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5º Ano 1º Semestre
História Clínica
Identificação
Nome: L.M.R.M.
Sexo: Masculino
Idade: 37 anos
Raça: Caucasóide
Naturalidade: Vila Nova de Poiares
Residência: Vila Nova de Poiares
Estado Civil: Divorciado
Profissão: Trabalhador em matadouro
Local e data da colheita da história: Cama 6 do Serviço de Doenças Infecciosas do
CHUC, no dia 25 de Novembro de 2014
Motivo de Internamento
Cefaleias intensas
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Antecedentes Pessoais
Médico-Cirúrgicos:
Pólipos nasais diagnosticados há 22 anos tendo sido submetido a cirurgia
correctiva há 10 anos, mas que recidivaram.
Hábitos:
Alcoólicos: 80-100g/dL por dia
Tabágicos: nega
Toxicómanos: nega
Alimentares: alimentação equilibrada, sem restrições. Nega consumo de
lacticínios não pasteurizados. Refere consumo de produtos agrícolas de cultivo
próprio.
Sexuais: nega relações sexuais de risco
Medicação Habitual
Inibidor da bomba de protões 1 id
Antecedentes familiares
Mãe: tem artrite reumatóide.
Pai saudável.
Filha com 17 anos, saudável.
Exame Objectivo
Não foi realizado por indicação do professor assistente. Apenas de referir que o doente
se encontrava consciente, orientado e colaborante, bem-disposto. Era importante um
exame cuidadoso dos sinais vitais, pele e mucosas (pesquisa de exantemas),
adenopatias, sinais de rigidez da nuca e auscultação cárdio-pulmonar.
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Resumo
Doente do sexo masculino, de 37 anos, deu entrada no SU no dia 17/11/2014 por
quadro de cefaleias holocranianas intensas, de instalação súbita, agravadas às
manobras de Valsalva. Refere ainda dificuldade à flexão da nuca e cervicalgia,
sugerindo rigidez da nuca e quadro febril de 37,9ºC no SU. Nega sinais constitucionais,
fotofobia, alterações respiratórias ou gastro-intestinais. De referir, traumatismo uma
semana antes do início do quadro com osso de porco. Trata-se de um doente caçador,
em contacto com carnes frescas e animais (suínos, caprinos, ovinos, coelhos, aves e
cães), sem outro contexto epidemiológico.
Diagnóstico Diferencial
1. Meningite Infecciosa
a. Meningite Bacteriana
b. Meningite Vírica
c. Meningite Fúngica
2. Encefalite
3. Abcesso cerebral
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ECD
Hemograma, com fórmula leucocitária e contagem de plaquetas
Provas da coagulação
Bioquímica:
o PCR
o VS
o LDH
o Glicémia
o Provas hepáticas (TGO/ TGP, FA, γ-GT, BRB, albumina)
o Provas renais (creatinina e azoto ureico) e ionograma
Serologias para Enterovirus, CMV, vírus Epstain Barr, Virus Varicela-Zoster,
Herpes simplex, HIV 1 e 2
Teste de Rosa-Bengala e Teste de Wright
Hemocultura, com cultura para bacilos ácido-álcool resistentes
Teste de Mantoux
Raio X tórax
Tomografia computorizada crânio-encefálica
Punção Lombar, com estudo citológico, bioquímico (proteínas, glicose), exame
directo (coloração de Gram) e cultura com teste sensível aos antibióticos
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Terapêutica
Para aliviar as cefaleias, devia ser prescrito um analgésico forte e a cama do
doente devia ser colocada a 30º.
A par do analgésico, era também importante um anti-pirético e hidratação com
soros hidro-salinos.
Como colocámos a hipótese de ser uma Meningite Bacteriana e esta ser uma
infecção grave com potenciais complicações e sequelas a longo prazo, era muito
importante fazer Antibioterapia empírica, com uma Cefalosporina de 3ª Geração,
nomeadamente, Ceftriaxon, em doses meníngeas (3g 2id intra-venoso). Caso as
culturas fossem positivas, a antibioterapia deveria ser ajustada conforme o
Antibiograma ou se não se verificasse ser este o diagnóstico,podia ser interrompida.
O uso da corticoterapia é controverso, no entanto pode ser prescrita nos
primeiros 4-5 dias até o doente melhorar, na tentativa de diminuir potenciais sequelas
neurológicas. Pode-se usar a Dexametasona, na dose de 10mg de 6/6h.
Plano
A tratar-se realmente de uma Meningite Bacteriana a terapêutica deve ser
mantida por 10-14 dias, em ambiente hospitalar.
Caso o agente etiológico fosse a Neisseria meningitidis ou o Haemophylus
influenza devia ser ponderado a instituição de quimioprofilaxia nas pessoas com
contactos próximos ao doente.
Prognóstico
Nos adultos e quando instituída uma terapêutica precoce, o prognóstico é
geralmente favorável. No entanto, se o doente não evoluir de forma favorável, deve
ser ponderada a possibilidade de ocorrência de complicações.
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