos de vida
contribuem para explicar as divergências na incidência e prevalência
de baixa densidade óssea e fratura em diversos países do mundo.
As fraturas por osteoporose exercem papel negativo sobre a
qualidade de vida dos indivíduos, especialmente em idosos. Além
disso, apresentam importante impacto econômico, principalmente as de
quadril, bem como aumentam em 25% a taxa de mortalidade no primeiro
ano após o evento.
Doença osteometabólica mais comum. Com maior prevalência em
mulheres brancas (europeias, mulheres pequenas, magras, brancas).
Osteoporose primária:
- Tipo I: pós-menopausa
- Tipo II: senil (>65 anos)
Osteoporose secundária:
A osteoporose secundária é decorrente de processos
inflamatórios, como a artrite reumatóide; alterações endócrinas,
como hipertireoidismo e desordens adrenais; mieloma múltiplo; por
desuso; por uso de drogas como heparina, álcool, vitamina A e
corticóides.
Os corticóides inibem a absorção intestinal do cálcio e
aumentam sua eliminação urinária, diminuem a formação osteoblástica
e aumentam a reabsorção osteoclástica
As doenças inflamatórias entram no metabolismo das cininas
estimulando o metabolismo dos osteoclastos.
Hiperparatiroidismo aumenta o PTH e há aumento das atividades
osteoclásticas que vão reabsorver o osso e liberar mais Ca. Se o
paciente tiver um comprometimento de absorção intestinal,
consequentemente ele absorve menor quantidade de Ca, dessa forma ele
apresenta maior risco de desenvolver osteoporose.
FISIOPATOGENIA
No osso normal existe um equilíbrio entre atividade
osteoclástica (reabsorvendo o osso) e osteoblástica (formando o
osso). Quando esse equilíbrio é perdido e temos uma atividade
osteoclástica maior que a atividade osteoblástica, haverá mais
reabsorção – perda óssea.
Massa óssea:
- Começa a declinar ao fim da terceira década.
- Inversamente relacionada com o risco de fraturas.
- Pode ser medida pela densidade mineral óssea (densitometria).
- Desde o período embrionário inicia a formação óssea, sendo que o
homem naturalmente tem uma maior formação do que a mulher. Atinge o
pico de massa óssea por volta dos 30 anos de idade, mantendo
equilíbrio até os 40 anos aproximadamente. A mulher tem um grande
fator que é a carência de estrogênio durante a menopausa, fazendo
com que ela fique mais vulnerável a desenvolver a doença do que os
homens. A partir dos 40 anos a massa óssea passa a declinar tanto
nos homens quanto nas mulheres.
- Durante a infância é estimulada a ingestão de cálcio para evitar
danos futuros.
CLÍNICA - Fraturas
Osteoporose é uma doença assintomática que não causa dor,
exceto em casos de fratura. Às vezes microfraturas não são
percebidas pelo paciente, podem ser assintomáticos. Paciente
apresenta fraturas e o trabecular do osso vai sofrendo pequenas
fraturas, a vértebra vai alterando e o paciente não chega a sentir
dor, não há um desalinhamento total da vértebra; essas microfraturas
nem sempre são percebidas.
Ainda que a massa óssea se constitua em um componente
importante do risco de fratura, existem outras anormalidades de
microarquitetura, em particular as relacionadas à densidade e à
integridade trabecular óssea, que contribuem para a resistência
óssea. Assim, uma densidade mineral óssea baixa e uma densidade
mineral normal implicam, respectivamente, em risco maior e menor
para a ocorrência de uma fratura osteoporótica.
1 - Fratura Vertebral:
- A maioria é assintomática e não diagnosticada. O paciente é
assintomático porque ocorrem microfraturas que não cursam com dor,
mas este paciente vai perdendo estrutura, faz uma cifose.
- É importante o reconhecimento, pois podem ser preditoras de novas
fraturas e maior índice de mortalidade.
- Fraturas severas são vistas com facilidade nas radiografias, porém
fraturas pequenas podem ser difíceis de reconhecer.
- O risco de fratura vertebral está fortemente relacionado à baixa
densidade óssea.
- Deformidades esqueléticas (abaulamento dos discos vertebrais).
DIAGNÓSTICO
Como em outras patologias, o diagnóstico da osteoporose é
feito pela história clínica, exame físico e exames subsidiários.
Geralmente a osteoporose é pouco sintomática, às vezes só se
manifesta por uma fratura. A dor dorsolombar é queixa comum; o
espasmo muscular é a principal causa dos sintomas, que também podem
ser por microfraturas; em muitos casos, é consequente a uma fratura
por compressão.
Na história deve ser inquirida a idade da menopausa, presença
de fator familiar, hábitos alimentares, atividade física, uso de
1 - Radiografia:
Não faz diagnóstico de osteoporose, pode sugerir osteopenia
- Redução difusa da densidade óssea.
- Acentuação das corticais ósseas dos corpos vertebrais.
- Acentuação do trabeculado ósseo vertical.
- Alteração das formas dos corpos vertebrais.
- T-score e Z-score
T-score é a relação do paciente com um grupo de adultos na
faixa etária de 30 anos.
Z-score é a relação do paciente com um grupo da mesma faixa
etária.
3 - Investigação Laboratorial:
- Hemograma completo, bioquímica.
- Função hepática.
- Hormônios tireoidianos.
- Cálcio sérico.
- Dosagem de vitamina D – 25(OH) vitamina D.
- Calciúria e clearance de creatinina.
- Solicitar PTH se cálcio sérico alto.
TRATAMENTO
1 - Objetivos:
- Restaurar a resistência óssea,
- Reconstruir a arquitetura óssea,
- Prevenir fraturas,
- Controlar a dor (fraturas).
2 - Tratamento da Fratura:
- Dor lombar aguda/crônica.
- Analgésicos (opióides se intensa).
- Calcitonina: diminui a reabsorção óssea e alivia a dor.
- Fisioterapia (contração isométrica reduz a dor e o edema pós-
fratura).
- Colete.
- Prevenção de quedas.
3.2 - Vitamina D:
- Estimular exposição ao sol (15 minutos diários).
- Dose de 400 a 800 UI/dia (dose de manutenção).
4 - Tratamento farmacológico:
4.1 - Antiabsortivos
Agem estimulando os osteoblastos.
> Bifosfonatos:
- Inibidores de reabsorção óssea.
- Aumentam a massa óssea.
- Tem redução de fraturas mesmo com massa mantida, provável
melhora da microarquitetura.
USAR EM JEJUM, COM MEIO COPO D’ÁGUA, NÃO COMER OU DEITAR DURANTE 30
MINUTOS. Aumente o risco de refluxo e paciente pode broncoaspirar.
> Calcitonina:
Hormônio produzido pelas células C (parafoliculares) da
tireóide. Sua fisiologia exata é controversa; sua capacidade de
modular os níveis séricos de cálcio e fósforo é significante.
Sua principal ação é inibir a reabsorção osteoclástica; a ação
analgésica é significativa.
Raloxifeno 60mg/dia
Teriparatida 20 microgramas/dia
DOENÇA DE PAGET
A doença de Paget óssea é uma doença osteometabólica focal
(osteíte deformante) com forte componente genético caracterizada por
aumento da remodelação óssea que afeta um ou mais sítios do
esqueleto. A doença de Paget óssea pode ser assintomática, porém,
frequentemente, se associa a dor óssea, deformidades, fratura
patológica, osteoartrite secundária e surdez.
É uma doença óssea localizada, monostótica (mulheres) ou
poliostótica (homens). A poliostótica é mais frequente que a
monostótica. Os principais sítios comprometidos são: vértebras,
ossos longos dos membros inferiores, pelve e crânio.
A doença de Paget é a segunda doença osteometabólica mais
comum, atrás apenas da osteoporose. É difícil estimar sua incidência
uma vez que, na maioria dos casos, ela é assintomática. É rara em
pacientes com idade inferior a 40 anos e aumenta progressivamente
conforme o paciente envelhece. A doença é comum em países com
população de origem anglo-saxônica como Reino Unido e Alemanha; é
rara em países como Índia, Suíça, Escandinávia e África. Mais comum
em homens e com maior idade, normalmente acima de 60 anos.
FISIOPATOGÊNESE
- História familiar – 7 a 10%
- Gene PG2 – um dos reguladores da osteoprotegerina (encontrado 15%)
- Vírus do sarampo – proteína nucleocapsídeo do vírus no osteoclasto
- Osteoclasto multinucleado – mais potente
- Osteoclasto mais potente
- Hiperatividade no sist. RANK/osteoprotegerina
- Osteoblasto
- Neoformação óssea
- Desordem arquitetônica
- Aumento da vascularização
- Fibrose
- Osso frágil
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
A maioria dos pacientes com doença de Paget é assintomática. A
principal manifestação da doença de Paget é a dor óssea, relacionada
Pode apresentar:
- Sintomático 70-80%
- Achados radiológicos 50%
- Deformidades ósseas: ossos longos e crânio mais predominantemente,
porém pode ser vista em qualquer osso acometido.
- Surdez – 4% (acometimento dos ossículos do ouvido).
- Mielopatia, radiculopatia, compressão medular (tudo em
consequência do comprometimento ósseo).
- Outras manifestações – osteoartrite, osteoporose, hipocalciúria,
miopatia.
- Evolução para sarcoma – até 1%.
Complicações:
- Débito cardíaco elevado: como existe alterações na vascularização,
se houver um acometimento de vários ossos, temos um aumento do
débito cardíaco.
- Sonolência e queda do nível de consciência: devido ao desvio do
sangue do SNC para os ossos acometidos.
- Fratura patológica: é um osso de má qualidade.
- Cálculos renais: o metabolismo ósseo acelerado causa hipercalcemia
- Sarcoma (osteossarcoma, condrossarcoma e fibrossarcoma) fêmur,
úmero, crânio, ossos da face, pelve e raramente nas vértebras.
- Desordens neurológicas: as neoformações causam compressão de
encéfalo.
- Surdez.
- Membro pode ficar edemaciado em função da intensa vascularização,
o que também o deixa mais vermelho.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da doença de Paget pode ser feito por meio da
combinação dos sintomas, achados radiológicos e elevação da
concentração dos marcadores bioquímicos da remodelação óssea.
O principal método diagnóstico para doença de Paget é o
radiológico, tendo como principais características as lesões
osteolíticas (lesões em forma de chama de vela em ossos longos e
osteoporose circunscrita no crânio); ósseos aumentados de tamanho,
espessamento cortical e alterações escleróticas.
> Radiografia
- Fase lítica:
Osteólise, determinada pela atividade osteoclástica. A
destruição óssea nessa fase lítica é causada por reabsorção e não
por infiltração da medular óssea.
No crânio: osteoporose circunscrita (nitidamente demarcada);
Ossos longos: as áreas líticas – de uma extremidade para
outra, borda em forma de V. (costuma-se observar as lesões da
epífise para outras regiões).
- Fase mista:
Aumento e espessamento do osso, com áreas irregulares de
hiperdensidade, aspecto algodonoso (formação desordenada dos ossos
leva ao aumento de volume)
Mistura de fase mista e esclerótica no raio X. Podemos ver bem
demarcada a região acometida na fase mista, tendo um aspecto bem
alterado.
- Fase esclerótica:
Aumento uniforme da densidade. Entretanto o osso é mais
frágil. Por mais que ocorra o aumento da densidade, a qualidade de
formação do osso é ruim, podendo ser fraturado com mais facilidade.
> Biópsia óssea (diagnóstico ideal, mas não costuma ser feito)
Pode ser realizada quando existirem dúvidas acerca do
diagnóstico, especificamente para diferenciar de metástases
osteoescleróticas.
TRATAMENTO
> Nenhum – Se houver um paciente com DP, mas não tem mais nada,
nenhuma complicação, poderá ser feita apenas observação, desde que
não esteja causando nenhuma alteração nem deformidade.
* Medicamentos:
- Analgésicos/AINES ou bifosfonatos, cálcio e vitamina D para
melhorar a formação óssea.
- Analgésicos/AINEs (indometacina): antiinflamatórios, se o paciente
tem queixa de dor.
- Medicações específicas para DP (nos pacientes com indicações a
tratamento).
- Cálcio e vitamina D.
- Calcitonina 50 a 100 U SC ou IM - 3 vezes por semana.
Bifosfonados:
O mecanismo de ação dos bifosfonados é atuar como anti-
reabsortivo.
- Etidronato 400mg/dia por 6 meses
- Alendronato 40mg/dia 6 meses
- Risedronato 30mg/dia 2 meses
- Pamidronato 30 mg/d - IV - 3 dias consecutivos
- Ác. Zolendrônico 5mg /ano – IV
Monitorização do tratamento:
- Dosagem a cada 2-3 meses dos marcadores de reabsorção óssea e de
formação óssea.
- Cintilografia a cada 3-6 meses.
- Radiografia de 6-6 meses.
Prevenção:
- Vacinação contra sarampo, uma vez que existe relação entre o vírus
e o desenvolvimento da doença.
ARTRITES INFECCIOSAS
São um conjunto muito variado de doença que podem cursar com
queixas articulares, desde mono a poliartrites, agudas, súbitas,
crônicas.
Agentes Causadores:
- Vírus
- Micobactérias
- Fungos
- Bactérias
Principal via de contaminação: Hematogênica
ARTRITES VIRAIS
- São autolimitadas, durando poucas semanas, costuma ser
poliarticular.
- Mais frequente em mulheres e costuma não deixar sequelas.
- Exemplos: dengue, zika, chikungunya, AIDS
> HIV/AIDS
- Espondiloartropatias (mais frequente)
- Poliartrite simétrica, aguda + periostite.
> Chikungunya
- Produz uma viremia muito significativa.
- Com capacidade de infectar vários tecidos.
- Invade articulações durante a viremia.
- Desorganiza a resposta imune CD8+.
- Ativa produção de grande quantidade de citocinas inflamatórias.
- Descompensa doença de base.
- Pode levar a sequelas e se manter.
- Pacientes com artrite, osteoporose tem clínica mais grave.
● MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:
- Febre elevada de início súbito.
- Cefaleia.
- Mialgia.
- Artralgias em geral incapacitantes.
● DIAGNÓSTICO:
- PCR até o 5º dia de febre.
