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Dispositivos para

suplementação
ventilatória
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Luiz Miguel Picelli Sanches

OBJETIVOS sem a devida atenção, como realizado na práti-


A leitura deste capítulo poderá oferecer ao ca de administração de outros medicamentos.4
leitor informações sobre suplementação venti- O objetivo de utilizar os recursos da suple-
latória necessárias para alcançar os seguintes mentação ventilatória é basicamente prevenir
objetivos: ou tratar a hipoxemia, que pode ser aguda ou
■ Avaliar a necessidade de suplementação ven- crônica, podendo refletir diretamente no tra-
tilatória; balho cardíaco e respiratório.5,6 O paciente que
■ definir corretamente o melhor método de apresenta algum desconforto respiratório ou
administração de oxigênio; alteração cardiovascular que possa estar com
■ identificar as fontes de oxigênio e os méto- algum comprometimento do conteúdo de oxi-
dos de administração em UTI (unidade de gênio sanguíneo ou redução no seu transporte
terapia intensiva); deve receber a suplementação ventilatória.7,8
■ planejar e programar ações preventivas e A suplementação ventilatória ou oxigeno-
educativas sobre a oxigenoterapia. terapia é definida como o suporte de oxigênio
externo para oxigenação dos tecidos. Espera-
CONSIDERAÇÕES INICIAIS -se que a pO2 (pressão parcial de oxigênio) no
Com o avanço da medicina e da evolução da sangue arterial seja superior a 60 mmHg e que
tecnologia na UTI, observa-se cada vez mais a a saturação das hemoglobinas corresponda a
presença de cateteres de monitoração, marca- pelo menos 90%. Essa é uma terapêutica fun-
-passos, sistemas de depuração extrarrenal e de damental nos casos de insuficiência respiratória
suportes circulatório e respiratório. (aguda ou crônica).7,9,10
As indicações para uma suplementação ven- O profissional responsável (ou equipe res-
tilatória são baseadas em critérios geralmente ponsável) por estipular qual o melhor método
indiscutíveis e de caráter preciso, além de ser de suplementação ventilatória a ser utilizada
um processo de fácil instalação.1-3 deve dominar, além da avaliação clínica do
Sabe-se também que os benefícios da utili- paciente, as formas de suprimento de oxigênio
zação da suplementação ventilatória são facil- existentes, a manipulação das válvulas reduto-
mente observados no cotidiano em uma UTI, ras de pressão e fluxômetros, das tubulações
porém seus efeitos colaterais são negligenciados para extensão e umidificação do ar e orienta-
pelos profissionais de saúde no momento em ções gerais para pacientes e familiares, sobre no
que o oxigênio é frequentemente administrado uso de oxigênio.3
Cuidando do Paciente Crítico: Procedimentos Especializados

AVALIAÇÃO DO PACIENTE movimentação de asas de nariz, esforço respi-


A utilização adequada da suplementação ratório, assimetria na expansibilidade torácica
ventilatória é fundamentada diretamente com e taquipneia.7
a avaliação clínica do paciente, empregando Na etapa da difusão, o ar da atmosfera é le-
conhecimentos da fisiologia da respiração, do vado pelas estruturas da via respiratória (fossas
exame físico e fatores de comprometimento da nasais, faringe, laringe, traqueia, brônquios e
oxigenação, da fisiologia da hipóxia e das indi- bronquíolos) para os alvéolos pulmonares para
cações da suplementação ventilatória. que ocorra a troca das moléculas de oxigênio
para o interior dos capilares sanguíneos. A
Fisiologia da respiração difusão dos gases ocorre quando existe grande
Durante o processo da respiração ocorrem diferença de concentração de moléculas de
diversas reações metabólicas no organismo que uma área para outra, saindo da mais para a
são dependentes da oxigenação e, consequente- menos concentrada. Nesse momento, ocorrem
mente, necessitam da eliminação do dióxido de na membrana alveolocapilar, a “entrada” do
carbono para que as reações voltem ao equilíbrio. oxigênio e a “saída” do dióxido de carbono.10,11
Para isso, observam-se três etapas nesse processo Sabendo-se que a difusão depende direta-
que são a ventilação, a difusão e a perfusão. mente da membrana alveolocapilar e da circu-
Na ventilação ocorre a movimentação dos lação sanguínea pulmonar (bombeamento do
gases da atmosfera, aproveitando o oxigênio do sangue pelo ventrículo direito), o enfermeiro
ambiente. Para isso, é fundamental que estru- deve avaliar constantemente os pacientes para
turas e funções pulmonares estejam em condi- identificar alterações dessa membrana, como
ções adequadas, com movimentos do diafrag- ocorre em casos de infiltração e/ou edema
ma e musculaturas intercostais, promovendo pulmonar, pneumotórax e enfisemas, ou alte-
o aumento da caixa torácica e no gradiente de rações do fluxo sanguíneo, como em casos de
pressão entre a atmosfera e os alvéolos.11 IAM (infarto agudo do miocárdio), hipotensão,
Devido à dependência direta da coordena- hemorragias e bradicardias.5,6
ção da musculatura e da capacidade elástica dos É importante o avaliador empregar o uso da
pulmões, controladas pelo centro respiratório, ausculta respiratória para identificar ruídos ad-
localizado no bulbo raquidiano, é imprescindí- ventícios, indicando alterações entre as etapas
vel que o enfermeiro avalie o paciente quanto de ventilação/difusão. A presença de estertores
aos aspectos da ventilação. finos pode indicar presença de líquidos sobre a
O profissional deverá ser capaz de obser- camada alveolar e estertores grossos exsudatos
var a posição do paciente, que pode indicar no parênquima pulmonar ou paredes brônqui-
dispneia ortostática (desconforto respiratório cas. A presença de sibilos pode estar associa-
quando em decúbito dorsal, mas com melho- da ao esforço respiratório, muito comum em
ra quando sentado ou em pé). O formato do asmáticos.3,12
tórax apresenta informações importantes para Devem ser atentamente examinados pacientes
identificar patologias crônicas, como enfise- com pneumonias, infartos do miocárdio, insufi-
ma pulmonar e doença pulmonar obstrutiva ciência cardíaca congestiva, bronquites e asmas.12
crônica, ou patologias agudas, como traumas, Já no momento da perfusão ocorrem o
cirurgias, abaulamentos e depressões. A per- transporte de oxigênio para as células e a li-
cussão do tórax pode auxiliar a identificar beração do dióxido de carbono. Esse processo
pneumotórax, atelectasia e derrame pleural. O vai depender diretamente da quantidade de
padrão respiratório e o ritmo da respiração de- oxigênio que passa para a corrente sanguínea
terminam a presença de dispneia mesmo que e da capacidade do sistema cardiovascular em
o paciente não apresente a queixa verbal.2,11 distribuir o sangue oxigenado.6,9,11 A principal
Os principais sinais e sintomas observados fonte carregadora do oxigênio é a hemácia, que
em casos de dispneia são tiragens intercostais, em conjunto formam a oxiemoglobina.10

