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Difteria

Publicado em
22/04/2020

Difteria - CID10: A36


Doenças Infecciosas e Parasitárias

A difteria é uma doença transmissível e causada por bactéria que atinge


amígdalas, faringe, laringe, nariz e (ocasionalmente) outras partes do corpo,
como pele e mucosas.

Dependendo do tamanho e de onde as placas aparecerem, a pessoa pode sentir


dificuldade de respirar.

A principal forma de prevenção é por meio da vacina pentavalente.

A presença de placas na cor branco-acizentada nas amígdalas e partes próximas


é o principal sintoma da difteria. Em casos mais graves, porém raros, podem
aparecer inchaços no pescoço e gânglios linfáticos.

Após o surgimento da vacina tríplice bacteriana (DTP), o


número de casos de difteria se tornou muito raro no Brasil. A
vacina é a melhor, mais eficaz e principal forma de prevenir a
difteria.

A difteria ocorre durante todos os períodos do ano e pode afetar todas as


pessoas que não são vacinadas, de qualquer idade, raça ou sexo. Acontece com
mais frequência nos meses frios e secos (outono e inverno), quando é mais
comum a ocorrência de infecções respiratórias, principalmente devido à
aglomeração em ambientes fechados, que facilitam a transmissão da bactéria.
A doença ocorre com maior frequência em áreas com precárias condições
socioeconômicas, onde a aglomeração de pessoas é maior e onde se registram
baixas coberturas vacinais. Os casos são raros quando as coberturas vacinais
atingem patamares de 80%.

Como é transmitida?

A transmissão ocorre basicamente por meio da tosse, espirro ou por lesões na


pele, ou seja, a bactéria da difteria é transmitida pelo contato direto da pessoa
doente ou portadores com pessoa suscetível, por meio de gotículas eliminadas
por tosse, espirro ou ao falar.

A transmissão por objetos recém contaminados com secreções do doente ou de


lesões em outras localizações é pouco frequente.

O período de incubação da difteria, ou seja, o tempo que os sintomas começam a


aparecer desde a infecção da pessoa, é, em geral, de 1 a 6 dias, podendo ser
mais longo. Já o período de transmissibilidade da doença dura, em média, até 2
semanas após o início dos sintomas.

O que causa?

A difteria é causada pela bactéria Corynebacterium diphtheriae, que se


hospeda na própria pessoa doente ou no portador, ou seja, aquele que tem a
bactéria no organismo e não apresenta sintomas. A via respiratória e a pele são
os locais preferidos da bactéria.

Como é feito o diagnóstico?


O diagnóstico da difteria é clínico, após análise detalhada dos sintomas e
características típicas da doença por um profissional de saúde.

Para confirmação do diagnóstico, o médico deverá solicitar coleta de secreção de


nasofrainge para cultura. Em casos de suspeita de difteria cutânea (na pele),
devem ser coletadas amostras das lesões da pele.

 
Diagnóstico diferencial

O diagnóstico diferencial da difteria deverá ser feito com as doenças descritas a


seguir, que podem apresentar sintomas parecidos.

Difteria cutânea – impetigo, ectima, eczema, úlceras


Difteria nasal – rinite estreptocócica, rinite sifilítica, corpo estranho nasal
Difteria amigdaliana ou faríngea – amigdalite estreptocócica, angina
monocítica, angina de Plaut Vicent, agranulocitose
Difteria laríngea – crupe viral, laringite estridulosa, epiglotite aguda,
inalação de corpo estranho

 
Diagnóstico laboratorial

Realizado mediante a identificação e isolamento do C. diphtheriae por meio de


cultura de material, coletado com técnica adequada, das lesões existentes
(ulcerações, criptas das amígdalas), exsudatos de orofaringe e de nasofaringe,
que são as localizações mais comuns, ou de outras lesões cutâneas, conjuntivas,
genitália externa, etc., mesmo sem as provas de toxigenicidade.

