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Comum II.a)
2021-2022
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Índice
Aula 2 – Doenças Infeciosas “Comuns”......................................................................................... 2
Aula 3 – O Infeciologista e o Laboratório de Microbiologia........................................................ 10
Aula 4 – Doenças Infeciosas e Emergência de Novas Doenças ................................................... 20
Aula 5 – Tuberculose ................................................................................................................... 22
Aula 6 – Infeções do Trato Respiratório...................................................................................... 26
Aula 7 – Infeções Sexualmente Transmitidas ............................................................................. 36
Aula 8 – Sépsis ............................................................................................................................. 43
Aula 9 – Sintomas e Sinais nas Doenças Infeciosas..................................................................... 50
Aula 10 – Malária ........................................................................................................................ 55
Aula 11 – Hepatites Víricas.......................................................................................................... 64
Aula 12 – Zoonoses ..................................................................................................................... 81
Aula 13 – Infeção por VIH............................................................................................................ 89
Aula 14 – Infeções do SNC......................................................................................................... 102
Aula 15 - Antibióticos ................................................................................................................ 111
Aula 16 – Resistência aos Antibióticos ...................................................................................... 126
Aula 17 – Infeções Nosocomiais................................................................................................ 133
Aula 18 – Medicina do Viajante ................................................................................................ 139
Agradecimentos
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Perspetiva Histórica
Definições:
• Esporádica – Existem casos isolados, esporadicamente;
• Endémica – Patologias características de uma determinada população ao longo do
tempo, nesse contexto;
• Hiperendémica – Transmissão e incidência muito elevada naquela população / região
geográfica;
• Surto / cluster – Circunstância em que numa zona circunscrita existe um pico de
incidência de uma determinada patologia;
• Epidemia – Picos de atividade de uma patologia mais generalizadas no espaço;
• Pandemia – Atividade de uma doença que se espalha pela maioria do planeta.
Faringite / Amigdalite:
• Uma das infeções mais frequentes na prática clínica, em especial nos cuidados de saúde
primários;
• A etiologia vírica é de longe a mais frequente:
o Rinovírus;
o Coronavírus;
o Adenovírus e Coxsackievírus A;
o Influenza e Parainfluenza;
o Herpesvírus (HSV-1 e 2, EBV, CMV);
o Vírus da Imunodeficiência humana.
• Etiologia:
o Causas bacterianas:
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• Diagnóstico:
o Teste rápido antigénio SGA;
o Cultura de exsudado faríngeo;
o Se suspeita de abcesso – TC cervical com contraste urgente.
• Tratamento:
o 1ª Linha – Penicilina G IM em administração única;
o Se alergia a penicilina – Macrólido;
o Abcesso periamigdalino – Amoxicilina / Ácido Clavulânico ou Clindamicina;
o O tratamento diminui o tempo de duração dos sintomas e previne complicações
supurativas e não supurativas (glomerulonefrite pós-estreptocócica e febre
reumática).
Epiglotite:
• Etiologia:
o Maioritariamente infeção por Haemophilus influenzae (outros – S. pneumoniae,
S. aureus, etc);
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Otite Externa:
• Infeção do canal auditivo externo (CAE);
• Associada a natação, irrigação do CAE para remoção de cerúmen ou dispositivos que
ocluem o mesmo (headphones ou aparelhos auditivos);
• Clínica:
o Edema, calor, dor e prurido;
• Principais agentes etiológicos: Pseudomonas aeruginosa (+++), Staphylococcus
coagulase negativo, S. aureus, anaeróbios, otomicose por Candida spp. ou Aspergillus
spp.;
• Tratamento: antibiótico com cobertura anti-Pseudomonas (neomicina ou
ciprofloxacina) e corticóide tópicos; clotrimazol tópico + desbridamento cirúrgico se
infeção fúngica.
• Otite Externa Maligna:
o Diabéticos e imunodeprimidos (neutropenia);
o Infeção necrotizante grave com risco de extensão aos tecidos adjacentes (ATM,
cartilagem, osso, base do crânio, meninges, pares cranianos e tecido cerebral);
o Etiologia – quase exclusivamente por P. aeruginosa;
o Diagnóstico por TC, RMN ou cintigrafia com gálio;
o Tratamento – conjugação de antibioterapia sistémica com cefalosporina anti-
Pseudomonas (ceftazidima ou cefepime) durante 6 semanas + desbridamento
cirúrgico.
Otite Média:
• Mais comum nas crianças – aos 3 anos, 2/3 das crianças já tiveram pelo menos um
episódio;
• Obstrução da trompa de Eustáquio → Preenchimento do ouvido médio por líquido
seroso → Infeção das vias respiratórias altas → Infeção do ouvido médio por flora da
orofaringe;
• Clínica:
o Otalgia;
o Otorreia;
o Diminuição da acuidade auditiva;
o Febre;
o Vertigem / zumbido;
o Nistagmo;
o Abaulamento, hiperemia, nível de ar / líquido e perda de mobilidade da
membrana timpânica.
• Etiologia:
o S. pneumoniae; H. influenzae; Moraxella catarrhalis; S. pyogenes; S. aureus.
• O diagnostico é clínico por otoscopia:
o Punção aspirativa da membrana timpânica para cultura em imunodeprimidos
para diagnóstico etiológico.
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Mastoidite:
• Complicação rara mas potencialmente grave de otite média aguda;
• Disseminação da infeção para as células de ar da mastóide – edema, calor, rubor e dor
local;
• Mastoidite crónica – disseminação para o temporal, trombose séptica do seio lateral e
sigmoideu e abcesso cerebral;
• O tratamento é semelhante ao da otite média, mas mais prolongado (3-4 semanas);
• Se abcesso mastoideu ou extensão a outros tecidos – mastoidectomia e drenagem
cirúrgica!
Sinusite:
• Infeção de um ou mais seios perinasais;
• Sinusite viral → Inflamação e produção de líquido seroso → Sinusite bacteriana (0,5 a
1% dos casos).
• Fatores predisponentes:
o Obstrução anatómica – defeito do septo, pólipos nasais, corpo estranho,
adenoidite crónica, neoplasias, sondas/tubos nasais;
o Alergia e inflamação crónica;
o Abcesso dentário;
o Fibrose quística e síndrome de Kartagener.
• Etiologia: viral vs bacteriana:
o S. pneumoniae e H. influenzae são os mais frequentes;
o Outros Streptococcus (p.e. pyogenes e viridans);
o M. catarrhalis;
o S. aureus;
o Anaeróbios;
o Bacilos Gram negativo – sinusite crónica;
o P. aeruginosa – imunodeprimidos;
o Fungos (Aspergillus spp.) – neutropénicos.
• Clínica:
o Febre elevada;
o Rinorreia purulenta;
o Dor facial intensa;
o Cefaleia intensa localizada;
o Irritação de pares cranianos;
o Disósmia;
o Hipo ou hiperestesia;
o Tosse persistente;
o Dor à palpação dos seios perinasais.
• Diagnóstico:
o Zaragatoa da nasofaringe não tem utilidade;
o Colheita direta por nasofibroscopia ou punção aspirativa para exame cultural;
o TC ou RMN se suspeita de complicação – verificar extensão da infeção,
disseminação para outros tecidos, formação de abcessos,etc.
• Complicações:
o Sinusite etmoidal – celulite orbitária e periorbitária, abcesso da órbita,
trombose do seio cavernoso e meningite;
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Patogénese:
Etiologia:
• Escherichia coli é de longe o agente mais frequente;
• Outras Enterobacteriaceae: K. pneumoniae, P. mirabilis;
• S. saprophyticus;
• Alteração anatómica, infeções recorrentes ou instrumentação urológica: Enterobacter
spp., Serratia spp., Pseudomonas aeruginosa, Enterococcus spp.;
• Nosocomiais: Candida spp., S. aureus, S. epidermidis, Corynebacterium grupo D2.
Clínica:
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Infeções do trato urinário Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Fatores de risco:
- Idade avançada;
- Diabetes mellitus;
- Gravidez;
- Sintomas arrastados.
Diagnóstico:
• Exame sumário de urina:
o Leucocitúria > 10/mm3;
o Esterase leucocitária;
o Cilindros leucocitários → sugere pielonefrite;
o Proteinúria.
• Urocultura (Colheita obrigatória em todos os casos exceto cistite não complicada na
mulher; Só deve ser repetida na recorrência):
o Coloração de Gram;
o Exame cultural.
• Hemoculturas!
• Exame de imagem:
o Ecografia – crianças e homens, suspeita ou história de alteração
estrutural/obstrução, ausência de resposta à terapêutica, recorrência –
exclusão de complicação;
o TC com contraste – exclusão de abcesso.
Tratamento:
• Cistite não complicada na mulher:
o Esquema curto com cotrimoxazol, nitrofurantoína, fosfomicina ou
pivmecilinam;
• Cistite complicada (homens, idosos e diabéticos, infeção recorrente) e pielonefrite não
complicada:
o Esquema de 7 a 14 dias com quinolona, cotrimoxazol, amoxicilina/ ácido
clavulânico ou cefuroxime;
• Prostatite:
o Esquema de 4 a 6 semanas (aguda) ou 6 a 12 semanas (crónica) com quinolona
ou cotrimoxazol.
• Meio hospitalar:
o Cefalosporina 3ª Geração, aminoglicosídeo ou quinolona EV;
• Choque séptico:
o Associação de beta-lactâmico com aminoglicosídeo.
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Prevenção:
• Cotrimoxazol pós-coital nas mulheres com infeções recorrentes;
• Cotrimoxazol ou nitrofurantoína diários nos doentes com alterações anatómicas;
• Remoção de cateteres urinários.
Bacteriúria Assintomática:
• Bacteriúria identificável com ou sem piúria e sem sintomatologia.
• Racional para rastreio e tratamento:
o Apenas recomendado em três grupos de elevado risco para desenvolvimento
de ITU e outcome adverso:
▪ Grávidas;
▪ Doentes que vão ser submetidos a intervenção urológica;
▪ Transplantados renais?
Impetigo:
• Infeção da camada mais superficial – epiderme;
• Clínica: lesões vesicopustulosas dolorosas de base eritematosa em áreas expostas da
face e extremidades com evolução posterior para lesões ulceradas e com crosta, por
vezes com linfadenopatia locoregional;
• Mais frequente nas crianças, em climas quentes e húmidos e más condições de higiene;
• Principais agentes: Streptococcus do grupo A e S. aureus;
• Tratamento: tópico – mupirocina – ou sistémico (lesões múltiplas) – amoxicilina / ácido
clavulânico, cefazolina ou flucloxacilina.
Foliculite:
• Piodermite localizada aos folículos pilosos:
o Lesões múltiplas, pequenas, pustulosas e com base eritematosa;
• Epidemiologia e etiologia:
o Colonização nasal por S. aureus ou contaminação por P. aeruginosa em piscinas,
banhos de hidromassagem e jacuzzis;
o Infeção por Candida spp. em doentes com predisposição (antibioterapia prévia
e imunossupressão/corticoterapia);
• Tratamento: antibiótico ou antifúngico tópico; descolonização S. aureus com
mupirocina intranasal e banhos com clorohexidina.
Furunculose e Carbúnculo:
• Furúnculo: Nódulo circundante a um folículo piloso;
• Carbúnculo: Abcesso subcutâneo com drenagem para folículo piloso;
• Principal agente: S. aureus;
• Fatores de risco: obesidade, corticoterapia, defeitos da imunidade inata (função
neutrófilos);
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• Lesões mais frequentes em zonas de fricção e com maior sudorese; sintomas sistémicos
são raros → sinal de infeção mais profunda ou complicação;
• Tratamento: drenagem cirúrgica + antibioterapia sistémica + descolonização.
o MSSA: Flucloxacilina, cefazolina, clindamicina, cotrimoxazol;
o MRSA: Vancomicina, ceftarolina, linezolide, daptomicina.
Celulite:
• Afeção da pele e tecido celular subcutâneo, mais frequente nas extremidades;
• Muito frequente e muito associada a recorrências;
• Fatores de risco:
o Compromisso da circulação venosa/linfática – tromboflebite, cirurgia prévia,
trauma, insuficiência cardíaca;
o Diabetes mellitus – imunossupressão, neuropatia periférica e vasculopatia;
o Alcoolismo – imunossupressão, trauma, más condições de higiene;
o Trauma penetrante;
o Outra patologia cutânea – infeção fúngica, eczema, psoríase, etc.
