Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
frequentes em Atenção
Básica
Clínica Médica I
Prof. André Ferraz
CEFALEIA
Avaliação clínica do
paciente com cefaleia
• História – caracterização da dor
• Exame físico
1. Sinais vitais: PA, Tax
2. Estado mental – Glasgow
3. Inspeção e palpação cervical e do crânio
4. Auscultar a região da articulação temporomandibular e
as carótidas
5. Oroscopia e otoscopia
6. Fundo de olho – papiledema (hipertensão intracraniana)
7. Sinais meníngeos – a rigidez de nuca (meningite e
hemorragia subaracnóidea)
8. Exame neurológico sumário – força e sensibilidade em
MMSS e MMII, marcha, coordenação, pares cranianos
selecionados (III e V)
Sinais e sintomas de alerta
1. Aparecimento súbito
2. Cefaleia ou dor mais intensa (“a pior da vida”)
3. Mudança do padrão de dor
4. Evolução insidiosa e progressiva
5. Início tardio (após os 50 anos)
6. Estado de mal migranoso (enxaqueca com duração > 72 horas) refratário
a tratamento
7. Cefaleia noturna ou ao acordar de início recente
8. Alteração do estado mental
9. Déficit neurológico focal
10. Desencadeada por esforço (pós-coito ou atividade física, na tosse ou
espirro, ou manobra de Valsalva)
11. Cefaleia iniciada após trauma de crânio recente
12. Cefaleia nova associada a crise epiléptica
13. Associada à infecção pelo HIV
14. Em paciente com neoplasia ou discrasia sanguínea (em uso de
anticoagulantes)
15. Rigidez de nuca
16. Febre, vômitos e mialgias
17. Sintomas ou sinais visuais (visão turva, resposta assimétrica pupilar,
papiledema)
Solicitação de exames –
cefaleia não aguda
• Achado anormal no exame neurológico
5. Preferência do paciente
• Frequente:
Cefaleia Tensional Crônica
Tratamento – cefaleia
tensional
• Abortivo:
1. Analgésicos comuns: paracetamol, dipirona
2. AINEs: ibuprofeno, naproxeno, cetoprofeno, AAS
3. Combinações: cafeína + ibuprofeno ou paracetamol
4. Não farmacológico: massoterapia, calor úmido local
• Vestibulopatias periféricas
decorrentes do sistema vestibular periférico, do órgão
vestibular na orelha interna até a entrada do nervo
vestibular no tronco encefálico
a diferença de atividade entre os dois labirintos gera uma
assimetria que chega ao núcleo vestibular, sendo
interpretada pelo cérebro como uma falsa sensação de
movimento
• Vestibulopatias centrais
lesões no SNC
distúrbio nos centros de interação vestíbulo-ocular no
tronco encefálico e cerebelo ou nas vias sensoriais do
tálamo
Vertibulopatias periféricas
• Predominam em adultos (4ª a 6ª décadas)
• Eletronistagmografia/videonistagmografia:
permite o registro gráfico do nistagmo
• Insuficiência vertebrobasilar
- Diminuição do fluxo sanguíneo das artérias vertebrais e
basilar por placas de ateroma, hipotensão ou compressão
extrínseca (osteófitos cervicais)
- Mais frequente em pacientes com fatores de risco CV
- Desequilíbrio/instabilidade constante, vertigem súbita ao
girar a cabeça, alterações visuais (escotomas e diplopias)
e queda súbita, sem perda de consciência
- Tratamento: manejo dos fatores de risco, AAS,
pentoxifilina (vasodilatador)
Vestibulopatias centrais
• AVC
• Esclerose múltipla
• Malformação de Arnold-Chiari
• Epilepsia
• Hiperventilação (ansiedade)
Pré-síncope/síncope
• Reflexo vasovagal
• Hipotensão ortostática
• Arritmias
• IAM
• Obstrução do fluxo de saída do coração (estenose aórtica,
hipertrofia septal assimétrica)
• Insuficiência vertebrobasilar/AIT/AVC
• Hipertensão intracraniana aguda
• Hemorragia subaracnóidea
• Crise convulsiva
• Embolia pulmonar
• Causas psicogênicas/hiperventilação
• Condições metabólicas: hipoglicemia; hiperglicemia; anemia;
hiponatremia
• Uso de álcool e outras drogas
• “Síncope” associada à tosse ou micção
• Disfunção cervical
• Síndrome do roubo da subclávia
• Enxaqueca
• Síndrome vasovagal