A melhor forma de prevenir a difteria é com a vacinação.

 
Quais são os sintomas?

Os principais sintomas da difteria, que surgem geralmente após seis dias da


infecção, são:

Membrana grossa e acinzentada, cobrindo as amígdalas e podendo cobrir


outras estruturas da gargante.
Dor de garganta discreta.
Glânglios inchados (linfonodos aumentados) no pescoço.
Dificuldade em respirar ou respiração rápida em casos graves.
Palidez.
Febre não muito elevada.
Mal-estar geral.

Algumas pessoas podem ser infectadas pela difteria e


apresentar sintomas leves ou até mesmo não ter nenhum tipo
de sinal da doença.

Quais os fatores de risco?

A difteria ocorre durante todos os períodos do ano e pode afetar todas as


pessoas não protegidas pela vacinação de qualquer idade, raça ou sexo.
Algumas situações aumentam os fatores de risco tais como:

Crianças e adultos que não receberam a vacina.


Pessoas que vivem em condições de superlotação ou insalubres.
Pessoas que viajam para uma região onde a difteria é endêmica.

 
Como é feito o tratamento?

O tratamento da difteria é feito com o soro antidiftérico (SAD), que deve ser
ministrado em unidade hospitalar. A finalidade do tratamento é inativar a toxina
da bactéria o mais rapidamente possível.

O uso do antibiótico é considerado como medida auxiliar do tratamento,


ajudando a interromper o avanço da doença.

 
Específico

Soro-antidiftérico (SAD), medida terapêutica de grande valor que tem a


finalidade de inativar a toxina circulante o mais rapidamente possível. Esquema
de administração: a) Formas leves (nasal, cutânea, amigdaliana): 40.000UI, EV;
b) Formas laringoamigdalianas ou mistas: 60.000- 80.000UI, EV; c) Formas
graves ou tardias: 80.000-120.000UI, EV. Fazer sempre prova de sensibilidade e
a dessensibilização, quando necessária. - Antibioticoterapia (medida auxiliar ao
SAD): eritromicina, 40- 50mg/kg/dia (dose máxima de 2g/dia), em 4 doses, VO,
durante 14 dias; penicilina G cristalina, 100.000-150.000UI/Kg/dia, em frações
iguais de 6/6 horas, EV, durante 14 dias; penicilina G procaína, 50.000U/Kg/dia
(dose máxima de 1.200.000UI/dia), em duas frações iguais de 12/12 horas, IM,
durante 14 dias.

 
Tratamento de suporte

Repouso, equilíbrio hidroeletrolítico, nebulização, aspiração secreções, Carnitina


(até 5 dias do início da doença) indicada para prevenir formas graves de
miocardite,100mg/Kg/dia (máximo de 3g/dia), VO, 8/8 ou 12/12 horas.
Insuficiência respiratória - comprometimento respiratório alto, casos leves e
moderados de laringite pode-se usar dexametasona, traqueostomia em casos
graves. Miocardite - repouso absoluto no leito, restrição de sódio, diuréticos,
cardiotônicos. Polineurite - sintomáticos. Insuficiência renal aguda - tratamento
conservador, diálise peritoneal.

 
Informe sobre coleta, acondicionamento e transporte de
material suspeito de difteria.

Quais complicações pode causar?

A difteria, se não for tratada rápida e corretamente, pode provocar algumas


complicações, como:

insuficiência respiratória;
problemas cardíacos;
problemas neurológicos;
insuficiência dos rins.

Então, no surgimento de qualquer sinal, é fundamental procurar ajuda médica


para iniciar o tratamento o mais breve possível. A difteria é uma doença grave
que pode levar à morte.

Como prevenir?

A vacinação é o principal meio de controle e prevenção da difteria. É preciso


manter o esquema vacinal de crianças, adolescentes e adultos sempre
atualizado.