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Dispositivos para suplementação ventilatória Capítulo 25

Nesse momento, é importante o enfermeiro O que se deve compreender é que, em situ-


avaliar as alterações de perfusão para identifi- ações de hipóxia, o organismo tenta corrigir
car ações em que a suplementação ventilatória esse déficit de oxigênio por meio de meca-
poderá ser eficaz. Nos casos de cianose central, nismos compensatórios. Um dos mecanismos
o suporte extra de oxigênio poderá ajudar, po- compensatórios mais comuns encontrados em
rém em cianoses periféricas será preciso agir pacientes com hipóxia aguda na UTI é o au-
primeiro na circulação sanguínea local.1,12 mento da FR (frequência respiratória) e da FC
Com a inspeção da pele é possível identificar (frequência cardíaca), com a intenção de me-
a presença de cianose, que se caracteriza pela lhorar a oferta de oxigênio aos tecidos, porém,
coloração azulada, principalmente em extremi- isso faz com que o paciente tenha uma falência
dades, e na face, na região dos lábios.11 da musculatura respiratória mais precoce e um
É importante o avaliador diferenciar a causa aumento da demanda de oxigênio pelo miocár-
de uma cianose central (com características de dio. No caso de hipóxia crônica, o organismo
alterações na ventilação/difusão/perfusão) de procura uma adaptação à baixa saturação de
uma cianose periférica, que geralmente é isola- oxigênio, ocorrendo vasodilatação, aumento da
da e tem associação com obstrução vascular.11,12 produção de hemoglobina e tolerância a níveis
Além da avaliação pelo exame físico, o en- elevados de pCO2 fazendo com que o centro
fermeiro deve estar sempre atento aos fatores respiratório controle melhor a FR.3,5
que podem comprometer a oxigenação, entre Quando se utiliza a suplementação ventila-
eles, podem-se citar: tória com oxigênio, os mecanismos compensa-
■ Aspectos fisiológicos: anemia, gases tóxi- tórios naturais deixam de ser necessários e as
cos, obstrução das vias aéreas (líquidos, alterações, como taquicardia, hiperventilação e
secreções, edemas e tumores), hipertermia, vasodilatação, são corrigidas. Isso pode causar
comprometimento musculosquelético, au- efeito indesejado em pacientes com hipóxia
mento da taxa metabólica (sepse, gravidez crônica, pois os centros respiratórios podem
e áreas extensas de cicatrização), hipovole- provocar depressão respiratória caso a pO2 se
mia (desidratação e hemorragia), obesida- eleve a níveis não comumente adaptados.5
de, hipoxemia e hipercapnia.2,3,10
■ Aspectos externos: obstrução das vias aéreas RECURSOS NECESSÁRIOS PARA EXECUÇÃO
(objetos e traumas), altitude elevada (baixa E MANUTENÇÃO DO PROCEDIMENTO
concentração de oxigênio), diminuição do Para a implementação do suporte ventila-
movimento da parede torácica (dor, trau- tório, deve-se estar ciente que será necessária
mas, cirurgias e sedação), exercício físico, uma fonte de oxigênio e os profissionais deve-
tabagismo e ansiedade.7,10,11 rão conhecer quais os materiais estão dispo-
■ Aspectos clínicos: atelectasia, derrame pleu- níveis em seu local de trabalho, baseado nas
ral, pneumotórax, pneumonia, tumores, classificações entre sistemas de baixo fluxo ou
edema pulmonar, insuficiência cardíaca, sistemas de alto fluxo de oxigênio.
comprometimentos neurológicos (níveis de A decisão para o uso de suplementação de
consciência, coordenação motora e controle oxigênio para pacientes em UTI deve ser rápi-
do centro respiratório).11,13,14 da e adequada ao paciente. A decisão torna-se
mais prática com o uso de oximetria de pulso.5
Fisiologia da hipóxia Em alguns casos, o uso da gasometria arterial
Como citado anteriormente, a hipóxia se será utilizada para adequar o fluxo de oxigênio
caracteriza pela diminuição da pO2 para valores ou a alteração do método de administração do
abaixo de 60 mmHg e a saturação sanguínea oxigênio, mas o profissional não deve esperar
menor que 90%. Para uma avaliação da hipoxe- o resultado para iniciar a suplementação se
mia, o enfermeiro poderá utilizar um oxímetro a clínica do paciente apresentar indícios de
periférico e até dados da gasometria arterial.3,7,9,10 necessidade.3,6