- Coletar IgG e IgM após o 5º dia.
- A IgM pode persistir até 3 anos.
● TRATAMENTO:
- Fase aguda:
- Fase subaguda:
- Fase crônica:
ARTRITES FÚNGICAS
- Não são causas comuns
- Comum atraso no diagnóstico: curso indolente (subagudo e crônico).
Etiologia:
- Paracococcidioidomicose
- Histoplasmose
- Coccidioidomicose
- Esporotricose
- Scedosporiose
- Candidose – neutropenico
- Micetomas
- Aspergilose
- Criptococose
Diagnóstico:
- Análise do líquido sinovial com cultura.
- Histopatologia: Bx sinovial/óssea.
> Hanseníase:
- Mycobacterium leprae.
- Cerca de 75% dos pacientes têm manifestação articular.
● Formas de apresentação:
- Artropatia de Charcot (destruição importante da articulação).
- Artrite séptica.
- Artrite do estado reacional (poliartrite de pequenas articulações,
assemelhando-se AR).
- Artrite associada a eritema nodoso (+ frequente).
- Artrite crônica - não relacionada ao estado reacional. Semelhante
a AR.
- Laboratório:
- VHS e PCR aumentados;
- FAN e FR + em 30%: dificulta o diagnóstico diferencial com
AR.
- Radiografia não específico:
- Aumento de partes moles (critério para AR).
- Osteopenia justa-articular (critério para AR).
- Periostite.
Obs1: Muitas vezes o paciente vai ao médico pela dor e já tem algum
acometimento nervoso, mas não é muito significante.
> Tuberculose:
- Mycobacterium tuberculosis.
- Cerca de 10% dos casos extrapulmonares: ossos e articulações.
- Acometimento monoarticular de curso arrastado e pouco
inflamatório.
- Cerca de 1 a 5% dos indivíduos com TB e maioria não tem BK ativa
em outro local, apresenta apenas manifestação articular, sendo o
joelho e o quadril os locais mais afetados.
● Formas de apresentação:
- Doença de Pott: mais comum, acomete coluna vertebral, geralmente a
vértebra logo seguinte: 50% dos pacientes com acometimento
articular.
- Artrite periférica, mais frequente em quadril e joelhos.
- Osteomielite/dactilite: ossos curtos (carpo, MTC, MTT e falanges)
- Entesite (tensões e enteses).
- Doença de Poncet: poliartrite + Dç extrapulmonar (quadro =~
resposta imune, não tem manifestação articular, mas sim reação à
infecção).
● Laboratório:
- HMG: Anemia leve, linfomonocitose.
- PPD positivo em 90%
- Provas inflamatórias geralmente aumentadas
- Líquido sinovial: com menor celularidade no início e maior com o
tempo de evolução, predomínio de mononucleares, aumento de proteína
e diminuição de glicose, BAAR positivo em menos de 20%, cultura
positiva em mais de 80% dos casos.
- Biópsia sinovial: melhor método diagnóstico, cultura positiva em
até 95% dos casos e presença de lesão granulomatosa com necrose
caseosa.
- PCR pesquisada no líquido sinovial ou no material de biópsia.
ARTRITES SÉPTICAS/PIOGÊNICAS
Decorre de uma reação inflamatória resultante de uma invasão
direta da articulação por microrganismos patogênicos. Pode simular o
princípio de uma artrite reumatóide em alguns casos. Acomete
principalmente a articulação do joelho, do quadril e do tornozelo,
mas qualquer articulação do corpo pode ser afetada.
Quadro Clínico:
- Geralmente é monoarticular( joelho) .
- Porém 20% ocorre em mais de 1 articulação - geralmente esses
pacientes são imunossuprimidos.
- Mais acometidas: joelho (50%), quadril (25% e mais frequente nas
crianças), ombro, punho (10%), cotovelo, tornozelo e mão.
- Febre (80%).
- Maior risco em pacientes com doenças de base debilitante: AR, LES,
diabetes, hepatopatias, nefropatias, alcoolismo, neoplasias e
outras, além do uso de prótese articular.
Etiologia:
- Bactéria mais comum entre as não gonocócicas: S. aureus (60%)
- Adultos jovens: Neisseria gonorrhoeae.
- RN-6m: S. aureus e gram (-) anaeróbios.
- 6m-2anos: H. influenzae.
- Maior de 60 anos: gram (-).
Diagnóstico:
> Laboratório:
- Não específico
- Leucocitose em 50% dos casos
- Aumento de VHS e PCR frequentes, proteínas inflamatórias
- Hemocultura positiva em 50%
> Imagem:
- Radiologia convencional não mostra alterações precoces – nas fases
iniciais não temos alterações, mas tem alta morbidade, a destruição
vai acontecer. Se não fizermos nada, o paciente pode evoluir para
sepse e óbito.
- Cintilografia óssea pode ser útil para avaliação (principalmente
axial), porém não é específica.
- USG
- TC
Tratamento:
É importante que se esvazie essa articulação, não só para
pesquisa do líquido, mas terapeuticamente, por que a cartilagem é
avascular e os antibióticos não chegam ao local.
> ANTIBIOTICOTERAPIA:
Farmacológico empírico
Iniciar o tratamento baseando-se na coloração do gram do
líquido sinovial ou na suspeita da origem do foco.
MEDICAMENTOS:
- Ceftriaxona
- Associar Vancomicina nos pacientes com fatores de risco para MRSA.
- Gram + : CEFAZOLINA
- Gram - : CEFTRIAXONA
- Bastões G - : CEFEPIME
- G resistentes: VANCOMICINA + CEFTAZIDIMA
> Reabilitação:
- Prescrever talas
- Exercício passivo
- Fortalecimento muscular isométrico
- Cuidado com postura do paciente
ARTRITE GONOCÓCICA
Patogenia:
- Nas fases iniciais, acredita-se que o quadro clínico desenvolve-se
através de imunocomplexos.
- Então é um quadro de autoimunidade.
- Geralmente no início o paciente faz um quadro de oligo ou
poliartrite mais comumente.
- Com o passar do tempo, o quadro pode regredir ou evoluir para
artrite séptica.
- O processo auto-imune inicial evolui com artrite séptica
gonocócica.
- Há no início um quadro de reação imune, logo após, evolui para um
quadro infeccioso bacteriano.
Quadro clínico:
- Febre (comum).
- Lesões cutâneas típicas: pústulas.
- Poliartrite migratória.
- Tenossinovite (mãos, punhos, cotovelos, joelhos, tornozelos)
- Com a evolução, persistem muitas vezes monoartrites ou
oligoartrites.
- A uretrite inicial é assintomática em 50% dos casos, sendo que a
cervicite, proctite e faringite são assintomáticas na grande maioria
dos casos.
Diagnóstico:
- Levantar a suspeita à partir do quadro clínico.
- A cultura tem sensibilidade baixa sendo isolado mais
frequentemente em hemoculturas colhidas na primeira semana.
- Recomenda-se fazer a cultura do sangue, pele e líquido sinovial,
uretra, endocervix e eventualmente reto e faringe, que são locais
Tratamento
- Começar mesmo sem resultado das culturas.
- A evolução geralmente é favorável.
MEDICAMENTOS:
Ceftriaxone 1g 1x/dia minimo 7 dias
ou
Penicilina 10 a 20 milhões U/dia por 7 dias
ARTRITE REUMATÓIDE
A artrite reumatoide (AR) é uma doença autoimune inflamatória
e crônica que afeta aproximadamente 1% da população adulta mundial.
A doença caracteriza-se pela inflamação do tecido sinovial de
múltiplas articulações, levando a destruição tecidual, dor,
deformidades e redução na qualidade de vida do paciente.
Sua etiologia é complexa e em grande parte desconhecida, porém
estudos demonstram a influência de fatores genéticos e ambientais em
sua patogênese. Apesar de seu elevado potencial incapacitante, o
curso da AR pode ser modificado por meio do diagnóstico precoce e do
manejo adequado do paciente. Pico de início aos 30 a 50 anos.
Impacto na qualidade de vida é grande: incapacidade de
trabalhar, de arrumar a casa, de cuidar de si próprio. É uma doença
muito debilitante ao longo do tempo, estima-se que 50% desses
pacientes não vão estar mais aptos a trabalhar após 10 anos de
doença, sendo algo muito grave para os pacientes, que muitas vezes
podem desencadear a doença ainda jovens.
FISIOPATOLOGIA
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
A AR constitui uma doença inflamatória crônica progressiva,
sendo caracterizada por sinovite com envolvimento preferencial de
articulações de mãos e punhos, de caráter simétrico e aditivo. As
manifestações clínicas da AR podem ter início em qualquer idade,
embora sejam observadas com mais frequência na quarta e quinta
décadas de vida. A AR pode se manifestar de forma bastante variável,
desde manifestações mais brandas, de menor duração, até uma
poliartrite progressiva e destrutiva, associada a vasculite e outras
manifestações extra-articulares.
Quadro clássico:
> Artrite simétrica:
- Punhos, MCFs, IFPs, joelhos, tornozelos e pés.
- Outras: ATM, quadris, acrômio-clavicular, esternoclavicular,
cricoaritenóides.
> Deformidades:
- Dedos em pescoço de cisne: hiperextensão proximal e hiperflexão da
IFD.
- Dedos em martelo
- Polegar em Z
- Desvio ulnar
- Boutonniere
- Cisto de Baker (herniação da membrana sinovial do joelho)
- Mãos em corcova de camelo
> Tenossinovite.
> Rigidez matinal prolongada: não é a rigidez que melhora
rapidamente. É uma doença de caráter inflamatório, o paciente tem
que se mexer para melhorar a rigidez, mas ela demora para voltar ao
normal.
> Dor à palpação/movimentação articular.
> Poupa as falanges distais. As osteoartrites poupam as
metacarpofalangeanas.
Acometimento extra-articular:
- Sintomas gerais: anemia, febre, adinamia.
- Nódulos subcutâneos: 20-30% dos pacientes sendo a manifestação
extra articular mais comum.
- Necrose fibrinóide central devido a inflamação.
- Camada intermediária com macrófagos modificados em forma de
células alongadas dispostos radialmente e alinhados a fibras de
colágeno.
- Tecido de granulação com células inflamatórias na periferia.
- Face extensões com consistência mais macia que tofo (nódulo
da gota).
- Vasculite: nervos periféricos, úlceras cutâneas, artrite nas
extremidades, púrpura palpável, arterite visceral.
- Ocular: episclerite (inflamação do tecido conjuntivite
subconjuntival), esclerite, escleromalacia, ceratoconjutivite seca.
- Pulmonar: Mais de 20 processos patológicos descritos podem ocorrer
manifestações da própria doença (DP, nódulos reumatoides, síndrome
de Caplan - Pneumoconiose reumatoide +AR, etc), iatrogênica (devido
a medicações) ou devido a infecções. Pode ocorrer pleurite,
pneumonite intersticial, bronquiolite, HAP, bronquiectasias.
- Cardíaco: miosite, pericardite, miocardite, insuficiência aórtica.
- Amiloidose.
- Síndrome de Felty: AR + esplenomegalia + leucopenia (fator
reumatoide).
> Laboratoriais
- Anemia moderada (normocítica e normocrômica): é uma anemia de
doença crônica, então ao melhorar o quadro do paciente, a anemia
também melhora.
- Leucocitose e trombocitose.
- Provas de atividade inflamatória (VHS, Proteína C Reativa, alfa-1
GP-ácida, Amilóide sérico A): não como vemos por exemplo nos
processos infecciosos, mas como há elevação devido a inflamação.
- Fator reumatoide positivo.
- Anticorpo anti-peptídeo cíclico citrulinado (anti-CCP): é mais
sensível e específico, pode ser detectado mais precocemente, e é
mais caro.
> Radiológicos
- Osteopenia justa-articular: faz parte dos critérios diagnósticos.
Podemos observar uma região mais escura ao raio x, devido a
reabsorção causada pela estimulação do RANKL aos osteoclastos.
- Aumento de partes moles.
- Redução do espaço articular.
- Erosões ósseas – faz parte dos critérios.
- Cistos ósseos.
- Deformidades (luxações e subluxações).
• CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO:
Diagnóstico precoce:
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
- Doenças do tecido conjuntivo
- Artrites microcristalinas
- Osteoartrite
- Hanseníase
- Artrites por vírus
- “Síndromes reumatoides”
- Paraneo
TRATAMENTO
> Sintomático:
- AINES (seletivos ou não seletivos - costumam ter uma melhor
resposta).
- Corticosteroides: sistêmicos se o quadro é poliarticular e locais
se uma ou duas articulações são envolvidas.
VASCULITES
Inflamação da parede do vaso com necrose da parede vascular.
Podem ser primárias ou secundárias. Na maioria das vezes são
secundárias a infecções. Muitas são primárias, embora não se saiba o
agente etiológico envolvido na gênese da doença. A maioria é
multissistêmica, poucas vezes vamos encontrar vasculites
localizadas.
ETIOPATOGENIA
- Lesão Direta (ocorre lesão direta no vaso, pelo agente etiológico.
A infecção e a vasculite vão surgir juntas).
- Depósito de Complexo Imune.
- Injúria mediada por anticorpo.
- Ativação de Complemento.
- Ativação do Endotélio → Importância nas Vasculites.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Classificar a vasculite ajuda a estimar o prognóstico da
doença. Além disso, ajuda na diferenciação entre os quadros
clínicos, o que ajuda no diagnóstico.
Obs1: Toda vez que tiver livedo reticular com nódulos subcutâneos
dolorosos deve pensar em vasculite.
Púrpura de Henoch-Schonlein
- Geralmente aguda, autolimitada (desaparece em 1 mês) e está muito
relacionada a danos renais. Mesmo sendo autolimitada sempre tratar
por conta do risco de sangramento intestinal.
- Está relacionada a IgA, como a doença de Berger mas é uma doença
sistêmica.
- Muito comum na faixa pediátrica, onde 75% dos casos ocorrem em
menores de 8 anos e 90% em menores de 10 anos.
Quadro clínico
> Cutâneo (100%): púrpura, pápula urticariforme, maculo-pápulas,
equimose, petéquias, edema doloroso subcutâneo, púrpura palpável
(púrpuras elevadas, não relacionadas a plaquetopenia. Geralmente
ocorre da cintura pélvica para baixa). Apenas metade abre o quadro
com manifestação cutânea.
