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Viajante e migrante regressado com eosinofilia:

uma abordagem prática


Cláudio Nunes Silva

Centro Hospitalar Universitário de São João

XII Curso de Medicina de Viagem e Populações Móveis


Eosinofilia
um problema comum nos viajantes e migrantes
• Ocorre em 8-10% destes
– frequentemente como consequência de infeções helmínticas (14-64%)
– contagem de eosinófilos no sangue periférico > 0.45 x 109/L

• Pode manifestar-se como:


– um achado incidental: resultado de rastreio
– como parte de uma síndrome clínica

• Um desafio constante: diagnosticar infeções parasitárias em regiões não endémicas


– infeções sintomáticas
– infeções assintomáticas com risco de consequências a longo-prazo!
– infeções assintomáticas com risco de transmissão a outras pessoas
Princípios gerais
Grupo de doentes

• Viajantes
– frequentemente com infeções de novo, com maior resposta imune e
eosinofilia mais pronunciada

• Migrantes
– tendem a ter maior carga de infeção
– …
Princípios gerais

MJ, mulher de 50 anos, migrante,


regressada da Serra Leoa

• 3 anos depois desenvolve prurido e


exantema macular

• Vista pelo médico de família e


dermatologistas > tratamento tópico

• Lepra tuberculóide limítrofe

• Contagem de eosinófilos 1.9 x 109/L


Princípios gerais MJ, mulher de 50 anos, migrante, da Serra Leoa
Contagem de eosinófilos 1.9 x 109/L

150 𝜇𝑚
Princípios gerais MJ, mulher de 50 anos, migrante, da Serra Leoa
Contagem de eosinófilos 1.9 x 109/L

60 𝜇𝑚
Princípios gerais MJ, mulher de 50 anos, migrante, da Serra Leoa
Contagem de eosinófilos 1.9 x 109/L

30 mm
Princípios gerais

MJ, mulher de 50 anos, migrante da Serra Leoa

Eosinofilia inicial 1.9 x 109/L

• Schistosoma mansoni R/ praziquantel


• Hookworm (Ancylostoma) R/ albendazole
• Oncocerca volvulus R/ ivermectin

Descida da contagem de eosinófilos para 0.1 x 109/L, com resolução do prurido


Princípios gerais

Grupo de doentes

• Viajantes
– frequentemente com infeções de novo, com maior resposta imune e
eosinofilia mais pronunciada

• Migrantes
– tendem a ter maior carga de infeção
– podem ocorrer infeções concomitantes por múltiplos helmintas
(associadas a eosinofilia mais pronunciada)
De distribuição mundial
Princípios gerais Ancylostoma duodenale Ancilostomíase
Ascaris lumbricoides Ascaridíase
What about geography? Strongyloides stercoralis Estrongiloidíase
Echinococcus granulosus Cisto hidático
Enterobius vermicularis Oxiuríase
Fasciola hepatica Fasciolose
Necator americanus Ancilostomíase
Taenia saginata Teníase
Toxocara canis, cati Larva migrans visceral
Trichuris trichiura Tricuríase
Trichinella spiralis Triquinelose

De distribuição mundial, apenas tropical


Ancylostoma spp. Larva migrans cutânea
Hymenolepis nana Ténia anã
Taenia solium Teníase, cisticercose
Wuchereria bancrofti Filaríase linfática, EPT
Princípios gerais
África (todos os países)
E em relação à geografia?
casos particulares… Schistosoma hematobium Bilharziose, Síndroma de Katayama

Schistosoma mansoni Bilharziose, Síndroma de Katayama


Princípios gerais
África (todos os países)
E em relação à geografia?
casos particulares… Schistosoma hematobium Bilharziose, Síndroma de Katayama