• Clínica:
o Edema;
o Eritema;
o Dor local;
o Aumento da temperatura;
Celulite por
Celulite por
Erisipela Clostridium anaeróbios
perfringens
Streptococcus do Infeção superficial; Infeção mista por
grupo A; Associada a trauma ou aeróbios e anaeróbios;
Forma superficial de cirurgia recente; Frequente em doentes
celulite face e Formação de bolhas com diabetes mellitus;
extremidades; de gás na pele; Odor fétido
Área de eritema Normalmente poupa característico;
vermelho vivo, mas pode invadir a Pode progredir com
elevada, dolorosa, de fáscia e o músculo - envolvimento muscular
bordos bem definidos; exame de imagem e e da fáscia com
Envolvimento linfático. doseamento de CK necessidade de
para exclusão! desbridamento
cirúrgico.
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Responsabilidades do Microbiologista:
• Fornecer uma lista de testes apropriados às necessidades do clínico;
• Estabelecer relação com um laboratório externo para a realização de testes que não
podem ser efetuados no laboratório hospitalar;
• Informar sobre os tempos necessários para o processamento das amostras;
• Definir tempos para o envio dos resultados dos testes;
• Fornecer orientações para a colheita e transporte das amostras biológicas;
• Manter um sistema computorizado efetivo para introduzir informação atualizada sobre
a receção dos produtos, seu processamento e resultados das análises:
o Possibilidade de notificar imediatamente o clínico sobre resultados importantes
/ críticos
• Garantir a existência de um sistema de armazenamento das amostras biológicas para
facilitar a realização de testes adicionais:
o De curta duração para todos os isolados;
o De longa duração para isolados importantes.
• Publicação periódica dos resultados sobre os padrões de suscetibilidade aos
antimicrobianos para as bactérias mais frequentemente isoladas no hospital /
instituição;
• Garantir que o funcionamento do Laboratório está de acordo com os padrões
regulamentares.
Responsabilidades do Clínico:
• Conhecimento atualizado:
o Da lista de testes microbiológicos disponíveis no laboratório;
o Das orientações sobre as regras de colheita e transporte das amostras.
• Informar o laboratório quando existe suspeita de um microrganismo específico (p. ex.
microrganismo altamente patogénico ou resistente ao antimicrobianos)
• Priorizar o pedido de testes quando a quantidade de amostra que pode ser colhida é
limitada;
• Estabelecer uma linha de comunicação aberta com o responsável do Laboratório
quando:
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• Inferior:
o Lavado bronco-alveolar;
o Escovado brônquico ou biópsia brônquica;
o Expetoração induzida;
o Aspirado traqueal;
Amostras do Ouvido:
• Interno (aspiração de pus ou outro fluído);
• Externo (raspado ou colheita por zaragatoa);
Amostras do Olho:
• Conjuntiva;
• Córnea;
• Fluídos da câmara anterior ou do vítreo (aspiração).
Amostras de Urina:
Instruct women to hold labia apart, discard
the first portion of voided urine, and collect a
midstream portion in a sterile container.
Instruct men to retract the foreskin, discard Cleansing before voiding does not
the first portion of voided urine, and collect a consistently improve the quality
midstream portion in a sterile container. of the specimen; however, if the
Midstream Collect first-voided urine for C. trachomatis patient is unable to provide a
and N. gonorrhoeae tests. proper specimen, cleansing and
supervised collection may be
Keep refrigerated and transport to laboratory necessary.
promptly, or submit in urine tube with boric
acid to prevent overgrowth of contaminating
organisms.
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Amostras de Fezes:
Collect specimen directly in a Do not process for bacterial pathogens if patient has
sterile container and deliver been hospitalized for more than 3 days unless
immediately to laboratory; approved by laboratory director; consider
transport in Cary-Blair holding Clostridium difficile for hospitalized patients with
medium if delayed in transport. diarrhea; multiple specimens per day are not
Feces
indicated.
Keep specimen moist and transport rapidly to Always specify the type of tissue,
Tissues laboratory. Do not use bacteriostatic saline or and indicate the specific
and formalin. Biopsies are suitable specimens for pathogen sought (e.g., Nocardia,
Biopsies routine, fungal, mycobacterial, and anaerobic Bartonella, Histoplasma) if other
cultures, depending on site of biopsy. than routine bacteria.
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Scrape skin at active edge of lesion; Transport swabs in transport media to prevent
Skin avoid blood. Place in sterile Petri drying out; specify specific organism if one is
Lesion dish; biopsy may be more definitive suspected (e.g., dermatophyte, Sporothrix,
than swabs of lesion. Mycobacterium, etc.).
Nails and Clip affected areas; transport to laboratory in Culture for yeasts and
Hair envelope or dry, sterile container. dermatophytes.
Micobactérias
Questões de segurança:
• Práticas de biossegurança nível 2 e cabine de segurança biológica para procedimentos
não produtores de aerossóis:
o Ex: manipulação de amostras para preparação de esfregaços.
• Práticas de biossegurança nível 3 para procedimentos com potencial para gerar
aerossóis:
o Laboratório com pressão negativa;
o Uso de material de proteção individual (avental, luvas, máscara);
o Acesso restrito.
Métodos de Diagnóstico Microbiológico:
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Micobactérias:
• Avaliação do significado patogénico de um isolamento de micobactéria:
o Colonização;
o Contaminação;
o Doença ativa.
• Identificação da espécie de micobactérias:
o Testes bioquímicos;
o Métodos de identificação molecular.
• Teste de sensibilidade aos antimicrobianos.
• Diagnóstico de Tuberculose Latente:
o Teste de tuberculina (Mantoux);
o Teste de libertação de interferão gama INF- release assay (IGRA).
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Serologia:
• Testes de pesquisa de anticorpos para:
o Coccidioidomicose;
o Histoplasmose;
o Paracoccidioimicose.
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Enterovirus, HHV-8, HSV, measles virus, Swab or aspirate fluid in vesicle and
Skin parvovirus B19, poxvirus, rubella virus, scrape cells at base of lesion; place fluid
VZV in VTM
Adenovirus, CMV, HSV, many other Place in VTM
Tissue
viruses
Adenovirus, BK virus, CMV, filovirus, Collect midstream specimen in sterile
Urine HSV, enterovirus, measles virus, mumps container; VTM not necessary
virus, rubella virus
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Doenças infeciosas emergentes são aquelas que surgem de novo e não existiam antes,
enquanto as reemergentes são aquelas que reaparecem após um período com menos casos. As
máscaras são o elemento mais usado para controlar as doenças infeciosas.
Na altura da gripe espanhola a maior causa de gripe foram as pneumonias bacterianas
após a pneumonia viral. Relativamente à atual pandemia aprendeu-se muito desde a gripe
espanhola. A seguir à segunda guerra mundial pensou-se que já tinham sido resolvidas todas as
doenças infeciosas e era necessário pensar nas doenças crónicas. No entanto, sabe-se hoje que
isso não é totalmente verdade.
Até ao aparecimento da SIDA pensava-se que cada pessoa tinha uma doença infeciosa,
no entanto percebeu-se com a SIDA que isso não é verdade, e que cada pessoa pode ter uma ou
mais doenças deste tipo.
Outras doenças infeciosas emergentes são as febres hemorrágicas, como o ébola, a
febre amarela entre outros. Por serem doenças que matam muito rapidamente, perdem a
capacidade de se propagarem facilmente.
Não é possível prever os próximos agentes infeciosos que poderão aparecer, apenas
podemos ter a certeza de que irão aparecer.
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A emergência de grandes cidades trona mais difícil o controle das doenças infeciosas.
Por outro lado, o aumento do turismo e a diminuição do tempo para deslocações também
contribui para o aumento de doenças infeciosas.
Relativamente às doenças infeciosas que mais matam, é diferente falar-se de crianças
ou de adultos. Nas crianças são as doenças respiratórias, as que provocam diarreias, a malária e
o sarampo. Nos adultos são as doenças respiratórias na mesma, mas a seguir é a SIDA e a
tuberculose, sendo esta última a doença infeciosa que mais mata no mundo.
Verifica-se que nos países menos desenvolvidos a esperança média de vida é muito
inferior muito devido às doenças infeciosas.
O ser humano alimenta-se cada vez mais e está cada vez com mais peso, o que leva a
uma maior necessidade de criação de alimento com maior velocidade. Os animais criados para
este fim, de modo a não transmitirem doenças, são alimentados com antibióticos, pelo que o
ser humano ingira esses antibióticos. Já existem países que proíbem este uso de antibióticos
indiscriminado em animais, a menos que este se encontre doente com um microrganismo que
seja tratado com antibiótico.
Atualmente as doenças infeciosas são a maior causa de morte no mundo, sendo por isso
que serão uma constante nas nossas vidas.
Muitas marcas de produtos de limpeza publicitam conter ingredientes que são
antibacterianos, no entanto ou estes não funcionam, ou se funcionam não fazem falta uma vez
que a roupa e o chão não necessitam de ser estéreis. Sabe-se que o contacto com bactérias e
parasitas na infância torna o sistema imunitário mais robusto na fase adulta.
Existem doenças cuja causa não se conhece, sendo que se considera que nestes casos
se considera que possa ser infeciosa. Existem algumas doenças psiquiátricas que se pensam que
possam ser causadas nalguns casos por microrganismos…
A única doença infeciosa que foi eliminada foi a varíola. Sendo que existem muitas
outras que se tentam erradicar. A poliomielite, ainda não foi erradicada devido a algumas
comunidades não acreditarem na vacina.
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Aula 5 – Tuberculose
Data Docente
20/10/2021 Profª. Doutora Emília Valadas
A descoberta de infeção latente pode ser feita com recurso ao teste da tuberculina (teste de
mantum) ou com os testes IGRAS (intererao gama release assay) – estes últimos são testes mais
recentes e com maior eficácia no diagnostico da presença de mycobacterium tuberculosis. Estes
testes permitem ver se há presença da bactéria, mas só a conjugação com o quadro clínico
permite definir se existe tuberculose ou infeção latente.
Assim, podemos ter tuberculose primária ou pós-primária, sendo a classificação baseada no
tempo de reativação. Podemos ter reativação de uma infeção latente ou podemos ser
reinfectados.
A tuberculose clássica baseia-se sobretudo a nível pulmonar. No entanto, existem muitos casos
extra-pulmonares que são mais difíceis de diagnosticar e a doença é também mais prolongada.
Quanto mais imunodeprimida a pessoa estiver, mais variantes da doença podem surgir (ex:
tuberculose óssea com queixa de lombalgia). Neste contexto, o aparecimento da SIDA veio
potenciar o aparecimento de quadros clínicos de tuberculose muito variados e disparares da
tuberculose clássica.
Os sinais típicos da tuberculose clássica são: tosse de novo (há mais de 15 dias), emagrecimento
acentuado (superior a 10% do corpo corporal), sudorese noturna, hemoptises (sangue na
expetoração – significa que há compromisso de um brônquio, levantando a suspeita de curso
prolongado da doença; é bastante raro atualmente), e nas crianças a falta de atenção e
sonolência diurna.
A tuberculose é chamada a doença imitadora, porque pode imitar quase todas as doenças. O
quadro clínico da tuberculose é muito variado e pode-nos fazer pensar em várias doenças
conforme a localização. De forma geral classificamos a tuberculose em:
• Clássica (pulmonar) – mais fácil de diagnosticar devido às queixas típicas; a radiografia
de tórax é muito típica (bilateralidade das lesões, com cavernas); o exame cultural da
expetoração é também muito usado no diagnostico. Estes casos são os mais
importantes de diagnosticar rapidamente porque são estes os casos infeciosos.
• Extra-pulmonar – o seu diagnostico é mais difícil porque depende da localização e do
grau de suspeição. Engloba toda a tuberculose fora do pulmão, inclusive quando afeta
as pleuras. Não é infeciosa para os outros. Pode localizar-se em todos os sítios (aparelho
digestivo, olhos, ossos, pele, sistema reprodutor, rins, etc). Por exemplo, uma
tuberculose na coluna vertebral pode evoluir para uma meningite tuberculosa e, assim,
gerar compromisso do sistema nervoso central (sintomas como alteração do humor,
agressividade, crise epilética, etc).
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Fora da Ásia, quem tem adenopatias tuberculosas são as crianças ou pessoas imunodeprimidas;
pelo contrário, na Ásia quem exibe este tipo de adenopatias são adultos saudáveis. Existe,
portanto, uma grande componente genética ainda por explicar.
No mundo existem muitos casos e novas infeções por ano, culminando em ~2 milhões de
mortes/ano. A tuberculose está muito associada à multirresistência a antibióticos e a frequente
coinfecção por HIV tem dificultado a
eficácia terapêutica. A grande maioria dos
casos de tuberculose no mundo ocorre em
África devido à falta de condições.
Este gráfico mostra que a tuberculose
continua a ser a 1ª causa de morte por
doença infeciosa no mundo. No entanto, a
tuberculose tem uma causa conhecida, é
facilmente tratável, é barato o tratamento,
e, no entanto, isto ainda é a realidade.
