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Manifestações clínicas

frequentes em Atenção
Básica
Clínica Médica I
Prof. André Ferraz
CEFALEIA
Avaliação clínica do
paciente com cefaleia
• História – caracterização da dor
• Exame físico
1. Sinais vitais: PA, Tax
2. Estado mental – Glasgow
3. Inspeção e palpação cervical e do crânio
4. Auscultar a região da articulação temporomandibular e
as carótidas
5. Oroscopia e otoscopia
6. Fundo de olho – papiledema (hipertensão intracraniana)
7. Sinais meníngeos – a rigidez de nuca (meningite e
hemorragia subaracnóidea)
8. Exame neurológico sumário – força e sensibilidade em
MMSS e MMII, marcha, coordenação, pares cranianos
selecionados (III e V)
Sinais e sintomas de alerta
1. Aparecimento súbito
2. Cefaleia ou dor mais intensa (“a pior da vida”)
3. Mudança do padrão de dor
4. Evolução insidiosa e progressiva
5. Início tardio (após os 50 anos)
6. Estado de mal migranoso (enxaqueca com duração > 72 horas) refratário
a tratamento
7. Cefaleia noturna ou ao acordar de início recente
8. Alteração do estado mental
9. Déficit neurológico focal
10. Desencadeada por esforço (pós-coito ou atividade física, na tosse ou
espirro, ou manobra de Valsalva)
11. Cefaleia iniciada após trauma de crânio recente
12. Cefaleia nova associada a crise epiléptica
13. Associada à infecção pelo HIV
14. Em paciente com neoplasia ou discrasia sanguínea (em uso de
anticoagulantes)
15. Rigidez de nuca
16. Febre, vômitos e mialgias
17. Sintomas ou sinais visuais (visão turva, resposta assimétrica pupilar,
papiledema)
Solicitação de exames –
cefaleia não aguda
• Achado anormal no exame neurológico

• Pacientes com características atípicas de


dor de cabeça ou que não cumprem os
critérios diagnósticos para cefaleias
primárias

• Fator de risco adicional, como imunodeficiência


Terapia abortiva
Terapia profilática
• Indicações:
1. A migrânea interfere significativamente no dia a dia do
paciente, apesar das terapias abortivas

2. Crises frequentes (>1 vez/semana)

3. Uso excessivo de medicamentos (em razão de crises


frequentes, incapacitantes ou de longa duração)

4. As medicações utilizadas na terapia abortiva são inefetivas,


contraindicadas ou causam efeitos adversos intoleráveis

5. Preferência do paciente

6. Presença de condições incomuns de migrânea


(potencialmente graves), incluindo migrânea hemiplégica,
basilar, com aura prolongada ou infarto migranoso
Cefaleia Tensional
• Infrequente:
Episódica

• Frequente:
Cefaleia Tensional Crônica
Tratamento – cefaleia
tensional
• Abortivo:
1. Analgésicos comuns: paracetamol, dipirona
2. AINEs: ibuprofeno, naproxeno, cetoprofeno, AAS
3. Combinações: cafeína + ibuprofeno ou paracetamol
4. Não farmacológico: massoterapia, calor úmido local

•. Profilático – indicado para cefaleia tensional crônica


1. Antidepressivos tricíclicos: amitriptilina, nortriptilina
2. Opções:
-. mirtazapina (antidepressivo noradrenérgico e
serotoninérgico)
-. topiramato (anticonvulsivante)
-. tinazidina (relaxante muscular)
3. Mudanças de estilo de vida; acupuntura
Tratamento – Cefaleia em
salvas
• Crise:
- Oxigênio 100% inalado 5 a 7 litros/min 5 a 15 min
- Triptanos: sumatriptano 6 mg SC; zolmitriptano 10
mg via inalatória; riztriptano SL
- Ergotamina 2 mg SL

