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Semiologia P5

Sinais e Sintomas Cardiovasculares


Prof. Breno Battisti Koehler
Medicina Intensiva
Sinais e sintomas aparelho cardiovascular

• Dor; • Desmaio (síncope e


• Palpitações; lipotimia);
• Dispneia; • Alterações do sono;
• Intolerância aos • Cianose;
esforços; • Edema;
• tosse e expectoração; • Chieira;
• Hemoptise e • Astenia ou fraqueza;
expectoração • Posição de cócoras
hemoptoica; (squatting).
Dor da isquemia miocárdica

• Decorrente da hipoxia celular;


• A causa mais comum: aterosclerose coronária;

• Localização típica: retroesternal, podendo situar-


se à esquerda;
• Ora restringe-se a uma pequena área, ora ocupa
toda a região precordial;
Dor da isquemia miocárdica
• Localização atípica da dor: região epigástrica,
dorso do tórax, supraesternal, mandíbula, punhos;
• Localização atípica: mulheres, idosos, doenças
psiquiátricas associadas;
• Irradiações: pavilhões auriculares, maxilar, nuca,
região cervical, membros superiores, ombros,
região epigástrica e interescapulovertebral.
• Irradiação mais típica: face interna do braço
esquerdo.
Dor da isquemia miocárdica
• Caráter (qualidade): quase sempre é constritivo;
• A duração da dor:
Angina do peito estável: duração curta, em geral
de 2 a 3 min, raramente ultrapassando 10 min, e
é estreitamente relacionada com esforço físico;
Angina instável: dor prolongada, chegando a
durar 20 min, pois nessa síndrome já há
alterações celulares, não estando relacionada
com esforço físico.
Dor da isquemia miocárdica
• No infarto do miocárdio, em função do surgimento de
alterações necróticas, a dor dura mais de 20 min,
podendo perdurar várias horas;
• A intensidade da dor varia de acordo com muitos
fatores, entre eles o grau de comprometimento
miocárdico, podendo ser classificada em leve,
moderada e intensa;
Graduação da dor
• Dor leve: quando o paciente a sente, mas não se fixa nela,
relatando-a como uma sensação de peso ou desconforto,
relativamente bem tolerada.
• Dor moderada: quando o paciente se sente bastante
incomodado, agravando-se mais ainda com os exercícios
físicos;
• Dor intensa: inflige grande sofrimento, obrigando a ficar o
mais quieto possível, uma vez que a dor piora a partir de
quaisquer movimentos ou pequenos esforços. Acompanha-se
de sudorese, palidez, angústia e sensação de morte iminente.
Dor pericárdica
• Localização: região retroesternal e se irradia
para o pescoço e as costas.
• Pode ser do tipo “constritiva”, “peso”,
“opressão”, “queimação” e ter grande
intensidade;
• Costuma ser contínua, durando várias horas;
• Não se relaciona com os exercícios;
Dor pericárdica
• Fatores de piora: respiração, com o decúbito
dorsal, com os movimentos na cama, com a
deglutição e com a movimentação do tronco;
• Fatores de melhora: inclinar o tórax para a
frente ou quando adota a posição genupeitoral;
• O mecanismo provável da dor da pericardite é
o atrito entre os folhetos do pericárdio com
estimulação das terminações nervosas;
Dor de origem aórtica
• Os aneurismas da aorta de crescimento lento
geralmente não provocam dor;
• A dissecção aguda da aorta determina quadro
doloroso importante de grande intensidade;
• Início súbito.
• Tipo lancinante;
Dor de origem aórtica
• Localização: retroesternal ou face anterior do
tórax, com irradiação para o pescoço, região
interescapular e ombros.
• Pode irradiar para abdome (aorta abdominal);
• Mecanismo da dor: separação brusca das
camadas da parede arterial com súbita
distensão das terminações nervosas;
Dor de origem psicogênica
• Ocorre em indivíduos com ansiedade e/ou
depressão;
• Localização: região mamilar, no nível do ictus
cordis;
• Persiste por horas ou semanas e acentua-se
quando o paciente tem contrariedades ou
emoções desagradáveis.
Dor de origem psicogênica