Em Portugal existem cerca de 20 casos por 100 mil habitantes. Mas durante muitos anos,
existiam muitos casos em Portugal (linha vermelha no gráfico). Alias, apesar de ter baixado
muito, ainda somos o país com maior número de casos por 100 mil habitantes. Mesmo
comparando com a Espanha (linha azul), que somos geneticamente mais parecidos, existe uma
grande diferença de valores. Portugal, contrariamente aos outros países da Europa, faz a
notificação obrigatória das doenças infeciosas (~99%) – antigamente as pessoas diagnosticadas
tinham regalias sociais como baixa, ordenado pago por inteiro, etc. Talvez a discrepância dos
valores resulte da eficácia na notificação dos casos.
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A tuberculose foi considerada uma doença emergente pela OMG. No entanto, só continua a
existir por falta de cuidados de saúde nos sítios de maior foco. Na verdade, a tuberculose podia
ser eliminada porque sabemos tudo: causa, transmissão, tratamento e prevenção.
Diagnóstico de M. tuberculosis
A amostra (expetoração, pus, urina, biopsia, sangue) depende muito da localização da suspeita.
É muito importante para o diagnostico ter amostras de qualidade. A amostra é então analisada
por:
A tuberculose multirresistente tem sido o maior e mais recente problema – este conceito traduz
uma infeção por M. tuberculosis resistente aos dois antibióticos mais eficazes, a isoniazida e a
rifampicina. Pode também ser resistente a mais antibióticos.
Embora pouco
prevalente, o
prognóstico pode ser
muito grave. O maior
problema centra-se a
nível da ex união
soviética que, por
razoes variáveis,
assume baixo controlo
na administração de
medicamentos.
No HSM existiram muitos casos de tuberculose multirresistente numa altura que também havia
muitas pessoas internadas com HIV (já não existem atualmente). Os padrões de resistência
idênticos que foram avaliados sugerem uma transmissão nosocomial da tuberculose.
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
A tuberculose multirresistente
não é facilmente diagnosticada
(quanto mais resistente a bactéria
for, menos capacidade tem de
provocar doença que se
manifeste clinicamente – induz
um percurso clínico muito mais
prolongado).
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Rinite
Inflamação e irritação da mucosa do nariz. Por norma é aguda, podendo ser crónica
nalguns doentes, nomeadamente as rinites alérgicas. As rinites virais são mais frequentemente
causadas por adenovírus.
Sintomas: prurido nasal e ocular, olhos vermelhos, rinorreia aquosa, espirros e prurido
na garganta.
Tratamento: sintomático com anti-histamínicos, corticoides ou em casos mais graves
inibidores leucotrienos.
Diagnóstico: clínico
Não apresenta grandes complicações.
Sinusite
Inflamação dos seios peri-nasais
que pode ser provocada por bloqueio dos
canais que drenam para as fossas nasais.
Sintomas: dor/sensação de
pressão, cefaleias, obstrução nasal com drenagem esporádica de rinorreia purulenta com mau
odor e sabor, tosse recorrente, disfonia crónica, diminuição do olfato e paladar, febre e
inflamação do V par craniano. Os últimos dois são raros.
Diagnóstico: clínico posteriormente confirmado por RX.
Complicações: inflamação dos tecidos envolventes
• Sinusite etmoidal: inflamação da pele orbitária e por
vezes trombose do seio cavernoso.
• Sinusite frontal: falso tumor na teste chamado de
pott’s puffy tumor. Em caso de ser mais posterior pode
originar um abcesso cerebral.
• Sinusite esfenoidal: trombose séptica do seio
cavernoso.
Agentes: S. pneumoniae e H. influenza (50-70%9, S. aureus, angentes
da cavidade oral e anaeróbios, fungos em doentes neutropénicos (baixos neutrófilos).
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Tratamento: amixixilina com ácido clavulânico, cefuroxime. Por vezes trata-se com
tratamento endovenoso uma vez que é difícil fazer chegar os fármacos aos seios peri-nasais.
Faringite
Irritação, inflamação ou infeção da faringe, nomeadamente do tecido linfoide, os
adenoides e as amígdalas. Sendo que quando estes não existem pode ser inflamada a mucosa
da faringe. Maioritariamente causada por vírus e bactérias.
Os agentes virais são rhinovirus, coronavírus, adenovírus, influenza, EBV
(mononucleose), herpes, cockksacki A.
Os agentes bacterianos são o S. pyogenes, Streptococcus grupo B e C, agentes
anaeróbios, corynabacterium diphteriae, neisseria gonorrhoea e Treponema pallidum,
mycoplasma e chlamydia.
Sintomas: Febre, hiperímia orofaringe, exsudado amigdalino, odinofagia e adenopatias
cervicais. Quando falamos de adenoidite os sintomas são respiração pela boca, otalgia,
obstrução nasal, roncopatia, mau
hálito, corizas frequentes e bronquite.
Pode evoluir para otite média. Em
relação à amigdalite os sintomas são
odinofagia, febre, disfonia e disfagia.
Por norma as bacterianas
apresentam placas de pus e as virais
não, no entanto não é universal, pois
algumas amigdalites virais podem
apresentar essas placas.
Critérios clínicos de decisão:
exsudado amigdalinos, adenopatias
cervicais anteriores, febres e ausência
de tosse. Quando o doente apresenta menos de dois critérios apresenta 80% de probabilidade
de ser viral, de 3 a 4 critérios apresenta uma probabilidade de 40% a 60% de ser bacteriana.
Pode pedir-se um teste rápido de antigénio streptocócico e pede-se uma cultura de células.
Dentro das faringites existe a escarlatina, que se caracteriza por um início súbito com
sintomas de odinofagia e apresenta um eritema típico nas pregas cutâneas e na face, petéquias
(pequenas hemorragias capilares) no palato, úvula edemaciada e eritematosa e língua de
framboesa.
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Laringite
Inflamação ou irritação do aparelho vocal/laringe que pode provocar
estreitamento das cias respiratórias. É maioritariamente viral.
Sintomas: disfonia que pode originar afonia, tosse e dificuldade
respiratória.
Tratamento: sintomático
Epiglotite
Mais frequente em crianças, provocada maioritariamente
por H. influenza.
Sintomas: odinofagia, disfonia, dificuldade em deglutir,
sialorreia (muita saliva), estridor inspiratório e pode levar a paragem
respiratória.
Diagnóstico: laringoscopia indireta.
Tratamento: antibiótico de largo espectro.
Caso clínico
Sexo masculino, 36 anos, saudável, fumador e ligeiramente ansioso. Apresentava dores
de garganta, mialgias e febres. Foi-lhe receitado penicilina e mais um antibiótico para agente
anaeróbios, a clindamicina. Dois dias vai ao hospital com vómitos e lombalgia bilateral,
apresentando temperatura normal devido ao efeito do antipirético, tensão arterial e frequência
cardíaca normais, mas apresentava uma tumefação cervical esquerda dolorosa, sinal de Murphy
renal duvidoso, mas sem alterações cutâneas. Nas análise apresentava leucócitos aumentados,
nomeadamente neutrófilos, PCR aumentada, creatinina aumentada, bilirrubina aumentada e
leucócitos na urina. Apresentava ainda na gasometria os lactatos aumentados, o que indica que
o oxigénio não está a chegar corretamente às regiões periféricas. O raio-X parece apresentar
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Traqueobronquite
Inflamação das membranas mucosas da traqueia e brônquios até à terceira ordem.
Geralmente secundária a infeção do trato respiratório superior. Maioritariamente é causada por
Rhinovirus e vírus Influenza.
Sintomas: dor retroesternal, febre, cefaleias, dispneia, secreções purulentas, secreções
raiadas de sangue.
Bronquiolite
Inflamação dos bronquíolos que provoca estreitamento ou obstrução das vias aéreas,
caracterizada pela hipersecreção de muco.
Sintomas: tosse, expetoração mucosa, dispneia, sibilos, cianose, febre, astenia e
anorexia.
Pneumonia
Fazem parte das três primeiras casa por internamento em Portugal e apresenta alguma
mortalidade associada.
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Podem ser contraídas por via respiratória ou via hematogénea, embora a segunda seja
mais rara. Por via respiratória os microrganismos são inalados, como bactérias, vírus ou fungos,
chegando aos pulmões. A via hematogénea ocorre pela invasão do pulmão por agentes
circulantes na corrente sanguínea podendo provocar embolia séptica (endocardite da válvula
tricúspide).
Cerca de 50% das pneumonias fica sem diagnóstico porque não se identifica o agente
infeccioso. Dividem-se em pneumonias típicas e atípicas. As típicas são relacionadas com o S.
pneumoniae, H. influenzae, bactérias Gram- e S. aureus. As atípicas são relacionadas com M.
pneumoniae, C. pneumoniar, Legionella spp., vírus.
Sintomas Típica: febre, calafrio, dor pleurítica, tosse produtiva com expectoração
ferruginosa ou pururlenta, dispneia, mal-estar, prostração. Em casos extremos pode levar a
alteração progressiva do estado de consciência e recusa alimentar.
Observação Típica: frequência respiratória aumentada, tiragem intercostal e supra-
clavicular, macissez pulmonar à percussão, aumento da transmissão das vibrações vocais,
pervores crepitantes, egofonia, sopros pulmonares, sépsis.
Sintomas Atípica: febre variável, não apresenta as observações da típica, mas pode
apresentar mialgias, conjuntivite, exantema, diarreia, alteração do estado de consciência. Não
apresenta leucocitose, mas apresenta toque hepático. Está associada a um contexto epidémico
normalmente.
Os adultos têm menos infeção pois mantêm mais distância uns dos outros que as
crianças.
Fatores de risco para infeção por Streptococcus pneumoniae: major - tabagismo ativo,
insuficiência cardíaca, doença neurológica, estadia em instituição, doença pulmonar crónica,
doença imunossupressora. Possíveis – neoplasia do pulmão, corticoterapia, alcoolismo.
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Pneumonia viral:
• Febre súbita e alta, calafrios, tosse não produtiva,
artralgias, mialgias e rinorreia;
• Agentes:
o Vírus influenza A e B;
o Vírus parainfluenza;
o Adenovírus;
o VSR;
o Coronavírus;
o Vírus varicela-zoster.
• Vacinação essencial para grupos de risco (crianças <
5 anos e idosos > 65 anos, grávidas).
Outras etiologias:
• Mycobacterium tuberculosis:
o Imunodepressão, primária ou secundária;
o Contexto epidemiológico e geográfico;
o Apresentação sub-aguda / crónica, raramente aguda;
o Febre moderada ou muito alta de predomínio vespertino e noturno;
o Sintomas B;
o Hemoptise possível;
o Degradação do estado geral.
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Usa-se o termo infeções sexualmente transmissíveis e não doenças porque muitas vezes as
infeções não chegam a tornar-se doenças, sendo frequentemente assintomáticas.
Sintomas
frequentemente
confundidos com
infeções urinárias
Por exemplo, a infeção por HIV pode-se manter assintomática durante muito tempo (> 10 anos),
período durante o qual pode continuar a transmitir a outras pessoas.
Uma úlcera indolor pode indiciar sífilis, se for dolorosa poderemos pensar noutros quadros
clínicos.
Nos países em desenvolvimento a hepatite B continua a ser um grave problema, enquanto nos
países desenvolvidos a vacina tem vindo a desconstruir a sua prevalência. As consequências mais
graves do HPV é o cancro do colo do útero e do canal retal.
O vírus da hepatite B é muito infecioso (muito mais do que o HIV) e a transmissão via sangue é
bastante prevalente.
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Quando uma pessoa dá positivo para uma infeção sexualmente transmissível após um contacto
sexual desprotegido deve ser pedida a análise a todas as outras infeções porque existe uma
elevada probabilidade de coexistirem.
Trata-se com
penicilina
Isto acontece porque o herpes provoca lesões que podem ser feridas (soluções de continuidade
das mucosas), e a sífilis também provoca úlceras; assim, facilita a entrada do vírus HIV.
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
A PrEP no HIV representa a prevenção antes da infeção ocorrer; faz-se nas pessoas com risco
aumentado (por exemplo, existe medicação para pessoas que tenham exposição a contactos
sexuais desprotegidos com frequência).
Daí a
importância de
manter a
existência de
rastreios
Os testes rápidos têm sempre de ser confirmados por testes de maior fiabilidade, mas permitem
testar grandes quantidades de pessoas e fazer uma triagem de suspeita.
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Nas infeções bacterianas e parasitarias usa-se muitas vezes dose única (oral ou injetável); no
caso da sífilis é fácil, é sempre com penicilina (injeção intramuscular).