Diagnóstico:
1 - Biópsia com imunofluorescência (IF) demonstrando depósito
granular de IgA na parede vascular e ao seu redor.
2 - Microscopia Óptica.
3 - Laboratório:
- Leucócitos normais ou aumentados
- Série vermelha normal ou anemia
- Plaquetas normais ou aumentadas (plaquetas não estarão
diminuídas, se estiver pensar em outro diagnóstico)
- Proteínas de fase aguda aumentadas
- Bioquímica de acordo com o órgão acometido.
- ASLO (história estreptocócica prévia; usual é viral)
- EAS (acompanhar por 2 anos, repetir 3/3 meses)
Obs1: Biópsia da púrpura, mas a lesão deve ser nova (menos de 48hs).
Diagnóstico diferencial:
Outras causas de púrpuras: dengue, meningococcemia, leucemia,
púrpura trombocitopênica idiopática, LES, CMV, Epstein-Barr
Tratamento:
- Artrite: AINH, corticosteroide
- TGI ou qualquer órgão nobre: Corticosteroide
- Nefrite: Corticóide pode ser útil em reverter a nefrite e evitar a
progressão da doença; imunossupressores (Azatioprina,
ciclofosfamida).
Prognóstico:
- Depende da presença e severidade da nefrite.
- Pior prognóstico se houver hematúria macroscópica, síndrome
nefrótica, IR, HAS, mais de 50% de crescente em biópsia renal.
Clínica:
- púrpura em medalhão, lesões fugazes, edema de face, couro
cabeludo, extremidades.
- Lesões feias, coalescentes, criança em bom estado geral.
Doença de Kawasaki
(pré-escolar/lactente)
Epidemiologia:
- 80% dos casos < 5 anos (pico < 2 anos).
- Afeta mais o sexo masculino e em descendentes asiáticos.
Obs1: Com fase aguda que dura 10-14 dias; fase subaguda que dura 14-
60 dias, sendo o marco inicial, o aparecimento da febre.
Obs2: Descamação, trombocitose e alterações coronarianas só ocorre
na fase subaguda.
Obs3: Excluir escarlatina: febre alta, alterações exantemáticas,
criança maior.
Manifestações clínicas:
> Cardiovascular:
- Fase aguda (10 a 14 dias): miocardite, derrame pericárdico,
arritmias, rutura de músculos papilares, acometimento mitral e
aórtico, insuficiência cardíaca.
- Fase subaguda: aneurismas coronarianos, aneurismas periféricos,
trombose coronariana, IAM, morte súbita. Quando vai ter alterações
laboratoriais importantes.
- Alterações coronarianas: surgem 1-4 semanas após o início da
doença e o prognóstico vai depender do tamanho (peq, médio,
gigante), forma (fusiforme, sacular) e localização (proximal,
distal) dessas alterações.
> Outras:
- Nefrite Intesticial
- Hepatite
- Uretrite
- Pancreatite
- Diarréia
- Dor Abdominal
- Uveite
- Perda da acuidade auditiva
- Efusão subdural
- BCGíte (hiperemia envolta da cicatriz da vacina)
- Alopécia
- Hidropsia de vesícula biliar (dor a palpação e aumento do volume
abdominal)
- Linhas de Beau (linhas paralelas próximas à cutícula)
> Laboratório:
- Leucocitose com neutrofilia e desvio para esquerda
- Anemia normocítica e normocrômica
- VHS, PCR elevados: demora 2-3 meses para normalizar
- Trombocitose (fase subaguda): demora 2-3 meses para normalizar
- Alterações no hepatograma
- Hipoalbuminemia
- Piúria estéril
- FAN e FR negativo, ASO normal
Diagnóstico diferencial:
- Escarlatina:
Causada por estrepto beta hemolítico grupo exantema, é uma
vermelhidão total, só vemos as micropápulas quando chegamos bem
perto, é como se a criança tivesse ficado exposta ao sol, mas não
tem hiperemia conjuntival, apesar de ter descamação , febre. A faixa
etária da escarlatina é diferente geralmente escolar e Kawasaky
normalmente é pré-escolar e lactente.
Tratamento:
Deve ser imediato para evitar complicações coronarianas. A
curto prazo se espera reduzir a inflamação e prevenir a trombose
coronariana e a longo prazo prevenir a isquemia miocárdica nos
pacientes que desenvolveram aneurismas coronarianos
Cuidados:
Postergar vacinação por 3-11 meses após uso, pelo menos 6
meses, pois a vacina pode não fazer efeito.
Efeitos colaterais:
IRA, trombose (viscosidade, contaminação com fator XI, o que
aumenta a produção de trombina), febre, meningite asséptica, AVE.
Critérios diagnósticos:
Presença de 1 critério maior e pelo menos 2 menores.
Arterite de Takayasu
Acomete vasos de grande calibre (aorta e seus principais
ramos) com poucas manifestações cutâneas. O diagnóstico costuma ser
tardio devido à pouca especificidade dos sintomas durante a fase
inicial do acometimento vascular (febre, perda de peso, anorexia,
astenia).
Doença afeta principalmente adolescentes e adultos jovens,
dificilmente afeta idosos. Etiopatogenia é desconhecida, mas se sabe
que há forte relação com TB e sífilis.
Manifestações clínicas:
- Uma das primeiras manifestações clínicas que podemos observar é
HAS.
- Fase inicial é inespecífica podendo se manifestar como um quadro
gripal e sintomas constitucionais.
- Pode levar a HAS grave, diferença de pulsos e PA entre membros
esquerdo e direito ou MMSS e MMII
- Claudicação intermitente + diminuição (ou ausência) da amplitude
dos pulsos.
- As alterações serão de acordo com a artéria acometida:
- Carótida: AVE, convulsão, isquemia, cefaléia.
- Renal: HAS incontrolável, pois diminui o fluxo e aumenta
SRAA.
- Mesentérica: Dor abdominal (angina mesentérica).
- Frêmito e sopros.
- Não tem lesões externas.
Critérios diagnósticos:
Doença de Behçet
Pode acometer vasos de qualquer calibre, é uma doença
autoimune de etiologia desconhecida e evolução crônica, sendo
multissistêmica e o diagnóstico é essencialmente clínico, na
vigência de manifestações mucocutâneas, urogenitais, vasculares,
articulares e/ou neurológica.
É caracterizada pela tríade clássica de ulcerações orais e
genitais recorrentes e irite de repetição.
Pode envolver, além da pele, das mucosas e da úvea, outros
órgãos como cérebro, meninges, pulmões, coração, articulações e
sistema gastrointestinal. Pode atingir pênis, bolsa escrotal, tem
relação com fenômenos tromboembólicos.
Critérios diagnóstico:
> Úlceras orais recorrentes (pelo menos 3x em 1 ano):
> Patergia
Teste de reação a injeções → hipersensibilidade cutânea -
reação cutânea – pápula ou pústula – ao “prick test” observada pelo
médico em 24-48 horas; acúmulo de neutrófilos – mastocitose e
monocitose).
Vasculites infecciosas
Qualquer infecção bacteriana, viral, fúngica ou parasitária
pode gerar vasculites.
DIVISÃO EM SUBTIPOS:
AIJ sistêmica:
- Há acometimento de vários órgãos.
- O que caracteriza a forma sistêmica não é o n° de articulações
acometidas, mas sim a presença de sinais e sintomas de doença
sistêmica, diferentemente das outras formas, que tem a ver com o n°
de articulações acometidas (há pacientes com 1 ou 30 articulações
afetadas).
- Corresponde a 20% das AIJ.
- 2/3 dos casos começam antes dos 5 anos.
- Sem predomínio de sexo.
- Sem ligação com HLA (antígeno leucocitário humano de
histocompatibilidade: importante para transplantes).
- A manifestação clínica mais importante desta forma (100% dos
pacientes a apresentam) é a febre alta (39 a 41°C), 1-2x/dia,
geralmente no final do dia, dura algumas horas, não cede facilmente
com antitérmico. É comum a mãe relatar que o filho está há 3 meses
fazendo febrão no final do dia, ficando prostrado, com algumas
manchas no corpo,não pruriginosas (exantema pode aparecer em 80 a
90% dos casos). Não responsiva a antitérmico.
- No início predominam manifestações sistêmicas.
- Em cerca de 10% dos casos a artrite é mais tardia, então o
indivíduo terá febre de 2 a 3 meses, com exantema, pode ter
manifestações de pulmão e coração e a artrite só vai aparecer
semanas ou alguns meses depois.
- Pode ter três cursos:
Monofásica: trata e não tem mais sintoma.
Policíclico: trata tem melhora, daqui um tempo piora.
Persistente: não responde ao tratamento.
Critérios Diagnósticos:
- Artrite crônica (> 6 sem).
- Não importa o número de articulações acometidas.
- Febre alta persistente por mais de 15 dias.
- Outras manifestações sistêmicas:
- Exantema (róseo, salmão claro, ocorre em 70% a 90% dos
casos, está muito associado a presença da febre, não é pruriginoso.
Geralmente ocorre em tronco, abdome, parte proximais de MMII e MMSS.
Desaparece após a febre).
- Pericardite (mais comum), derrame pericárdico (mais comum) e
até miocardite (menos comum);
- Pleurite, linfonodomegalia, hepatoesplenomegalia, derrame
pleural;
- Manifestações osteoarticulares: artrite, artralgia, mialgia,
tenossinovite.
Curso da Doença:
- Manifestações sistêmicas tendem a desaparecer/ceder em meses ou
até 1 a 2 anos: pode haver surto único ou surtos repetidos.
- Remissão: 2/3 entram em remissão e 1/3 tem curso poliarticular
grave (isso significa que 1/3 melhora a parte clínica, para de ter
febre, exantema, regride a hepatoesplenomegalia, mas mantém o quadro
articular).
- Óbito: pode morrer por síndrome de ativação macrofágica, infecção
e mais raramente por amiloidose.
AIJ Oligoarticular:
É um subtipo mais comum, metade das AIJ é do tipo
oligoarticular, mais frequente em sexo feminino (4:1), acomete
crianças de 1 a 3 anos.
Características:
- Artrite em 1 a 4 articulações nos 6 primeiros meses, metade dos
casos pode ser monoartrite, acomete principalmente joelhos e
tornozelo (grandes articulações), de forma assimétrica.
- A forma oligoarticular pode ter uma febre mais baixa (38 a
39,5°C), sem nenhum padrão característico. Geralmente não há febre.
O quadro é benigno. Laboratório é normal ou muito pouco alterado.
- Frequentemente é indolor ou pouco dolorosa e por isso os pais não
percebem, há rigidez matinal, atrofia muscular, porque passa a usar
menos o membro, osteopenia, contraturas. A criança tende a adotar
posição antálgica.
- Oligoartrite é mais frequente, corresponde a 50% dos casos, mas
não é a forma que chega mais frequentemente ao reumatologista
pediátrico, porque ela responde muito bem ao AINE, o que faz com que
muitas vezes essa forma passe despercebida pelo ortopedista e
pediatra.
- A uveíte anterior crônica é a manifestação extra-articular mais
temida neste subtipo e está relacionada ao anticorpo antinúcleo
(ANA/FAN). Pode ocorrer em 20% a 30% dos casos, principalmente em
meninas com idade menor que seis anos ao diagnóstico. Por essa razão
se orienta exame oftalmológico periódico com lâmpada de fenda.
Evolução:
- N° de articulações:
Após os seis primeiros meses de doença, de acordo com sua
evolução, pode ser classificada em oligoarticular persistente, em
que há comprometimento de até quatro articulações e oligoarticular
estendida, em que há comprometimento de cinco ou mais articulações.
Características:
- Acometimento de 5 ou + articulações nos primeiros 6 meses;
- Prova látex positivo para FR em 2 ocasiões no intervalo de 3
meses;
- Curso e evolução semelhantes a AR do adulto.
- Caracteriza-se por poliatrite simétrica e progressiva, acometendo
grandes e pequenas articulações, com predileção por articulações
periféricas, cervical e têmporo-mandibular.
- Articular: acometimento de grandes articulações, simetria,
instalação rápida, comportamento agressivo, podendo deixar muitas
sequelas e lesões se não tratada há tempo e adequadamente. As
manifestações articulares podem ocorrer, mas são mais raras.
- Extra-articular: anorexia, fadiga, nódulos subcutâneos em 10%,
febre rara.
Artrite Psoriásica
- É rara na infância e diagnosticada quando há artrite na presença
de psoríase ou artrite com dois dos seguintes dados: história
familiar de psoríase, dedos em salsicha (dactilite) e alterações
ungueais (depressões puntiformes e onicólise - unhas em dedal).
- Em 80% dos casos o acometimento é mono ou oligoarticular e pode
iniciar-se antes do quadro cutâneo.
> Oligoartrite:
- Hemograma normal.
- VHS e PCR normais ou pouco alterados.
> Poliarticular:
- Leucocitose, anemia.
- Trombocitose.
- VHS e PCR alterados.
> HLA-B27:
Espondilite Anquilosante.
TRATAMENTO DA AIJ
Objetivos é controlar a inflação, paciente deve entrar em
remissão e melhorar a qualidade de vida da criança. Preocupar com o
olho, alimentação, vacina, fisioterapia.
> Inflamação:
1ª linha: AINE e corticoide.
2ª linha: Metotrexato
Leflunomida: AIJ poliarticular
Sulfassalazina: ARE
> Fisioterapia:
- órteses, termoterapia, hidroterapia, cinesioterapia.
> Oftalmologista:
- Acompanhamento regular é obrigatório.
- Diagnosticar e tratar precocemente a uveíte.
- 3/3 meses. 6/6 meses. Anualmente.
Fisiopatologia:
Os macrófagos ativados liberal muitas citocinas ao mesmo tempo
repercutindo no organismo levando ao óbito se não diagnosticado e
não tratado. A liberação dessas citocinas leva a insuficiência
hepática, que leva a coagulopatia e alteração do SNC
(encefalopatia). Algumas predisposições genéticas levam a síndrome
de ativação macrofágica.
> Clínica:
- Febre constante, 1x/dia (ou é quadro infeccioso ou está abrindo
uma síndrome de ativação macrofágica).