• Profilaxia: casos crônicos ou muito frequentes


- Verapamil 240 a 320 mg VO
- Prednisona
- Lítio
- Anticonvulsivantes
- Evitar fatores desencadeantes (álcool, atividade
física, uso de nitratos, mudanças climáticas)
TONTURA E VERTIGEM
Tontura???
• Vertigem: sensação de rotação do sujeito ou dos
objetos ao seu redor; ilusão de movimento do corpo
ou do ambiente

• Pré-síncope: sensação iminente de perda da


consciência, por vezes acompanhada de sensação
de calor, diaforese, náuseas e borramento visual

• Desequilíbrio: instabilidade postural, agravada à


deambulação, sem a sensação de rotação

• Tontura: sintomas não possíveis de categorizar


como vertigem, pré-síncope ou desequilíbrio
Vertigem
• Sintoma resultante de uma assimetria aguda do sistema
vestibular

• Vestibulopatias periféricas
 decorrentes do sistema vestibular periférico, do órgão
vestibular na orelha interna até a entrada do nervo
vestibular no tronco encefálico
 a diferença de atividade entre os dois labirintos gera uma
assimetria que chega ao núcleo vestibular, sendo
interpretada pelo cérebro como uma falsa sensação de
movimento

• Vestibulopatias centrais
 lesões no SNC
 distúrbio nos centros de interação vestíbulo-ocular no
tronco encefálico e cerebelo ou nas vias sensoriais do
tálamo
Vertibulopatias periféricas
• Predominam em adultos (4ª a 6ª décadas)

• Vertigem, frequentemente recorrente, é o sintoma clássico

• Sintomas neurovegetativos (sudorese, náuseas) e


otológicos (perda auditiva, zumbido, plenitude aural ou
otorreia) podem estar presentes

• As crises variam em duração, de segundos até dias

• Pode ocorrer uma tendência à queda para um lado


específico, em geral o do labirinto comprometido

• Movimentos da cabeça ou do corpo e os olhos fechados


podem intensificar a vertigem
Vestibulopatias centrais
• São mais comuns em idosos e crianças

• Raramente a tontura é o sintoma isolado, sendo mais


frequente o desequilíbrio (ataxia), não rotatório, com
predomínio de instabilidade e quedas

• As crises costumam ser de longa duração e com sintomas


mais brandos quando comparadas às periféricas

• Sintomas neurológicos (cefaleia, diplopia, disartria, parestesia,


fraqueza muscular e ataxia) e neurovegetativos podem ocorrer

• Não é comum a presença de sintomas auditivos

• História de intoxicação por drogas e álcool, risco


cardiovascular (HAS, DM, tabagismo, angina) e enxaqueca são
agravantes frequentes
Avaliação - Vertigem
• Sintomas paroxísticos ou contínuos
• Duração do episódio
• Presença de fatores desencadeantes ou agravantes
• Sintomas concomitantes: visuais, auditivos,
neurológicos
• Trauma craniano recente
• Resfriado recente
• Ansiedade ou depressão
• História prévia de enxaqueca
• Doença ou fatores de risco para doença cardiovascular
• História familiar de enxaqueca ou de doença de
Ménière
• Uso de medicamentos (aminoglicosídeos, furosemida,
antidepressivos, antipsicóticos, anticonvulsivantes) ou
intoxicação aguda por álcool
Avaliação - Vertigem
• Sinais vitais
• Avaliação neurológica: pares cranianos, função cerebelar
(marcha, coordenação, reflexos, teste índex-nariz) e
fundoscopia
• Otoscopia: afastar causas otológicas, sobretudo as
inflamatórias (otorreia, otite média, tampão de cerúmen e
vesículas no pavilhão auricular)
• Acumetria: testes de Rinne e Weber, pesquisa-se se a
perda auditiva é condutiva ou neurossensorial
• Pesquisa de nistagmo: representa a função do sistema
vestibular sobre a movimentação ocular (reflexo vestíbulo-
ocular)
 origem central: não tem latência (intervalo de tempo até
o início do nistagmo), piora com a fixação ocular e é
multidirecional
 origem periférica: tem latência, é fatigável e unidirecional
Testes de equilíbrio
• Avaliam o reflexo vestibuloespinhal
• Periféricos: tendência de queda para o lado do
labirinto deficitário
• Centrais: ataxia e movimentos anteroposteriores