A DGS assume uma lista de doenças bastante extensa (sífilis, HIV, tuberculose, malaria, febre
tifoide, algumas diarreias, doença de Lyme, …) de declaração obrigatória.
Esta declaração é importante para que sejam delineadas estratégias para encontrar os parceiros
em caso de infeção e, deste modo, controlar a transmissão.
Estas infeções são tratáveis se diagnosticadas a tempo, por isso não se prevê que seja liberada
uma vacina tao cedo.
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Sífilis
Caracteriza-se pela existência de lesões indolores e pequenas nos genitais que passam
despercebidas durante algum tempo e depois evoluem frequente- e rapidamente para úlceras.
A sífilis surge em 3 fases – entre a fase primária e terciária podem passar 20 ou 30 anos. A sífilis
primária é caracterizada por úlceras genitais indolores e com bordos bem delimitados (fotos
abaixo); nesta fase, trata-se com penicilina com uma única injeção intramuscular (se necessário
podem fazer-se mais injeções).
É importante observar a
boca e palato quando há
suspeita de infeções
sexualmente transmissíveis.
Manchas não pruriginosas nem dolorosas nas palmas das mãos e pés é típico de sífilis
secundária. Normalmente acompanha com manchas no tronco (podem infetar devido à
coceira).
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Se a sífilis primária/secundária não for tratada, pode evoluir 20 ou 30 anos depois para sífilis
terciária. A sífilis terciaria caracteriza-se pelo compromisso do sistema nervoso central e, neste
caso, a penicilina não vai ser eficaz no tratamento porque não atravessa a barreira
hematoencefálica (neste caso, o mesmo antibiótico deverá ser dado via endovenosa).
A sífilis terciária não tratada, pelo compromisso do sistema nervoso central, pode evoluir para
quadros de esquizofrenia ou quadros demenciais.
Lesões de herpes tipo 1 são muito dolorosas e funcionam como excelentes portas de entrada
para variados tipos de microrganismos, nomeadamente HIV.
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Aula 8 – Sépsis
Data Docente
28/10/2021 Drª. Joana Fernandes
Definição
Sepsis – Doença de disfunção orgânica com risco de vida, causada pela resposta desadequada /
exacerbada do hospedeiro a uma infeção (“Life threatening organ dysfunction caused by
dysregulated host response to infection”).
Mortalidade
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
O SOFA, é um sistema de score para classificar se o doente se encontra ou não num quadro
séptico. Valores de SOFA superiores ou iguais a 2 pontos, mostram que o doente está num
quadro séptico. Envolve vários sistemas, mas não é fácil de utilizar, visto que as medições
necessárias são demoradas. É um score mais usado na unidade de cuidados intensivos e que é
feito diariamente para verificar a evolução do doente.
Os doentes com choque séptico são identificados pela hipotensão que persiste mesmo após
medidas para a contrariar, havendo também sinais de hipoperfusão periférica, que é avaliado
pelo valor dos lactatos no sangue arterial, que nos indicam que o metabolismo periférico não
está a ser feito corretamente. Há assim uma dificuldade circulatória, que limita a chegada de
nutrientes à periferia e que mesmo após algumas
medidas (hidratação forçada, fármacos como
aminas, que fazem vasoconstrição) não
conseguem fazer subir a pressão arterial.
Quick SOFA
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Abordagem
A análise da gasimetria dá-nos os valores do pH, o valor pCO2, pO2 HCO3-, e o excesso de bases
no sangue. Pode ainda dar valores de alguns iões (K, Ca) e o valor dos lactatos. Lactatos
aumentados são indicativos de disfunção orgânica e hipoperfusão periférica.
Definir Objetivos:
• PAM (Pressão Arterial Média) > 75mmHg;
• Diurese > 0,5 ml / Kg / h;
• PVC (Pressão Venosa Central) 8-12 mmHg (Determinada diretamente na Veia Cava);
• Saturação venosa central >70%;
• Normalização de lactatos;
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Fluid Challenge
Fazemos subir a tensão ao doente via hidratação, de forma a expandir o volume intravascular.
Feito através de soros, sendo os mais utilizados os cristaloides (soro fisiológico, por exemplo)
com uma hidratação rápida:
• 30 ml / kg de cristaloides em 30 min:
o 60 kg – 1800 cc
o 80 kg – 2400 cc
Colóides (gelatinas), mais espessos também podem ser utilizados para hidratação, têm um
expansor de volume. 500 cc de coloide, expande mais que 500 cc de soro fisiológico. Pode
provocar desequilíbrios de coagulação, por isso devem ser usados com atenção.
Tanto a albumina como o concentrado de eritrócitos não se demonstram eficazes, sendo o
concentrado de eritrócitos apenas útil em doentes com perdas hemorrágicas associadas.
Devemos ter também atenção a doentes com má função cardíaca ou insuficiência renal, visto
que estra hidratação pode criar sobrecarga nestes dois sistemas, criando por exemplo
transudado no pulmão, criando dificuldades respiratórias.
Registo da Diurese
O doente é algaliado, de forma a poder-se fazer a monitorização da diurese. Esta algaliação não
é feita apenas para saco coletor, mas também para um micrómetro de forma a permitir a
avaliação precisa da diurese.
Diagnóstico:
• Não deve atrasar o início de antibióticos;
• Pelo menos duas hemoculturas;
• Outras culturas (urocultura);
• Exames complementares de imagem.
Antibioterapia:
• Até 1h após diagnóstico de sepsis;
• Atividade e penetração;
• Largo espetro / combinação;
• Após 3-5 dias: Descalação;
• Duração 7-10 dias;
• Família de ATB:
o Beta-lactâmico de largo espetro;
o Beta-lactâmico de largo espetro + aminoglicosideo;
o Vancomicina se suspeita de agente Gram +.
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Controlo de Foco:
Se houver um foco infecioso, nenhum ATB vai ter uma boa penetração. Deve este assim ser
controlado rapidamente (12 horas), devendo a drenagem do mesmo ser o menos invasiva
possível.
No entanto, se a PAM persiste baixa e os lactatos não normalizam, é necessário tomar medidas
adicionais:
• Iniciar aminas vasoativas (Noradrenalina, (Dopamina, cada vez menos usada)), fazem
vasoconstrição e aumentam a pressão arterial;
• Se iniciar aminas em vasos onde o fluxo sanguíneo é fraco naquele momento, estes
podem colapsar. Assim é necessário que a administração seja feita por um cateter
venoso central (jugular, subclávio, femoral (menos frequente)). Este cateter para além
de permitir a administração das aminas, permite também a avaliação da pressão venosa
central;
• Aminas não devem ser dadas por vasos periféricos, pelo risco de a vasoconstrição, que
é feita no momento da administração, poder causar necrose nas veias.
De seguida pode ser feita a colocação de uma linha arterial (radial, cubital) de forma a se poder
proceder à monitorização da pressão arterial e a colheitas de sangue.
Noradrenalina
• Diluição:
o 10 mg / 50 cc;
o 30 mg / 50 cc.
• Perfusão:
o 2-4 ml /h (6-12 g
/ min), para a
primeira diluição;
o 2-4 ml / h (20-40
g / min), para a
segunda diluição.
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Dopamina
• Diluição: 400 mg / 50 cc;
• Pode ser utilizada num acesso periférico;
• Não utilizar doses abaixo de 5 g / kg / min;
• Dose inicial – 7,5 g / kg / min:
o 60 kg – 3,4 cc / h;
o 80 kg – 4,5 cc / h.
Dobutamina
• Provoca uma reação inotrópica positiva. Existe necessidade de avaliar a função cardíaca:
o Ecocardiograma;
o Saturação venosa central (> 70%);
▪ Hb > 8 e PVC >8.
• Diluição: 500 mg / 50 cc;
• Dose inicial: 5 g / kg / min
o 60 kg – 1,8 cc / h;
o 80 kg – 2,4 cc / h.
• Para expulsar o CO2, devido à acidémia, o doente fica polipneico, mas não consegue
aguentar o esforço exigido, o que pode levar a necessidade de ventilação mecânica, com
colocação de tubo orotraqueal ligado a um ventilador;
• Também os rins começam a falhar já que não existe boa perfusão renal, impedindo a
filtração. Existe necessidade de técnicas de substituição renal (hemodiafiltração
venovenosa contínua) que vão efetuar uma filtração contínua do sangue;
• Com tudo isto, existe a necessidade de sedação do doente, usando midazolam ou
propofol é usada a dose mínima necessária para que o doente esteja sedado, sem
provocar alterações de TA que estes fármacos podem provocar;
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
• A alimentação é feita por via entérica, através de tubo orogástrico (não se coloca tubo
nasogástrico para não impedir a drenagem dos seios perinasais). Devido à possível
ocorrência de úlceras de stress, a nível gástrico. Faz-se a administração de um protetor
gástrico IV como a ranitidina ou o omeprazol;
• Por estarem imóveis deve-se fazer a prevenção da trombose venosa profunda (TVP) dos
membros inferiores (formação de coágulos nas veias das pernas, que podem embolizar
e chegar ao pulmão), com o uso de uma heparina de baixo peso molecular, ou com uso
de meias de compressão.
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Caso 1:
• Doente de 39 anos;
• Vem ao SUC por hemorroida exteriorizada;
• Após questionado – sensação de febre e prostração;
Contexto:
Sépsis neutropénica
• HIV +, linfoma não Hodgkin difuso de grandes células B, estadio IV-B;
• Em dia 8 RCHOP2 (Quimioterapia) (!!!).
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Exames Realizados:
• Hemograma – leucócitos 300, neutrófilos 0;
• Plaquetas 44.000 PCR 26;
• Hemoculturas – Pseudomonas aeruginosa não multirresistente;
• Internado, cumpriu 10 dias de meropenem;
• RCHOP3 a 25/9, até agora sem intercorrências;
História Clínica:
• É o “exame” fundamental ...embora o mais descurado...;
• Tentar relacionar os eventos criticamente;
• Inter-relação com epidemiologia e exame objetivo tentando orientar para um
diagnóstico...
Caso 2:
• 54 anos, raça branca;
• Febre com calafrios há 2 dias;
• Odinofagia há 5 dias, já fez penicilina sem resposta;
• Lesões cutâneas há < 24 horas, dolorosas.
Laboratório:
• Hemoglobina 11,6 g/dL;
• Glóbulos Brancos 100 neutrófilos 0;
• Plaquetas 340.000;
• VS 120 PCR 43;
• Hemocultura: positiva para P aeruginosa.
Diagnóstico: Agranulocitose ao metamizol (Nolotil – Muito usado nos países latinos, proibido
em alguns países como os EUA e países do Norte Europeu)
Exame Objetivo:
• Juntamente com a história clínica é peça chave no diagnóstico
• Alguns achados podem ser patognomónicos, e outros muito orientadores...
Caso 3:
• Homem de 43 anos;
• Valvulopatia reumática não corrigida;
• Febre ondulante há 3 meses, poliartralgias;
• LAB do exterior: anemia, hipergama com banda IgGK, consumo dos complementos;
• Doença autoimune? Hematológica? Ou outra?
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Doente apresenta nas palmas das mãos lesões consistentes com Nódulos de Osler e hemorragias
em lasca debaixo das unhas (ambos sinais de endocardite bacteriana)
Exames:
• ACP rodado mitral + sopro de insuficiência;
• Esplenomegalia 2 cm;
• Hemoculturas positivas para Streptococcus bovis 1 (gallolyticus);
• Iniciou penicilina e gentamicina com melhoria.
O que falta fazer ainda? Colonoscopia, visto S. Gallolyticus vir do trato GI. Não tinha Neoplasia,
mas lesão pré-maligna que foi retirada.
Caso 4:
• Doente de 47 anos;
• Odinofagia intensa com adenopatias cervicais;
• Febre com calafrios;
• Poliartralgias e artrite dos pulsos e tornozelos;
• Portadora de analises leucocitose 22.000 com neutrofilia 94% PCR 18 , VS 120, TGO e
TGP 3XLSN.
Paciente chega a consulta com rash, que aparece à noite, quando a febre está mais alta e
desaparece durante a manhã, com coloração “cor de salmão”.
Escarlatina – Rash cor vermelho escarlate, parece queimadura solar, língua de framboesa e linha
de Beau na fase de cura, com escamação de palmas e possivelmente plantas.
Depois de despistados todas as possíveis patologias, chegou-se a conclusão que não era doença
infeciosa, mas sim doença de Still do Adulto (aparenta ser tempestade de citocinas induzida por
infeção):
• Ferritina 14390 ng/dL;
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Caso 5:
• Criança, 6 anos;
• Febre com calafrio há 12 horas;
• Prostração intensa, vómitos;
• Hipotensão, febril (40,6ºC).
Sinais Meníngeos:
• Rigidez nuca;
• Kernig e Brudzisky.