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Cuidando do Paciente Crítico: Procedimentos Especializados

Os pacientes cardíacos agudos que não apre- As válvulas redutoras de pressão, fluxô-
sentam desconforto respiratório devem receber metros e os cilindros de oxigênio devem ser
até 2 litros/min de oxigênio por sistema de bai- acondicionados em áreas bem ventiladas, onde
xo fluxo. Em outros casos, em que apresentem não haja exposição ao calor excessivo e conter
desconforto respiratório, devem ser oferecidos avisos de que é proibido fumar. A identifi-
5 a 6 litros/min de oxigênio.2,6,7 cação do local deve ser visível e ser de fácil
Os sistemas de administração de oxigênio acesso. Registros de utilização dos cilindros
de baixo fluxo não oferecem, com precisão, de oxigênio e recargas devem ser implantados
a quantidade de oxigênio a ser inalada, pois e rigorosamente executados, sob a supervisão
ocorre a inalação do ar ambiente conjuntamen- direta do enfermeiro (ou outro profissional de
te, observados nos cateteres nasais e máscaras saúde), evitando dificuldades em momentos de
simples, nos quais a FiO2 (fração inspiratória urgências.3,4
de oxigênio) será determinada principalmente
pela FR do paciente, espaço e volume para a Redes de gases
circulação do oxigênio e do fluxo em litros uti- A instalação da rede de gases em um hos-
lizada no equipamento.15-17 pital deve atender aos critérios estabelecidos
Em casos graves de insuficiência respiratória pelo Ministério da Saúde/Agência Nacional de
em que o paciente apresente manifestações Vigilância Sanitária (Resolução RDC n. 50, de
agudas de angústia respiratória ou insuficiên- 21 de fevereiro de 2002) e pela NBR-12188, que
cia cardíaca congestiva, sistemas de alto fluxo cita as normas para instalação de um sistema
devem ser utilizados para disponibilizar altas centralizado de suprimento de gases medicinais
concentrações de oxigênio. Com o avanço da em estabelecimentos assistenciais de saúde.19,20
insuficiência respiratória, medidas que forne- Esse modo de fornecimento de oxigênio
çam 100% de oxigênio podem ser adotadas parte de um sistema de abastecimento centra-
(entubação endotraqueal).15,16,18 lizado, no qual o gás é distribuído por uma
Já os sistemas de administração de oxigênio tubulação até os pontos de utilização. Esse
de alto fluxo fornecem um controle mais fiel da mesmo sistema também é utilizado para ar
oferta de oxigênio e da FiO2. Como nos casos comprimido e vácuo clínico.
das máscaras de Venturi e máscaras de pressão As centrais de abastecimento podem ser
inspiratória positiva intermitente ou contínua. constituídas por cilindros que contêm oxigênio
Mais detalhes poderão ser observados no capí- no estado gasoso mantido em alta pressão ou
tulo 32 sobre ventilação mecânica. por tanques que contêm oxigênio no estado
líquido, que é convertido para o estado gasoso
Fontes de oxigênio por meio de um sistema vaporizador.
Como a utilização da suplementação ven- Devido aos elevados custos com o abaste-
tilatória é uma prática muito frequente nos cimento externo de oxigênio, alguns hospitais
hospitais, e principalmente em UTI, seja estão investindo em sistemas geradores de oxi-
para administrar oxigênio para a terapêutica gênio medicinais, o que reduz as despesas com
respiratória, ou até mesmo para a prática da a compra do oxigênio em longo prazo.1
ventilação mecânica, existirá sempre uma
fonte de oxigênio. Cilindros de oxigênio
Essa fonte poderá ser fixa (integrando a rede É a forma de apresentação utilizada em
de gases) ou portátil (cilindros de oxigênio), e transportes de pacientes, pois os cilindros são
todo profissional de saúde deve saber localizar, carregados com o gás comprimido sob pressão,
identificar e manipular. Para a rede de gases, é devendo existir em local visível suas informa-
importante que todas as saídas (terminais) este- ções técnicas. Estas informações são necessá-
jam devidamente identificadas e diferenciadas rias para a segurança, garantindo que o cilindro
pela cor verde (padrão para oxigênio). esteja em perfeitas condições de uso.7,12