- Forma mais comum de pré-síncope, é associada a
situações ansiogênicas (punção venosa, dor)
- Diagnóstico clínico (de exclusão), “tilt-test”
- Manejo: decúbito
• Hipotensão ortostática
- Queda abrupta da pressão arterial ao se levantar
- Etiologias
Medicamentos: anti-HAS, neurolépticos, tricíclicos,
levodopa, agentes colinérgicos e anti-histamínicos;
tratamento: suspender ou reduzir
Idade: multifatorial (disfunção vestibular, isquemia
cerebral, propriocepção anormal, redução da acuidade
visual)
Pós repouso prolongado
Calor, redução do volume intravascular, neuropatia
autonômica
- Manejo: levantar gradual
• Causas cardíacas
- Arritmias (bloqueios cardíacos, bradiarritmias e
taquiarritmias)
investigar em idosos e pacientes com história de
cardiopatia, com sintomas em repouso e palpitações
considerar ECG e Holter
- IAM
síncope por arritmia, dor intensa ou baixo débito
cardíaco
condição incomum
Desequilíbrio
• Idosos
• Múltiplos déficits sensoriais: perda auditiva e visual,
disfunção da propriocepção, disfunção vestibular
• Paresia de extremidades: sequela de AVC, atrofia
por inatividade, neuropatia periférica
• Artropatia: joelho, quadril, tornozelo, cervical
• Ataxia cerebelar
• Medicamentos (ansiolíticos, neurolépticos)
• Doença progressiva do SNC: Parkinson, mielopatias
• Etilismo crônico
• Manejo: direcionado à condição de base
Tontura inespecífica
• Não enquadrada em outros grupos (vertigem, pré-
síncope, desequilíbrio)
• Sintomas vagos
• Origem emocional (ansiedade, tristeza) ou
psiquiátrica (depressão, transtornos de ansiedade,
etilismo)
• Excluir causas metabólicas
• Outras condições: fibromialgia, pós-trauma
craniano, medicamentos (antidepressivos,
anticolinérgicos)
• Hiperventilação é frequentemente associada
(tontura pode ser reproduzida pela hiperventilação
forçada)
• Tratamento: condição de base
DOR MUSCULOESQUELÉTICA
Dor musculoesquelética
• Um dos principais motivos de consulta em atenção
primária
• Sintoma mais prevalente
• Sexo feminino e idade avançada: maior nº de
consultas em APS
• Principais locais: coluna lombar e joelhos
• Dor aguda (< 4 a 6 semanas)
• Dor recorrente
• Dor crônica (> 6 semanas)
Exames complementares
• Radiografia simples
- Incidências perpendiculares (AP + perfil)
- Desalinhamentos
- Alterações ósseas (fraturas, erosões, periostite, esclerose, descalcificação,
proliferação)
- Alterações cartilaginosas (redução de espaço articular)
• Tomografia computadorizada
- Avalia estruturas ósseas em profundidade
- Investigação de estenose de canal medular, osteomielite, doença de Paget e
osteonecrose avascular
• Ultrassonografia
- Grande acurácia em distúrbios de tecidos moles (tendinite, sinovite, bursite,
rupturas, cistos, tofos)
- Permite identificação de erosões articulares
• Ressonância magnética
- Melhor capacidade de identificar alterações de tecidos moles e ósseas
- Limitações: alto custo, falsos-positivos
• Opioides:
- Codeína 30 a 60 mg VO 6/6 horas
- Tramadol 50 a 100 mg (VO, IM, ou IV) 6/6 a 8/8 horas
• AINEs:
- AAS 500 a 1000 mg VO 6/6 horas
- Diclofenaco 50 mg VO 8/8 horas ou 75 mg IM 1x/dia
- Ibuprofeno 400 a 800 mg VO 6/6 a 8/8 horas
- Opções: cetoprofeno, cetorolaco, indometacina,
meloxicam, naproxeno, nimesulida, piroxicam, tenoxicam,
celecoxib
Tratamento
• AINEs tópicos – idosos, com comorbidades (maior
segurança)
- Diclofenaco gel 3 aplicações/dia
• Relaxantes musculares:
- Carisoprodol 150 mg VO 6/6 a 8/8 horas
- Ciclobenzaprina 5 a 10 mg VO 8/8 horas
- Orfenadrina 35 a 70 mg 6/6 a 8/8 horas
• Adjuvantes:
- Antidepressivos (tricíclicos, ISRS, IRSN)
- Anticonvulsivantes
- Corticosteroides
• Medidas de reabilitação
Encaminhamento
• Reumatologista: pacientes com poliartropatia
inflamatória crônica
Causas a considerar
• Bronquite eosinofílica
• Tuberculose