E o nosso doente? Porque não os tem? Porque tem meningococo no sangue e não no líquor.
Caso 6:
• Jovem de 24 anos;
• Recorre ao SUC (em Agosto) por febre de 40º, vómitos, calafrios e mialgias;
• Alta com diclofenac;
• 2 dias depois recorre por manter febre.
Caso 7:
• Homem, 25 anos, não fumador;
• Tosse pouco produtiva com 1 mês de evolução, após rinofaringite;
• Sensação de febre, sudação noturna;
• Noção de perda de peso;
• Exame objetivo normal.
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Diagnóstico: Tuberculose Pulmonar Bacilífera. Primeira coisa a fazer, colocar máscara ao doente;
segunda coisa a fazer, RX tórax. Se possível isolar o doente numa sala sozinho.
Caso 8:
• Homem de 32 anos, militar no ativo;
• AP favismo;
• Há 1 semana febre não quantificada, petéquias, gengivorragias, hematomas;
• Alteração do estado de consciência;
• LAB do exterior Hb 7.8 g/ dL, GB 10.000, N 60%, Eo 30%, Plaq 31.000, PCR 10, PTT 56/29,
INR 4, Fib 35, LDH 1000.
Em resumo:
• Patologia infeciosa multiplicidade de apresentações (incluindo as que não parecem
infeciosas…);
• Patologia não infeciosa pode também imitar patologia infeciosa…;
• Importância da história e exame objetivo;
• Tentar colocar hipóteses e depois confirmá-las (sabendo quando não podemos esperar
para tratar o doente).
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Aula 10 – Malária
Data Docente
05/11/2021 Drª. Aida Pereira
A malária é uma doença infecciosa com uma grande impacto global na incidência e na
mortalidade, devido a vários fatores, como a globalização, alterações climática, resistência à
terapêutica e inseticidas. Esta doença é causada por um parasita protozoários intracelular
obrigatório, do género Plasmodium sp. Sendo este transmitido pela picada do mosquito fêmea
do género Anopheles, o vetor e reservatório, aquando da alimentação do mesmo do sangue do
hospedeiro entre o entardecer e a madrugada. É uma doença exclusiva do Homem, evitável e
curável. Excecionalmente pode ser transmitida por transfusão sanguínea, transplantes, partilha
de agulhas contaminadas e de modo congénito.
Em 2018, segundo a OMS, nos países africanos da África Subsariana com transmissão
moderada a elevada apresentavam cerca de 11 milhões de grávidas que foram expostas a
infeção de malária. A prevalência de malária na gravidez foi de 35% na África Ocidental e Central,
e de 20% na África Oriental e do Sul. 39% da exposição foi na República Democrática do Congo
e na Nigéria. Este 11 milhões de grávidas originaram 87200 crianças com baixo peso à nascença,
sendo 16% do total de crianças com baixo peso à nascença, apresentando África Ocidental a
maior prevalência.
Historicamente em 1880 o parasita da malária foi identificado pela primeira vez por
Charles Alphonse, tendo lhe dado o nome de Plasmodium, e em 1890, Ronald Ross e Battista
Grassi demonstraram que a doença era transmitida ao homem pela picada do mosquito
Anopheles gambiae. A designação de paludismo surgiu no século XIX, do latim paul, palude.
Malária é um termo de origem italiana, uma vez que Giovabbi Maria Lancisi, em 1717, notou
que os habitantes dos pântanos sofriam mais com a doença e deu-lhe o nome de malária que é
a junção de ‘mal’ e ‘aria’ (mau e ar). O termo médico tradicional era sezonismo ou sezão, desde
o século XIII, entre outras designações.
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Observou-se uma redução de 200 para 2015 dos casos de malária, passando de 107
países para 97.
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Em 2019 houve um abrandamento destas medidas o que pode pôr em causa estes
objetivos. Para os atingir é necessária uma abordagem integrada na prevenção (controlo
vetorial) através da utilização de redes mosquiteiras impregnadas de inseticidas de ação
prolongada, pulverização intra-domiciliária com inseticidas, drenagem de águas paradas onde
os mosquitos depositam os seus ovos. Por outro lado a abordagem inclui o tratamento
combinado com derivados de artemisinina e o tratamento intermitente preventivo em mulheres
grávias.
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Quando as células estão infetadas pelo parasita no caso do P. vivax e do P. ovale, verifica-
se uma aumento do tamanho dos eritrócitos, enquanto nos outros dois não há grande mudança
no tamanho dos eritrócitos.
Nos outros Plasmódios isto não acontece, levando a uma parasitémia real. O P.
falciparum afeta todos os eritrócitos, enquanto os restantes são específicos do eritrócitos jovens
(P. vivax e P. ovale) ou do eritrócitos maduros (P. malariae).
Os eritrócitos parasitados que não são filtrados acabam por ser destruídos na rotura dos
esquizontes, levando a libertação de merozoitos que ativam os macrófagos e a libertação de
citocinas pró-inflamatórias por células mononucleares, originando picos de febre a cima dos
40ºC. Os paroxismos febris da malária resultam da rotura dos esquizontes e iniciam-se com
calafrios, depois sobe a temperatura e por fim ocorre sudação. Podem ocorrer de 3 em 3 dias
(febre quartã) no cado de P. malariae, de 2 em 2 dias (febre terçã) no cado de P. ovale, P. vivax
e P. falciparum, ou evoluir para irregular entre os dois intervalos no caso de P. falciparum (ferbre
terçã maligna).
A imunidade da malária é parcial e pode ser obtida por repetidas infeções, observando-
se uma resposta imune dependente do número de episódios de doenças e da permanência
numa área endémica, desenvolvendo-se uma imunidade parcial ou “semi-imunidade”. Sendo
que esta não previne, mas confere proteção à doença, desaparecendo após ausência
prolongada da área endémica. Existem polimorfismos genéticos que conferem alguma proteção
à doença, como hemoglobinopatias S, E, C, F (a S confere resistência à infeção por P. falciparum),
ausência de “Duffy antigen” (imunidade para P. vivax), alfa-talassémia, ovalocite no sudoeste
asiático, favismo, deficiência de ferro. Por outro lado a esplenectomia é um fator de risco.
O quadro clínico inclui sintomas como febre, mau estar, astenia, adinamia, cefaleias,
mialgias e artralgias. O que pode criar confusão com outras patologias como a encefalite, a febre
amarela, endocardite, entre outras. A febre é irregular como dito anteriormente. Sintomas
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
menos frequentes são desconforto abdominal, dor torácica ou abdominal, anorexia, náuseas,
vómitos, diarreia ou icterícia. Sendo que estes podem criar confusão relativamente a hepatites,
febre tifóide, dengue, meningite, entre outras.
A Malária cerebral pode levar a encefalopatia difusa assimétrica, sinais focais comuns,
alterações do estado de consciência e alterações dos reflexos cutâneos e osteotendinosos. 50%
das crianças podem apresentar crises epiléticas. O coma representa 15% da mortalidade das
crianças e 20% dos adultos, instalando-se gradualmente ou abruptamente após crise epilética.
15% das crianças e 3% dos adultos apresentam sequelas como, hemiplegia, paralisia cerebral,
cegueira cortical, surde, défices cognitivos, problemas de linguagem ou dificuldades de
aprendizagem. Nesta complicação pode ainda existir envolvimento oftalmológico relacionado
com a aglutinação que ocorre na microvasculatura levando a obstrução da mesma.
A disfunção hepática pode apresentar-se como icterícia ligeira que é mais comum, ou
como icterícia grave associada a P. falciparum, levando a hemólise, lesão dos hepatócitos e
colestase.
Na Malária existem várias análises que devem ser pedias de modo complementar as
conclusões clínicas. No entanto o diagnóstico é feito pelo exame microscópico para identificação
do plasmódio envolvido na infeção. Pode ser feito com uma gota espessa, o que apresenta uma
grande sensibilidade, ou pela técnica do esfregaço, que é menos sensível, mas mais específico,
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
o que permite distinguir as diferentes espécies. Outros métodos de diagnóstico incluem testes
serológicos, microscopia de fluorescência, técnicas de deteção de antigénios de P. falciparum e
técnicas moleculares. No entanto estes são métodos de aplicação reduzida na prática clínica
quotidiana, mas amplamente usados nas investigação epidemiológicos.
O tratamento é instituído nos doentes diagnosticados, sendo que se o teste der negativo
deve ser repetido ao fim de dois dias, sendo necessários três testes negativos para se excluir
malária. O tratamento tem de ter em conta as localizações de resistência à cloroquina. Os
fármacos atuam no ciclo eritrocitário principalmente, havendo dois que atuam no ciclo hepático.
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
A Malária grave implica um tratamento por via endovenosa com monitorização de UCI
respiratória e fluidoterapia.
É feita uma consulta do viajante para que se possa fazer quimioprofilaxia para pessoas
que viajem para zonas endémicas de Malária.
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Esta bilirrubinemia, também pode ser verificada noutros locais, como por exemplo junto ao freio
lingual, podendo dar uma estimativa grosseira até dos valores de concentração de bilirrubina no
sangue (quando se consegue verificar uma cor amarelada junto ao freio lingual, a concentração
de bilirrubina é aproximadamente 3.0 mg/dl ou superior). Os valores normais de bilirrubina
situam-se entre os 1,2-1,3 mg/dl.
Funções do Fígado:
• Produção de bílis e seus portadores;
• Regulação de bílis, colesterol, lecitina e fosfolipídeos;
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Hepatite
No caso da infeção viral, o que acontece é que os vírus entram no hepatócito e vão emitir um
sinal à sua superfície que vai provocar uma reação citotóxica no local, conduzindo à destruição
do hepatócito. O fígado tem alguma capacidade de reparação, mas com o progredir da infeção
essa deixa de ser eficaz. Assim ocorre uma paragem no metabolismo da bilirrubina, e com a
destruição dos hepatócitos, leva à libertação de enzimas hepáticas (como a Alanina
Aminotransferase) que ficam aumentadas no sangue. Assim a destruição do fígado, devido à
inflamação, pode ser visível clinicamente, e confirmada através de provas laboratoriais.
Ocorrerão também problemas relacionados com a absorção de substâncias ingeridas, visto não
haver produção de bílis, nem processamento de substâncias que chegam ao fígado pela veia
porta.
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
A acumulação de gorduras no fígado (fígado gordo) é o primeiro sinal de que existe algo errado.
A destruição dos hepatócitos por inflamação leva a formação de zonas fibróticas no fígado, que
quando muito marcadas e em grande parte do órgão, fazem com que este deixe de funcionar
corretamente. Chamamos a esse fígado com fibrose marcada, um fígado cirrótico.
Funções do Fígado:
• Síntese de proteínas séricas:
o Albumina
o Proteínas portadoras
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Alterações laboratoriais:
• Aumento de Aminotransferases;
• Alteração da Coagulação;
• Hipoglicémia / Hiperglicémias;
70-110 mg/dL
Glucose
3,9-6,1 mmol/L
ALT/TGP 10-49 U/L
Alanina Aminotransferase (Na hepatite aguda pode chegar aos milhares, na
Transaminase Glutâmico-pirúvica crónica não é tão elevado)
AST/TGO
Aspartato Aminotransferase
0-34 U/L
Transaminase Glutâmico-
oxalacética
γGT
< 73 U/L
Gama-glutamil-transferase
FA
45-129 U/L
Fosfatase Alcalina
< 1.0 mg/dL
16 umol/L
Bilirrubina Total
(Normalmente na hepatite aguda encontram-se
facilmente valores superiores a 6-12 mg/dL)
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
TP (INR)
11.1-13.1 s
Tempo de protrombina
Albumina 3.7-5.8 g/dL
Hepatite Viral
De uma perspetiva histórica, para os vírus hepatotrópicos existem dois grandes grupos:
• O grupo dos infeciosos, devido a ter uma via de infeção entérica, composto pela
Hepatite A e E.
• O grupo das hepatites transmitidas pelo soro, cujas hepatites são a Hepatire B, C e D.
No principio pensava-se que a hepatite B era apenas transmitida pelo sangue, mas
verificou-se que esse não era o caso, podendo ser transmitida por outras secreções
secundárias.
Hepatite A
• 27 nm ARN- picorna vírus;
• Incubação de 4 semanas;
• Transmissão fecal-oral;
• ↑ Clínica com idade.
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Pode haver transmissão por via sexual, caso haja relações sexuais anais. A maior parte dos casos
provém de África e India
Hepatite E:
• 32-34 nm ARN- Hepeviridae;
• 4 genotipos;
• Incubação de 6 semanas;
• Transmissão fecal-oral;
• >25% não ABC;
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Hepatite B:
• Hepadnavirus tipo 1;
• ADN;
• 8 genotipos (A-G):
o A prevalente na Europa e nos EUA;
o B e C na Ásia.