Schistosoma mansoni Bilharziose, Síndroma de Katayama

Africa, ocidental e central*


Loa loa Loíase, edema de Calabar

Onchocerca volvulus Oncocercíase, cegueira dos rios

Paragonimus spp. Paragonomíase

* Benin, Congo, Gabão, Gana, Guiné, Guiné Bissau, Costa do


Marfim, Nigéria, Togo, Burkina Faso, Gâmbia, Libéria, Mali,
Mauritânia, Guiné Equatorial, Senegal, Serra Leoa, República
Centro-Africa, Camerões, Níger, Chad
Princípios gerais
E em relação à geografia?
casos particulares…
Sudeste Asiático

Angyostrongylus cantonensis Meningite eosinofílica


Anisakis spp. Anisaquíase
Brugia malayi Filaríase linfática
Clonorchis sinensis Clonorquíase
Echinococcus multilocularis Cisto hidático alveolar
Gnathostoma spinigerum Gnatostomíase
Opistorchis spp. Opistorquíase
Paragonimus westermani Paragonomíase
Schistosoma japonicum Bilharziase, Síndroma de Katayama
Pseudoterranova decipiens Ténia do peixe
Princípios gerais
E em relação à geografia?
casos particulares…

Oceânia Médio Oriente, Ásia Central

Angiostrongylus cantonensis Meningite eosinofílica Echinococcus granulosus Cisto hidático


Brugia malayi Filaríase linfática Echinococcus multilocularis Cisto hidático alveolar
Schistosoma hematobium Bilharziase, Síndroma de Katayama
Schistosoma mansoni Bilharziase, Síndroma de Katayama
Princípios gerais
E em relação à geografia?
casos particulares…

América do Norte Caraíbas

Coccidioides immitis Coccidioidomicose Angiostrongylus cantonensis Meningite eosinofílica


Paracoccidioides brasiliensis Paracoccidioidomicose Angiostrongylus costaricensis
Gnathostoma spinigerum Gnatostomíase
Schistosoma mansoni Bilharziase, Síndroma de Katayama
Princípios gerais América Central

Coccidioides immitis Coccidioidomicose


E em relação à geografia? Gnathostoma spinigerum Gnatostomíase
casos particulares… Onchocerca volvulus Oncocercíase
Paracoccidioides brasiliensis Paracoccidioidomicose
Paragonimus spp. Paragonomíase

South Ameraca, tropical only


Angiostrongylus costaricensis
Anisakis spp. Anisaquíase
Coccidioides immitis Coccidioidomicose
Gnathostoma spinigerum Gnatostomíase
Onchocerca volvulus Oncocercíase
Paracoccidioides brasiliensis Paracoccidioidomicose
Paragonimus spp. Paragonomíase
Pseudoterranova decipiens Ténia do peixe
Schistosoma mansoni Bilharziase, Síndroma de
Katayama
Princípios gerais
Timing & serologia

Timing

• Fase de migração tecidular


– eosinofilia pode ser transitória
– período pré-patente: fase durante a qual ovos e larvas não são detetáveis
– amostras enviadas para exame parasitológico podem ser negativas nesta fase

• Quando o microrganismo infetante aparece no lúmen intestinal…


– eosinofilia frequentemente resolve
– parasitológico de fezes positivo

Serologia: maioria positiva por volta das 4-12 semanas após infeção
Abordagem da eosinofilia assintomática
Rentabilidade diagnóstica
Abordagem da eosinofilia assintomática
Rentabilidade diagnóstica
Abordagem da eosinofilia assintomática
Rentabilidade diagnóstica
Abordagem da eosinofilia assintomática
Algoritmo proposto
Abordagem da eosinofilia assintomática
Mudanças na epidemiologia global
Abordagem da eosinofilia assintomática
Mudanças na epidemiologia global
Abordagem da eosinofilia assintomática
Rentabilidade diagnóstica
Abordagem da eosinofilia assintomática
Rentabilidade diagnóstica
Abordagem da eosinofilia assintomática
Rentabilidade diagnóstica
Abordagem da eosinofilia assintomática
Uma proposta mais prática hoje em dia seria…
• Mundialmente
parasitológico de fezes
Serologia para Strongyloides

