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Caso Clínico 1
FCA, 18 anos, masculino, pardo, estudante do 1º ano de administração;
QD: forte dor de cabeça a vômitos há 24h;
HPMA: há um dia iniciou com cefaléia holocraniana pulsátil, muito intensa (EVA 9/10), acompanhada
de vômitos, febre (39,5ºC – axilar). Nas ultimas horas está mais sonolento e apático;
ISDA: hiporexia há 3 dias, tontura quando se levanta rápido há um dia;
AP: nada
Exame físico:
Sinais vitais: PA 90x50 mmHg; P: 115 R; Taxilar 39ºC; FR 18;
Geral: REG, febril, sonolento, confuso, desidratado +/4+, corado, eupneico, anictérico, acianótico;
Respiratório: MV presente, sem ruídos adventícios
Cardiovascular: BRNF s/s em 2T, pulsos 4/4+
Abdome: plano, normotenso, indolor, RHA (+), sem visceromegalias
Membros/Pele: manchas avermelhadas puntiformes em MMSS e tronco
Exame neurológico:
Consciência: confuso, desorientado no tempo e no espaço, torporoso
Marcha e equilíbrio: não colabora para ficar em pé
Motricidade: força motora aparentemente grau 5 (colabora pouco), reflexos tendinosos vivos nos 4
membros (B/ER/T/P/Aq), CP em flexão bilateral, tônus e trofismo normais .
Sensibilidade: não colabora
Cerebelo: não colabora
Pares cranianos: aparentemente normais, pupilas isso e fotoreagentes (+) 4 mm
Rigidez de nuca ++/4+, kerning + e Brudzinski +.
Exames Laboratoriais:
Hemograma: Hb 12,8; Htc 41; Leuco 23000 (3% bast, 90% polimorfonucleares), plaquetas 16000
Ureia 32; creatinina 0,6; Na 146; TGO e TGO normais; glicemia: 135
PCR 150
Sorologias: HIV, hepatie B e C, sífilis (-)
UI: normal
Liquor:
Turvo, amarelo
Células 1100 (90% PMN); hemácias 30; glicose 15; proteínas 500 mg
Bacterioscopia: diplococos gram (-)
Látex: meningo C
Cultura: N. meningitidis (3 dias)
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| Bruna Neves
Diagnóstico
Fisiopatologia
Pode ocorrer por:
• Colonização da mucosa faríngea: extensão direta através de veias emissárias de uma infecção
localizada na vizinhança do espaço subaracnóideo (sinusite; otite média; mastoidite)
• Bacteremia de uma infecção sistêmica
• Infecção direta.
Quadro clinico
à Algumas meningites bacterianas apresentam lesões exantemáticas petequiais durante as fases iniciais
da doença. Essas lesões de pele são extremamente frequentes e características da meningite meningocócica.
• Cefaleia intensa
• Náuseas
• Vômitos em jato (vomito súbito, inesperado, não precedido por náusea)
• Confusão mental (obnubilação e coma superficial, são as formas mais frequentes)
• Edema de papila (em 80% observa-se escotomas cintilantes, fotofobia e/ou redução da acuidade
visual)
• Convulsão (quando surgem tardiamente podem denunciar complicação supurativa ou
neurológica)
• Sinais neurológicos focais (indica mau prognóstico, ex: anisocoria, paralisia espástica com
hiperreflexia osteotendinosa assimétrica, paresia).
Rigidez da nuca:
O flexionamento da cabeça é dificultado ou mesmo impossível. A contratura extensora máxima da
musculatura dorsal constitui o opistótono (grau máximo de rigidez de nuca).
à O meningismo (dor à flexão do pescoço, sem comprometimento supurativo das meningites) pode se
confundir com a rigidez de nuca e está presente em várias clínicas, como septicemias, processos inflamatórios
localizados no segmento cervical, mastoidite, desidratação hipertânica, convulsões febris da infância, contraturas
voluntárias de origem psicossomática.
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Sinal de Brudzinski:
Ao se fazer a pesquisa de rigidez da nuca, o examinador deve observar também os joelhos do paciente.
Ao se proceder à flexão anterior da cabeça, o paciente flete ligeiramente ambos os joelhos.
Sinal de Kernig:
Limitação dolorosa da extensão da perna, quando se traciona positivamente a coxa sobre a bacia
(mantendo o joelho articulado). A perna oposta, mantida estendida, tende a se flexionar, simultaneamente.
Caracterizando um estado de “contratura das extremidades
Sinal do “tripé”:
Observado quando, ao se flexionar passivamente o tronco, no sentido de manter sentado o paciente,
este adota uma posição característica, com a cabeça rígida, joelhos articulados e braços para trás, obrigando-
se a se sustentar em três pontos de apoio: as mãos, a bacia e os pés.