VHB – Prevalência:
• 350 milhões portadores crónicos
• Áreas Alta Prevalência ( ≥ 8%): 45% população global
o Risco infeção: 60%
o Recém-nascidos e crianças
• Áreas Moderada Prevalência ( 2-7%): 43% população global
o Risco infeção: 20-60%
o Todas as idades
• Áreas Baixa Prevalência ( < 2%): 12% população global
o Risco infeção: < 20%
o Adultos de risco
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
A prevalência dos portadores é muito mais alta em África, Ásia, América do Sul e entre as tribos
indígenas do Norte do Canada / Alasca.
Pacientes infetados muito cedo na sua vida têm uma maior probabilidade de desenvolver uma
infeção crónica por VHB, enquanto que pacientes infetados já adultos, têm mais probabilidade
de desenvolver uma infeção sintomática (Aguda).
EUA Portugal
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Antigénios Anticorpos
Antigénio de superfície Anticorpo de superfície
(AgHBs) (AcHBs)
Antigénio do core
Anticorpo contra Antigénio do core
(AgHBc)
(AcHBc)
(Normalmente não exposto, é intracelular)
Antigénio “e” Anticorpo contra Anticorpo “e”
(AgHBe) (AcHBe)
Exposição,
seguida de
incubação por
cerca de 8
semanas até
manifestar
sintomas. A
produção de
Anticorpo HBs
começa mais
tardiamente,
pela 32ª
semana.
Na hepatite
crónica, não
ocorre
produção de
Anticorpo HBs.
O título de
Antigénio HBs
mantêm-se
elevado
durante toda a
vida do
paciente.
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Classificação:
Terapêutica da Hepatite B
• Interferão α 2 / Peg INF α 2
o Taxa resposta 30-40%
o Mecanismo acção dependente da resposta imunitária do individuo
o Efeitos adversos
• Entecavir
o Terapêutica 1ª linha
o Mecanismo ação: guanosine analog inibitor of viral polymerase
• Tenofovir (TDF) / tenofovir alafenamid (TAF)
• Lamivudina (3TC)
• Adefovir
• Telbivudine
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
In development: encapsidation inhibitors, entry inhibitors, TLR7 agonist and therapeutic vacines.
Prevenção da Hepatite B
• Vacina
o Crianças, adolescentes (não vacinados na infância);
o Adultos de grupos de risco;
o Esquema: 0-2-6 meses;
o Dosagem pediátrica: 10μg;
o Dosagem do adulto: 20μg;
o Títulos < 10 UI/ml ?
• Imunoglobulina
o RN e mãe Ag HBs+ (0.06ml/kg via IM);
o Contaminação acidental.
Hepatite D
• Co-infecção (VHB + VHD):
o Doença aguda mais grave;
o Hepatite fulminante 2-20%,
hepatite aguda que leva
rapidamente à falência do
fígado sendo necessário
transplante imediato;
o Infeção crónica VHB menos
frequente.
• Superinfecção (VHB crónica + VHD):
o Infeção crónica por VHD;
o DHC / cirrose mais frequente (70-80%).
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Hepatite C
• Hepacivírus da familia flavivírus;
• ARN;
• 6 genotípos + subtipos;
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Prevalência da Hepatite C
Africa e Ásia têm grande prevalência de Hepatite C. Existe normalmente uma certa associação à
toxicodependência, devido a uma transmissão entre pessoas de produtos sanguíneos (partilha
de seringas contaminadas).
Vias de Transmissão:
• Sangue e seus derivados:
o Toxicofilia (drogas endovenosas);
o Sangue e derivados (até 1992);
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
o Sexual?;
o Vertical;
o Horizontal (agregado familiar);
o 30-40% risco não identificado.
Números em Portugal
• Anos 90’ dadores de sangue: 0,8%;
• Prevalência estimada em : 1-1,5%;
• Estudo de 866 na MGF (Estudo E-COR, 2013): 0,12%;
• Em toxicodependentes estimado: 70 - 90%;
• Em toxicodependentes em geral: 30 – 50%;
• 200.000 consumidores problemáticos (→ 60-100.000 VHC).
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Aula 12 – Zoonoses
Data Docente
17/11/2021 Drª. Carla Santos
Epidemiologia
• 60-80% de todas as doenças são zoonóticas
• 75% das doenças emergentes são zoonóticas
• Zoonoses re-emergentes: brucelose, raiva, salmonelose, cistircercose e equinococose
• Novas epidemias: gripe A, SARS, gripe aviária, ébola, COVID-19
Zoonoses em Portugal
• Febre escaro-nodular
• Brucelose
• Febre Q
• Leptospirose
• Equinococose
• Leishmaniose
• Doença de Lyme
• Neurocisticercose
• Malária (importada – não consegue fazer o ciclo completo em Portugal)
• Salmoneloses, Listeriose, ….
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Febre escaro-nodular
Provocada pela bactéria Richecttsia conorii – gram negativo, com crescimento intracelular
obrigatório.
Atividades do ser humano em meio rural e proximidade com o cão doméstico são fatores
predisponentes.
O período prodrómico dura 3-7 dias (com sintomas como febre alta >39º, cefaleias,
mialgias, artralgias, prostração e alterações gastrointestinais).
Em Portugal as 2 estirpes mais frequentes são R. conorii Malish e R. conorii Israeli. Esta
última estirpe é mais recente e surgiu a partir da importação de carneiros que vieram de Israel.
É também mais virulenta e está associada a um quadro menos típico, pelo que passa
despercebida mais vezes, assumindo maior mortalidade: a escara produzida é menor, origina
um exantema menos nodular e mais urticariforme, dá mais sintomas gastrointestinais
(confundido frequentemente com gastroenterites).
Existem outras Richettsia em Portugal que não causam febre escaro-nodular, mas sim outros
quadros (não tao graves). A R. sibirica origina linfangite (inflamação localizada dos vasos
linfáticos) a par de outros sintomas tradicionais de infeção da pele. A importância da sua
identificação prende-se com a terapêutica, porque muitas vezes os sintomas são confundidos
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
com infeções da pele causadas por agentes típicos onde os antibióticos usados não funcionam
aqui, acabando por arrastar a situação se não houver perspicácia na sua identificação. Ainda
assim, o quadro não tende a evoluir para casos fatais como acontece na febre escaro-nodular.
Existe ainda a R.slovaca que ataca sobretudo o couro cabeludo e manifesta-se pelo aumento
muito grande dos gânglios linfáticos do pescoço; é muitas vezes confundida com quadros graves
(como linfomas), sendo o diagnostico diferencial feito a partir da identificação da escara no
couro.
O tratamento é feito sobretudo com doxiciclina (é fotossensível, mas para este tipo de
doenças que se manifestam mais no verão é muito eficaz).
Brucelose
Esta doença tem distribuição mundial. É causada por Brucella spp. – cocobacilo gram
negativo, intracelular facultativo, não movel, não formador de esporos, aeróbio, com período
de incubação prolongado (como é intracelular facultativo, embora demore mais tempo, acaba
por crescer em meio cultural rico, ao contrário da Richettsia conorii que por ser um
microrganismo de crescimento intracelular obrigatório não é identificável por método cultural
tradicional).
Vias de transmissão não incluem vetor! A transmissão é feita pelo contacto acidental
com animais ou os seus produtos infetados (leite, urina, esperma, secreções genitais, líquido
amniótico, etc) através da via digestiva (facilitada pelo consumo de antiácidos para o estomago),
via cutânea-mucosa (mais associada a profissões de risco como pastores ou veterinários) ou via
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
aérea. Pode existir contágio inter-humano (transfusões sanguíneas e contacto sexual) apesar de
ser muito raro.
A nível mundial, não somos o país com maior incidência de Brucelose, mas existem ainda
assim muitos casos.
Sendo uma doença sistémica apresenta um período de incubação grande (2-8 semanas)
e pode assumir diferentes formas de apresentação: aguda, subaguda, focal ou crónica (>12
meses de sintomas).
Na fase aguda existe uma tríade sintomática: febre + sudação + algias (febre sudoro
álgica). A febre pode ser continua, intermitente, irregular ou ondulante. A sudação é profusa e
assume um cheiro característico a palha podre/molhada. As algias manifestam-se sob a forma
de cefaleias ou dores musculares e articulações (reumatismo brucelósico).
A brucelose focal ataca comummente a coluna vertebral (45-55% dos casos, sobretudo
ao nível lombar e sacroilíaco). Estas focalizações osteoarticulares causam espondilite,
espondilodiscite, abcesso paravertebral, etc. Podem ainda focalizar ao nível do: sistema nervoso
(neurobrucelose) causando meningo-encefalite subguda; endocárdio, induzindo endocardite
brucélica (é raro e surge ao nível da válvula aórtica mais frequentemente); sistema
genital/urinário; sistema hepático (hepatite granulomatosa subclínica); ocular, etc
A maioria das vezes resume-se a uma doença benigna com baixa mortalidade, mas
podem existir recaídas e pode induzir uma síndroma de fadiga crónica.
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Febre Q
Os reservatórios são muitos (carraças, aves, mamíferos, etc). ainda assim, a principal
fonte de infeção para o homem são os mamíferos domésticos (gado bovido, ovino, caprino, caes
e gatos). Nos animais não causa doença, mas se estes ficarem infetados depois eliminam as
bactérias na urina, fezes e leite, podendo a partir daí infetar o homem.
Como não é uma doença muito mortal nem crónica, embora seja muito prevalente é
muito pouco notificada.
• Artralgias e mialgias
• Astenia, cansaço
• Exantema cutâneo (excecional)
• Tosse seca e toracalgia
• Esplenomegalia
Leptospirose
Fisiopatologia: ocorre penetração da barreira cutâneo-mucosa (mesmo se intacta, uma vez que
atravessa a pele) e, por disseminação hematogénea, adere às células endoteliais dos pequenos
vasos causando vasculite sistémica (rim, fígado, pulmões, musculo, etc); ocorre a produção de
anticorpos específicos que opsonizam as bactérias para serem fagocitadas e removidas da
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
circulação. A doença grave tem por base o ataque destes anticorpos específicos ao próprio
organismo (autoimune).
Quadro clínico:
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Epidemiologia
Dados da OMS:
• Globalmente, 37,7 milhões de pessoas vivem com infeção por VIH, das quais 2/3 vivem
na região africana e >1,5 milhões são crianças menores de 15 anos;
• 1,5 milhões correspondem a diagnósticos de novo em 2020 e 680.000 morreram de
doenças relacionadas com a infeção por VIH no mesmo ano;
• No total, 79,3 milhões de pessoas foram infetadas e 36,3 milhões morreram de doenças
relacionadas com o VIH desde o início da epidemia;
• Apenas 84% conhecem o seu status virológico, 73% estão sob terapêutica antirretroviral
e 66% apresentam supressão virológica.
Em Portugal, ainda fazemos o diagnóstico de VIH de forma muito tardia, daí a necessidade de
mais atenção ao rastreio para esta doença. Não esquecer que o VIH é uma doença de declaração
obrigatória.
Virologia
• Retrovírus;
• Envelope:
o Proteínas estruturais (p24 e p28);
o Bicamada fosfolipídica;
o Glicoproteínas.
• Núcleo com 2 cadeias simples de RNA:
o Transcriptase reversa;
o Integrase;
o Protease.
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Ciclo de vida:
Os co-recetores CCR5 ou CXCR4 são importantes para definir o tropismo do vírus, que tem
importância do ponto de vista da terapêutica. Alguns fármacos só são úteis para um dado
tropismo do vírus.
Estadios da Infeção
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Vias de Transmissão:
• Relações sexuais não protegidas com parceiro infetado pelo VIH;
• Partilha de material de punção com parceiro infetado pelo VIH;
• Transmissão vertical da mãe infetada para o filho (durante o parto ou através da
amamentação);
• Menos frequente:
o Transfusão de sangue infetado;
o Contacto com sangue infetado em mucosa ou pele não íntegra (ferida /
mordedura)
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Infeção Primária:
• Imediatamente após a transmissão;
• Caracterizada por:
o Carga viral elevada (elevada concentração de ARN VIH 1 em circulação no
sangue);
o Declínio da contagem de linfócitos T CD4+(em média de 1 000 cél. / uL antes da
transmissão).
• Inicialmente assintomática.
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
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Exceções:
• Long-term nonprogressors:
o Mantêm se assintomáticos sem terapêutica ou evidência de declínio imunitário
durante vários anos;
o Dois grupos:
▪ Doentes com carga viral detetável e manutenção de contagens de LT
CD4+ que conferem adequada proteção contra infeções oportunistas
(mas que acabam por decair gradualmente ao longo do tempo);
▪ Elite controllers - Pequeno subgrupo de doentes capazes de controlar a
replicação viral, mantêm carga virais indetetáveis e contagens de LT
CD4+ normais.