- Hepatoesplenomegalia (↑transaminases), linfonodomegalia.
- Coagulopatia de consumo (CIVD).
- Encefalopatia.
- Irritabilidade.
- Coma.
> Laboratório:
Aumento de transaminases na fase inicial, citopenia
(leucopenia, anemia, trombocitopenia), distúrbio da coagulação,
diminuição de VHS, porque as proteínas de fase aguda são produzidas
no fígado, aumento da ferritina (>10.000), aumento de
triglicerídeos.
> Diagnóstico:
O diagnóstico de certeza é feito pelo mielograma no qual vemos
uma síndrome hemifagocítica (macrófagos fagocitando hemácias,
leucócitos, plaquetas), mas às vezes o quadro de coagulopatia é
menos intenso que nem dá tempo de fazer o mielograma e nesse caso
utilizam-se os dados clínicos.
> Tratamento:
Corticóide em altas doses (pulsoterapia).
Se não melhorar, fazer ciclosporina venosa.
Obs1: Nos primeiros anos não é possível saber quais órgão serão
acometidos, mas normalmente o padrão do paciente é traçado nos cinco
primeiros anos de doença.
ETIOLOGIA
É uma doença multifatorial, podemos ter vários fatores
causando. Temos uma combinação genética, onde há vários alelos e
genes que combinados, geram maior predisposição ao LES. Com relação
aos fatores hormonais, sabemos que existe uma predisposição
importante do sexo feminino na faixa etária sexualmente ativa, pela
relação com a prolactina e estrogênio. Por isso, temos uma
prevalência de 9 mulheres para cada homem nessa faixa etária.
Alguns fatores ambientais também podem servir de gatilho, como
uso de alguma droga, exposição solar, fatores infecciosos. Também
pode ser pelo uso de determinada substância química, uma gravidez ou
mesmo um estresse, caso o paciente seja predisposto.
Dessa forma, o paciente tem uma perda de tolerância,
transforma auto-Ac causados por esses processos, em Ac que começarão
a agir contra o organismo do paciente, gerando a doença auto-imune.
IMUNOPATOLOGIA
Temos ativação de linfócitos por auto Ac patogênicos,
deposição de imunocomplexos, ativação de complemento, quando entra
em atividade a doença, geralmente, há consumo do complemento. Tudo
isso gera o processo inflamatório. Esse processo se retroalimenta,
então, se não frear o processo, ele será cada vez mais progressivo.
A inflamação é algo fisiológico, mas se temos auto Ac causando a
lesão, esse processo não vai parar nunca, a não ser que seja
bloqueado.
Danos teciduais causados pela ativação de linfócitos T, auto-
anticorpos patogênicos, formação de imunocomplexos, e ativação de
sistema complemento gerando, conforme local de depósito e conforme a
reação que houver, um processo inflamatório que vai levar ao dano
tecidual.
Auto-anticorpo é aquele que ataca as proteínas que o próprio
organismo produz, gerando a já citada perda da tolerância
imunológica.
EPIDEMIOLOGIA
- Distribuição universal.
- 3,7 a 5,5 casos/100.000.
- Brasil (Natal) 8,7/100.000: incidência maior em Natal,
provavelmente pela maior incidência de luz solar.
- Mulheres jovens: 3 a 4x mais comum raça negra.
- 9M:1H.
- 3M:1H: Infância e 3ª idade, por que estamos fora da faixa de pico
hormonal, ou seja, a função hormonal funciona como gatilho.
- Segunda à quarta décadas de vida.
DIAGNÓSTICO
Nenhum achado isolado faz o diagnóstico, embora alguns sejam
bastante sugestivos. Ou seja, temos critérios diagnósticos, onde 4
ou mais dos mesmos vão fechar o diagnóstico. Claro que temos de
excluir outras doenças parecidas, mas esses critérios apresentam uma
sensibilidade e especificidade bem aceitável (93% e 75%).
Alteração Imunológica
1- FAN Hep2 positivo (diagnóstico).
2- Anti-DNA positivo (é um auto-anticorpo, avalia, tanto diagnóstico
quanto prognóstico).
3- Anti-SM positivo (diagnóstico).
4- Anticorpo antifosfolipídeo positivo (são relacionados a SAF):
anticoagulante lúpico, anticardiolipina e anti-beta-2-glicoproteína.
5- Complemento baixo C3, C4, CH50 (atua no sistema complemento, faz
ligação com os anticorpos).
6- Coombs direto positivo (ainda que não haja anemia hemolítica,
entende-se que está havendo lesão).
Nefrite lúpica comprovada por biópsia com FAN (+) ou anti-DNA (+)
SINTOMAS GERAIS
Todas as alterações usadas nos critérios são manifestações que
podem ocorrer, mas além delas, temos outras:
- Sintomas constitucionais:
- Fase ativa.
- Infecção intercorrente.
- Mal estar, febre, fadiga, perda ponderal.
- Psoríase:
- Úlceras de mucosa:
Oral, nasal, vaginal, com caráter repetitivo e sem fator
desencadeante.
Sempre fazer diferencial com vasculites.
- Artralgias/artrite:
Sinovite, edema articular em duas ou mais articulações,
pequenas podendo simular artrite reumatoide, mas não tem limitação
de movimento ou atividades e as deformidades são reversíveis ao
exame físico.
Rigidez maior que 30 minutos.
- Hemograma:
Anemia hemolítica: por destruição das hemácias
Anemia de doença crônica: normocítica, normocrômica.
Anemia de insuficiência renal.
- Comprometimento renal:
Lembrar do valor prognóstico do anti-DNA.
Sedimento urinário.
Biópsia:
- Menos grave.
- Ac anti-histona + em 90 % (porém não é específico).
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Atividade ou Infecção?
- Importância: tratamentos diferentes.
- Coexistência: frequente infecção como gatilho para atividade de
doença.
- É importante que saibamos diferenciar essas duas situações, e
também que muitas vezes pode existir uma coexistência entre esses
processos. Os tratamentos são diferentes nas duas situações, a
atividade é feita com imunossupressão, e a infecção com
antibióticos.
- A imunossupressão facilita que o paciente tenha mais infecção.
Ex: o paciente entra em atividade por conta de uma infecção,
piorando cada vez mais, internamos e fazemos altas doses de
antibióticos. Depois da melhora, começamos a imunossuprimir o
paciente. Então ficamos nessa balança, por que um tratamento pode
ser um gatilho para outro. Por isso é tão importante explicarmos
para o paciente a doença que ele tem, quais são as precauções e
cuidados.
TRATAMENTO
Conduta Terapêutica I:
Informações ao paciente: o paciente tem de entender bem a
doença: Natureza da doença: “Auto-agressão X Auto-Imunidade”.
Controle dos agentes aceleradores da doença: Exposição solar,
infecções, anticoncepcionais orais (não pode ser usado), terapia de
reposição hormonal, cirurgia, estresse;
Planejamento familiar: Gestação em períodos sem atividade da
doença, métodos anticoncepcionais.
Acompanhamento:
- Exames Oftalmológicos
- Redução das doses / 6 meses
- Estudos controlados
Talidomida
- 100 a 300 mg/dia
- Efeitos colaterais
É uma droga muito boa principalmente para pele. Devemos
lembrar que ela apresenta restrições, a paciente não pode estar em
Corticóides:
Prednisona
Prednisolona
- Doses anti-inflamatórias X imunossupressoras.
- Pulsos de metilprednisolona.
- Quimioprofilaxia para BK.
- Tratamento de estrongilóides.
- Repor potássio e cálcio caso o paciente precise.
Os corticóides são drogas de ação rápida, que é boa
principalmente quando o paciente entra em atividade. Serve para
frear a atividade da doença. Podemos usar doses mais baixas quanto
imunossupressoras.
Doses mais altas com pulso de corticóides são usadas nos
pacientes mais graves, como o acometimento dos rins ou do sistema
nervoso. Devemos fazer profilaxia para tuberculose e estrongilóides
quando em uso dessas medicações. Também deve haver um controle dos
eletrólitos potássio e cálcio, o que deve ser reposto.
Imunossupressores:
(poupa corticoide, controle da intensidade e extensão da doença e de
recidivas):
Azatioprina VO: 1-2 mg/kg/peso
Ciclofosfamida VO: 1-2 mg/kg/peso. EV: 10–15 mg/kg/peso, 30/30
dias, 6 a 8 pulsos mensais (pacientes graves).
Metotrexate VO: 7,5- 30 mg/semanais/VO ou SC, ácido fólico
Micofenolato VO - 1,5-3,0 g, VO, dia (boa opção especialmente
para quem tem lesão renal).
Rituximabe ciclos IV de 1000mg (dia 1 e 15) - 6 em 6 meses
(medicação nova, para lúpus leve a moderado).
Belimumabe (medicação nova, para lúpus leve a moderado).
Vacinas:
- Com vírus vivo atenuado: não recomendadas.
- Anti hepatite B.
- Relatos de agravamento e eclosão da doença em familiares
assintomáticos.
- Necessidade estudos prospectivos.
- Reservada grupos de risco.
Recomendadas:
- Anti Influenza – antipneumococco.
- Sem imunossupressores.
- Corticóide em baixas doses.
Manifestações clínicas:
- Com início agudo ou insidioso.
- Inicia-se geralmente com manifestações constitucionais como:
febre, mal-estar, perda de peso, fadiga, anorexia.
- Muito comum em adolescentes a presença de artralgias
- Eritema malar-mais comum, exantema em asa de borboleta e de um
modo geral poupa o sulco nasolabial.
● Lesões específicas:
LE Cutâneo Agudo
- Localizado: exantema malar, lesão em V (do decote).
- Generalizado: fotossensibilidade, exantema maculo-papular, bolhas
(formam lesões muito feias, mas provavelmente não deixarão
cicatrizes).
LE Cutâneo Subagudo
- Lesões anulares.
- Eritema anular e multiforme.
LE Cutâneo Crônico
- LE discoide (localizado ou generalizado): escavada, escamosa e
deixa sequelas.
São máculas ou pápulas hiperemiadas, elevadas, bem demarcadas,
com superfície escamosa, podendo acometer folículos pilosos (ao
acometer o folículo piloso, se tiver fibrose vai ter alopecia).
Inicia-se com eritema e hiperpigmentacão, evoluindo com
depressão central cicatricial e despigmentação; acomete
principalmente face, couro cabeludo, orelhas, “V”, face extensora de
MMSS e olho (blefarite, madarose).
> Renal:
- Nefrite Lúpica.
- Determinante importante de sobrevida.
- Acometimento clínico-renal-laboratorial: 75% das crianças.
- Mais frequente e mais grave que no adulto.
- 50% das crianças apresentam diminuição da função renal no
diagnóstico.
- Ínicio com insuficiência renal aguda é raro.
> Cardiovasculares:
Pericárdio:
- + frequente 5-10% em crianças e 25-30% em adultos.
- Pericardite.
- Tamponamento cardíaco.
LES NEONATAL
- Até 28 dias após o nascimento.
- Síndrome rara, descrita em 1954.
- Doença auto-imune adquirida.
- 40 a 60% das mães são assintomáticas, ou seja, não apresentam a
doença, só tem anticorpos.
- Passagem transplacentária de anticorpos IgG antinuclear (ANA) e
anti-ENA (anti-Ro| SSa, anti-La|SSB, anti- UIRNP).
Outras Manifestações:
- Anormalidades hematológicas (anemia hemolítica, leucopenia e
plaquetopenia).
- Hepáticas, neurológicas, pulmonares.
Manifestações:
> Cardíacas:
- 50% - morbi-mortalidade! Lesões permanentes.
- Degeneração = fibrose do nódulo AV = Bradiarritmia (<120 bpm).
- Bloqueio cardíaco completo em 90% casos, mortalidade 15-20%.
- Bradicardia intra-uterina – ICC, hidropsia fetal; Diagnóstico ECO
fetal 18-20ª semana.
- Cardiomiopatía/miocardite, fibrose intersticial do miocárdio.
- Defeitos Cardíacos: PCA, transposição dos grandes vasos, defeito
septo atrial/ventricular.
> Cutâneas:
- 30-50% dos casos.
- Sexo feminino (2:1 a 3:1).
- Lesões anulares eritematosas descamativas em áreas expostas de
face, tronco, extremidades – lúpus subagudo.
- Pode evoluir com atrofia central, hipopigmentação (lúpus
discoide).
- Característico: peri-orbitário (yee mask) e escalpe.
- Pode estar presente ao nascimento (raro), comum de 6 a 12 semanas. Raro ≥ 6 meses.
- 10% telangiectasias com 6 a 12 meses.
> Hematológicas:
- Anemia hemolítica.
- Trombocitopenia – mais comum.
- Leucopenia.
- Associação com anti-Ro – se liga a neutrófilos.
- Não foi encontrado anticorpos anti-plaquetas e anti-neutrófilos.
> Gastrintestinais:
- Hepatite – 15%.
- Icterícia, colestase.
- Aumento de enzimas hepáticas.
- Hepatomegalia.
- Hemorragia gastrointestinal.
- Hiperesplenismo.
> Neurológicas:
- Meningite asséptica.
- Convulsão.
- Mielopatia com paraparesia espástica.
ESCLERODERMIA
É uma doença inflamatória crônica e autoimune do tecido
conjuntivo. Se refere ao endurecimento fibrótico da pele, faz parte
das colagenoses e não tem cura. É rara e sua fisiopatologia não é
muito bem conhecida e seu quadro clínico está relacionado a
alteração vascular e imunológica.
Causa endarterite proliferativa e proliferação do tecido
conjuntivo da pele e dos órgãos internos (pulmões, TGI, rins e
coração). Pode ser sistêmica (difusa; limitada; visceral) ou
localizada.
É mais uma das colagenoses, também é conhecida como esclerose
múltipla, caracterizada por uma poliartrite, com proliferação da
camada íntima, que diminui o lúmen do vaso causando isquemia. Também
tem alterações imunológicas, com células inflamatórias nos tecidos,
e um quadro de depósito de colágeno gerando fibrose.
A principal característica dessa doença é a fibrose dos
tecidos. Esclerodermia significa pele dura, são pessoas que
realmente ficam mumificadas. A pele não tem elasticidade, geralmente
nas fases mais iniciais, porque quando chega na fase atrófica,
melhora um pouco.