• África
+ serologia para Schistosoma
+ parasitológico de urina
+ serologia para filárias

• África occidental
+ serologia para filárias
+ esfregaço de sangue diurno/noturno para pesquisa de microfilárias
Abordagem da
eosinofilia
assintomática
Abordagem da eosinofilia assintomática
Assim, se exames de primeira linha negativos…

• Considerar o timing das investigações


- repetir hemograma: frequentemente a eosinofilia resolve
- repetir serologias ≥ 6 semanas depois do regresso

• Investigações adicionais
- repetir parasitológico de fezes (x 2)
- adicionar cultura para Strongyloides , serologia para filárias, esfregaço de sangue diurno/noturno

• Tratamento empírico com Albendazole 3 dias


- para cobrir a possibilidade de infeções por geo-helmintas pré-patentes (ex.: Ascaris, Ancylostoma)

• Causas não infeciosas


- asma, outras causa de atopia e fármacos são frequentes
- considerar estudo auto-imune, Vit B12, DHL, esfregaço de sangue
Causas não infeciosas de eosinofilia
Doenças alérgicas
• Asma, rinite alérgica, dermatite atópica
• Hipersensibilidade farmacológica (ex: DRESS, syndrome mialgia-eosinofilia, nefrite intersticial, hepatite eosinofílica)

Doenças neoplásicas
• Síndromes hipereosinofílicas primárias (ex: rearranjo FIP1L1-PDGFRA, -PDGFRB, -FGFR1)
• Leucemia eosinofílica aguda ou crónica
• Outras neoplasias da linha mielóide (ex: leucemia mielóide crónica, mastocitose sistémica)
• Neoplasias linfóides (ex: linfoma de células B, leukemia/linfoma linfoblástico B ou T, linfoma cutâneo de células T/
síndrome de Sézary)
• Tumores sólidos (ex: adenocarcinoma, carcinoma pavimentoso)

Doenças imunológicas
• Imunodeficiências (ex: défice de DOCK8, síndrome hiper-IgE, síndrome de Omenn)
• Doenças auto-imunes e idiopáticas (ex: sarcoidose, doença inflamatória intestinal, doença IgG4, outras doenças de
tecido conjuntivo)
Causas não infeciosas de eosinofilia
Doenças eosinofílicas
• Síndrome hipereosinofílica idiopática
• Granulomatose eosinofílica com poliangeíte (síndrome de Churg-Strauss)
• Doenças eosinofílicas gastrointestinais

Fármacos
• Antibióticos: penicilinas, cefalosporinas, glicopeptídeos, sulfonamidas (cotrimoxazol), minociclina, nitrofurantoina,
ciprofloxacina, tuberculostáticos (rifampicina, etambutol)
• IECAS, espironolactona, diltiazem
• Antipsicóticos (clorpromazina, olanzapina), antidepressivos (imipramina, trazodona), anticonvulsivantes
(difenilhidantoina, carbamazepina, fenobarbital, valproato)
• AINEs, ranitidina, omeprazol, aminosalicilatos, metotrexato, heparina, enoxaparina, alopurinol.

Outros
• Tratamentos com IL-2
• Êmbolos de colesterol
• Radiação
• Hipoadrenalismo
Eosinofilia & sintomas respiratórios

CN, turista, 27 anos

• Férias de praia na ilha Reunião

• 1 semana depois:

- desconforto abdominal
- tosse
- pieira

Eosinófilos: 1.2 x 109/L


Eosinofilia & sintomas respiratórios

CN, turista, 27 anos

• Férias de praia na ilha Reunião

• 1 semana depois:

- desconforto abdominal
- tosse
- pieira

Eosinófilos: 1.2 x 109/L


Eosinofilia & sintomas respiratórios

Diagnóstico? O que faríamos?