Com a redução das contagens LT CD4+ e o aumento / manutenção da carga viral, os doentes
irão progredir para a fase SIDA.
Classificação CDC
• Clássica: Baseada na contagem de células T CD4 e sintomas (mais usada na prática
clínica):
Considera-se que os doentes estão em fase SIDA quando estão em qualquer estadio C, ou
quando têm menos de 200 células/µl.
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Classificação OMS
• Apenas baseada em critérios clínicos, foi desenvolvida para ser utilizada em países em
desenvolvimento, porque pode não haver acesso à contagem de linfócitos T CD4.
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Em resumo:
• Cerca de 1 6 semanas após a infeção primária (em média 3 semanas) 1/2 a 2/3 dos
doentes desenvolvem um síndrome mononucleósido “like” designado por síndrome
retrovírico agudo o qual dura 1 2 semanas;
• Após a infeção aguda segue se um período médio de 8-10 anos de latência clínica em
que os doentes se mantêm assintomáticos;
• A progressão da doença pode ser prevista pela carga viral e contagem de LT CD4+ no
baseline;
• Ao longo do tempo, a maioria dos doentes (excepto os non-progressors) vão apresentar
um declínio progressivo das contagens de células CD4+ acompanhado de aumento do
risco de desenvolvimento de sintomas;
• Quando estas contagens descem abaixo de 200 cél/uL ou quando existem
manifestações oportunistas definidoras considera se que o doente se apresenta em fase
SIDA;
• O risco de morte aumenta drasticamente quando se desenvolve sintomatologia
definidora.
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Diagnóstico
• Demonstração da presença de anticorpos contra o VIH (testes indiretos) e/ou deteção
direta do vírus ou dos seus componentes (deteção do RNA viral por PCR ou deteção de
antigénios proteicos):
o Testes serológicos de 3ª ou 4ª Geração (Testes de 4ª Geração detetam para
além de anticorpos o antigénio p24);
o Teste confirmatório de diferenciação de anticorpos;
o Deteção e quantificação da carga de RNA viral;
o Genotipagem e teste de deteção de resistências.
A contagem de LT CD4+ e a carga viral do VIH devem ser reavaliadas de forma seriada a cada 3
meses se doente sem terapêutica ou com terapêutica recente e a cada 6 meses na fase de
manutenção com supressão virológica e recuperação imunitária.
Tratamento
• Terapêutica antirretroviral:
o Cura funcional supressão da replicação viral de forma a prevenir / reverter a
degradação do sistema imunitário e o desenvolvimento de infeções
oportunistas
o Revolução no prognóstico da infeção - Atualmente as pessoas que vivem com o
VIH têm uma esperança de vida semelhante à da população em geral
• De acordo com o estadiamento profilaxia primária, tratamento e/ou profilaxia
secundária de infeções oportunistas
Terapêutica Tripla (como a HAART): 2 NRTI (Nucleotide Reverse Transcriptase Inhibitors) +3º
Agente de outra classe.
P á g i n a 99 | 146
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Objetivos da OMS para 2020 (Para 2030, 95% para todas as componentes):
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Outras complicações
Prevenção:
• Precauções universais;
• Rastreio universal e de grupos de risco;
• Profilaxia pré e pós exposição;
• TARc: “Treatment as Prevention”;
• Imunizações e Rastreio / Profilaxia de doenças associadas.
P á g i n a 101 | 146
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Uma lesão central pode espelhar-se a nível periférico com sequelas para a vida.
Meningite
Frequentemente estas infeções das meninges são acompanhadas por edema cerebral
extenso que leva à própria extensão do parênquima. Isto pode aumentar a pressão intracraniana
causando disfunção de algumas áreas cerebrais. Quando a infeção se estende ao parênquima
cerebral fala-se de meningoencefalite; caso a infeção se localize apenas ao nível do parênquima
sem envolvimento meníngeo, fala-se de encefalite (um agente muito típico é o vírus do herpes
que causa encefalite herpética e que afeta comummente o lobo temporal).
Outros exemplos de infeções do SNC são o empiema (pus numa cavidade natural do
encéfalo como os ventrículos), abcesso cerebral (pus numa cavidade recém-formada) ou
neurocistocercose (infeção por parasita)
P á g i n a 102 | 146
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Assim que exista suspeita de uma infeção do SNC, em particular de uma meningite, é
necessário iniciar imediatamente terapêutica antibiótica empírica com antibacterianos que
cubram a maior parte dos agentes que possam estar envolvidos. Antes de iniciar a terapêutica
empírica, colhe-se sangue e LCR para pesquisa de microrganismos e teste de suscetibilidade aos
antibióticos. A identificação do microrganismo e da sua suscetibilidade vai permitir uma terapia
antibiótica mais direcionada.
O controlo epidemiológico tem sido feito com recurso a vacinas, o que já permitiu
diminuir muito a incidência desta doença.
A meningite
piogénica é uma
meningite bacteriana
clássica com várias
etiologias possíveis;
a meningite
tuberculosa é causada
por Micobacterium
tuberculosis.
Barreira hematoencefálica
As artérias centrais e corticais são envolvidas por uma bainha de pia-máter até ao nível
pré-capilar, sendo que, a nível capilar, a barreira é composta por:
do número de leucócitos no LCR. Contudo, esta resposta inflamatória pode também lesar as
células do SNC. Para além disto, há ainda um aumento do volume e da pressão do LCR que pode
condicionar lesão do SNC e situações de hidrocefalia obstrutiva, coma e morte.
O quadro clínico da meningite assenta numa tríade clássica: febre, cefaleia e rigidez da
nuca.
Outros sintomas passam pela diminuição do nível de consciência (de sonolência a coma),
náusea, vómitos, fotofobia, convulsões etc.
Para além dos sintomas sugestivos de meningite, existem ainda alguns sinais clássicos
da meningite que, quando positivos, sugerem irritação meníngea e que podem ser pesquisados
para orientar o diagnóstico:
• Sinal de Brudzinski: positivo quando o doente se encontra deitado e após flexão passiva
do pescoço há também flexão espontânea das coxas e dos joelhos;
• Sinal de Kernig: positivo quando o doente está deitado com a coxa em flexão sobre o
abdómen e a tentativa de extensão passiva do joelho causa dor.
P á g i n a 105 | 146
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
• Também podem apresentar o espasmo opistótono de todo o corpo, o que leva a que as
pernas e a cabeça se dobrem para trás, tornando o corpo arqueado anteriormente.
Estes sinais encontram-se ausentes ou diminuídos em crianças, idosos, imunodeprimidos e
consoante diferentes estados de consciência. São bastante úteis para diagnóstico precoce de
meningite. No entanto, este nunca se baseia apenas neles devido à sua especificidade e
sensibilidade desconhecida e ao facto de se ter verificado que em diversos casos de meningite
confirmada estes não se observam.
Nota: a rigidez da nuca tem a particularidade de, nos idosos, poder induzir em erro o diagnóstico
uma vez que nesta classe etária ocorre uma rigidez generalizada das articulações da coluna
cervical (artroses) condicionando um falso positivo.
À esquerda: fundo
ocular mais normal,
com vasos emergentes
facilmente visíveis; à
direita: fundo ocular
com edema papilar
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Punção lombar
Permite obter uma amostra do LCR para analise (exame microbiológico) e medição da
sua pressão. Não deve ser realizada perante indícios de aumento da pressão intracraniana,
infeção epidural ou se houver uma alteração grave da coagulação.
A punção lombar não é um exame inócuo que se realize em qualquer situação, podendo
ter efeitos secundários/complicações:
Mesmo antes de enviar a amostra para o laboratório é possível avaliar a aparência do LCR,
nomeadamente a cor e a turbidez, sendo esta uma fase importante na avaliação de um caso de
meningite. Em situações normais o liquor é límpido e incolor. Em situações patológicas, pode
apresentar certas alterações:
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Tratamento
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Neisseria meningitidis
Meningite Tuberculosa
É provocada por Micobacterium tuberculosis que pode atingir o SNC por via hematogénea
ou por contiguidade. Como a tuberculose é uma doença de evolução insidiosa que afeta
primariamente os pulmões, a via hematogénea surge normalmente a partir de um foco de
doença pulmonar.
Para além de mais arrastado, este quadro clínico caracteriza-se por uma maior reação
inflamatória e pode haver afeção de nervos cranianos, em particular dos nervos oculares. Pode
haver também envolvimento de artérias cerebrais com diminuição da chegada de oxigénio aos
locais, o que causa a isquemia de alguns locais do cérebro. Por fim, o doente pode evoluir para
P á g i n a 109 | 146
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
A nível nacional, dados fornecidos pela Direção Geral de Saúde (DGS) mostram a sua
diminuição ao longo dos anos. Existem uma série de razões que justificam esta diminuição, de
salientar a introdução da vacina BCG que, não sendo a vacina ideal para o combate da
tuberculose (não consegue prevenir todas as infeções), consegue prevenir os casos mais graves
particularmente em crianças, no qual o número de casos registados era maior. É por isso que
esta vacina é recomendada ainda hoje no nosso país.
P á g i n a 110 | 146
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Aula 15 - Antibióticos
Data Docente
23/11/2021 Dr. Ricardo Baptista
A infeção é das principais causas de admissão hospitalar. Foi verificado que 50% dos
doentes admitidos em UCI tinham infeção e que 38% dos doentes admitidos em UCI
apresentavam sépsis.
Um estudo de Kumar et al
verificou que quando um doente
tem sépsis que há uma forma
mensurável de que a cada hora
que passava de atraso após a 1ª
hora de antibiótico era
mensurável a diminuição da
sobrevida dos doentes.
Principais erros/armadilhas
• Conceitos errados
Resistência ≠ patogenicidade
Espetro ≠ eficácia
• Expertise
Conhecer a bactéria/ conhecer a infeção/ conhecer o antibiótico
• Medo
Deixar o doente sem antibiótico
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
• Antibiogramas indiscriminados
Antibiograma seletivo
• Guidelines
Adaptadas à da epidemiologia nacional
Multirresistência
Acontece devido à má prescrição.
Princípios da antibioterapia
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Checklist do Antibiótico
1. O doente tem uma infeção?
2. Gravidade da situação clínica?
3. Foco da infeção?
4. Microrganismos mais prováveis?
5. Fatores de risco para multirresistência?
6. Monoterapia vs Combinada?
7. PK/ PD?
8. Controlo cirúrgico de foco?
9. Posso “descalar” ou suspender?
SIRS – síndrome
inflamatório de
resposta
sistémica
Infeção é
diferente de
colonização.
Podemos ter
colonizações de
Candida spp. Em
produtos
respiratórios e urinários, presença de bactérias em urocultura em doente algaliado,
zaragatoa de úlcera cutânea.
Podemos ter
terapêutica
empírica ou
dirigida. A
terapêutica
empírica faz
sentido quando o
doente tem uma
infeção grave ou
uma condição
clínica mais débil,
como doentes
hemato-
oncológicos. É
usada quando não
há conhecimento do microrganismo responsável e seu perfil de sensibilidade:
a) Não existe vantagem clínica potencial na identificação do microrganismo
responsável (ex. amigdalite bacteriana)
b) Gravidade do quadro clínico e/ou particularidades do doente justificam
prescrição e antibiótico precocemente.
P á g i n a 113 | 146
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Comunidade → Guidelines/recomendações s
Nosocomial → Guidelines/recomendações, antibiótico prévio, exposição hospitalar,
colonização conhecida.
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Quanto mais
tempo estivermos
expostos ao
mesmo antibiótico
mais facilmente
ganhamos
resistências.
P á g i n a 115 | 146
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Na farmacocinética:
P á g i n a 116 | 146
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Classes de antibióticos
• B-lactâmicos;
• Aminoglicosídeos;
• Fluoroquinolonas;
• Macrólidos;
• Tetraciclinas;
• Glicopéptidos;
• Metronidazol;
B-LACTÂMICOS
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Espectro de atividade:
• Espectro variável;
• Gram positivo e negativo;
• Anaeróbios;
Efeitos Adversos:
• Penicilina - Hipersensibilidade 0.4% to 10 %
o Moderada: Rash
o Grave: Anafilaxia & morte
• Reatividade cruzada entre Penicilinas
• Penicilinas e cefalosporinas ~5 15%
Mecanismos de Resistência:
• β-Lactamase;
• Outros mecanismos menos relevantes.
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Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Importante:
• Β-Lactâmicos necessitam de doses frequentes para atingirem eficácia;
• Β-Lactâmicos são os mais seguros na insuficiência renal e hepática:
o Ajustes de dose podem ainda assim ser necessários na insuficiência
grave
Resumindo:
• Antibióticos de parede celular:
o Bactericida.