• Além da dor, o paciente se queixa de


palpitações, dispneia suspirosa, dormências,
astenia, instabilidade emocional e depressão;
Palpitações
• Em relação à importância clínica do sintoma
“palpitação”, interessa saber:
Se as palpitações são relacionadas com
esforço físico;
Se traduzem alteração do ritmo cardíaco;
Se é um sintoma relacionado com alterações
emocionais;
Palpitações: causas cardíacas
Palpitações: causas não cardíacas
Dispneia aos esforços
• É o tipo mais comum na insuficiência
ventricular esquerda;
• A dispneia de esforço da insuficiência
ventricular esquerda caracteriza-se por ser de
rápida progressão, passando dos grandes aos
pequenos esforços em curto período de tempo
(em dias ou semanas);
• É classificada em dispneia aos grandes,
médios e pequenos esforços.
Dispneia aos grandes esforços

• Dificuldade respiratória ao executar uma


atividade anteriormente feita sem qualquer
desconforto;
Dispneia aos médios esforços

• Surge durante a realização de exercícios físicos


de intensidade mediana;
• Ex: andar em local plano a passo normal ou
subir alguns degraus, mesmo devagar.
Dispneia aos pequenos esforços

• Ocorre ao fazer exercícios leves;

• Ex: tomar banho, trocar de roupa, mudar de


posição na cama.
• Também pode ser provocada por atividades que
exigem mínimos esforços, como o ato de falar
mais alto ou mais depressa.
Dispneia de decúbito (ortopneia)
• Surge quando o paciente se põe na posição
deitada.
• Para aliviá-la, o paciente eleva a cabeça e o
tórax, usando travesseiros, chegando a adotar a
posição semissentada para dormir;
• Ocorre aumento da congestão pulmonar em
virtude do maior afluxo de sangue proveniente
dos membros inferiores e da área esplâncnica.
Dispneia paroxística noturna
• Característica principal: consiste no fato de o
paciente poder dormir algumas horas,
acordando com intensa falta de ar,
acompanhada de sufocação, tosse seca e
opressão torácica, que o obriga a sentar-se na
beira da cama ou levantar-se;
• Durante a crise dispneica pode haver
broncospasmo (asma cardíaca) por congestão
da mucosa brônquica.
Edema agudo de pulmão

• Intensa dispneia;

• Surge tosse com expectoração espumosa,


branca ou rósea, cianose, respiração ruidosa
pela presença de sibilos e estertores finos.
• Risco de óbito.
Dispneia periódica ou Cheyne-Stokes
• Períodos de apneia, seguidos de movimentos
respiratórios, a princípio superficiais, mas que se
vão tornando cada vez mais profundos até chegar
a um máximo, após o qual vão diminuindo de
amplitude até uma nova fase de apneia;
• Causas: hipertensão arterial , cardiopatia
isquêmica, afecções do tronco cerebroespinal,
hipertensão intracraniana, hemorragia cerebral,
uremia, intoxicação por barbitúricos ou opiáceos.
Dispneia periódica ou Cheyne-Stokes
Tosse e expectoração de origem
cardiovascular

• Sintoma frequente na insuficiência ventricular


esquerda;
• Mecanismo importante na manutenção da
permeabilidade da árvore traqueobrônquica
quando há aumento de secreções;
Tosse e expectoração de origem
cardiovascular

• Caracteriza-se por ser seca, mais intensa à


noite, podendo ser muito incômoda, impedindo
o paciente de dormir.
• Pode estar relacionada com os esforços físicos;

• Mecanismo: a congestão pulmonar; por isso,


ela quase sempre está associada à dispneia;
Tosse e expectoração de origem
cardiovascular
• Quando existe expectoração, ela é escassa, do
tipo seroso, de pouca consistência, contém ar
o que lhe confere aspecto espumoso.
• No edema pulmonar agudo, o líquido que
inunda os alvéolos não é formado unicamente
por plasma, pois contém hemácias;
(expectoração de aspecto róseo ou
francamente hemoptoico);
Chieira (sibilância)
• Traduz a passagem de ar, em alta velocidade,
através de bronquíolos estreitados.
• Asma cardíaca: surge na posição deitada e
melhora quando o paciente se senta ou fica de pé;
• Acompanha-se de taquicardia, ritmo de galope e
estertores finos nas bases pulmonares;
• Asma brônquica a dispneia não é aliviada pela
mudança de posição, os sibilos são disseminados
e predominam sobre os estertores;
Hemoptise e expectoração hemoptoica
• Hemoptise: eliminação de sangue puro
procedente da traqueia, brônquios ou pulmões.
• Expectoração hemoptoica: presença de sangue
junto com secreção (serosa, mucosa ou
mucopurulenta).
• Hemoptise acompanhada de expectoração
espumosa e rósea indica edema pulmonar
agudo por insuficiência ventricular esquerda.
Síncope e lipotimia
• Desmaio é a perda súbita e transitória da
consciência (síncope) decorrente de perfusão
cerebral inadequada.