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Dispositivos para suplementação ventilatória Capítulo 25

Existe a necessidade de serem utilizadas o nível indicado), luvas de procedimento,


válvulas redutoras de pressão acopladas a fluxô- lubrificante, gaze estéril, cotonete e adesivo
metros para regular o fluxo do gás, reduzindo antialérgico.
a pressão do sistema para 50 psi. A revisão ■ Preparo do paciente: orientar o paciente
frequente assegura que o fluxo desejado de O2 sobre a importância e as etapas do procedi-
esteja sempre adequado.4,8,18 mento, lavar as mãos e posicionar o paciente
Os cilindros de oxigênio têm a desvantagem em Fowler ou decúbito dorsal, realizar hi-
de serem pesados e de difícil deslocamento, giene das narinas, avaliar ambas as narinas e
podendo causar acidentes graves por quedas escolher uma narina desobstruída e livre de
além de exigir manutenção regular de válvulas, traumatismos.
manômetros e recargas frequentes. ■ Procedimento: colocar água destilada/es-
Atualmente há a opção do oxigênio gasoso téril no umidificador até o nível indicado,
sob pressão em cilindros pequenos de 600 mL adaptar o fluxômetro de oxigênio e testar
com válvula poupadora de oxigênio (somente possíveis vazamentos, adaptar a mangueira
libera O2 na inspiração). São mais leves e mais prolongadora e reservar, calçar luvas de pro-
simples, oferecendo maior mobilidade e auto- cedimento, abrir o pacote de gaze e colocar
nomia em transportes rápidos para exames ou uma porção de lubrificante (geralmente é
uso de sanitários, porém o custo é mais elevado utilizada lidocaína 2% gel), medir o cateter
e requer trocas ainda mais frequentes.8,14,21 nasal simples da ponta do nariz até o lóbulo
da orelha, marcar com adesivo, lubrificar
Sistemas de administração de oxigênio a ponta do cateter e introduzir na narina
suplementar de escolha com cuidado e observando as
Cateter nasal simples reações do paciente, fixar o cateter sobre o
É um dispositivo plástico de aproximada- nariz, conectar o cateter à mangueira pro-
mente quinze centímetros que deve ser po- longadora e abrir lentamente o fluxo de
sicionado na nasofaringe para ser liberado o oxigênio até atingir o valor desejado, manter
oxigênio. Necessita ser fixado no nariz ou na a unidade em ordem e realizar as anotações
face por adesivos. Considerado um sistema de no prontuário do paciente.
baixo fluxo.13
Podem-se citar como vantagens ser um dis- Observação: trata-se de um procedimento
positivo de baixo custo, descartável, de fácil simples e de baixo custo, porém está sendo
instalação, seguro para o paciente e permite que substituído pelo cateter nasal tipo óculos por
o paciente converse e se alimente sem inter- apresentar menor desconforto.17
romper a suplementação de oxigênio. Alguns
pacientes podem relatar desconforto pelo fluxo
de oxigênio na nasofaringe.
Tabela 25.1. FiO2 teórica e estimada
As desvantagens desse método é que não é
possível liberar concentrações superiores a 44% para vários fluxos via cateter nasal
(Tab. 25.1), precisa que uma das narinas esteja Litros/min FiO2
desobstruída e sem traumatismos, o umidifica-
1 24%
dor é mais eficaz para fluxos acima de 4 litros/
min, pode causar ressecamento da mucosa 2 28%
nasal e em cateter para adultos suporta fluxo 3 32%
máximo de 6 litros/min.13,17 4 36%
Para a instalação:
■ Materiais: cateter para administração de oxi- 5 40%
gênio, cânula ou mangueira prolongadora, 6 44%
umidificador (usar água destilada/estéril até

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Cuidando do Paciente Crítico: Procedimentos Especializados