Caracterizada por:
1- Acúmulo excessivo de matriz extracelular na pele e em diversos
órgãos internos, em especial o colágeno tipo I e III.
2- Importantes alterações da pequena e microcirculação, alterações
inflamatórias e imunológicas.
3- Presença de áreas sem vascularização.
4- Presença de substâncias aumentadas como endotelina-1
(vasoconstritor), moléculas de adesão como VCAM-1 e ECAM-1, células
B e T e miofibroblastos.
EPIDEMIOLOGIA
- Rara.
- Idade: 30 a 50 anos
- Maior no sexo feminino, relação de 3:1.
PATOGENIA
Não é muito bem esclarecida, mas acredita-se que esteja
relacionada a fatores vasculares e imunológicos, que levam a
inflamação e como consequência a fibrose e a disfunção vascular de
pequenas artérias e microvasos.
Vascular
- Anormalidades vasculares no endotélio e células musculares lisas
levam a liberação de ET-1 (endotelina 1), VCAM1 e ECAM1.
Imunológica
- Por desregulação imune ocorre proliferação de autoanticorpos
específicos, células T e células B.
Imunidade celular:
- Forma um infiltrado inflamatório mononuclear e ocorre a liberação
de citocinas (IL-1,IL-2,IL-4,IL-6 e quimiocinas) e fatores de
crescimento (PDFG - fator de cresc derivados de plaquetas, TGF-ß -
fator de cresc beta, CTGF - fator de cresc de tecido conectivo).
Imunidade humoral:
- Anticorpo anti RNA polimerase I e III: Com maior risco de
apresentação cutânea, envolvimento renal e menor sobrevida.
- Anticorpo anti-topoisomerase I (anti Scl 70): maior frequência de
fibrose intersticial pulmonar, risco relativo de doença difusa,
lesão renal e sobrevida menor. Cerca de 35% forma difusa.
- Anticorpo anticentrômero (CENP A, B e C): melhor prognóstico cm
menor frequência de doença difusa, maior sobrevida. Mais associado à
forma limitada. E com maior proteção a úlceras digitais.
Fibrose (miofibroblastos)
- A liberação dessas citocinas e fatores de crescimento modula a
diferenciação dos fibroblastos levando a fibrose.
FORMAS DE APRESENTAÇÃO
Difusa:
É a forma mais agressiva. Ocorre envolvimento bilateral
simétrico da pele: face, tronco e extremidades.
Acomete vários órgãos, principalmente nos primeiros anos da
doença, de forma simétrica e centrípeta (começando do final do
membro e vai subindo, então tem acometimento distal e proximal do
membro), ultrapassando cotovelo e joelho.
Espessamento cutâneo generalizado e costuma ter o fenômeno de
Raynauld.
Calcinose rara.
Associada em cerca de 30 a 40% a anticorpo Anti SCL 70, quando
positivo, é muito específico para a forma difusa.
Limitada:
É uma forma mais branda e o acometimento da pele é mais
distal.
O acometimento de órgãos internos geralmente é mais brando.
Essa definição de limitada, se refere a parte distal, não em relação
a ao tempo de evolução da doença.
Pouco envolvimento cutâneo (dedos, face, até cotovelos e
joelhos).
Calcinose frequente.
Associada a FAN, padrão centromérico. Acontece de forma
centrípeta, simétrica, bilateral, acomete face e não ultrapassa o
joelho.
Caracterizada pela síndrome de CREST (Calcinose, Raynauld,
acometimento do Esôfago, Esclerodactilia, Telangiectasias).
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Manifestações Iniciais Mais Frequentes:
● Fenômeno de Raynaud
- Sintoma único e inicial em 28 a 55% dos casos, pode ser causado
pelo frio ou estresse emocional.
- Leva a alterações tróficas, microinfartos em polpas digitais e
periungueais, ulcerações, gangrena.
- Tem 3 fases: Palidez (vasoconstrição), cianose (hipóxia) e rubor
(vasodilatação).
- Geralmente o fenômeno de Raynaud nesses pacientes é assimétrico e
na forma limitada pode anteceder o início da doença em até 10 anos,
já na forma difusa o fenômeno aparece geralmente junto a outros
sintomas.
● Artralgia
- 12 a 43% às vezes com artrite.
– É frequente e pode simular uma Artrite Reumatóide.
● Edema
- Dedos e face, acompanhada ou não de esclerodactilia (acometimento
cutâneo que acomete só os dedos).
- Difuso em Mãos.
- Edema duro inflamatório e no início pode ocorrer intenso prurido.
- No início do quadro o paciente faz uma infiltração com
extravasamento de líquido, que no fim, resulta em fibrose.
Alterações cutâneas:
- Pele (principal acometido)
Com 3 fases:
- Fácies da esclerodermia:
Perda das linhas de expressão, nariz fino, microstomia (boca
menor), perda das pregas cutâneas, microquelia (afilamento dos
lábios), eversão palpebral.
- Calcinose:
Depósito de cálcio nos tecidos subcutâneos.
- Telangiectasias:
Língua e lábios, mãos, face.
- Anormalidades da Pigmentação:
Hipercromia ou hipocromia que poupa perifoliculares – aspecto
de sal e pimenta (salt and pepper).
- Prurido:
No início da doença, principalmente, por conta da degranulação
dos mastócitos.
Acometimentos musculoesqueléticos:
- Poliartralgia/ mialgia.
- Atrofia/ fraqueza muscular:
Importante diagnóstico diferencial com AR.
- Síndrome do Túnel do Carpo: espessamento das bainhas tendineas
levam a compressão do nervo mediano.
- Reabsorção Óssea (acrosteólise).
- Contraturas articulares e retrações tendíneas.
- Miopatia proximal discreta.
Acometimento do TGI:
Pode acometer qualquer região do TGI
- Boca:
Microstomia, espessamento do ligamento periodontal.
Radiografia: Sinal de Blackburn – Síndrome de Sjogren
- Esôfago:
Dois terços distais são os mais acometidos e é o órgão mais
afetado (70-90%).
Disfagia baixa progressiva, às vezes assintomática.
Redução da peristalse, acalasia e hérnia de hiato.
Hipocinesia do terço distal do esôfago.
- Estômago:
DRGE, plenitude, alterações no trânsito
- Intestino:
Estase intestinal, pode levar a um quadro infeccioso com
diarreia.
- Anorretal:
Incompetência do esfíncter.
Acometimento pulmonar:
Principal causa de morte.
- Pneumonia intersticial:
Mais comum de ser vista na forma difusa, que é a forma mais
agressiva.
Lesões radiológicas:
Faveolamento: pulmão em favo de mel, devido a fibrose e não
responde mais ao tratamento.
Vidro Fosco: imagens refletem inflamação e podem responder à
terapêutica. Fazer pulso de 6 meses de ciclofosfamida.
Acometimento renal:
Era a principal causa de morte, mas hoje devido aos IECAS é
possível fazer com que o paciente não faça vasoconstrição.
- Crise renal: IRA oligúrica, HAS acelerada maligna, anemia
hemolítica microangiopática, trombocitopenia.
Acometimento cardíaco:
- Miocardiopatia difusa.
- Bloqueios/ arritmias.
- Pericardite/derrame pericárdico.
EXAMES COMPLEMENTARES
- FAN (80-95%):
Pontilhado ou nucleolar.
Padrão centromérico é mais frequente na forma limitada.
- Autoanticorpos:
SCL 70 (difusa) e o Anti Centromérico (limitada).
- Capilaroscopia periungueal:
Consiste na visualização in vivo da rede microvascular da
região periungueal.
Trata-se de um exame não-invasivo e de fácil execução, permite
a visualização do plexo venoso subpapilar (PVS) e capilares das
papilas dérmicas.
- Exames para avaliar órgãos e sistemas:
TC, ECG.
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
- Antigo:
Necessário a presença de 1 critério maior ou de 2 menores:
- Novo:
Deve somar 9 pontos:
TRATAMENTO
1 - Medidas gerais:
- Proteção ao frio.
- Evitar fumo, medidas antirrefluxo.
- Fisioterapia.
- Lubrificação da pele, prevenção de traumas e infecções
secundárias.
- Higiene oral.
- Evitar betabloqueadores (problemas pulmonares).
2 - Específico:
Não há até hoje um tratamento específico que iniba os efeitos
fibróticos e alterações na microvasculatura da ES, porém, existem
- Drogas antifibróticas:
Penicilamina 500mg/dia (droga em desuso que não tem muita
resposta).
Colchicina 1mg/dia (também em desuso; não tem muita resposta).
Xylocaina EV.
Mesilato de Imatinib (Glivec) – Anti TGF beta
- Corticoterapia:
Geralmente não é útil e as doses devem ser as mais baixas
possíveis.
Sistêmicos: artropatias persistentes, fase edematosa,
miopatia, serosites e quadros viscerais graves.
Infiltração local: artrite de difícil controle.
- Fenômeno de Raynaud:
Bloqueadores de canal de cálcio (de preferência os de
liberação prolongada).
Inibidores da ECA (captopril e losartana).
Cilostazol→ inibidor da agregação plaquetária.
Pentoxifilina→ vasodilatador periférico
Sildenafil→ inibidor fosfodiesterase 5 – leva vasodilatação do
leito vascular pulmonar. É o Viagra, usamos em uma dose menor.
Bosantana → antagonista do receptor da endotelina 1.
- Úlceras digitais:
Aquecimento, curativos, cirurgia.
Alprostadil, Bosantana, Sildenafil.
- Pneumonite intersticial:
Ciclofosfamida – “pulsos” venosos.
Micofenolato, Rituximab.
- Hipertensão pulmonar:
Sildenafil (Viagra, Revatio).
Bosantana (Tracleer).
- Crise renal esclerodérmica:
IECA (captopril).
- Manifestações gastrointestinais:
Inibidores da bomba de prótons – Omeprazol.
Inibidores H2 – Ranitidina.
Drogas pró-cinéticas – Metoclopramida e Cisaprida.
Antibióticos- para aquele paciente que estiver com diarreia,
por exemplo.
- Drogas para espessamento cutâneo progressivo:
Metotrexato (somente pele e articulação).
Ciclofosfamida e micofenolato de mofetil: para cutâneo mais
grave e pneumonite intersticial.
Rituximabe: opção para pacientes com doença rapidamente
progressiva e que não responderam a outros imunossupressores.
SÍNDROME DE SJÖGREN
É uma doença sistêmica, auto-imune, que tem como principal
manifestação uma infiltração linfoplasmocitária nas glândulas
exócrinas, fazendo com que haja alteração da função dessas
glândulas, ou seja, teremos diminuição da secreção, ou uma secreção
de má qualidade. Essa síndrome em geral está relacionada a um
acometimento, somente, da glândula, mas é uma doença sistêmica, e
por ser uma doença sistêmica pode acometer, também, outros órgãos
(como pele, pulmão, rim, sistema nervoso).
Como o início e evolução da doença são insidiosos, o paciente
pode demorar anos para ser diagnosticado com Síndrome de Sjogren.
Principal manifestação é o ressecamento das glândulas salivares,
lacrimais.
Pode ser classificada em primária e secundária. Nas formas
primárias não está associada a outras doenças autoimunes, sendo
observado um envolvimento mais sistêmico. A forma secundária é mais
frequente e ocorre associada com doenças autoimunes reumáticas ou
doenças difusas do tecido conjuntivo. As manifestações da síndrome
EPIDEMIOLOGIA
Estima-se que a síndrome de Sjögren afete 1 a 2 milhões de
pessoas nos Estados Unidos, sendo a maioria dos casos não
diagnosticados. Estudos relatam prevalência de 1% a 4,2% na
população.
Início em qualquer idade, em geral a manifestação é gradual,
sendo mais comum a partir dos 50 anos. Cerca de 90% são mulheres
(9:1).
Pacientes com SS têm maior probabilidade de desenvolver
linfoma.
ETIOPATOGENIA
Anticorpos:
- FAN positivo em 70% dos casos.
- FR positivos em 60 – 70% dos casos.
- Anticorpos específicos:
Anti–Ro (Anti–SSA) positivo (~70%).
Anti–La (Anti–SSB) positivo (~40%).
Glândulas Exócrinas:
- Tecido epitelial diferenciado.
- Produzem secreções e lançam na superfície dos tecidos.
Principais Agentes:
- Virus Epstein–Baar.
- Virus hepatite C.
- Retrovirus.
Fisiopatologia:
- Auto-imunidade por fatores ambientais.
- Perpetuação de auto-imunidade por mecanismos imunológicos.
- Lesão tecidual por processo inflamatório crônico.
Temos fatores auto-imunes, ambientais e genéticos. Há uma
relação com alguns agentes etiológicos. Esse processo imune começa a
gerar lesão tecidual, com um processo inflamatório e infiltração
linfoplasmocitária, lesão a glândula cada vez mais e causando sua
disfunção.
Infiltrado linfocítico progressivo que resulta em fibrose
(disfunção da glândula)
Paralelamente deposição de imunocomplexos em diversos órgãos →
glomerulonefrite, vasculite, acometimento pulmonar, síndrome
intersticial, entre outras.
Ela tem como principal característica o acometimento das
glândulas exócrinas, e só para lembrar, as glândulas exócrinas tem
um tecido diferenciado, onde há um lançamento de secreção na
superfície, e esse tecido são os ácinos. Na SS há um processo
inflamatório fazendo com que haja a perda da função dessa glândula.
Paralelamente posso ter outras alterações: relação com
depósito de imunocomplexo, vasculite, glomerulonefrite, acometimento
pulmonar, síndrome intersticial, podemos ter outras alterações de
outros órgãos.
Na biópsias salivares iremos encontrar: agregados focais com a
presença de no mínimo 50 linfócitos, macrófagos ou plasmócitos
adjacentes ao ácinos normais. A presença desses focos estarão em
todos ou na maior parte das glândulas da amostra examinada.
Há hiperreatividade dos linfócitos B, que se convertem em
plasmócitos e produzem anticorpos contra antígenos do epitélio dos
ácinos e dos ductos das glândulas exócrinas. Linfócitos T
supressores também são atingidos, perpetuando a atividade dos
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
> Sintomas Constitucionais:
- Fadiga: É um sintoma muito característico da doença, sendo uma
queixa importante em 50% dos pacientes, sendo um cansaço muito
intenso, debilitante.