• Teste de Romberg: o indivíduo aproxima os pés,


deixando os braços ao longo do corpo na posição
anatômica, e fecha os olhos
Positivo – oscilações ou queda
Periférico: latência entre o fechamento dos olhos e
a queda (no sentido do labirinto lesado)
Central: a queda é precoce e abrupta, sem lado
preferencial
Exames complementares
• Solicitados por ORL ou neurologista

• Audiometria: identificação de perda auditiva

• Eletronistagmografia/videonistagmografia:
permite o registro gráfico do nistagmo

• Ressonância magnética: investigação de


neoplasias da fossa posterior, focos de
desmielinização (esclerose múltipla), áreas
isquêmicas e degenerativas
Vertigem posicional paroxística
benigna (VPPB)
• Vestibulopatia periférica mais frequente
• Causada por partículas derivadas dos otólitos, que
caem no canal semicircular, induzindo uma aceleração
anormal da endolinfa
• Cada movimento brusco da cabeça desencadeia um
estimulo anormal do labirinto comprometido
• Caracteriza-se por episódios recorrentes de vertigem
posicional, com duração de poucos segundos, podendo
ocorrer náusea
• Não costuma estar relacionada com hipoacusia e
zumbido
• Diagnóstico clínico (história compatível e manobra de
Dix-Hallpike positiva)
• Tratamento: manobra de Epley (taxa de conversão: 66
a 89%; pode ser repetida após uma semana)
A,B) Coloca-se o paciente na
posição de Dix-Hallpike, do
lado em que há
aparecimento de vertigem
e/ou nistagmo
C) Conduz-se a cabeça,
devagar, para o lado oposto
a 45 graus
D) Orienta-se o paciente a se
deitar sobre o ombro, do
mesmo lado, com a cabeça
segura pelo terapeuta.
Desloca-se a cabeça para
baixo até que o nariz fique
apontado para o chão.
E) Coloca-se o paciente na
posição sentada
Neuronite
vestibular/labirintites
• 2ª causa mais comum de vertigem
• Vestibulopatias periféricas caracterizadas por
vertigem aguda, com episódio único, em indivíduos
saudáveis
• Neuronite vestibular: inflamação do n. vestibular
que ocorre principalmente após uma infecção viral e
não acomete a audição
• Labirintite acomete tanto o labirinto como o nervo
vestibular, podendo apresentar hipoacusia e
zumbido
• Início abrupto, evolução lenta, duração de semanas
• A vertigem pode ser intensa e incapacitante com
tendência de melhora progressiva
• Tratamento sintomático: sedativos labirínticos
Síndrome de Ménière
• Crises recorrentes de vertigem, hipoacusia, zumbido
e plenitude aural; em geral, unilateral
• Etiologia multifatorial - distúrbios metabólicos,
associada a dislipidemia, tireoidopatia,
autoimunidade, alergia, infecção viral, alterações
vasculares e predisposição genética
• Diagnóstico clínico: min 2 crises de vertigem de
duração de pelo menos 20 minutos, zumbido e/ou
plenitude aural e perda auditiva neurossensorial
flutuante
• Confirmação: exames eletrofisiológicos específicos
• Tratamento: betaistina 24 mg 2x/dia ou 16 mg
3x/dia
• Crises: associação de benzodiazepínicos
(clonazepam) e sedativos labirínticos
Outras vestibulopatias
periféricas
• Labirintopatias hormonais e metabólicas: mais comuns
em mulheres a partir da 3ª década; sintomas vagos e
cíclicos
- Etiologias: hiperinsulinemia, intolerância a glicose, diabetes,
hipo ou hipertireoidismo e distúrbios ovarianos
- Tratamento: correção do distúrbio metabólico