Cateter nasal tipo óculos


Trata-se de um dispositivo plástico em que
o oxigênio é liberado através de dois pequenos
tubos posicionados superficialmente nas na-
rinas do paciente (Fig. 25.1). Por ser longo, o
cateter é posicionado contornando as orelhas
do paciente e ajustado abaixo do queixo, não
havendo necessidade de outro tipo de fixação.
Sistema de baixo fluxo.17
Podem-se considerar como vantagens ser
um dispositivo de baixo custo, descartável, fácil
instalação em qualquer formato de rosto, segu-
ro para o paciente, confortável e permite que o
paciente converse e se alimente sem interrom-
per a suplementação de oxigênio.
As desvantagens desse método são que não Figura 25.1 – Cateter para administração de oxigê-
é possível liberar concentrações superiores a nio tipo óculos e umidificador adaptado à fonte de
44%, necessita ter as narinas desobstruídas, o oxigênio móvel.
umidificador é mais eficaz para fluxos acima Fonte: Arquivo pessoal.
de 4 litros/min, pode causar ressecamento da
mucosa nasal e suporta fluxo máximo de 6
litros/min.13,17
Para a instalação: Máscara facial simples
■ Materiais: cateter para administração de oxi- A máscara facial tem uma estrutura em plás-
gênio tipo óculos, cânula ou mangueira tico flexível que se adapta ao rosto. O oxigênio
prolongadora, umidificador (usar água des- flui para dentro da máscara se misturando com
tilada/estéril até o nível indicado), luvas de o ar ambiente antes de ser inalado. Através de
procedimento e cotonete. orifícios laterais o ar expirado é eliminado.
■ Preparo do paciente: orientar o paciente Possui tiras elásticas para fixar à cabeça do
sobre a importância e as etapas do procedi- paciente. Suporta fluxos de 5 a 8 litros/min. É
mento, lavar as mãos e posicionar o paciente considerado um sistema de baixo fluxo.7,21
em Fowler ou decúbito dorsal, realizar hi- As vantagens encontradas nessa máscara
giene das narinas e avaliar a desobstrução facial é a liberação de concentrações de oxigê-
das narinas para que o método seja eficiente. nio entre 40% e 60%. Tem custo relativamente
■ Procedimento: colocar água destilada/estéril baixo, pois pode ser reaproveitada para outros
no umidificador até o nível indicado, adaptar pacientes após desinfecção. O ressecamento das
o fluxômetro de oxigênio e testar possíveis va- mucosas do nariz e boca pode ser minimizado
zamentos, adaptar a mangueira prolongadora com o uso de umidificadores. Pode ser utilizada
e reservar, calçar luvas de procedimento, abrir em casos de obstrução nasal ou respiração pre-
o pacote do cateter nasal tipo óculos, posi- dominante pela boca.
cionar os orifícios do cateter nas narinas do Como a máscara cobre o nariz e boca do
paciente e contornar as orelhas com sua exten- paciente, a desvantagem é que pode provocar
são, regular o tamanho da extensão do cateter desconforto para conversar. Necessita atenção
sob o queixo do paciente, conectar o cateter à especial para pacientes com risco de vômito e
mangueira prolongadora e abrir lentamente o aspiração. Existe a necessidade de interromper
fluxo de oxigênio até atingir o valor desejado, o fluxo de oxigênio para o paciente se alimentar.
manter a unidade em ordem e realizar as ano- Não recomendado para suplementação prolon-
tações no prontuário do paciente. gada pela imprecisão da FiO2.1,22

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Dispositivos para suplementação ventilatória Capítulo 25

Para a instalação:
■ Materiais: máscara simples para adminis-
tração de oxigênio, cânula ou mangueira
prolongadora (se necessário), umidificador
(usar água destilada/estéril até o nível in-
dicado), gazes e elástico ou fita de algodão
para fixar a máscara à face do paciente.
■ Preparo do paciente: orientar o paciente
sobre a importância e as etapas do procedi-
mento, lavar as mãos e posicionar o paciente
em Fowler ou decúbito dorsal e avaliar a
hidratação das mucosas do nariz e boca.
■ Procedimento: colocar água destilada/estéril
Figura 25.2 – Máscara facial com reservatório para
no umidificador até o nível indicado, adaptar
administração de oxigênio.
ao fluxômetro de oxigênio e testar possíveis
Fonte: Arquivo pessoal.
vazamentos, adaptar a mangueira prolonga-
dora (se necessário) à máscara e ao fluxôme-
tro, abrir lentamente o fluxo de oxigênio até
atingir o valor desejado, posicionar a máscara é necessário uma vedação mais apertada para
sobre o nariz e boca do paciente e fixar com maior eficiência, dificulta a conversa, a alimen-
elástico ou fita de algodão ao redor da cabeça, tação só pode ser realizada com a retirada da
proteger as orelhas e outras proeminências máscara, o reservatório pode dobrar-se com
ósseas com gazes para evitar lesões da pele, facilidade, reduzindo sua funcionalidade, e re-
manter a unidade em ordem e realizar as quer atenção em pacientes com risco de vômito
anotações no prontuário do paciente. e aspiração.1
Para a instalação:
Máscara facial com reservatório de oxigênio ■ Materiais: máscara com reservatório para
É uma máscara semelhante à máscara facial, administração de oxigênio e demais mate-
porém com um reservatório acoplado (Fig. 25.2). riais semelhantes à máscara facial simples.
Durante a expiração, um terço do ar exalado re- ■ Preparo do paciente: seguir as mesmas orien-
torna para o reservatório e o restante sai por orifí- tações da máscara facial simples.
cios da máscara. O fluxo de oxigênio é inserido no ■ Procedimento: seguir as mesmas etapas da
reservatório e deve ser suficiente para o manter máscara facial simples. É importante ficar
inflado (mesmo no momento da inspiração). atento ao fluxo a ser utilizado. Se o reservatório
Nesse caso, é possível oferecer concentrações de estiver oscilando durante a inspiração, significa
oxigênio acima de 60%. Deve ser mantido com que o fluxo está baixo, devendo ser aumentado
fluxo de oxigênio acima de 6 litros/min ajustando até manter o reservatório sempre insuflado.
o fluxo para manter sempre o reservatório insu-
flado. Mesmo oferecendo concentrações elevadas Observações: a mesma máscara pode ser
de oxigênio, devido à imprecisão ainda é conside- convertida para o sistema de alto fluxo. Nesse
rado um sistema de baixo fluxo.1,2,5 caso, existe uma válvula que desvia toda a
As vantagens podem ser destacadas pela alta expiração pelos orifícios da máscara, impedin-
concentração de oxigênio oferecida, impedindo do que o ar entre no reservatório. Durante a
o uso de ventilação mecânica precoce, além de inspiração, a válvula da lateral da máscara se
reter maior umidade, evitando ressecamento fecha, impedindo que o paciente inspire o ar do
das mucosas. ambiente, inspirando apenas o ar de dentro da
Como desvantagens, podem-se citar seu cus- máscara e do reservatório. A concentração do
to mais elevado comparado às outras máscaras, oxigênio poderá ser de 80% a 95%.1,15