• Perda de consciência parcial = pré -


síncope ou lipotimia.
Cianose

• Coloração azulada da pele e das mucosas, em razão


do aumento da hemoglobina reduzida (desoxigenada)
no sangue capilar;

• A inspeção deve ser feita nos lugares em que a pele é


mais fina e em áreas ricas de capilares sanguíneos;
Cianose

• A cianose é generalizada quando presente no


corpo todo;
• Localizada ou segmentar quando se restringe
a determinados segmentos corporais.
Cianose periférica
• Ocorre em consequência da perda exagerada de
oxigênio no nível da rede capilar por estase
venosa ou diminuição do calibre dos vasos da
microcirculação.
• Ocorre em áreas distais, principalmente nos
membros inferiores, acompanhada de pele fria.
• A causa mais comum de cianose periférica é a
vasoconstrição generalizada devida à exposição
ao ar ou à água fria
Cianose generalizada
• Causas:
Diminuição da tensão de O2 no ar inspirado;
Distúrbio da ventilação pulmonar;
Distúrbio da difusão;
Distúrbios na perfusão;
Cianose mista
• Associam-se os mecanismos da cianose do
tipo central com os do tipo periférico;

• Exemplo típico é a cianose da insuficiência


cardíaca congestiva grave (congestão
pulmonar que impede oxigenação do sangue +
estase venosa periférica com grande perda de
oxigenação).
Edema
• No edema de origem cardíaca, o acúmulo de líquido não
se restringe ao tecido subcutâneo, podendo acumular-se,
também, nas cavidades serosas, seja no abdome (ascite),
no tórax (hidrotórax), no pericárdio (hidropericárdio) e na
bolsa escrotal (hidrocele).
• A pele da região edemaciada torna-se lisa e brilhante
quando o edema é recente;
• Edema de longa duração: pele de aspecto de “casca de
laranja”, consequência de seu espessamento, com
retrações puntiformes, correspondentes aos folículos
pilosos.
Edema
• Localiza-se primeiramente nos membros
inferiores, pela ação da gravidade, iniciando-
se em torno dos maléolos.
• A medida que progride, atinge as pernas e as
coxas;
• Com o agravamento da disfunção cardíaca o
edema atinge o corpo todo, inclusive o rosto,
quando recebe a denominação anasarca.
Astenia

• Na insuficiência cardíaca, a astenia se deve


principalmente à diminuição do débito
cardíaco, responsável pela má oxigenação dos
músculos esqueléticos;
Posição de cócoras (squatting)
• Essa posição é observada nos pacientes com
cardiopatia congênita cianótica com fluxo
sanguíneo pulmonar diminuído (estenose e
atresia pulmonar, atresia tricúspide e
tetralogia de Fallot).
• A posição de cócoras alivia os sintomas do
paciente cianótico porque melhora a
saturação arterial de oxigênio.
Posição de cócoras (squatting)

• A explicação fisiopatológica exata ainda


permanece obscura;
• A explicação mais aceita é a de que, nessa
posição, há elevação da pressão arterial
sistêmica por compressão das artérias
femorais e ilíacas com melhora da perfusão;
Artérias
• Os principais sintomas das afecções arteriais
são:
Dor;
Modificações da cor e da temperatura da pele;
Alterações tróficas;
Edema.
Artérias: Dor
• Descrita como formigamento, queimação,
constrição, aperto, sensação de peso ou fadiga.
• A dor mais característica de enfermidade arterial
isquêmica crônica é a claudicação intermitente, a
qual surge durante a realização de um exercício;
• Quando a isquemia se agrava a dor não depende
da realização de exercício, sendo inclusive mais
intensa quando o paciente se deita; daí receber o
nome de dor de repouso (sintoma grave).
Artérias: Modificações da cor da pele
• A cor da pele depende do fluxo sanguíneo, do grau de
saturação da hemoglobina e da quantidade de melanina;

• A palidez aparece quando há diminuição acentuada do fluxo


sanguíneo no leito cutâneo, seja por oclusão (embolia ou
trombose) ou por espasmo.