(A) Enviar fezes para parasitológico + serologia para Schistosoma e


Strongyloides
(B) Alínea (A) + praziquantel empírico
(C) Alínea (A) + praziquantel empírico + corticóide
(D) Alínea (A) + ivermectina
(E) Alínea (A) + albendazole
Eosinofilia & sintomas respiratórios

Testes laboratoriais (3 semanas após


apresentação)

• Parasitológico: larvas de Strongyloides


stercoralis

• Serologia: fortemente positiva para


Strongyloides (ELISA)

Tratamento ivermectina 12 mg qd (200


𝝁g/Kg)
Strongyloides stercoralis
Apresentação clínica

Pele
• Larva currens: apresentação mais comum

Gastrointestinal
• Sintomas inespecíficos
- dor abdominal, náusea, vómitos, pirose, diarreia, distensão abdominal

Respiratórios
• Síndrome de Loeffler: tosse seca, pieira, dispneia, infiltrados intersticiais e,
raramente, hemoptises

Assintomáticos
Strongyloides stercoralis
Consequências potenciais

Síndrome de hiperinfeção por Strongyloides em imunodeprimidos


• Diarreia severa/íleo paralítico, pneumonia necrotizante (ARDS), sépsis por
microrganismos de Gram negativo +/- meningite
• Larvas presentes em grande quantidade nas secreções assim como nas fezes

Ciclos de auto-infeção e replicação


• Indivíduos com défice funcional de granulócitos (quimioterapia, neoplasia,
corticoterapia, infeção por HTLV-1)
• Rastreio de todos os doentes provenientes de áreas endémicas, especialmentes
antes de imunosupressão
Strongyloides stercoralis
Investigação | período pré-patente: 4 semanas

Infeção Testes de diagnóstico Sensibilidade Especificidade Reações cruzadas da


da serologia da serologia serologia
Estrongiloidíase Parasitológico de fezes, 73% viajantes 94% Filaríase linfática,
(Strongyloides serologia, cultura (agar ou 98% migrantes Oncocercíase, Loíase,
stercoralis) método de carvão) Ancilostomíase

Serologia
o teste mais sensível

Parasitológico de fezes
baixa sensibilidade (67% viajantes, 46% migrantes) EXCETO na syndrome de hiperinfeção!
métodos culturais podem ser úteis

Sudarshi S et al Trop Med Int Health 2003 8 728-32


Strongyloides stercoralis
Tratamento

Fármaco Regime % de cura


Albendazol 400 mg bd 7 dias 75%
Ivermectina 200 𝜇g/Kg dose única 97%
Ivermectina 200 𝜇g/Kg qd 2 dias 100%

Suputtamongkol Y et al. PLoS NTD. 2011 10;5(5)


Eosinofilia & sintomas respiratórios
JS, 28 anos, VFR

• 1m : África Oriental
• Nadou no lago Malawi
• Fez profiláxia da malária
• Picado por “muitos insetos” incluindo carraças

• História de 1 semana de:


- sintomas “gripais”, febre, cefaleias
- mais tarde: tosse, dor abdominal e diarreia
Eosinofilia & sintomas respiratórios

Testes laboratoriais

Eosinófilos: 2.0 x 109/L

• Teste rápido de malária, gota espessa &


esfregaço negativos
• Serologia VIH negativa
• Parasitológico de fezes negativo
• Parasitológico urina negativo
• Schistosoma ELISA positivo
Strongyloides ELISA negativo
Eosinofilia & sintomas respiratórios

Diagnóstico?

(A) Síndrome de Loeffler


(B) Estrongiloidíase
(C) Schistosomíase
(D) Sarampo
(E) Sífilis
Schistosomíase aguda
2-9 semanas após exposição
• precocemente durante a infeção (fase de migração e
deposição de ovos)
• Provavelmente mediada imunologicamente (rara em
indivídos expostos cronicamente)

Clínica
• Eosinofilia, febre, tosse seca, exantema urticariforme,
dor abdominal, diarreia, infiltrados pulmonares em raio-X
Combinação de eosinofilia + exantema após ter
nadado em lagos de água doce em África =
diagnóstico provável!

