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ANTIBIOTICOTERAPIA

7° PERÍODO - 2° CICLO

MENINGITES BACTERIANAS: doença acima de 60 anos), Staphylococcus


inflamatória das leptomeninges aureus (trauma ou pós neurocirurgia),
(aracnóide e pia-máter), incluindo e Pseudomonas aeruginosa​, Klebsiella
espaço subaracnóideo. pneumoniae​, Enterobacter sp. ​,
- a meningite bacteriana reflete a Salmonella sp.​, Proteus sp.​
infecção por bactérias da aracnóide e
do líquido cefalorraquidiano (líquor -
LCR) tanto no espaço subaracnóideo
quanto nos ventrículos cerebrais.

Etiologia: Neisseria meningitidis


(meningococo), um diplococo
gram-negativo, aeróbio, imóvel.
- tem uma cápsula polissacarídica que
permite a classificação do
meningococo em 12 diferentes
sorogrupos. Os sorogrupos A,B,C,Y,W
e X são os principais responsáveis
pela ocorrência da doença invasiva.
- pode causar também a
meningococcemia (doença Patogênese: ocorre colonização do
meningocócica generalizada). trato respiratório, TGI ou genital
- Streptococcus pneumoniae inferior.
(pneumococo). Maior gravidade e - invasão da bactéria na corrente
letalidade. sanguínea, sobrevivência nesse meio
- tem mais de 90 sorotipos e entrada no espaço subaracnóideo.
capsulares, imunologicamente - proliferação bacteriana no espaço
distintos, que causam doença subaracnóideo.
pneumocócica invasiva e não invasiva. Transmissão: secreções respiratórias
- Haemophilus influenzae é um de pessoas infectadas, assintomáticas
cocobacilo gram negativa, que pode ou doentes.
ser classificado em 6 sorotipos, a
partir da diferença antigênica da Incubação: em média, de 3 a 4 dias,
cápsula polissacarídica. podendo variar de 2 a 10 dias.
- outras: Mycobacterium
tuberculosis, Streptococcus agalactiae Transmissibilidade: até 24h de
(causadora de sepse neonatal)​, antibioticoterapia adequada.
Listeria monocytogenes (extremos de
idade, RN até 3 meses de idade e Clínica:
Sintomas sistêmicos: febre, anorexia, - glicose diminuída (o normal é ⅔ da
mal-estar geral, prostração e glicemia capilar), proteínas,
mialgias. leucócitos (polimorfonuclear
neutrófilos) e lactato aumentados.
Sinais de hipertensão intracraniana:
cefaléia holocraniana, forte
intensidade, sem melhora com
analgésicos.
- vômitos/náuseas.
- letargia, irritabilidade, recusa
alimentar e abaulamento da
fontanela.
- bacterioscopia direta e coloração de
- alteração no estado mental,
gram.
fotofobia, inconsciência, paresia,
- cultura do LCR (positiva em até
déficit neurológico focal e convulsões.
48h).
- aglutinação pelo látex.
Sinais de irritação meníngea: rigidez de
- PCR.
nuca, sinal de Kernig e sinal de
Brudzinski.
TC de crânio: é recomendado TC antes
do LCR para evitar herniação cerebral
Lactentes: abaulamento e/ou aumento
em casos de:
de tensão da fontanela, aliados a
● imunossuprimidos (HIV,
febre, irritabilidade, gemência,
terapia imunossupressora,
inapetência e vômitos.
transplantados.
● história de doença do SNC
RN: febre nem sempre está presente,
(lesão em massa, acidente
hipotermia, recusa alimentar,
vascular cerebral ou infecção
cianose, convulsões, apatia e
focal).
irritabilidade, que se alternam,
● crise convulsiva nova.
respiração irregular e icterícia.
● papiledema.
● alteração de nível de
Diagnóstico:
consciência.
LCR: linha horizontal na crista ilíaca
● déficit neurológico focal.
(L3-L4-L5).
- é CI a punção do LCR nesses casos.

Exames gerais: hemograma com


leucocitose e desvio à esquerda,
- PCR e VHS aumentados.
- hemocultura para identificar o
agente.
- função renal e hepática.
- alteração de cor (turva) e
celularidade (até 5 células).
Tratamento:
Antibióticos: - não desenvolvem a doença quando
< I mês de vida: cefotaxima + infectados, mantém a leptospira nos
ampicilina. rins, eliminando-a viva no meio
- não pode usar ceftriaxona, pois ela ambiente.
compete com a excreção de
bilirrubina, podendo gerar toxicidade. Transmissão: através da urina de
1 a 3 meses de vida: ceftriaxona + animal contaminado.
ampicilina.
A partir de 3 meses de vida:
ceftriaxona.
- adulto: 2g em 12/12h.