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Cuidando do Paciente Crítico: Procedimentos Especializados

Máscara de Venturi As desvantagens são semelhantes ao uso de


É indicada para administrar oxigênio em outras máscaras, porém para que a precisão seja
concentrações controladas de FiO2. Utilizan- mantida é necessário que a máscara fique bem
do-se conectores de diluição (FiO2) para ad- ajustada à face do paciente. Interfere diretamen-
ministração de oxigênio é possível oferecer te na conversação e na alimentação, acumula
ao paciente concentrações de 24 a 50%, ajus- condensação frequentemente se for usada com
tando-se o fluxo entre 4 litros/min a 10 litros/ umidificador e pode ocorrer obstrução dos orifí-
min. O kit é composto por máscara flexível cios ou dobra das extensões, diminuindo, assim,
com elástico para ajuste facial e orifícios late- o fluxo de oxigênio ou saída do ar expirado.13,17
rais, traqueia e seis diluidores coloridos para Para a instalação:
diferentes concentrações de porcentagem de ■ Materiais: kit da máscara de Venturi com
FIO2, padronizado nas cores azul (24%), ama- o diluidor adequado e elástico ou fita para
relo (28%), branco (31%), verde (35%), rosa fixar a máscara à face do paciente.
(40%) e laranja (50%). Devido à precisão da ■ Preparo do paciente: além de seguir as mes-
oferta de oxigênio, é considerado um sistema mas orientações da máscara facial simples,
de alto fluxo (Fig. 25.3).1,15 são importantes as orientações do paciente
Sua vantagem é ser o meio mais preciso sobre o uso da máscara para que ele não a
e confiável de suplementação ventilatória. É retire com frequência.
extremamente útil quando utilizada em pa- ■ Procedimento: conectar a uma fonte de
cientes altamente dependentes de oxigênio oxigênio após montar o kit da máscara de
e que necessitam de rigoroso controle da Venturi, ajustar o fluxo de oxigênio baseado
oferta. Pode ser utilizado conjuntamente com nos valores indicados no diluidor (verificar
dispositivos de aerossol em fonte de ar com- a indicação específica de fluxo), adaptar a
primido. Devido à mistura do oxigênio com o máscara à face do paciente tomando o cui-
ar ambiente ocorrer na traqueia não apresenta dado de manter bem acoplado ao nariz e
complicações de ressecamento de mucosas boca do paciente, fixar a máscara com elás-
(além de permitir associar umidificador, se tico ou fita de algodão, proteger as orelhas
necessário). É importante manter monitora- para evitar lesões na pele, manter a unidade
ção da saturação periférica de oxigênio ou em ordem e realizar as anotações no prontu-
acompanhar valores de gasometria arterial ário do paciente marcando a cor do conector
para realizar intervenções precoces. (FiO2) e o fluxo utilizado, realizar avaliações
frequentes na saturação periférica de oxigê-
nio e no padrão respiratório.

Uso de nebulizadores
Os nebulizadores são dispositivos preen-
chidos com água destilada/estéril e ao serem
conectados a uma fonte de oxigênio liberam
aerossóis. Alguns modelos apresentam base
para aquecimento. É necessário utilizar uma
traqueia longa para levar os aerossóis até o dis-
positivo de liberação (máscaras simples, másca-
ra tenda, colar ou tubo em “T”).3,13,17
Em algumas situações, a máscara não se
adapta corretamente ao rosto do paciente, pro-
Figura 25.3 – Máscara de Venturi com diluidor verde voca extremo desconforto e induz um resseca-
(35%). mento importante de mucosas. Os nebuliza-
Fonte: Arquivo pessoal. dores tornam-se uma opção viável nos casos