• Cinetose: sintomas autonômicos (tontura, sudorese,


náusea) originados por estimulação excessiva do sistema
vestibular, geralmente em viagens
- Tratamento: sintomático (sedativos labirínticos), reabilitação
vestibular (casos graves)

• Fístula labiríntica: condição rara; comunicação entre


orelha interna e cavidade timpânica, causando perda
auditiva súbita/progressiva e vertigem. Tratamento:
cirúrgico
Vestibulopatias centrais
• Migrânea vestibular
- Critérios: vertigem recorrente, história clínica/familiar de
migrânea e pelo menos 2 sintomas de migrânea nas
crises
- Tratamento: semelhante ao da migrânea

• Insuficiência vertebrobasilar
- Diminuição do fluxo sanguíneo das artérias vertebrais e
basilar por placas de ateroma, hipotensão ou compressão
extrínseca (osteófitos cervicais)
- Mais frequente em pacientes com fatores de risco CV
- Desequilíbrio/instabilidade constante, vertigem súbita ao
girar a cabeça, alterações visuais (escotomas e diplopias)
e queda súbita, sem perda de consciência
- Tratamento: manejo dos fatores de risco, AAS,
pentoxifilina (vasodilatador)
Vestibulopatias centrais
• AVC

• Esclerose múltipla

• Neoplasias intracranianas/Schwannoma vestibular

• Malformação de Arnold-Chiari

• Epilepsia

• Hiperventilação (ansiedade)
Pré-síncope/síncope
• Reflexo vasovagal
• Hipotensão ortostática
• Arritmias
• IAM
• Obstrução do fluxo de saída do coração (estenose aórtica,
hipertrofia septal assimétrica)
• Insuficiência vertebrobasilar/AIT/AVC
• Hipertensão intracraniana aguda
• Hemorragia subaracnóidea
• Crise convulsiva
• Embolia pulmonar
• Causas psicogênicas/hiperventilação
• Condições metabólicas: hipoglicemia; hiperglicemia; anemia;
hiponatremia
• Uso de álcool e outras drogas
• “Síncope” associada à tosse ou micção
• Disfunção cervical
• Síndrome do roubo da subclávia
• Enxaqueca
• Síndrome vasovagal
- Forma mais comum de pré-síncope, é associada a
situações ansiogênicas (punção venosa, dor)
- Diagnóstico clínico (de exclusão), “tilt-test”
- Manejo: decúbito

• Hipotensão ortostática
- Queda abrupta da pressão arterial ao se levantar
- Etiologias
 Medicamentos: anti-HAS, neurolépticos, tricíclicos,
levodopa, agentes colinérgicos e anti-histamínicos;
tratamento: suspender ou reduzir
 Idade: multifatorial (disfunção vestibular, isquemia
cerebral, propriocepção anormal, redução da acuidade
visual)
 Pós repouso prolongado
 Calor, redução do volume intravascular, neuropatia
autonômica
- Manejo: levantar gradual
• Causas cardíacas
- Arritmias (bloqueios cardíacos, bradiarritmias e
taquiarritmias)
 investigar em idosos e pacientes com história de
cardiopatia, com sintomas em repouso e palpitações
 considerar ECG e Holter

- Estenose aórtica e miocardiopatia hipertrófica


 ocorrem durante exercício físico, em associação
com precordialgia e sopro
 ecocardiograma é confirmatório