Serologia, parasitológico de fezes & urina


Baixa sensibilidade nesta fase
Schistosomíase aguda
Tratamento

Praziquantel (dose)
Deverá ser repetido 6-8
Schistosoma hematobium 40 mg/Kg Dose única semanas uma vez que os
Schistosoma mansoni 40 mg/Kg Dose única ovos e schistosomulos são
Schistosoma japonicum 60 mg/Kg Em 3 doses relativamente resistentes

Corticoterapia melhor que tratamento com praziquantel?

“Considering that the pathophysiological mechanisms of AS result more from the immunological response to larvae
migration than to the parasitic location, more and more authors recommend the use of corticosteroids. According
to them, praziquantel is used either in combination with corticosteroids or following corticosteroid treatment. Others, including
ourselves, wait for egg-laying before using praziquanteI. Overall, the use of corticosteroids is discussed on a case-by-case
basis after ruling out bacterial infection and strongyloidosis”
Schistosomíase aguda
JS, 28 anos, VFR

• Schistosomíase aguda (síndrome de Katayama)

• Tratamento com:

- praziquantel 40 mg/Kg
- 5 dias de PDN 20 mg/d
- repetiu praziquantel ~2 m depois

Eosinófilos: descida para valores normais

• Resultados subsequentes: súbida de título de anticorpo


Eosinofilia e sintomas respiratórios
Diagnóstico diferencial

• Schistosomíase aguda (síndrome de Katayama)


• Síndrome de Loeffler
• Tuberculose
• Toxocaríase aguda
• Eosinofilia pulmonar tropical
• Doença hidática pulmonar
• Paragonomíase
• Coccidioidomicose, paracoccidioidomicose Não esquecer!!

• Asma
• Churg-Strauss
• ABPA
Investigações de 1ª linha
Eosinofilia & sintomas respiratórios

• Parasitológico de fezes
• Serologia para Strongyloides
• Serologia de VIH
• Radiografia torácica > TC torácico

Considerar
• Serologia para Schistosomíase
• Secreções brônquicas (micobacteriológico)
• VS, ANCA, IgE, investigações para asma

Serologias em circunstâncias específicas:


• Toxocaríase, filaríase, cisto hidático, coccidioidomicose, paracoccidioidomicose
Eosinofilia & sistema gastrointestinal

AM, 19 anos

• Dor abdominal
• Desmaio após exercício vigoroso
(karaté)
• Hipotensão, urticária + pieira

• Eosinofilia

• Serologia para Echinococcus


granulosus positiva
Eosinofilia & sistema gastrointestinal

Abordagem imediata:

(A) Praziquantel
(B) Albendazol
(C) Praziquantel + albendazol
(D) Anti-histamínicos
(E) Anti-histamínicos + corticosteróides
Cisto hidático (Echinococcus granulosus)
Período de incubação: meses a (mais comumente) anos
• Fígado (70%), pulmões (20%), SNC, olho, músculo esquelético & cardíaco, medula (10%)

Apresentação clínica
• Cistos assintomáticos tipicamente identificados em exames imagiológicos de rotina
• Ocasionalmente rotura ou sobre-infeção de cistos hepáticos > dor QSD + febre
• Hepatomegalia, colestase, cirrose biliar, hipertensão portal e ascite
• Podem romper para espaço peritoneal: anafilaxia + formação de cistos secundários

Investigações
• Serologia + aspeto ecográfico/TC
• Eosinofilia pode indicar rotura de cisto!!
Cisto hidático (Echinococcus granulosus)
Classificação OMS
Cisto hidático (Echinococcus granulosus)
Tratamento
• Cirurgia
• PAIR: Punção, Aspiração, Injeção, Aspiração
• Albendazol (praziquantel)