> 60 anos, imunossuprimidos,


neoplasia e predomínio linfocitário:
ceftriaxona 2g de 12/12h + ampicilina
2g EV de 4/4h.
Risco de pneumococo resistente:
ceftriaxona + vancomicina.

Tempo de tratamento:
Pneumococo: 10 a 14 dias.
Meningococo: 7 dias.
Haemophilus influenzae: 7 dias.
Listeria monocytogenes: 21 dias.

Corticóide:
- o ser humano é apenas hospedeiro
acidental e terminal, dentro da cadeia
LEPTOSPIROSE: doença infecciosa de transmissão.
febril de início súbito. - a transmissão pessoa a pessoa é
- uma zoonose (doença transmitida rara, mas pode ocorrer pelo contato
por animais). com urina, sangue, secreções e
- problema da saúde pública no Brasil. tecidos de pessoas infectadas.
- pode ter tanto formas brandas até Incubação: 1 a 30 dias (média de 5 a 14
formas muito graves. dias).

Etiologia: bactéria L. interrogans, Transmissibilidade: os animais


uma espiroqueta do gênero leptospira. infectados podem eliminar a
- mais de 300 sorovares, como espiroqueta por toda a vida.
Icterohaemorrhagiae e Copenhageni.
Fisiopatologia: a bactéria penetra
Reservatórios: roedores (ratazana ou pela pele/mucosa, ocorre
rato de esgoto, rato de telhado ou disseminação e tem tropismo por
rato-preto, camundongo ou catita).
alguns tecidos, como fígado, rins,
coração e músculo esquelético. Diagnóstico diferencial:
- pode ocorrer lesão vascular, levando Forma anictérica: dengue, influenza,
ao extravasamento de líquido e hantavirose, sepse, chagas agudo e
fenômenos hemorrágicos. febre tifoide.
- pode ocorrer lesão/disfunção
celular, levando a disfunção hepática Forma ictérica: febre tifóide, malária,
e renal. riquetsioses, hepatites, febre amarela,
colangite, dengue grave e síndrome
Clínica: pode ter anictérica (tem a fase hemolítica urêmica.
precoce e a tardia) ou icterícia.
Diagnóstico laboratorial:
Forma anictérica: Exames inespecíficos: leucocitose
Fase leptospiremia (precoce): dura de (neutrofilia com desvio à esquerda).
4 a 7 dias. - plaquetopenia, hiperbilirrubinemia
- febre alta, mialgia, calafrios, (predomínio de direta).
cefaléia, artralgia, hiperemia - aumento de transaminases (TGO >
conjuntival, exantema. TGP).
- mialgia intensa, principalmente em - aumento de CPK (lesão muscular),
panturrilhas e região lombar. ureia e creatinina.
- fase autolimitada. - potássio normal ou baixo.
Fase imune (tardia): 4 a 30 dias.
- reaparecimento de febre. Exames específicos:
- meningite asséptica (líquor Fase precoce: cultura de sangue e LCR.
normal), paralisia focais, convulsões, Fase tardia: cultura urina.
uveítes e alteração de função renal. Sorologias: método de escolha.
- ELISA-IgM e microaglutinação.
Forma íctero-hemorrágica: início no 3°
ao 7° dia de doença. Tratamento:
- começa com sintomas gerais Fase precoce: doxiciclina 100 mg VO de
importantes e evolui com as formas 12/12h por 5 a 7 dias.
graves rapidamente. - amoxicilina 500 mg VO de 8/8h por
- icterícia rubínica 5 a 7 dias.
(amarelo-avermelhada). Fase tardia: ceftriaxona 1 a 2g EV de
- dor abdominal com hepatomegalia. 24/24h por 7 dias.
- disfunção renal.
- alteração do nível de consciência. Quimioprofilaxia: controverso.
Síndrome de Weil: icterícia (rubínica - doxiciclina 200 mg por semana.
pelo predomínio de BD) +
insuficiência renal (não oligúrica, INFECÇÕES SEXUALMENTE
hipocalemia) + hemorragia TRANSMISSÍVEIS (ISTs): as
(pulmonar, petéquias, equimoses, principais manifestações clínicas das
sangramento nos locais de punção IST1s são corrimento vaginal, úlceras
venosa).
genitais, corrimento uretral e - agentes menos frequentes:
verrugas anogenitais. Mycoplasma genitallium/hominis,
Ureaplasma urealytiucm,
Etiologia: Trichomonas vaginalis e Hepres
Síndrome úlcera genital: LGV simples. Pensar nestes agentes em
(Chlamydia trachomatis), cancroide casos de uretrites persistentes (sem
(Haemophilus ducreyi), herpes melhora com tratamento inicial).
genital (HPV), donovanose (Klebsiella
granulomatis) e sífilis (Treponema Diagnósticos: exame de urina (1° jato).
palladium). - swab uretral e coloração de gram da
secreção.
Síndrome corrimento uretral/vaginal: - detecção do agente por biologia
clamídia (Chlamydia trachomatis) e molecular.
gonorreia (Neisseria gonorrhoeae - - cultura da secreção em meios
um diplococo gram negativo). específicos.
- são exames pouco disponíveis.
Uretrite/corrimento uretral:
corrimento mucóide a purulento. Tratamento sindrômico: ceftriaxona
- dor uretral (independente da 500mg IM DU para gonococo.
micção). - azitromicina 500 mg 2 cp VO DU
- disúria e estrangúria. para clamídia.
- prurido uretral. - identificação de última exposição de
- eritema de meato uretral. risco (< 72 horas - avaliar PEP HIV).
- uretrite gonocócica x não - realizar investigação de parceiras
gonocócica (possível diferenciar pela sexuais.
coloração de Gram). - orientação e/ou tratamento
oportuno das parceiras.
Uretrite gonocócica: Neisseria - orientação de pesquisa de outras
gonorrhoeae (diplococo gram ISTs.
negativa intracelular). - encaminhamento para centros de
- muco purulento. referências ou especialista
- tem uma incubação de 2-5 dias. (infectologista).
- risco de transmissão 50%
- a maioria das mulheres são Infecção por Chlamydia e Gonococo
assintomáticas, já os homens a extragenital:
maioria são sintomáticos. Proctite: desconforto anal, puxo,
tenesmo, secreção mucoourlento.
Uretrite não gonocócica: principal Conjuntivite gonocócica: secreção
agente é a Chlamydia trachomatis, purulenta e periorbital.
responsável por 50% dos casos. - auto inoculação ou fômites.
- risco de 20% por ato sexual, período Faringite: assintomática em 90% dos
de incubação de 14 a 21 dias. casos.
- corrimento mucóide discreto com
disúria leve intermitente.
Úlceras genitais: principais agente - fase de disseminação linfática
são Treponema pallidum (sífilis - (adenopatia inguinal geralmente
cancro duro), Haemophilus ducreyi unilateral).
(cancro mole/cancroide), HSV-1 e
HSV-2 (herpes simples), Chlamydia Donovanose: Klebsiella granulomatis.
trachomatis (LGV) e Klebsiella - crônica e progressiva.
granulomatis (donovanose). - período de incubação longo.
- ulceração borda plana ou
Cancro duro - sífilis 1ª: local de hipertrófica e fundo granuloso.
inoculação do Treponema pallidum. - adenopatia é raro.
- incubação de 10 a 90 dias.
- indolor, base e borda endurecida e Conduta:
fundo limpo.
- resolução espontânea em 2 a 6
semanas.
- linfadenopatia regional.
- pode ser o cancro em outras regiões,
como cavidade oral e anal.