- IAM
 síncope por arritmia, dor intensa ou baixo débito
cardíaco
 condição incomum
Desequilíbrio
• Idosos
• Múltiplos déficits sensoriais: perda auditiva e visual,
disfunção da propriocepção, disfunção vestibular
• Paresia de extremidades: sequela de AVC, atrofia
por inatividade, neuropatia periférica
• Artropatia: joelho, quadril, tornozelo, cervical
• Ataxia cerebelar
• Medicamentos (ansiolíticos, neurolépticos)
• Doença progressiva do SNC: Parkinson, mielopatias
• Etilismo crônico
• Manejo: direcionado à condição de base
Tontura inespecífica
• Não enquadrada em outros grupos (vertigem, pré-
síncope, desequilíbrio)
• Sintomas vagos
• Origem emocional (ansiedade, tristeza) ou
psiquiátrica (depressão, transtornos de ansiedade,
etilismo)
• Excluir causas metabólicas
• Outras condições: fibromialgia, pós-trauma
craniano, medicamentos (antidepressivos,
anticolinérgicos)
• Hiperventilação é frequentemente associada
(tontura pode ser reproduzida pela hiperventilação
forçada)
• Tratamento: condição de base
DOR MUSCULOESQUELÉTICA
Dor musculoesquelética
• Um dos principais motivos de consulta em atenção
primária
• Sintoma mais prevalente
• Sexo feminino e idade avançada: maior nº de
consultas em APS
• Principais locais: coluna lombar e joelhos
• Dor aguda (< 4 a 6 semanas)
• Dor recorrente
• Dor crônica (> 6 semanas)
Exames complementares
• Radiografia simples
- Incidências perpendiculares (AP + perfil)
- Desalinhamentos
- Alterações ósseas (fraturas, erosões, periostite, esclerose, descalcificação,
proliferação)
- Alterações cartilaginosas (redução de espaço articular)

• Tomografia computadorizada
- Avalia estruturas ósseas em profundidade
- Investigação de estenose de canal medular, osteomielite, doença de Paget e
osteonecrose avascular

• Ultrassonografia
- Grande acurácia em distúrbios de tecidos moles (tendinite, sinovite, bursite,
rupturas, cistos, tofos)
- Permite identificação de erosões articulares

• Ressonância magnética
- Melhor capacidade de identificar alterações de tecidos moles e ósseas
- Limitações: alto custo, falsos-positivos

• Laboratoriais: de acordo com a suspeita clínica


Tratamento
• Analgésicos simples:
- Dipirona 500 a 1000 mg (VO, IM, ou IV) 6/6 horas
- Paracetamol 500 a 1000 mg VO 6/6 horas

• Opioides:
- Codeína 30 a 60 mg VO 6/6 horas
- Tramadol 50 a 100 mg (VO, IM, ou IV) 6/6 a 8/8 horas

• AINEs:
- AAS 500 a 1000 mg VO 6/6 horas
- Diclofenaco 50 mg VO 8/8 horas ou 75 mg IM 1x/dia
- Ibuprofeno 400 a 800 mg VO 6/6 a 8/8 horas
- Opções: cetoprofeno, cetorolaco, indometacina,
meloxicam, naproxeno, nimesulida, piroxicam, tenoxicam,
celecoxib
Tratamento
• AINEs tópicos – idosos, com comorbidades (maior
segurança)
- Diclofenaco gel 3 aplicações/dia

• Relaxantes musculares:
- Carisoprodol 150 mg VO 6/6 a 8/8 horas
- Ciclobenzaprina 5 a 10 mg VO 8/8 horas
- Orfenadrina 35 a 70 mg 6/6 a 8/8 horas

• Adjuvantes:
- Antidepressivos (tricíclicos, ISRS, IRSN)
- Anticonvulsivantes
- Corticosteroides

• Medidas de reabilitação
Encaminhamento
• Reumatologista: pacientes com poliartropatia
inflamatória crônica

• Tratamento cirúrgico (artroplastia): artrose com


dor moderada a intensa não controlável com terapia
conservadora

• Emergência/internação hospitalar: suspeita de


artrite séptica (monoartrite aguda), trauma com
fratura
TOSSE SUBAGUDA E CRÔNICA
Classificação
• Tosse aguda: < 3 semanas
- Causa: infecções respiratórias ou a exacerbações
de doenças crônicas