- Mal estar.
- Febre baixa.
DIAGNÓSTICO
> Laboratorial:
- SS primário: provas hormonais da tireoide:
- Hipotireoidismo – 17% (prevalência)
- Hipertireoidismo – 6%
- Tireoidite autoimune – 15%
- Anti–TPO – 25%
- Anti–tireoglobulina – 24%
- Marcadores mais específicos:
- Anti-Ro (40 – 80%)
- Anti-La (30 – 60%)
- Fator reumatóide em títulos altos (50%)
- FAN (85%): homogêneo e pontilhado
- Leucopenia e anemia leves, elevação de VHS, hipergamaglobulinemia
(poli ou monoclonal), hipocomplementenemia (Pacientes mais graves).
ITENS ESCORE
Anti-SSA/Ro-positivo 3
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
- Com outras doenças que afetam os tecidos glandulares.
- HIV, retroviroses.
- Tireoidopatias, sarcoidose, amiloidose, dislipidemia, alcoolismo,
doença enxerto versus hospedeiro, hepatite C, medicamentos,
diabetes, linfoma (principalmente não Hodgkin).
TRATAMENTO
> Manifestações glandulares:
- Lubrificação dos olhos e da boca, saliva artificial, balas de goma
sem açúcar, colírios, pomadas, lubrificantes vaginais.
- Agentes colinérgicos parassimpaticomiméticos (cevimelina,
pilocarpina).
- Ciclosporina (colírio).
*Evitar lugares secos, ambientes com ar condicionado.
Quando suspeitar?
- Eventos trombóticos ou tromboembólicos inexplicados: o paciente
que teve um AVC, sendo jovem, sem fatores de risco, sem hipertensão,
dislipidemia (não importa onde foi a trombose, podendo chegar então
a qualquer especialista).
- Eventos adversos relacionados à gravidez: abortos recorrentes, pré
eclâmpsia, crianças prematuras.
- Trombocitopenia (sem causa aparente): os pacientes podem ter
plaquetopenias intensas.
- Prolongamento dos testes de coagulação, principalmente PTTa (por
conta do anticorpo aparenta anti-coagulação in vitro, porém in vivo
o indivíduo faz trombose).
Risco de trombose
Alto risco de trombose em pacientes com anticorpo
antifosfolipídeo (aPL) positivo, mas muitos pacientes não
desenvolvem a trombose, então o anticorpo positivo isolado e sem
clínica não é indicador de tratamento.
DIAGNÓSTICO
Presença de um critério clínico e outro laboratorial.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
- Trombose venosas e arteriais:
- TVP (trombose venosa mais comum).
- AVC (trombose arterial mais comum arterial) e outras do SNC.
- Coronárias e válvulas cardíacas.
- Circulação renal.
- Retina, pulmão, vasculopatia periférica.
Comuns:
- Trombocitopenia.
- Anemia hemolítica.
- Cefaleia tipo enxaqueca.
- Lesões cutâneas (livedo reticular e vasculite livedóide).
- Fenômeno de Raynaud.
TRATAMENTO
> Trombose:
Anticoagulação (tratamento é crônico/contínuo):
- Heparina não fracionada: controle do uso com o PTT, valor
pode ser até 1,5 do basal.
- Heparina de baixo peso molecular.
- Cumarinico (Varfarina): controle com INR e TAP.
*trombose venosa: INR 2,5-3,5.
*trombose arterial: INR 3-4 + AAS.
Temos drogas atuais com menor risco de efeitos hemorrágicos, e
que apresentam menor risco de fazermos efeitos hemorrágicos e melhor
anticoagulação. Também são drogas caras.
SAF catastrófica:
- Evento ocorre mesmo em anticoagulação plena. O paciente faz uma
trombose de 3 ou mais órgãos em um período curto entre eles.
- É um quadro gravíssimo.
- Período curto.
- Trombose de vários órgãos.
- Fatores de “gatilho” (trauma, infecção, estresse).
- Alta mortalidade.
DOENÇAS AUTOINFLAMATÓRIAS
As doenças autoinflamatórias, também denominadas síndromes de
febre periódica, são um grupo de enfermidades caracterizadas por
períodos limitados de doença, que recorrem regularmente durante
anos, em indivíduos de outros aspectos saudáveis. Reimann, que foi
quem descreveu os primeiros casos, define como aspectos comuns:
ciclos de duração similar, um curso geralmente benigno e início na
infância com persistência durante anos.
As doenças auto-inflamatórias têm imunidade inata presente
(fagócitos, células NK e células dendríticas). São células
O Inflamassoma:
- É um complexo multiproteico intracelular implicado no sistema
imunitário inato.
- Libera citocinas que irá combater o processo inflamatório. Acabou
o estímulo, ele desaparece. Quando há um problema genético, ele não
para de funcionar. Há liberação de citocinas constantes e a pessoa
fica doente o tempo todo.
- Aterosclerose e diabetes são doenças autoinflamatórias. São
doenças genéticas monogênicas que estimulam positivamente o
inflamassoma, que tem uma série de proteínas, que participam da
inflamação. As células produzem pró-citocinas que, quando há
estímulo, são transformadas em citocinas e são liberadas.
- A interleucina mais importante nos processos inflamatórios é a IL-
1b, que atua no centro regulador do hipotálamo causando febre. Ela
atua no fígado, liberando IL-6. Atua na medula óssea causando
neutrofilia.
Síndromes Autoinflamatórias
Episódios recorrentes de sinais e sintomas de inflamação
sistêmica, geralmente sem um agente desencadeante. Decorrentes de
mutações em genes que codificam proteínas que têm um papel
importante no processo inflamatório associado à imunidade inata,
ocasionando sua desregulação.
Autoanticorpos são negativos. Diferenciam-se pela idade de
início, etnia, agentes desencadeantes, duração dos episódios e
intervalo entre os mesmos, manifestações clínicas e resposta à
terapêutica. Tem em comum o risco aumentado para desenvolvimento de
amiloidose.
Quando Suspeitar?
1. Crianças pequenas com febre recorrente não explicada por
infecção, neoplasia ou doença autoimune.
> SNC:
- Meningite, Surdez neuro sensorial, Retardo mental.
> Olho:
- Conjuntivite, edema periorbitário, uveíte, papiledema, atrofia
do nervo óptico.
> TGI:
- Serosite, dor abdominal, diarreia, esplenomegalia.
> Musculoesquelético:
- Osteomielite asséptica, displasia, sinovite
- Osteomielite crônica multifocal necrosante: fraturas com
lesões líticas em diversos locais.
- Tratamento:
Corticóide dose única (1 mg/kg).
Drogas biológicas – Etanercept (inibidor de TNF-α) e Anakinra (inibidor de IL-1).
Quadro clínico:
- Febre alta, súbita e recorrente com duração de 1-3 dias que
desaparece espontaneamente.
- Dor abdominal, rigidez dos músculos abdominais, constipação ou
diarreia, simula um abdome agudo.
- Comprometimento pleural, dor torácica (pericardite, pleurite),
dispneia.
- Orquite.
- Mialgia, artrite e/ou artralgia.
- Ausência de faringite e aftas orais.
- Amiloidose renal é a complicação mais significativa.
- Febre + dor abdominal + outros acometimentos de serosa (pleurite,
pericardite) + lesão cutânea (semelhante a erisipela).
- Tratamento:
Corticóide e colchicina.
TRATAMENTO
- A administração de antibióticos não têm efeito benéfico;
- A maioria dos pacientes que recebe 1 ou 2 doses de
corticosteróides apresenta resolução significativa da febre;
- A maioria das crises é interrompida na fase inicial com dose única
de prednisona oral de 2 mg/kg;
- Cimetidina;
- Amigdalectomia.
Conclusões:
- As síndromes autoinflamatórias caracterizam-se pela presença de
sinais e sintomas de inflamação sistêmica sem a presença de
autoimunidade, causadas por mutações genéticas que vão modificar a
imunidade inata.
- As CAPS são doenças de herança autossômica dominante monogênicas que causam problemas na
codificação da criopirina, importante parte do inflamassoma, levando à produção aumentada da IL-1β,
citocina pró-inflamatória.
- As CAPS possuem um espectro de gravidade crescente e os fenótipos
mais comuns são a FCAS, MWS e NOMID/CINCA, sendo que as mutações
genéticas que as ocasionam foram descritas recentemente.
- O tratamento das CAPS era ineficaz, tanto sintomaticamente quanto
em relação à prevenção da amiloidose. Desde o ano 2000, vários
agentes com ação anti-IL1, agindo por diferentes mecanismos, foram e
estão sendo estudados e parecem melhorar a sobrevida qualitativa e
quantitativamente.
EPIDEMIOLOGIA
- Incidência anual em adultos 5 a 10 casos/milhão.
- É uma doença rara. Sendo que a PM é mais comum e mais frequente
que DM em adultos.
- A faixa etária (adultos – 40 anos) de acometimento da PM e da DM é
mais ou menos a mesma, com uma predileção para o sexo feminino.
CLASSIFICAÇÃO
- PM (polimiosite): tipo mais comum.
- DM (dermatomiosite): semelhante a PM associada a acometimento
cutâneo.
- DM juvenil: acontece mais em crianças.
- Miosite necrotizante imunomediada:
Está relacionada a câncer, ao uso de estatina. A doença pode
começar anos após o uso da medicação (estatina), estando com ou sem
a medicação (estando ou não em uso da medicação no momento). Quando
se pesquisa o auto anticorpo nesses pacientes vai ser encontrado o
anticorpo que é mais frequentemente associado ao uso da estatina.
- Miosite associada a outras doenças do colágeno:
Isso é uma superposição. O paciente tem por exemplo uma
artrite reumatoide/esclerodermia e uma miosite.
- Miosite por Corpúsculo de Inclusão:
Único que tem um acometimento maior em homens. É uma miosite
com certa particularidade, onde se encontra o corpúsculo de inclusão
e em que se tem uma miosite com quadro proximal ou distal.
POLI/DERMATOMIOSITE
- Fraqueza muscular (simétrica e proximal).
- Tem-se um quadro de início insidioso, progressivo com dificuldade
de levantar da cama, pentear o cabelo.
ASPECTOS CLÍNICOS
1. Muscular:
- Disfagia proximal:
O segmento mais frequentemente acometido é o terço superior, o
que é importante pois tem que se atentar para a pneumonite
aspirativa. Na esclerodermia acomete mais os dois terços distais.
- Disfonia:
Pode ter acometimento da musculatura relacionada a fala e o
paciente pode ter disfonia, os músculos da laringe acometido ou
acometimento de nervo laríngeo.
- Mialgia e Artralgia:
O paciente pode ter queixa de dor, mas dor não é queixa
importante. Fraqueza sim é uma queixa importante. Mas o paciente
pode ter mialgia e por isso é importante testar força muscular,
fazer um teste de membros superiores elevados, elevação das pernas,
fazer os testes que avaliam a força muscular.
- Artrite não é usual.
2. Dermatológicas:
- Heliotropo:
3. Pulmonar (45%):
- Fibrose pulmonar intersticial, mesmo que o paciente não tenha
queixa, tem que ser investigado o acometimento pulmonar.
- Pneumonia aspirativa – maior causa a broncoaspiração devido ao
acometimento do esôfago (maior causa morte).
- Fraqueza da musculatura respiratória – não é tão comum mas pode
acontecer, porque tem um acometimento muscular com fraqueza.
Autoanticorpos específicos:
1- Anti Sintetase (Jo 1):
Poli ou Dermatomiosite de início agudo, mais comum na PM.
Pode dar doença intersticial pulmonar e síndrome anti
sintetase.
Febre, Artrite, fenômeno de Raynaud e mãos de mecânico.
2- Anti MI 2:
Está mais relacionado a lesões dermatológicas geralmente com
bom prognóstico.
Dermatomiosite com sinal do V e do xale, alterações
cuticulares.
Boa resposta ao tratamento.
3- Anti-SRP:
Associado a miosite grave, com prognóstico ruim. Pode ter
acometimento cardíaco.
4- Anti-MDA-5:
Associação com neoplasia, acometimento articular e pulmonar. É
importante investigar neoplasias associadas a sexo e idade.
5- Anti-HMGCR:
Relacionado a miopatia imunomediada associada ao uso de
estatinas.
EXAMES COMPLEMENTARES
1- Enzimas musculares: CK, aldolase, TGO, TGP, LDH.
2- FAN: positivo 25 a 40% e positivo em 90% na doença com
superposição.
3- VHS, PCR.
4- ECG, EMG, RNM (pode mostrar um processo inflamatório muscular).
5- Biópsia muscular – é o padrão ouro na definição de PM, mostra
necrose da fibra muscular, degeneração e regeneração e infiltrado de
células inflamatórias mononucleares.
6- Capilaroscopia periungueal – sempre que possível deve ser feita.
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
- DM: presença de 3 dos 4 primeiros critérios + lesão cutânea.
- PM: presença dos 4 primeiros critérios.
TRATAMENTO
1- Medidas gerais:
- Repouso no leito: fase aguda.
- Fortalecimento muscular: ocorre num segundo momento, no início, só
repouso.
- Alimentação conforme o grau de dificuldade – cabeceira elevada,
pouca quantidade e várias vezes ao dia e nunca alimentar o paciente
deitado ou alimentar e logo deitar, devido ao risco da pneumonia
aspirativa.
2- Miopatia:
- Corticosteroides (1-2 mg/kg) – alta dose, mas retirada o mais
rápido possível.
- Imunossupressores (MTX ou Azatioprina)
- Rituximabe ou IVIg (imunoglobulina IV) em casos graves.
3- Pele:
EPIDEMIOLOGIA
- Sexo 15M:1H (acomete mais mulheres).
- Idade (30 – 50 anos).
- Raça (não tem predileção por raça).
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
1. Manifestações comuns
- Fenômeno de Raynaud.