Enrico Brunetti et al. Acta Tropica114 (2010) 1–16


Eosinofilia & sintomas gastrointestinais

• Estrongiloidíase
• Cisto hidático
• Schistosomíase/bilharzíase com sintomas gastrointestinais (S. mansoni, japonicum)
• Geo-helmintas (Ascaris, Ancilostomíase, Trichuris trichiura)
• Teníase (Taenia saginata/solium)
• Triquinelose
• Anisaquíase
• Angiostrongylus costaricensis

• Outros: Isospora belli, Dientamoeba fragilis, toxoplasmose, larva migrans visceral


paragonomíase
Investigações de 1ª linha
Eosinofilia & sintomas gastrointestinais

• Parasitológico de fezes
• Serologia para Strongyloides ± Schistosoma
• Serologia de VIH

Considerar
• Cultura de Strongyloides (placa de agar, carvão)

Serologias em circunstâncias específicas:


• Echinococcus granulosus
Eosinofilia & sintomas neurológicos
• 47 anos, sexo masculino
• Instrutor de montanhismo e guia turístico
• Múltiplas viagens pelo Sudeste Asiático
• Viagens com contacto com pessoas locais e estadias
em zonas pobres e rurais
• Regressado há 1 semana de uma viagem de 5
semanas pelo Sudeste Asiático

• Apresenta-se no serviço de urgência com:


- cefaleias e prurido
- parestesias em múltiplos dermátomos, febre 39 ºC
- TC normal, VIH negativo
- PL: “100 leucócitos, predomínio de linfócitos??,
proteínas e glicose normais"
Eosinofilia & sintomas neurológicos

• Iniciou aciclovir + ceftriaxona

• Depois de PCR de HSV 1&2 no LCR


negativos, ficou apenas com ceftriaxona

• Exame direto e PCR de MTBC negativos

Deterioração neurológica > repete PL

PISTA: citológico de CSF (imagem)

PISTA: eosinofilia periférica 1.2 x 109/L


Angiostrongylus cantonensis

Qiao-Ping Wang, Lancet Infect Dis 2008; 8: 621–30


Angiostrongylus cantonensis
Doença do “verme do pulmão do rato”
• Incubação: 1-3 semanas (1 dia - 3 meses)
• Consumo de larvas presentes em caracóis, camarão,
caranguejo, lagostim ou sapos

Apresentação clínica
• Cefaleias severas, meningismo, alterações
visuais, parestesias e parésia de pares cranianos

Investigação
• Serologia, eosinofilia marcada, TC/RMN normais

Tratamento
• prednisolona 60 mg qd 14 dias, albendazole 15 mg/kg/d 14 dias.
• Podem ser necessárias PL terapêuticas.
Eosinofilia & sintomas neurológicos
• Neurocisticercose
• Toxocaríase
• Angiostrongylus cantonensis
• Gnatostomíase – Gnathostoma spinigerum
• Doença hidática
• Schistosomíase/bilharzíase – S. haematobium, S. mansoni, S. japonicum
• Coccidioidomicose & paracoccidioidomicose
Não esquecer!
• Paragonomíase
• Sífilis
• Tuberculose
• Toxoplasmose
• Vasculite SNC
• Linfoma
• Glioblastoma
Investigações de 1ª linha
Eosinofilia e sintomas do SNC

• TC cerebral, PL
• Serologia VIH

Considerar
Serologias
Schistosomíase, Cisto hidático, Cisticercose, Toxocaríase, Angiostrongylus, Gnathostoma)