• Tosse subaguda: 3 a 8 semanas

• Tosse crônica: > 8 semanas


Sinais de alerta
• Hemoptise
• Emagrecimento
• Prostração
• Dispneia
• Presença de estridor
• Tabagismo pesado (>20 maços/ano)
• Contato de paciente com tuberculose
* Exposição à coqueluche
* Infecção por HIV
Tosse subaguda
• Causa importante: tosse pós-infecciosa
• Início da tosse coincide com um quadro de infecção
respiratória
• Sintomas sistêmicos (febre e prostração) ausentes
• Exame físico respiratório sem alterações
• Tosse seca ou pouco produtiva
• Em geral, autolimitada
• Não necessita tratamento específico
• Considerar anti-histamínico de 1ª geração +
descongestionante
- Dexclorfeniramina 2 mg + pseudoefedrina VO 4x/dia

*** Outras causas: manejar como tosse crônica


Tosse crônica
Causas comuns:
• Uso de IECA
• Síndrome de tosse das vias aéreas superiores
• Asma
• Doença do refluxo gastroesofágico (DRGE)
• Tabagismo/Doença pulmonar obstrutiva crônica
(DPOC)

Causas a considerar
• Bronquite eosinofílica
• Tuberculose
• Carcinoma brônquico ou de laringe
• Insuficiência cardíaca
Síndrome de tosse das vias
aéreas superiores
• Tosse, rinorreia e gota pós-nasal
• Palidez na mucosa nasofaríngea (aspecto de
“paralelepípedo”)
• Etiologias:
- Rinite alérgica ou vasomotora
- Rinofaringite aguda
- Sinusite aguda ou crônica
• Tratamento
- Causa de base
- Sintomático: anti-histamínico 1ª geração +
descongestionante, corticoide inalatório,
prednisona 30 a 40 mg/dia VO por curto período (se
tosse severa), codeína 15 a 30 mg 6/6h
Asma
• 2ª causa de tosse crônica em adultos
• Tosse episódica, desencadeada por exercício, frio –
pode ser a única manifestação (tosse variante da
asma)
• Associação com sibilância e dispneia facilita o
diagnóstico
• Considerar tratamento empírico:
- Corticoide e beta agonista inalatórios
- Corticosteroide VO 5 a 10 dias – opção

** Tratamento ineficaz – considerar bronquite


eosinofílica não asmática
Bronquite eosinofílica não
asmática
• Tosse crônica seca ou produtva
• Ausência de broncoconstrição,
hiperresponsividade das vias aéreas ou evidência
de outra doença pulmonar
• Diagnóstico: eosinofilia no escarro; resposta ao
tratamento empírico
• Manejo: corticosteroide inalatório – resolução em
até 4 semanas
• Remover fator ambiental/ocupacional
• Broncodilatadores são ineficazes
DRGE induzindo tosse
• Tosse após refeições ou ao deitar
• Tosse refratária aos tratamentos anteriores –
tratamento empírico
• Dieta antirrefluxo
• Modificações estilo de vida
• Medicamentos:
- Inibidores de bomba de prótons (IBP): omeprazol
- Pró-cinéticos: metoclopramida
Avaliação complementar
• Rx de tórax: 1ª linha de investigação em pacientes
com tosse crônica sem diagnóstico ao exame clínico
- Se alterado (massas, achados sugestivos de
insuficiência cardíaca ou infecção): tratamento
específico
• Espirometria: pode detectar asma ou DPOC

• Exame de escarro: fundamental para o diagnóstico


tuberculose bacilífera; pesquisa de eosinofilia é útil
como indicativa de bronquite eosinofílica não
asmática

• Encaminhamento ao pneumologista: se terapias


empíricas mal sucedidas ou diagnóstico incerto
DISPNEIA
• Sensação subjetiva de desconforto ou dificuldade para
respirar
• Aguda
• Crônica: > 30 dias de duração