• Largo espectro:
o Antibióticos de eleição em muitas infeções;
o Limitações:
▪ Alergia;
▪ Resistência devido a β-lactamases.
• Muito seguro na maioria das situações:
o Geralmente não necessita de monitorização.
AMINOGLICOSÍDEOS
Mecanismo de Ação
P á g i n a 119 | 146
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Espetro de Atividade:
• Aerobios Gram Negativo:
o Enterobacteriaceae (E. coli, Proteus sp., Enterobacter sp. Pseudomonas
aeruginosa)
• Aerobios Gram Positivo (frequentemente em combinação com β-lactâmicos)
o S. aureus e staphylococci coagulase negativos
o Streptococci viridans
o Enterococcus sp. (gentamicina)
Efeitos Adversos:
• Nefrotoxicidade:
o Dano tubular - reversível se suspender;
o Factores de risco: Dose elevada, uso prolongado, disfunção renal prévia,
nefrotoxicos concomitantes, etc.
• Ototoxicidade
o Dano 8º par craniano - toxicidade vestibular e auditiva irreversível:
▪ Vestibular: tonturas, vertigem, ataxia;
▪ Auditiva: tinnitus, diminuição audição;
o Factores de risco: mesmo nefrotoxicidade.
• Paralisia neuromuscular:
o Pode ocorrer com rápidade infusão EV, sobretudo:
▪ Myasthenia gravis;
▪ Uso concomitante com succinilcolina durante anestesia;
Monitorizar toxicidade:
• Níveis séricos devem ser monitorizados para prevenir toxicicidade;
• Evitar em situações de risco de lesão renal:
o Desidratação;
o Fármacos nefrotoxicos concomitantes.
Mecanismosde resistência:
• Inativação por Aminoglycoside modifying enzymes:
o Mecanismo mais importante
Importante:
• Devem ser administradas doses elevadas únicas para boa eficácia:
o Doses pequenas múltiplas levam a falência terapêutica e risco de
toxicidade renal.
• São tóxicos e necessitam de monitorização:
o Evitar na insuficiência renal mas seguro na insuficiência hepática;
o Evitar uso concomintante de outros fármacos nefrotoxicos;
o Vigiar função renal.
Resumindo:
• Atividade em aeróbios restrita;
• Tóxico , necessita de doseamentos séricos;
P á g i n a 120 | 146
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
MACRÓLIDOS
Mecanismo de Ação:
• Bacteriostático;
• Inibe a RNA dependent protein synthesis:
o Liga reversivelmente ao RNA 23S ribosomal da subunidade 50S;
o Bloqueia a reação de translocação da elongação da cadeia de polipeptido.
Espectro de ação:
• Aeróbios Gram Positivo:
o Atividade: Claritromicina > Eritromicina > Azitromicina:
▪ MSSA;
▪ S. pneumoniae;
▪ Streptococci Beta haemolytic e Streptococci viridans.
• Aeróbios Gram Negativo:
o Atividade : Azitromicina > Claritromicina > Eritromicina;
o H. influenzae, M. catarrhalis, Neisseria;
o Sem atividade contra Enterobacteriaceae;
• Anaeróbios : via respiratória superior;
• Bactérias atípicas.
Mecanismos de Resistência:
• Alteração local de ligação:
o Metilação dos ribossomas prevenindo ligação do antibiótico.
• Resistência cruzada entre macrólidos:
Uso Clínico:
• PAC e Pneumonia atípica
P á g i n a 121 | 146
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Resumindo:
• Bacteriostático;
• Eliminação hepática;
• Efeitos adversis GI (++ eritromicina):
o Nausea;
o Vómitos;
o Diarreia;
o Dispépsia.
• Pneumonia atípica;
• Excelente penetração celular e tecidular;
FLUOROQUINOLONAS
Mecanismo de Ação:
• Evita:
o Replicação de DNA;
o Recombinação de DNA;
o Reparação de DNA.
Espetro de Atividade:
• Gram positivo:
o Levofloxacina é mais ativo.
• Gram Negativo:
o Enterobacteriaceae, H. influenzae, Neisseria spp., Pseudomonas
aeruginosa
o Ciprofloxacina é mais ativo.
• Bactérias atípicas - execelente atividade
P á g i n a 122 | 146
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Resumindo:
• Largo espectro de atividade (Gram Positivo e Gram Negativo);
• Sepsis com partida intra abdominal e genito-urinária:
o Bacilos Gram negativo.
• ITU:
o E. coli.
• Excelente penetração tecidular
• Escelente biodisponibilidade oral
• Alto risco de C. difficile.
TETRACICLINAS:
Mecanismo de Ação:
• Bacteriostático;
• Inibe síntese proteica:
o Liga reversivelmente às subunidades ribossomais 30S;
o Previne síntese de polipeptídeo.
Espetro de Atividade:
• Todos com atividade e espectro semelhante - excepto Tigeciclina;
• Cocos Gram-positivo:
o Staphylococci;
o Streptococci.
• Aeróbios Gram-Negativo;
• Microrganismos atípicos:
o Mycoplasmas;
o Chlamydiae;
o Rickettsiae;
o Protozoa.
• Anaeróbios – Tigeciclina.
Efeitos Adversos:
• Ulceração esofágica;
• Fotosensibilidade;
• Fetos e crianças: Infiltração dentes e osso.
• Evitar em crianças e grávidas.
P á g i n a 123 | 146
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Resumindo:
• Excelente penetração tecidular;
• Sobretudo infeções de:
o Pele e tecido moles
o Chlamydia e outros intracelulares (zoonoses bacterianas)
o Bacilos GN MDR
GLICOPEPTÍDEOS
Mecanismo de acção:
• Inibe síntese de peptidoglicano na parede bacteriana:
o Impede a ligação cruzada de cadeias de peptidoglicanos;
Efeitos adversos:
• Vancomicina:
o Red Neck Syndrome;
o Toxicidade renal????;
Resumindo:
• Molécula de grandes dimensões;
• Apenas ativa em Gram positivo;
• 2ª linha em todas as indicações exceto:
o MRSA;
o E. faecium;
o C. difficile;
P á g i n a 124 | 146
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
METRONIDAZOL:
• Antibiótico;
• Amebicida;
• Anti protozoário:
o Trichomonas vaginalis.
Mecanismo de Ação:
• Inibição síntese de DNA;
• Degradação de DNA.
Espetro de Ação:
• Anaeróbios:
o Vaginose bacteriana;
o Doença inflamatória pélvica;
o Infeções intra abdominais;
o Colite por C. difficile.
• Etamoeba hystolitica;
• Trichominas vaginalis.
Efeitos adversos:
• Gastro intestinal;
• Estomatite; paladar “metálico”;
• Cefaleias, tonturas, epilepsia, ataxia.
Resumindo:
• Largo espectro de atividade;
• Anaeróbios;
• Geralmente em terapêutica combinada.
P á g i n a 125 | 146
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
P á g i n a 126 | 146
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Os carbapenemos eram os
antibióticos que resolviam tudo, no
entanto agora já existem
resistências.
P á g i n a 127 | 146
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
P á g i n a 128 | 146
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
P á g i n a 129 | 146
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
O espetro do antibiótico é
alargado quando a infeção é
muito grave.
P á g i n a 130 | 146
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
P á g i n a 131 | 146
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
P á g i n a 132 | 146
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Conceitos:
Nosocomium – Hospital
Um doente que tenha saído do hospital à pouco tempo pode ainda ter colonização de
agentes hospitalares.
P á g i n a 133 | 146
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
P á g i n a 134 | 146
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
P á g i n a 135 | 146
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
P á g i n a 136 | 146
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
A 1ª imagem corresponde a
um cateter periférico, a 2ª a
um cateter central, a 3ª é
uma linha arterial usado para
medir a tensão e a última é
usado em pessoas que fazem
diálise, são os cateteres
tunelizados (ajudam a reter
as bactérias).
P á g i n a 137 | 146
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Inserção do Cateter:
• Obrigatório usar barreiras de proteção máximas:
o Touca;
o Máscara;
o Bata esterilizada;
o Luvas esterilizadas;
o Campo cirúrgico esterilizado de grandes dimensões com orifício.
P á g i n a 138 | 146
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
É uma doença mais prevalente em África, sendo o risco de doença, duma estadia de
duas semanas sem vacinação, é de 1/2000 e de morte é de 1/10000. Na américa do sul o risco
é dez vezes menores, no entanto a doença encontra-se nessa área também.
A prevenção é feita por vacinação, sendo esta uma das únicas vacinas alvo de regulação
internacional, ou seja, não é possível entrar ou sair dum sítio endémico sem essa vacina.
Consiste numa vacina viva atenuada de toma única vitalícia. É eficaz, barata e segura,
apresentando pouca contraindicações como doentes imunodeprimidos, situações de gravidez,
amamentação ou idades inferiores a 9 meses ou superiores a 60 anos.
Dengue: flavivírus, também tem um ciclo urbano e outro silvático (raro): Ciclo urbano
mediado pelo Aedes aegypti; Ciclo silvático com outros Aedes spp, incluindo Ae albopictus.
Também tem transmissão transovárica.
Incidência anual ~5% → sintomas ~25% → dengue hemorrágico ~1-2% → morte 0,5-5%;
faz-se principalmente terapêutica de suporte.
Crianças em maior risco; época das chuvas, meio rural e carenciado: surto da Madeira
(2012/13, 2164 casos prováveis)
Vacina extremamente eficaz… em pessoas já com contacto contra pelo menos um dos
serotipos (serotipo 2 é o pior)! Aumenta risco de doença potencialmente fatal em seronegativo,
ou seja, em quem nunca tenha contactado com a doença.
Chikungunya: aphavírus, também tem um ciclo urbano e outro silvático, mediado por
Aedes spp: Ciclo urbano mediado pelo Aedes aegypti; Ciclo silvático com outros Aedes spp,
incluindo Ae albopictus. Também tem transmissão transovárica. Em grande expansão!
(arrozais), quase erradicada pela vacinação universal no Japão, Coreia, Taiwan, a diminuir na
China e Malásia. Após incubação 4-14 dias com início súbito rápido e meningo-encefalite.
Mortalidade ~1/3 se não houver acesso a UCI (vs ~10% com UCI); sequelas 1/3 vs 20%. Vacina
inativada de células humanas, segura, globalmente eficaz, reações alérgicas, cara…
P á g i n a 141 | 146
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
A maior parte dos viajantes deve receber loperamida e um ATB para tratamento de
reserva. Se for para SEA deve ser azitromicina, para outras regiões, azitromicina,
fluoroquinolona ou rifaximina pode ser considerada. A rifaximina só deve ser usada na diarreia
leve ou moderada (2º ATB). Idealmente evitar fazer fármacos se possível (hidratação!) Se
sintomatologia não melhorar em 24-36h → Ajuda médica! Rifaximina ou bismuto como
profilaxia em viajantes de alto risco. Viajantes para locais endémicos com risco de colonização
por MO ESBL (+ SEA)
P á g i n a 142 | 146
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
Raiva: Doença conhecida há pelo menos 4000 anos. Responsável pela morte de > 60.000
pessoas por ano e ≈ 3,7 milhões de DALYs (disability-adjusted life years) perdidos cada ano; com
custo estimado de 8,6 milhares de milhões de dólares por ano. 40% dos casos são crianças < 15
anos. Predominantemente em países de baixo rendimento → A maioria dos casos ocorre em
África e Asia. 99% dos casos de raiva são por transmissão por cães, apesar de qualquer mamífero
ser suscetível da infeção pelo vírus; mais frequente em carnívoros. Pequena proporção de casos
por transmissão de animais selvagens (raposas, lobos, chacais, morcegos, guaxinis, doninhas e
mangustos)
P á g i n a 143 | 146
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
• Cabeça - 45%
• Membros superiores - 28%
• Tronco - 5%
• Membros inferiores - 5%
Profundidade – com o aumento da pressão pode ocorrer doença. Não se deve voar após
uma mergulho de profundidade, devido a risco de síndrome de descompressão.
Acidentes, lesões e venenos – deve ter-se a certeza de ter acesso a cuidados de saúde,
pelo que é importante ter um seguro de viagens.
P á g i n a 144 | 146
Notas de Infeciologia – Tronco Comum II.a)
• Contacto prévio com companhia aérea para ter certos devices no avião (p.ex.
O2 em doentes com DPOC; cadeiras de rodas)
• CI a aviação comercial (p.ex. após ICA 6s, após CABG 10d, após pneumotórax 2s,
EAM complicado >6s, mas após ACS não complicado só 3-10d)
• Arranjar centro de diálise no destino
Podem existir riscos adicionais
P á g i n a 146 | 146