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Dispositivos para suplementação ventilatória Capítulo 25

de respiração por uma via artificial (traqueos- Existem disponíveis colares para traque-
tomia ou tuboendotraqueal) ou quando não é ostomia, que são pequenas máscaras com
possível utilizar os cateteres ou máscaras sim- orifícios laterais para serem acopladas sobre
ples para suplementação de oxigênio. a traqueostomia (Fig. 25.5). Nesse caso, pode
No caso do uso de máscaras, a traqueia do ser aplicada em traqueostomias de plástico
nebulizador se adapta às máscaras de oxigê- (com cuff), de metal ou até mesmo sobre
nio simples (quando o objetivo é aumentar a estomas traqueais. As traqueias dos nebuliza-
umidificação). Caso o paciente sinta extremo dores são conectadas diretamente ao colar de
desconforto no uso das máscaras fechadas (so- traqueostomia.
breposição de boca e nariz), existe a opção de
usar máscaras do tipo tenda que são encaixadas
abaixo do queixo do paciente, mantendo uma
área de concentração de oxigênio e aerossóis
para o paciente inalar (Fig. 25.4).
Já para pacientes que apresentam via respi-
ratória artificial como traqueostomia e tuboen-
dotraqueal (com respiração espontânea), é pos-
sível adaptar a traqueia do nebulizador através
de conectores ou tubos em “T”. É importante
manter o nível da água destilada/estéril para
produzir os aerossóis na suplementação venti-
latória desses pacientes, pois o ar inspirado não
irá sofrer filtração, aquecimento e umidificação
fisiológicas das vias áreas superiores, podendo
ressecar a mucosa traqueal caso o oxigênio seja
administrado sem umidificação.3,7,18
Figura 25.5 – Colar para administração de oxigênio em
traqueostomia. Detalhe do posicionamento da cânula
de traqueostomia.
Fonte: Arquivo pessoal.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM PARA


EXECUÇÃO E MANUTENÇÃO DO
PROCEDIMENTO
As intervenções de enfermagem deverão
garantir que ao final da suplementação ven-
tilatória o paciente mantenha uma FR dentro
dos parâmetros basais, manifeste sensação de
conforto, restabeleça sons pulmonares nor-
mais e os valores de gasometria arterial.
Inúmeros cuidados de enfermagem podem
se relacionar com a suplementação ventilatória,
porém serão evidenciados os principais para o
Figura 25.4 – Máscara de oxigênio do tipo tenda e atendimento aos pacientes em uma UTI. Como
nebulizador. recomendação geral para todos os pacientes
Fonte: Arquivo pessoal. com oxigenoterapia, deve-se:2-4,7,12,14,22-25

287
Cuidando do Paciente Crítico: Procedimentos Especializados

■ Monitorar sinais vitais e saturação periférica ■ reduzir ou amenizar fatores de ansiedade


de oxigênio; no paciente. Em casos de pânico devido à
■ avaliar o padrão respiratório, como frequên- dispneia ou ao desconforto pelo uso da más-
cia, expansibilidade, alterações nos sons res- cara, explicar as causas e a importância da
piratórios, uso de musculatura acessória; terapia utilizada. Garantir que estão sendo
■ avaliar distúrbios ácido-básicos e valores tomadas todas as medidas para manter a sua
gasométricos; segurança. Permanecer ao lado do paciente
■ realizar troca do dispositivo conforme re- distraindo-o e tranquilizando-o.
comendação da Comissão de Controle de
Infecção Hospitalar; RISCOS INERENTES AO PROCEDIMENTO
■ avaliar o impacto da retirada temporária da O uso suplementar de oxigênio em uma UTI
suplementação ventilatória; pode parecer inofensivo, porém alguns cuida-
■ manter sempre completo o nível de água dos devem ser tomados para prevenir eventuais
destilada/estéril do sistema de nebulização/ acidentes com o paciente.
umidificação. Trocar a água a cada 24 horas; Muitos pacientes em UTI apresentam limi-
■ ajustar a máscara ao rosto do paciente to- tações físicas ou redução dos níveis de cons-
mando cuidado para não apertar demasia- ciência ocasionados por vários fatores, como
damente, evitando lesões na pele; sedação, cirurgias, debilidade clínica, eventuais
■ proteger orelhas e extremidades ósseas que restrições de movimentos dos membros, ansie-
entrem em contato com o elástico ou fita de dade, entre outros.
algodão utilizado na fixação da máscara de Nesses casos, o risco da interrupção do fluxo
oxigênio; de oxigênio pode acarretar complicações na
■ manter aviso de não fumar no quarto com oxigenação tecidual, seja por queda na pressão
visibilidade e orientação para pacientes e da rede de gases, esvaziamento do cilindro de
familiares; oxigênio, deslocamento do cateter ou da más-
■ registrar periodicamente o fluxo de oxigênio cara de oxigênio, obstrução do cateter ou dos
no prontuário do paciente. É importante orifícios da máscara. Uma supervisão direta e
para controle de gastos e comprovações em constante deverá ser aplicada para pacientes
situações de auditoria hospitalar; com as características apresentadas.7,25
■ manipular o cilindro de oxigênio com cui- A realização do procedimento de admi-
dado. Utilizar uma base sólida para realizar nistrar oxigênio suplementar oferece poucos
a troca da válvula redutora de pressão. Não riscos ao paciente, porém o uso permanente
segurar pela válvula. Em casos de transporte, dos dispositivos, sem a devida prevenção de
manter em local estável e firme para evitar lesões, pode acarretar complicações. Lesões de
quedas. Devido ao peso e por manter o oxi- pele (ulcerações), nas orelhas e na face (proe-
gênio sob pressurização, acidentes podem minências do osso zigomático) são comuns e
ter sérias complicações; podem ser evitadas com a proteção, utilizando
■ estimular a hidratação do paciente para mini- compressas de gaze, placas de hidrocoloide ou
mizar os efeitos do ressecamento de mucosas protetores de silicone.2,3
do nariz e boca. Caso o paciente tenha restri- O ressecamento das mucosas de nariz e boca
ção a líquidos, umidificar os lábios com água é comum, principalmente em pacientes que
utilizando compressas de gaze ou algodão; assumem uma respiração predominantemente
■ manter supervisão direta para pacientes com pela boca. A monitoração do nível de água
redução do nível de consciência ou debilita- destilada/estéril do umidificador ou até mesmo
dos quando utilizam máscaras de oxigênio. a mudança do dispositivo para um nebulizador
Atenção especial aos que apresentam even- pode prevenir essa complicação.13,17
tual ocorrência de vômito ou quando o risco Por último, um dos riscos que frequente-
de aspiração é elevado; e mente são relatados na literatura é quanto ao