- Edema de dedos ou mãos
2. Presença do anticorpo
- Anti U1 RNP
- Ausência de anticorpos: anti Sm, anti Ro, anti La, anti DNA, anti
CCP.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é feito quando 3 das seguintes condições são
preenchidas:
1. Positividade: Fenômeno de Raynaud e Edema de dedos ou mãos.
2. Positividade: Anticorpo anti U1 RNP (geralmente em altos
títulos) e ausência dos outros autoanticorpos.
3. Positividade: um ou mais achados de cada uma das três
doenças (tem que ter ao menos UMA manifestação DE CADA uma das três
doenças).
TRATAMENTO
- Somente o tratamento das manifestações e vai depender do que o
paciente tem de maior manifestação e do local acometido.
- Corticoide ou imunossupressão.
Síndrome da superposição:
Quando temos uma doença se sobrepondo a outra, nada mais é do
que uma ou mais dessas doenças diagnosticadas. Tem-se uma artrite
reumatoide que se sobrepôs com uma polidermatomiosite, um LES com
esclerodermia, tendo o paciente o diagnóstico confirmado dessas
doenças.
LOMBALGIA E LOMBOCIATALGIA
Anatomia da coluna:
- Disco intervertebral é responsável pela absorção de impactos e
pressões sofridas pela coluna.
- Ligamento longitudinal posterior: fica na porção anterior do canal
vertebral, é mais estreito e menos resistente na coluna lombar,
sendo mais suscetível a herniações discais.
- L5 (L4 – L5): Maior nervo espinhal, que se aloja dentro do menor
forame IV, sendo mais vulnerável à síndrome compressiva.
Definições:
- Lombalgia: dor entre último arco costal e prega glútea.
- Lombociatalgia: dor lombar irradiada para membro inferior.
Classificação:
- Aguda: duração menor que 6 semanas.
- Subaguda: de 6 a 12 semanas.
- Crônica: maior que 12 semanas.
EXAME FÍSICO
- Palpação músculo-esquelética (processo espinhoso, musculatura
paravertebral).
- Avaliar presença de escoliose e outros desvios.
- Avaliar reflexos: L5 não tem reflexo específico.
- Avaliar sensibilidade e mobilidade: lateralização diminui o
tamanho o do forame e causa dor e a extensão pode piorar a
compressão da estenose.
- Lasègue:
O teste é considerado positivo se houver irradiação ou
exacerbação da dor no dermátomo de L4-L5 ou L5-S1 em um ângulo de
35° a 70°. Em hérnias extrusas ou volumosas pode ser positiva abaixo
de 35°.
Eleva-se o membro inferior do paciente, se a dor for de origem
isquiática o paciente sente dor ao longo de toda a perna já em torno
de 30°, se for de origem muscular a dor é sentida na porção
posterior da coxa.
- Bragard:
Dorsiflexão do tornozelo (L5).
Deve-se proceder como na manobra de Lasègue: ao iniciar a dor,
dobra-se o joelho (flexão); se a dor diminuir ou desaparecer
significa que o teste é positivo (sinal do arco da corda).
Dor piora a dorsiflexão e melhora com flexão de joelho
(aumenta valor do teste de Lasègue).
- Manobras de reflexos:
Patelar (L4).
Aquileu (S1).
- Manobras de sensibilidade:
Face medial do pé (L4)
Dorso do pé (L5)
Face lateral do pé (S1)
Piora com extensão e não irradia – artrose zigoapofisária.
Ciatalgia bilateral com piora com extensão – estreitamento de
canal.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
> Mecânicas:
- Idiopáticas (70%)
- Degenerativas (10%)
- Hérnia discal (4%)
- Estenose de canal (3%)
- Fratura osteoporótica (4%)
- Espondilolistese (2%)
- Fratura traumática (< 1%)
- Doenças congênitas (< 1%)
- Espondilólise (<1%)
Idiopática
- Corresponde a maioria das lombalgias agudas.
- Em geral é uma queixa mecânica, aguda, em pontada e contínua.
- Indicam lesão musculoesquelética, degeneração de facetas ou discos
intervertebrais, sem alterações precisas nos exames de imagem.
- Ao exame físico: pontos miofasciais na musculatura (triggers
points) ou contraturas.
- Acredita-se que é uma forma anatomoclínica inicial da causas de
natureza mecânico-degenerativas.
- Pode até ser o início de uma doença mecânica, mas que não é
possível avaliar com exames complementares.
Epidemiologia
- Afeta cerca de 85% da população, com idade entre 30-50 anos.
- Atinge os dois sexos de forma igual e é a principal causa de
incapacidade relacionada ao trabalho em pessoas com menos de 45 anos
e a terceira em maiores de 45 anos.
Hérnia de disco
Tratamento
Estenose de canal
- Mais comum em idosos.
- 20% dos pacientes vão ser assintomáticos e em geral é bilateral.
- Ocorre um estreitamento do canal vertebral levando a compressão
medular. Pode ocorrer nos recessos laterais levando a compressão do
forame neural e compressão progressiva das raízes nervosas, levando
a dor.
- Secundário a alterações osteodegenerativas nos discos, ligamento
longitudinal posterior, hipertrofia do ligamento amarelo e
osteofitose das articulações interfacetárias.
Quadro clínico
- Com quadro insidioso e progressivo.
- Paciente pode apresentar claudicação intermitente dos MMII, dor a
caminhada e melhora ao sentar pela descompressão a flexão.
- Dor, desconforto, fraqueza e parestesia nas nádegas, cintura
pélvica e raízes das coxas.
- Dor à extensão da coluna.
Tratamento
- Conservador.
- Medicamentoso, atividade Física, manutenção do peso ideal,
orientação postural.
- Cirúrgico.
Degenerativas
- Osteoartrose interfacetária.
- Diminuição do espaço discal.
- Formações osteofitárias.
- Esclerose subcondral.
Espondilolistese
- É o deslocamento de uma vértebra sobre a outra, que leva a um
desalinhamento que pode gerar compressão e dor.
- Pode levar a alterações no disco e articulações.
- Classificada em 3 graus:
Tratamento
- Reforço muscular.
- Colete; órteses.
- Cirurgia.
Neoplasia
- Ocorre mais em idosos, sendo um quadro mais crônico.
- Não é tão comum ocorrer a lesão óssea primária em região lombar, é
mais comum ser sítio de metástase, mas a metástase ocorre mais em
região torácica.
- Surge mais na faixa etária dos 50 anos, paciente com história de
emagrecimento, neoplasia prévia, dor noturna (piora) e que não
melhora com repouso, bem localizada.
- Neoplasias que mais geram metástases ósseas: próstata, mama,
pulmão, tireoide, rim, mieloma múltiplo.
- RNM é o padrão ouro para investigar.
- Radiografia: lesões líticas, fratura, lesões blásticas, afeta uma
ou mais vértebras e poupa o disco.
Infecção
- Lombalgia sem melhora com repouso ou decúbito dorsal, com área
dolorosa bem localizada e pontual.
- VHS costuma estar aumentado por conta do processo inflamatório.
- Pode ocorrer por uma osteomielite vertebral, abscessos epidurais,
espondilodiscites (BK- mal de Poth)
- Agentes mais comuns: S. aureus, Estreptococos, gram negativos,
M.tuberculosis e outras infecções granulomatosas.
SINAIS DE ALERTA
- Início agudo em pacientes idosos por fratura (neoplásico)
- Dor prolongada
- Dor noturna
- Febre, perda ponderal, sudorese noturna
- Sintomas bilaterais ou alternantes
- Distúrbios neurológicos (perda de força e sensibilidade)
- Distúrbios esfincterianos
- Imunossupressão (infecções)
- História de infecção ou neoplasia prévia
- Outros
EXAMES COMPLEMENTARES
- Radiografias de coluna
- Tomografia computadorizada: avaliação óssea
- RNM: avaliação de partes moles
- Eletroneuromiografia com PESS Lombar (compressão de nervo)
- Densitometria óssea
- Cintilografia óssea: localizar a patologia( Paget, neoplasia)
- Exames Laboratoriais
TRATAMENTO
> Não medicamentoso
- Repouso/Imobilização (não fazer por tempo muito prolongado).
- Gelo/Calor.
- Medicina Física: Cinesioterapia; Alongamento; Reeducação postural
global e pilates.
- Acupuntura.
> Medicamentoso
- Analgésicos (ação periférica): dipirona, paracetamol.
- AINHs.
- Miorrelaxantes.
- Analgésicos ação central (opioides): tramal, morfina, codeína.
- Corticosteroides.
- Vitamina B (1/6/12).
- Antidepressivos tricíclicos, anticonvulsivantes (Gabapentina),
calcitonina.
> Cirurgia
CERVICALGIA
Dor ou rigidez localizada na região do pescoço, geralmente de
forma assimétrica.
Cervicobraquialgia: dor que se irradia da região do pescoço
para um ou ambos os braços podendo produzir parestesia e até
diminuição de força.
CLASSIFICAÇÃO
- Aguda: Menor do que 6 semanas.
- Subaguda: Entre 6 e 12 semanas.
- Crônica: Superior a 12 semanas.
EPIDEMIOLOGIA
- A cervicalgia ocorre menos que a lombalgia.
- Tem importante relação com trabalho, postura, atitude no trabalho.
- Pode estar relacionada a traumas.
- Mais comum na compressão de raiz -> C5, C6, C7 e C8 (7 vértebras e
8 raízes nervosas).
QUADRO CLÍNICO
- Dor: cefaleia, dor em região occipital ou cervical ou membros
superiores.
- Deformidades.
- Sintomas neurológicos: parestesia, fraqueza membros superiores ou
espasticidade.
- Mecânica: intermitente e aliviada pela mudança de posição ou
repouso.
- Compressão de raiz: dor intensa, bem delimitada e exacerbada por
movimentos da coluna ou ações como tossir ou espirrar.
- Neoplásicas ou inflamatória: dor prolongada e refratária.
ETIOLOGIA
> Degenerativas:
- Espondiloartrose (5ª década)
- Disfagia devido a osteófito exuberante em idoso
- Degeneração discal
- Osteófito no canal medular
- Estenose do canal
- Proeminência dos ligamentos amarelos
> Hérnia de Disco.
> Dor Miofascial – trigger points em mm cervicais.
> Torcicolo – contração do esternocleidomastoideo.
EXAME FÍSICO
- Geral, local, avaliar movimentos.
- Exame neurológico: motor, sensitivo e reflexos.
EXAMES COMPLEMENTARES
- Laboratoriais: Hemograma, VHS, FA.
- Radiografia: AP, perfil, transoral, oblíquas, dinâmicas (flexão e
extensão).
- TC: tamanho e forma do canal.
- RNM: tecidos moles, discos intervertebrais, corpo vertebral.
- ENM: gravidade e extensão do dano neurológico.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
- Artrite reumatóide, espondiloartropatias, infecção na coluna.
- Tumores: brônquios, rim, tireóide, próstata, mama.
TRATAMENTO
- Repouso por curto período
- Analgésicos
- AINE
- Miorrelaxantes
- Colar Cervical:
Instabilidade cervical, hérnias, doenças inflamatórias.
- Reabilitação:
Correção de postura, mudar hábitos de vida, exercícios
terapêuticos de relaxamento muscular, alongamento e fortalecimento
cervical.
- Cirurgia: depende do fator causal.
ESPONDILOARTROPATIAS
O termo espondiloartropatias ou síndromes espondilíticas,
refere-se a um grupo de enfermidades que compartilham
características em comum, entre elas a ocorrência de processo
inflamatório na coluna vertebral, em articulações periféricas e
tecidos peri-articulares, em especial as ênteses. São consideradas
desordens multissistêmicas, nas quais além do envolvimento
osteoarticular muscular, ocorrem manifestações extra-articulares
como uveíte anterior, uretrite,lesões mucocutâneas, fibrose
pulmonar, anormalidades do arco aórtico e distúrbios de condução. A
característica laboratorial marcante das espondiloartropatias
soronegativas é a ausência do fator reumatóide e de auto-anticorpos.
Apresentam forte associação com o antígeno leucocitário humano -
HLA-B27.
São um grupo de doenças que possuem semelhanças, estão
incluídas nesse grupo a espondilite anquilosante, artrite reativa
(síndrome de Reiter), artrite psoriásica, artrite associada às
doenças inflamatórias intestinais, e espondiloartropatias
indiferenciadas.
Estas 5 condições têm em comum a possibilidade de acometer a
coluna e as articulações sacroilíacas (além das outras articulações
que são normalmente acometidas por todos os tipos de artrite), e a
tendência a causar uveítes (um tipo de inflamação nos olhos),
entesites (inflamação onde os tendões se juntam aos ossos) e
dactilites – dedos em salsicha (inchaço doloroso de dedos). O gene
Grupos
> Espondiloartrite com predominância axial:
Pacientes têm como queixa principal o esqueleto axial (coluna,
quadril e ombros). Normalmente queixas de lombalgia com
características inflamatórias (rigidez matinal, piora com repouso,
melhora com repouso).
Outra queixa comum é acordar durante a noite por causa da dor,
pois fica muito tempo em repouso. Lombalgia alternante – uma hora em
determinado lugar e outra hora em outro lugar.
Esses critérios foram feitos para o paciente diferenciar a
lombalgia mecânica da inflamatória, e pensarmos em doença
inflamatória nesse caso:
Características:
- Características de Espondiloartrite axial (EaA):
Achados da ressonância:
Edema medular ósseo subcontral, sacroileíte bilateral.
Espondilite Anquilosante
A espondilite anquilosante idiopática (EA) é uma doença
inflamatória sistêmica crônica que tem como alvo primário do
processo inflamatório o esqueleto axial, sendo o envolvimento das
sacroilíacas (SI) o seu maior marco. Além do envolvimento das SI,
outros locais acometidos pelo processo inflamatório são: disco
intervertebral, articulações interapofisárias e costo-vertebrais e
ligamentos paravertebrais. Uma importante característica desta
doença é a alta frequência de entesites (processo inflamatório
localizado no sítio das inserções tendíneas e ligamentares no tecido
ósseo).
É a principal das espondiloartrites. Predominância no sexo
masculino 3M:1F. Mais frequente em brancos (gene HLA-B27). Sendo uma
doença do adulto jovem (20-35anos), que afeta 0,1-0,2% da população
não sendo muito comum.
Patologia
Ocorre a fusão entre as vértebras, formando pontes ósseas
levando a perda de movimento. Essa fusão ocorre por conta de um
processo inflamatório que gera erosão e calcificação.