Cancro mole - cancróide: Haemophilus


ducreyi.
- lesões geralmente dolorosas e
múltiplas.
- fundo heterogêneo, exsudato
necrótico ou amarelado, com odor
fétido. Tratamento:
- incubação de 3 a 5 dias. Sífilis: penicilina benzatina 1.200.000
- 30 a 50% dos casos atingem UI IM em cada nádega.
linfonodos inguinais (bubão). Cancro mole: azitromicina 500 mg 2
cp DU.
Herpes simples genital: HSV-1 ou Herpes: aciclovir 200 mg 2 cp VO
HSV-2. 3x/dia por 7-10 dias.
- primo infecção ou reativação. LGV: doxiciclina 100 mg 1 cp VO de
- incubação de 2 a 7 dias. 12-12h por 21 dias.
- vesículas agrupadas sobre base
eritematosa. Úlceras não IST: erupção fixa a
- evoluem para pequenas úlceras drogas.
arredondadas ou policíclicas. - úlcera de Behçet.
- carcinoma.
Linfogranuloma venéreo: Chlamydia
trachomatis sorotipos L1, L2 e L3. Sífilis:
- fase de inoculação (pápula ou úlcera Sífilis 2ª: roséola sifilítica.
genital auto resolvida).
- lesões máculo papulares tronco,
genital e palmo plantares. Métodos diagnósticos: exames diretos
- colarete de Biett - halo final de como pesquisa direta do T. pallidum
descamação ao redor das lesões (microscopia de campo escuro).
máculo papulares. - exames indiretos (testes
- condiloma plano. sorológicos):
- outros: micropoliadenopatia, Treponêmicos: 1 vez positivo, sempre
linfadenopatia generalizada, sinais positivo.
constitucionais e quadros - é quantitativo.
neurológicos, oculares e hepáticos. - teste rápido imunocromatográfico.
- FTA-Abs.
Sífilis 3ª: após período variável de - THPA.
latência (1 a 40 anos). Não treponêmico: é qualitativo.
- inflamação que causa destruição - VDRL e RPR.
tecidual, como alterações cutâneas,
ósseas, cardiovasculares e Tratamento:
neurológicas

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