• Carcinoma brônquico ou de laringe
• Insuficiência cardíaca
Síndrome de tosse das vias
aéreas superiores
• Tosse, rinorreia e gota pós-nasal
• Palidez na mucosa nasofaríngea (aspecto de
“paralelepípedo”)
• Etiologias:
- Rinite alérgica ou vasomotora
- Rinofaringite aguda
- Sinusite aguda ou crônica
• Tratamento
- Causa de base
- Sintomático: anti-histamínico 1ª geração +
descongestionante, corticoide inalatório,
prednisona 30 a 40 mg/dia VO por curto período (se
tosse severa), codeína 15 a 30 mg 6/6h
Asma
• 2ª causa de tosse crônica em adultos
• Tosse episódica, desencadeada por exercício, frio –
pode ser a única manifestação (tosse variante da
asma)
• Associação com sibilância e dispneia facilita o
diagnóstico
• Considerar tratamento empírico:
- Corticoide e beta agonista inalatórios
- Corticosteroide VO 5 a 10 dias – opção
• Causas:
- Respiratórias: asma, bronquite/bronquiolite, infecções
(pneumonia, influenza, tuberculose, SARA), DPOC, corpo
estranho, obstrução de vias áreas superiores,
pneumotórax, atelectasia, derrame pleural, doença
pulmonar intersticial
- Cardiovasculares: IC, IAM, arritmia, embolia pulmonar,
hipertensão pulmonar, dissecção aórtica, cardiomiopatia,
tamponamento pericárdico, anafilaxia
- Neuromusculares: Guillain-Barré, esclerose múltipla
- Neoplasias: carcinoma brônquico
- Hiperventilação: ansiedade, transtorno de pânico
- Anemia, doenças otorrinolaringológicas, acidose
metabólica radioterapia, uremia, fármacos e intoxicações
Avaliação clínica
• Caracterização da dispneia (aguda, crônica, aos
esforços, ortopneia, DPN, fatores desencadeantes)
• Sintomas associados (tosse, dor torácica, febre,
ansiedade, traumatismos)
• Hábitos (tabagismo); história ocupacional
• Sinais vitais: taquipneia (>20 mrpm), PA, FC, Tax, SatO 2
• Inspeção: sinais de hipoxigenação (cianose,
perfusão periférica, alteração de nível de consciência,
tiragem, uso de musculatura acessória), padrão
respiratório, turgência jugular, baqueteamento digital,
edema de MMII (IC, TVP)
• Ausculta cardíaca: B3, sopros, abafamento de bulhas
• Ausculta respiratória: intensidade e distribuição dos
MV, sibilos (asma, corpo estranho, neoplasias),
crepitações (PNM, congestão e EAP)
• Abdome: doença hepática, renal
Exames complementares
• Laboratoriais: avaliar anemia, tireoidopatias,
acidose metabólica; BNP (alterado na IC)
• Rx tórax:
- hiperinsuflação pulmonar, aumento dos espaços
intercostais e retificação das cúpulas diafragmáticas
(DPOC),
- índice cardiotorácico aumentado, linhas B de Kerley,
inversão do fluxo vascular pulmonar (IC),
- consolidações (PNM, derrame pleural),
- hipertransparência e desvio do medistino
(pneumotórax)
• Ecocardiograma: causas cardiovasculares
• Espirometria/pico de fluxo expiratório (peak
flow): função pulmonar
DOR TORÁCICA
Causas de dor torácica
• Cardiovasculares:
- Angina pectoris/IAM
- Estenose aórtica
- Miocardiopatia hipertrófica
- Insuficiência aórtica
- Anemia/hipoxia
- Dissecção de aorta
- Pericardite
- Prolapso de válvula mitral
• Pulmonares:
- Embolia pulmonar
- Pneumotórax
- Pneumonia
- Derrame pleural
- Neoplasias torácicas
• Neuromusculoesqueléticas
- Dor musculoesquelética (inespecífica)
- Síndrome do desfiladeiro torácico
- Disfunção da coluna cervical/torácica
- Trauma/fratura costal
- Síndrome miofascial
- Herpes-zóster
• Gastrointestinais
- Úlcera péptica
- Refluxo gastresofágico
- Cólica biliar
- Espasmo esofágico
- Ruptura do esôfago
• Psiquiátricas
- Síndrome do pânico
- Dor psicogênica
• Idiopática
DISPEPSIA
Dispepsia
• Definida como dor epigástrica recorrente, pirose, ou
regurgitação, com ou sem estufamento, náusea ou
vômitos
• 3 grupos:
- Dispepsia não investigada
- Dispepsia funcional
- Dispepsia ulcerosa
Manejo inicial
• Orientações alimentares e sobre estilo de vida