Na articulação sacro-ilíaca, coluna vertebral ou nas enteses,
começa a ter processo inflamatório, a partir dele começa as
articulações começam a ficar irregulares e reativamente inicia um
processo de ossificação.
AR x EA:
A patologia da EA difere da artrite reumatóide (AR) por
apresentar uma grande tendência a envolver articulações
cartilaginosas, incluindo o disco intervertebral, a articulação
manúbrio-esternal e sínfise púbica.
O processo inflamatório se inicia com uma entesopatia
destrutiva, seguida por um processo de reparação na qual é observada
neoformação óssea que resulta em anquilose entre estruturas
adjacentes. Este achado indica que o processo inflamatório pode ser
breve e que a neoformação óssea não é precedida de formação
História clínica
- Início insidioso, progressivo, com características inflamatórias e
intermitente,alternante .
- Com períodos e dor e períodos sem dor.
- Rigidez matinal, que melhora com movimento e piora com repouso.
Exame físico
O exame físico osteoarticular pode ser normal na fase inicial,
mas com frequência observamos dor e sensibilidade a pressão das
sacroilíacas. Durante o curso da doença são comuns a dor e limitação
aos movimentos de flexo-extensão, rotação e lateralidade da coluna.
Espasmo muscular paravertebral também é um achado freqüente.
Alguns testes de simples execução podem auxiliar na avaliação
do envolvimento axial:
> Teste de Schöber:
Marcação em direção às espinhas ilíacas inferiores (mais ou
menos na altura de L5), faz um traço marcando 10 cm para cima; pede
ao paciente para fazer flexão anterior máxima e o normal é ter 5 ou
mais cm. Menos que 5cm fala a favor de limitação do paciente.
> Extra-articular:
- Acometimento ocular – uveíte anterior aguda recorrente, sendo mais
frequente no HLA-B27 (20%). Inflamação não granulomatosa, geralmente
é unilateral e recorrente (melhora espontaneamente e volta a
apresentar).
- Acometimento pulmonar: Fibrose apical bilateral; colonização nas
cavidades; restrição ventilatória.
- Acometimento cardíaco: Aortite ascendente, insuficiência aórtica,
distúrbios de condução, cardiomegalia e pericardite.
- Calcificação do ligamento em relação aos processos espinhosos,
assim como nas vértebras.
Diagnóstico Diferencial
Outras espondiloartrites, dor mecânico-postural,
lombociatalgia, hiperostose senil anquilosantes (formação de
osteófitos grandes na vértebra de idosos).
Em um primeiro momento o paciente tem muita dor, mas não tem
fusão. Portanto, no início ele pode ainda ter movimento, porque não
teve ossificação.
Exames complementares
- Aumento de fosfatase alcalina.
- VHS, PCR aumentado, mas se normais não exclui a doença.
- Anemia normocítica normocrômica.
- Leucocitose leve.
- Líquido sinovial, com aumento de celularidade predomínio de
polimorfo, mas sem alterações importantes.
> Radiografia:
- Pseudo-alargamento: impressão de estar aumentado o espaço
articular pela destruição.
- Esclerose óssea subcondral e fusão (anquilose).
- Presença de sindesmófitos marginais.
- Coluna em bambu (perda de mobilidade total).
- Sinal de Romanus: quadratura vertebral por retificação da face
anterior do corpo vertebral (devido a periostite da região).
Critérios diagnósticos
- Dor lombar persistindo por mais de 3 meses que melhora com
exercício e não melhora com repouso
- Rigidez lombar de repouso
- Diminuição da expansibilidade torácica
- Sacroileíte unilateral grau 3 a 4
- Sacroileíte bilateral grau 2 a 4
Tratamento
> Medicamentoso:
- AINE:
Indometacina na dose de 75mg/dia a 150 mg/dia;
Naproxeno na dose de 1g/dia.
- MTX/SFX:
Articulações periféricas, não sendo bons para axial e sacro-
ilíacas.
- ANTI-TNF
Infliximab, adalimumab: axial com má resposta aos AINH.
- Cessar tabagismo
- Tratamento fisioterápico:
Natação, hidroterapia, hidroginástica, reeducação postural
global e cirurgia.
Artrite psoriásica
A artropatia/artrite psoriásica (AP) faz parte do grupo das
EASn e pode ser definida como uma artropatia inflamatória que ocorre
em cerca de 5% a 8% de todos os pacientes com psoríase cutânea.
Artrite relacionada ao quadro cutâneo de psoríase, que é uma
erupção eritemato-descamativa (escamas argênticas) que acomete mais
zonas extensoras (cotovelos, joelhos), prega glútea, periumbilical,
couro cabeludo e unha. O geral a psoríase antecede a artrite.
Epidemiologia
- Sexo: 1M:1F.
- Poliarticular: sexo feminino.
- Raça: predomínio brancos.
- Idade de início: 4ª-6ª décadas.
- HLA-B21 +: 20-60%.
- Psoríase na população geral: 1-2%.
- Artrite Psoriásica: 5-40% pacientes psoriásicos.
5. Espondilite (5%):
Semelhante à espondilite anquilosante, mas costuma ter uma
sacroiliite assimétrica, sindesmófitos atípicos; insuficiência
aórtica/prolapso mitral.
Manifestação extra-articular
- Uveíte anterior aguda
- Lesões ungueais
Exames complementares
> Laboratório
- Proteínas de fase aguda:
Mensuração do processo inflamatório e no acompanhamento da
eficácia ou não da terapêutica instituída.
- Fator reumatóide geralmente negativo.
- Não precisa solicitar HLA.
- Ácido úrico sérico aumento devido a psoríase .
> Raio X
- Imagem do lápis no copo: afinamento das falanges distais e
alargamento da base da falange terminal.
- Osteólise, sacroileíte unilateral, sindesmófitos e subluxação.
Tratamento
- AINE (1ª escolha) – alívio dos sintomas de forma geral.
Artrite reativa
Etiologia
Chlamydia trachomatis (principal - comum em infecção
urinária), Shigella flexneri, Salmonella sp., Y.enterocolitica,
C.jejuni, Campylobacter sp (comum em infecção intestinal).
Clínica
> TRÍADE: Artrite + uretrite + conjuntivite
- Artrite:
Com início súbito, mono ou oligoarticular, assimétrica, atinge
joelho, tornozelo, sacroilíaca, pododáctilos, entesite (inserção de
calcâneo é muito comum).
- Uretrite:
Pouco sintomática, prostatite/salpingite crônica
assintomáticas, saída de secreção mucoide clara. Antes do surgimento
pode ter diarreia aquosa e profusa e nesse caso não está relaciona a
infecção por clamídia, e sim por alguma bactéria do TGI.
Diagnóstico pode ser pelo suabe uretral, mas é de difícil
coleta, então usa mais a coleta da primeira urina e faz cultura ou
sorologia para clamídia, no entanto não é específico para
Tracomatis.
- Conjuntivite:
Autolimitada (1d – semanas, em geral 7-10 dias), no entanto
pode surgir iridociclite anterior aguda que evolui com dor e perda
da visão, casos mais graves, que não é comum, mas podem ocorrer.
> Outras:
- Lesões Muco-Cutâneas (Patognomônicas).
- Balanite Circinada: vesículas indolores coalescentes.
- Queratoderma blenorrágico: pápulas amareladas crostosas muitos
descamativas nas regiões plantares.
Exames complementares
- HLA-B27 positivo.
- Radiografia:
Osteopenia justa-articular, periostite calcâneo, Sacroileíte
assimétrica (nada muito específico).
- Swab uretral + cultura (+ sensível) + sorologia (Ac anti-clamídia)
Tratamento
- Artrite:
AINH, Corticoide, MTX, fisioterapia.
- Clamídia:
Doxiciclina 100mg 2x/dia (3 meses pelo menos) – tratar a
infecção.
- Infecção intestinal:
SMT/TMP
- Formas axiais:
Anti-TNF
> Espondilítica:
HLA B27 positivo, não associada à atividade da doença.
ARTROPATIAS MICROCRISTALINAS
Processo inflamatório articular e/ou periarticular induzido
por microcristais, a principal doença desse grupo é a gota.
EPIDEMIOLOGIA
- 95% - homens com 30-60 anos:
Atinge menos as mulheres por conta da maior excreção renal.
- Mulheres pós menopausa.
- 40% história familiar.
- Deficiência total de hipoxantina-guanina-fosforribosil transferase
HGPRT-ase (Lesch-Nyhan - doença rara associada a retardo mental,
autofagia).
CLASSIFICAÇÃO
- Primária:
Ocorre por erro no metabolismo das purinas com hiperprodução
de ácido úrico ou hipoexcreção renal.
- Secundária:
Relacionada com condições causadoras de hiperprodução,
hipoexcreção do ácido úrico ou ingesta excessiva de proteínas.
QUADRO CLÍNICO
> Hiperuricemia assintomática:
- Ocorre o aumento do ácido úrico, porém sem sintomatologia.
Atualmente indica-se o tratamento para evitar a progressão.
Obs1: Por conta dessa diminuição dos intervalos entre as crises que
é importante intervir, pois a cada crise ocorre liberação de
citocinas e ativação de RANK-L causando cada vez mais destruição
articular. (DD passa a ser AR).
Obs2: O paciente pode ter apenas uma crise de gota e nunca mais
voltar a apresentar.
> Nefropatia:
- Lesão renal (pielonefrite por deposição).
- Litíase renal por urato.
DIAGNÓSTICO
> Crise:
Artrite + artrocentese com presença de cristais.
> Laboratorial:
- Dosagem sérica do ácido úrico (espectrofotometria):
Homens até 7,0mg%; mulheres até 6,0mg%.
- Dosagem de ácido úrico na urina de 24 horas: 400 a 800mg
- Bioquímica e provas de atividade inflamatória.
- Pesquisa de cristais no líquido sinovial – microscopia ótica de
luz polarizada compensada; forma de agulha, birrefringência negativa
forte.
> Radiologia:
- Aumento de partes moles.
- Erosões em saca bocado (evolução do quadro).
- 50% com margens calcificadas.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
- Gota Aguda:
Trauma, situações de hiperuricemia e artrite, pseudogota,
artrite séptica/celulite.
- Gota crônica:
Artrite reumatoide, osteoartrite generalizada.
TRATAMENTO
> Hiperuricemia assintomática:
- Uricemia > 9mg/dl.
- Uricosúria > 1100 mg/dl.
- Quimioterapia de tumores (aumento da lise celular).
> Profilaxia:
- Colchicina (0,5 a 2,0 mg/dia)
- Evitar medicações passíveis de causarem hiperuricemia
- Hipouricemiantes:
Alopurinol (100 a 600mg/dia)
É mais frequentemente usado, atuam diminuindo a produção de ácido
úrico atuando no metabolismo, devem ser usados em pacientes que
tenham níveis aumentados de ácido úrico, uricosúria > 1000 mg/dL,
Nefrolitíase (por conta do ácido úrico), profilaxia na
quimioterapia, intolerância / ineficácia de uricosúrico.
Febuxostate (80-120mg/dia)
Boas indicações quando:
- Superprodução de ácido úrico
- Uricosúria > 1000 mg/dL
- Nefrolitíase (por conta do ácido úrico)
- Profilaxia na quimioterapia
Epidemiologia
- Predomínio feminino (2-7: 1) e entre 65 – 75 anos.
- Assintomática – 5-10%.
- 30% (>75 anos).
Quadro clínico
- Latente;
- Pseudogota:
Quadro clínico igual ao da gota, porém ele ocorre por acúmulo
de pirofosfato de cálcio e não por acúmulo de ácido úrico.
Não há tratamento.
Principal causa de monoartrite em idosos e com início súbito,
duração contínua, forte intensidade.
Rubor e Calor. Acometimento dos joelhos, pseudopodagra. Febre
ou desorientação.
Desencadeada por trauma, cirurgias ou hemotransfusão.
Diagnóstico diferencial com artrite séptica
- Pseudoreumatóide;
- Pseudo-osteoartrite (com ou sem quadro inflamatório);
- Pseudoneurotrófica:
Artropatia crônica por pirofosfato.
Com importante destruição da articulação.
Envolvimento de grandes e pequenas articulações.
Geralmente oligoartricular e eventualmente mono ou
poliarticular.
Rigidez matinal associada.
Superposição de quadro agudo.
DD com artrite reumatóide.
Diagnóstico
> Laboratorial:
- Pesquisa de cristais no liquido sinovial: Microscopia ótica de luz
polarizada compensada.
- Forma romboide: são mais arredondados, também podem estar
fagocitados.
- Birrefringência positiva fraca (birrefringência negativa forte na
gota).
> Radiologia:
- Calcificações e segunda borda (condrocalcinose).
- Alterações comuns à osteoartrite.
- Na radiologia faz uma imagem de duplo contorno com depósitos de
cristais.
Tratamento
> Sinovite Aguda:
- Artrocentese / Lavagem Articular
- Analgésicos / AINH
- Colchicina
VASCULITES
Quadro clínico
- Manifestações inespecíficas:
Febre, mialgia proximal, cefaleia e distúrbios visuais.
- Manifestações específicas:
Sensibilidade no couro cabeludo; dor na artéria temporal;
claudicação da mandíbula; cegueira de instalação súbita,
tortuosidade da artéria.
Diagnóstico
- Exames Laboratoriais de pouco auxílio.
Tratamento
- Prednisona (dose alta: 40-60mg/dia): Responde muito bem.
- Metotrexato: diminui o risco de recidiva.
- Anti TNF (Infliximabe e Adalimumabe) – usado nos casos
refratários.
- AAS (100 mg/dia) – dose antiagregante mostrou ser benéfica para
diminuir complicações isquêmicas.
Polimialgia reumática
- Doença associada à arterite temporal, principal característica é a
mialgia (bilateral e simétrica).
Quadro clínico
- Quadro de rigidez matinal, associada a febre, fadiga, perda de
peso.
- Dor muscular em 2 dos 3 grupos:
Cintura Pélvica
Cintura Escapular
Região Cervical (por um mês)
- Mulheres > 50 anos
- Elevação das provas de atividade inflamatória
Tratamento
- Boa resposta a doses baixas de Prednisona.