288
Dispositivos para suplementação ventilatória Capítulo 25

risco de queimaduras e incêndios, visto que o Todas as orientações devem ser revisadas no
ambiente ao redor do paciente poderá tornar- momento da alta da UTI caso o paciente ainda
-se mais rico em oxigênio, aumentando sua necessite de oxigênio, para que tanto o paciente
capacidade “combustível” em uma situação de quanto os familiares possam dar continuidade
incêndios. ao tratamento sob os cuidados da equipe de
Uma falha muito comum observada no enfermagem nas enfermarias.
ambiente hospitalar como um todo é a falta
de avisos para não fumar no quarto, principal- CONSIDERAÇÕES FINAIS
mente quando o paciente está fazendo uso de A função da equipe de enfermagem no apoio
oxigênio. Não se pode partir do princípio que à suplementação ventilatória pode variar de
todos estão cientes que não se deve fumar em uma instituição para outra, porém uma discus-
ambiente hospitalar e a atenção e orientações são multiprofissional torna ainda mais efetiva a
devem ser redobradas.4,23,24 terapia proposta.
Em uma UTI rotineiramente são encontra- O enfermeiro participa diretamente das de-
dos equipamentos eletrônicos, como monito- cisões, juntamente com médicos e fisioterapeu-
res, ventiladores mecânicos, bombas de infu- tas, mas é nas suas avaliações constantes do
são e iluminação artificial, que podem liberar paciente que seu papel se destaca.
faíscas em seus componentes, mas deve-se ter Avaliar a necessidade de oxigênio e agir
muita atenção ao material da roupa do paciente precocemente podem salvar a vida de um
e da roupa de cama, para evitar tecidos sintéti- paciente. Identificar complicações do uso e
cos que são altamente inflamáveis. propor alternativas ou outro método também
são responsabilidades do enfermeiro. Capacitar
EDUCAÇÃO DO PACIENTE E DA FAMÍLIA a equipe de enfermagem e orientar o paciente e
Acompanhando o raciocínio apresentado familiares são ações imprescindíveis para que o
neste capítulo, devem-se manter as orientações procedimento tenha total eficácia.
do paciente e de seus familiares com o objetivo
de dar continuidade do tratamento, manter a PONTOS A APREENDER
segurança do paciente e evitar os riscos poten- ■ Explicar os conceitos de ventilação, difusão
ciais do procedimento. e perfusão.
Acima de tudo, deve-se orientar o paciente ■ Descrever os ruídos adventícios anormais e
quanto aos detalhes da administração de oxi- as principais patologias a que podem estar
gênio suplementar, sua função, seus objetivos associados.
e os resultados esperados. Com as devidas ■ Discorrer sobre as vantagens e desvantagens
orientações, haverá maior colaboração do pa- do uso do cateter nasal, máscara reservatório
ciente em manter o uso do dispositivo e maior e máscara de Venturi.
enfrentamento aos pequenos desconfortos que ■ Estabelecer os cuidados de enfermagem com
podem surgir em prol dos benefícios. A comu- o paciente em uso de oxigenioterapia.
nicação de um desconforto deve ser encara- ■ Descrever os principais riscos do paciente
da com seriedade, buscando alternativas para em uso de dispositivo de suplementação
melhorar ou aliviar a situação, ajudando no respiratória.
enfrentamento caso não tenham alternativas
para o problema. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Também é importante tranquilizar os fa- 1. Dysart K, Miller TL, Wolfson MR, Shaffer TH. Re-
miliares, pois a permanência de um membro search in high flow therapy: mechanisms of action.
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