RMN cerebral/medular
Slides extra – Diagnóstico & Tratamento

Cláudio Nunes Silva

Centro Hospitalar de São João


Diagnóstico & tratamento de Helmintas comuns (I)
Diagnosis and treatment of common helminths presenting in travellers and migrants
Infection Diagnostic tests Sensitivity of Specificity of Possible serological Treatment
serology serology cross-reaction
Ascariasis Concentrated stool Albendazole 400 mg qd
(Ascaris lumbricoides) microscopy (mebendazole 500 mg qd)
Pinworm Perianal sellotape test Albendazol 400 mg/
(Enterobius mebendazole 100 mg qd, repeat
vermicularis) in 2 weeks
Fascioliasis Concentrated stool Up to 97% 99% Schistosoma sp. Triclabendazole 10 mg/Kg
(Fasciola hepatica) microscopy, serology
Hookworm Concentrated stool Albendazole 400 mg qd
(Ancylostoma microscopy
duodenale/Necator
americanus)
Hydatid Serology Cystic: 80- 89% Cysticercosis Prolonged course of albendazole,
(Echinococcus 90% (liver), Filariasis PAIR, surgery
granulosus/ 60% (lung)
Echinococcus Alveolar: 85%
multilocularis)

Halperin J. Infect Dis Clin N Am 29 (2015) 241–253


Diagnóstico & tratamento de Helmintas comuns (II)
Diagnosis and treatment of common helminths presenting in travellers and migrants (cont.)
Infection Diagnostic tests Sensitivity of Specificity Possible serological Treatment
serology of serology cross-reaction
Loaisis Day blood microscopy, Up to 90% 80% Lymphatic filariasis, First exclude co-existing onchocerciasis.
(Loa Loa) serology onchocerciasis, DEC 50 mg day 1 increasing by day 4 to
strongylodes 200 mg tds for 3 weeks, pre-treat with
prednisolone if microfilariae seen on
blood film
Neurocysticercosis Serology 94% (2 or + 99% Hydatid Albendazol 400 mg bd for 14 days +
(Taenia solium) cysts), 28% dexamethasone 4-12 mg qd reducing
(single lesion) after 7 days
Onchocerciasis Skin snips, filarial 93% 93% Lymphatic filariasis, Ivermectin 200 𝜇g/Kg monthly doses for
(Onchocerca serology, slit lamp loaisis, strongyloides 3 months, repeat every 3-6 months
volvulus) examination usually for several years
Schistosomiasis Microscopy of terminal 92% 98% Fasciola Praziquantel 40 mg/Kg qd
(Schistosoma urine, serology
haematobium)
Schistosomiasis Concentrated stool 96% 98% Fasciola Praziquantel 40 mg/kg qd
(Schistosoma microscopy, serology
mansoni)

Halperin J. Infect Dis Clin N Am 29 (2015) 241–253


Diagnóstico e tratamento de Helmintas comuns (III)
Diagnosis and treatment of common helminths presenting in travellers and migrants (cont.)
Infection Diagnostic tests Sensitivity of Specificity Possible serological Treatment
serology of serology cross-reaction
Strongyloidiasis Concentrated stool 73% travellers 94% Lymphatic filariasis, Ivermectin 200 𝜇g (prolonged course in
(Strongyloides microscopy, serology, 98% migrants onchocerciasis, hyperinfestation) / Albendazole 400 mg
stercoralis) stool culture (agar plate loaisis, hookworm bd 3 days
or charcoal method)
Tapeworm Concentrated stool Praziquantel 10 mg/Kg (except
(Taenia solium/ microscopy (low Hymenolepis nana, 25 mg/kg). Identify
Taenia saginatum) sensitivity) the species and exclude co-existing
cysticercosis in cases of Taenia solium
before treating
Whipworm Skin snips, filarial 93% 93% Mebendazole 100 mg bd 3 days/
(Trichuris trichiura) serology, slit lamp Albendazole 400-800 mg bd 3 days –
examination low cure rates in heavy infection
Lymphatic filariasis Night blood Up to 90% 80% Lymphatic filariasis, First exclude co-existing onchocerciasis.
(Wuchereria microscopy, serology loaisis, strongyloides DEC 50
bancrofti/ Brugia
malayi)

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