• Causas:
- Respiratórias: asma, bronquite/bronquiolite, infecções
(pneumonia, influenza, tuberculose, SARA), DPOC, corpo
estranho, obstrução de vias áreas superiores,
pneumotórax, atelectasia, derrame pleural, doença
pulmonar intersticial
- Cardiovasculares: IC, IAM, arritmia, embolia pulmonar,
hipertensão pulmonar, dissecção aórtica, cardiomiopatia,
tamponamento pericárdico, anafilaxia
- Neuromusculares: Guillain-Barré, esclerose múltipla
- Neoplasias: carcinoma brônquico
- Hiperventilação: ansiedade, transtorno de pânico
- Anemia, doenças otorrinolaringológicas, acidose
metabólica radioterapia, uremia, fármacos e intoxicações
Avaliação clínica
• Caracterização da dispneia (aguda, crônica, aos
esforços, ortopneia, DPN, fatores desencadeantes)
• Sintomas associados (tosse, dor torácica, febre,
ansiedade, traumatismos)
• Hábitos (tabagismo); história ocupacional
• Sinais vitais: taquipneia (>20 mrpm), PA, FC, Tax, SatO 2
• Inspeção: sinais de hipoxigenação (cianose,
perfusão periférica, alteração de nível de consciência,
tiragem, uso de musculatura acessória), padrão
respiratório, turgência jugular, baqueteamento digital,
edema de MMII (IC, TVP)
• Ausculta cardíaca: B3, sopros, abafamento de bulhas
• Ausculta respiratória: intensidade e distribuição dos
MV, sibilos (asma, corpo estranho, neoplasias),
crepitações (PNM, congestão e EAP)
• Abdome: doença hepática, renal
Exames complementares
• Laboratoriais: avaliar anemia, tireoidopatias,
acidose metabólica; BNP (alterado na IC)
• Rx tórax:
- hiperinsuflação pulmonar, aumento dos espaços
intercostais e retificação das cúpulas diafragmáticas
(DPOC),
- índice cardiotorácico aumentado, linhas B de Kerley,
inversão do fluxo vascular pulmonar (IC),
- consolidações (PNM, derrame pleural),
- hipertransparência e desvio do medistino
(pneumotórax)
• Ecocardiograma: causas cardiovasculares
• Espirometria/pico de fluxo expiratório (peak
flow): função pulmonar
DOR TORÁCICA
Causas de dor torácica
• Cardiovasculares:
- Angina pectoris/IAM
- Estenose aórtica
- Miocardiopatia hipertrófica
- Insuficiência aórtica
- Anemia/hipoxia
- Dissecção de aorta
- Pericardite
- Prolapso de válvula mitral

• Pulmonares:
- Embolia pulmonar
- Pneumotórax
- Pneumonia
- Derrame pleural
- Neoplasias torácicas

• Neuromusculoesqueléticas
- Dor musculoesquelética (inespecífica)
- Síndrome do desfiladeiro torácico
- Disfunção da coluna cervical/torácica
- Trauma/fratura costal
- Síndrome miofascial
- Herpes-zóster

• Gastrointestinais
- Úlcera péptica
- Refluxo gastresofágico
- Cólica biliar
- Espasmo esofágico
- Ruptura do esôfago

• Psiquiátricas
- Síndrome do pânico
- Dor psicogênica

• Induzida por drogas

• Idiopática
DISPEPSIA
Dispepsia
• Definida como dor epigástrica recorrente, pirose, ou
regurgitação, com ou sem estufamento, náusea ou
vômitos

• Pode ser descrita como queimação epigástrica, dor


abdominal vaga, má digestão, indigestão, falta de
apetite, eructações e gastrite

• 3 grupos:
- Dispepsia não investigada
- Dispepsia funcional
- Dispepsia ulcerosa
Manejo inicial
• Orientações alimentares e sobre estilo de vida

• Antiácidos (hidróxido de magnésio + hidróxido de


alumínio): quando necessário – pacientes com
sintomas transitórios

• Omeprazol 20 mg/dia (ou outro IBP) 30 dias

• Erradicação do Helicobacter pylori:


- Omeprazol 20 mg (ou outro IBP) 2x/dia
- Amoxicilina 1000 mg 12/12 h (ou metronidazol 500
mg 12/12 h)
- Claritromicina 500 mg 12/12 h (ou 250 mg 12/12 h,
se associado ao metronidazol)
- Duração: 7 dias

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