• Surge cianose quando o fluxo de sangue no leito capilar se


torna muito lento, provocando o consumo de quase todo o
oxigênio, com consequente aumento da concentração da
hemoglobina reduzida.
Artérias: Modificações da cor da pele

• Eritrocianose: coloração vermelho-arroxeada
nas extremidades dos membros com isquemia
intensa, aparece no estágio de pré-gangrena;

• Rubor: se deve à dilatação arteriolar e capilar.


Artérias: Modificações da temperatura da
pele

• A temperatura da pele depende da magnitude


do fluxo sanguíneo.
Artérias: alterações tróficas
• As úlceras podem ser minúsculas ou extensas,
dependendo do grau de comprometimento arterial.
• Localizam-se de preferência nas bordas dos pés,
polpas digitais, regiões periungueais, calcanhar e
regiões maleolares.
• Surgem espontaneamente ou após traumatismos,
compressão ou longa permanência no leito.
• São muito dolorosas. O fundo contém material
necrótico e são de difícil cicatrização
Veias
• Os principais sintomas das doenças venosas
são:
 Dor;
 Edema;
Alterações tróficas (hiperpigmentação,
eczema, úlceras e dermatofibrose);
 Hemorragias;
Hiperidrose.
Veias: Dor
• Dor de intensidade leve a moderada referida
como peso nas pernas, queimação ou
ardência;
• Dor intensa, associada a edema e cianose,
levanta a suspeita de trombose venosa
profunda (TVP).
• O mecanismo provável: dilatação da parede
das veias.
Veias: Dor
• A dor da insuficiência venosa é mais intensa
no período vespertino, ao final de uma
jornada de trabalho, ou após longos períodos
na posição de pé.

• Quando a insuficiência é muito grave, a dor


pode estar presente desde o momento em
que o paciente se levanta da cama. 
Veias: Edema
• O edema da insuficiência venosa crônica
costuma surgir no período vespertino e
desaparece com o repouso;

• Mais intenso nas pessoas que permanecem


muito tempo sentadas e com os pés
pendentes.
Veias: Alterações tróficas
• As principais alterações tróficas das venopatias
são hiperpigmentação, eczema, úlceras e
dermatofibrose.
• A úlcera é uma complicação frequente da
insuficiência venosa grave.
• As ulcerações podem surgir em consequência de
mínimos traumatismos, como o ato de coçar;
• A localização principal das úlceras é na região
maleolar interna;
Veias: Alterações tróficas
• As úlceras são rasas, têm bordas nítidas,
apresentando uma secreção serosa ou
seropurulenta.
• São menos dolorosas do que a úlcera
isquêmica;
• Hiperpigmentação: acúmulo de hemossiderina
na camada basal da derme, a qual provém das
hemácias que migram para o interstício e ali são
fagocitadas pelos macrófagos.
Dor arterial x Dor venosa
Membros inferiores
• Arterial:
A dor piora na posição deitada;
Causa: diminuição do fluxo de sangue para os
membros inferiores, que é um pouco maior na
posição de pé em virtude da ação da gravidade.
O paciente prefere dormir com o membro
comprometido pendente, na tentativa de obter
algum alívio;
Dor arterial x Dor venosa
Membros inferiores

• Venosa:
A dor melhora com o repouso no leito com os
pés elevados.
Linfáticos
• Os principais sintomas das afecções dos
linfáticos são dor e edema que podem ser
localizados em diferentes regiões;
• A dor surge somente na linfangite aguda e nas
adenomegalias de crescimento rápido que
acompanham os processos inflamatórios.
• Localiza-se no trajeto do coletor linfático ou na
área em que se situa o linfonodo;
Linfáticos

• O edema linfático ou linfedema pode ser


ocasionado por bloqueio ganglionar ou dos
coletores linfáticos;
• Causas: processo neoplásico, inflamatório
(linfangite) ou parasitário (filariose).

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