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| Bruna Neves
Terapia empírica
Meningite Viral: mesmos sinais da bacteriana, mas o paciente vem com um bom estado geral; sintomas
mais amenos; quadro mais beningno e limitado
Etiologia: enterovirus, vírus da caxumba, herpes simples, varicela-zoster; Epstein bar
Indicações
A punção lombar pode ser indicada por razoes diagnósticas e terapêuticas
• Administração de anestesia espinhal e epidural
• Analise diagnóstica do liquido cefalorraquidiano em processos infecciosos
• Doenças inflamatórias, como esclerose múltipla
• Câncer (leucemia)
• Doenças metabólicas
Contraindicações
• Paciente com comprometimento cardiorrespiratório
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Equipamentos
Preparo do material antes do inicio da punção lombar:
• Luvas estéreis
• Agulha espinal (20 a 22 gauge) com mandril
• Material para degermação
• Campo estéril
• 4 tubos para coleta de material
o Tubo 1: testes químicos e sorológicos
o Tubo 2: microbiologia
o Tubo 3: hematologia
o Tubo 4: testes adicionais
• Manômetro
• Agulha com seringa de lidocaína
Preparação
1. Explicar ao paciente sobre o procedimento, seus riscos e benefícios potenciais
2. Obter consentimento informado do paciente ou de seus responsáveis
3. O paciente deve ser posicionado em decúbito lateral, com a coluna lombar paralela ao leito e assumir
posição fetal, curvando-se de forma a ficar com as costas fletidas
à essa posição aumenta o espaço entre os processos espinhosos e ajudam a manter a agulha na
linha média
4. Uma linha média é traçada pelas bordas superiores das cristas ilíacas, interceptando na linha média
o processo espinhoso de L4
5. A agulha deve ser inserida no espaço intervertebral de L3 e L4 ou L4 e L5
à esses locais estão abaixo do término da medula espinal
6. Palpe os pontos de referencia antes de preparar a pele e administrar a anestesia local
7. Use uma caneta para marcar na pele o local de inserção da agulha
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Procedimento
1. Identifique novamente os pontos de referencia anatômicos
2. Insira a agulha com mandril, posicionada com o bizel para cima no plano sagital, firmemente no
local, direcionando-a a um ângulo de aproximadamente 15º em direção ao umbigo do paciente
à bizel em plano sagital para separar (e não cortar), as fibras do saco dural; reduz o vazamento de
liquido cefalorraquidiano.
3. A agulha passará pela:
• Pele
• Tecido subcutâneo
• Ligamento supraespinhal
• Ligamento interespinhal (entre os
espaços espinhosos)
• Ligamento amarelo
• Espaço epidural
• Duramater
• Aracnoide
• Espaço subaracnoide
• Entre as raízes nervosas da cauda equina
4. Conforme a agulha atravessa o ligamento amarelo, é possível ter uma sensação de estalo
5. Ao atingir esse ponto, a agulha deve ser movida de 2 mm em 2 mm
6. Retirar o mandril a cada 2 mm para checar se há fluxo de LCR
à se não for detectado e tocar no osso, retraia a agulha até o tecido subcutâneo, sem tirá-la da pele,
e redirecione a agulha
7. O liquor fluirá assim que a agulha atingir o espaço subaracnóide
8. Se houver acidente de punção, o líquor pode estar tinto de sangue, conforme mais liquor se acumular
no canhão, ele se tornará translúcido, a menos que o sangue seja originado de uma hemorragia
subaracnoide
Se o fluxo de liquido for lento, uma raiz nervosa pode estar obstruindo a agulha , e a agulha deve
ser girada a 90º
Se o sangue entrar pela agulha ela pode entupir, nesse caso troque agulha e aborde novamente, por
outro espaço intervertebral
Pressão de abertura:
1. Use um conector flexível e acople um manômetro à agulha espinhal
2. Após aguardar subida da coluna de fluido e possivelmente observando pulsação por movimento
cardíaco ou respiratório, você deve fazer a leitura
Se a pressão do liquor ultrapassar 25 cm H2O, deve-se monitorar cuidadosamente o paciente para sinais de
herniação e determinar a causa da elevação da PIC que o paciente apresenta.
Coleta da Amostra :
Você deve permitir que o líquor pingue para dentro dos tubos de coleta
à nunca aspire, uma pequena pressão negativa já pode precipitar hemorragia
A quantidade de liquor coletada deve ser a mínima necessária para análise, tipicamente de 3 a 4 mL
Análise
Dificuldade
• Pacientes obesos (dificuldade para identificar o ponto de referência)
• Osteoartrite, espondilite anquilosante, cifoescoliose
• Cirurgia previa com alteração de pontos de referência e espaços intervertebrais
• Doença discal degenerativa
Complicações
• Herniação cerebelar
• Dor referida
• Cefaleia pós punção lombar
• Sangramento
• Infecção
• Formação de cisto epidermal subaracnoide
• Vazamento do liquor
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