Situação epidemiológica

O Brasil, desde a década de 1990, apresentou importante redução na incidência


dos casos, mediante a ampliação das coberturas vacinais. Naquela década, a
incidência chegou a 0,45/100 mil hab., diminuindo à medida que as coberturas
elevaram-se. 

Entre 2008 a 2019, ocorreram 10  óbitos pela doença, 3 dos quais no ano de
2010. Em 2017 ocorreu um óbito  referente a um caso importado da Venezuela.
A letalidade esperada varia entre 5  e 10%, atingindo 20% em certas situações. A
cobertura vacinal com a DTP vem-se  elevando neste período, passando de 66%,
em 1990, para mais de 95%, em 2015.  Nos anos de 2017, 2018 e 2019 a
cobertura de Pentavalente (difteria, tétano,  pertussis, hepatite B e Haemophilus
influenzae tipo b) foi de 83,81%, 88,51% e 70% respectivamente.

 
Vigilância epidemiológica
 
Objetivo

Manter a doença sob controle através da imunização em massa e evitar a


ocorrência de surtos.

 
Notificação

Doença de notificação compulsória e de investigação obrigatória.

 
Definição de caso

Suspeito: toda pessoa que, independente da idade e estado vacinal,


apresenta quadro agudo de infecção da orofaringe, com presença de placas
aderentes ocupando as amígdalas, com ou sem invasão de outras áreas da
faringe (palato e úvula), ou em outras localizações (ocular, nasal, vaginal,
pele, etc), com comprometimento do estado geral e febre moderada.
Confirmado:
Critério Laboratorial - todo caso suspeito com isolamento do
Corynebacterium diphtheriae com ou sem provas de toxigenicidade
positiva;
Critério Epidemiológico - Todo caso suspeito de difteria com
resultado de cultura negativo ou exame não realizado, mas que seja
contato de um outro caso confirmado laboratorial ou clinicamente; ou
com resultado de cultura negativo ou exame não realizado, mas que
seja contato íntimo, mesmo que assintomático, de indivíduo do qual se
isolou Corynebacterium diphtheriae;
Critério Clínico - Quando for observado: placas comprometendo
pilares ou úvula, além das amígdalas; placas suspeitas na traquéia ou
laringe; simultaneamente, placas em amígdalas, toxemia importante,
febre baixa desde o início do quadro e evolução, em geral, arrastada;
miocardite ou paralisia de nervos periféricos, que pode aparecer desde
o início dos sintomas sugestivos de difteria ou até semanas após;
Critério Anatomopatológico (Necrópsia) - Quando a necropsia
comprovar: placas comprometendo pilares ou úvula, além das
amígdalas; placas na traquéia e/ou laringe.
Morte pós-clínica compatível - Óbito de paciente que apresenta
grande comprometimento do estado geral, em curso de tratamento de
amigdalite aguda e no qual se constata miocardite.
Descartado: caso suspeito não confirmado por nenhum dos critérios
descritos anteriormente.

 
Medidas de controle

A vacina é a medida mais eficaz e adequada de prevenção e controle.

Esquema vacinal básico: três doses (com intervalo de 4 a oito semanas)


recomenda-se iniciar aos 2 meses (mas pode ser aplicada até os 6 anos de
idade) com a vacina DPT, e um 1° reforço aos 15 meses após a terceira
dose e o segundo entre 4 a 6 anos de idade.
Vacinação de bloqueio: na ocorrência de um ou mais casos de difteria,
deve-se vacinar todos os contatos não vacinados, inadequadamente
vacinados ou com estado vacinal desconhecido.
Controle de comunicantes: investigar o caso visando a identificação e
tratamento dos comunicantes, que são portadores sadios (coleta de
material das secreções nasais e orofaringe para exames); proceder à
vacinação de bloqueio e diagnóstico precoce de casos secundários para
instituição de tratamento.
Quimioprofilaxia dos portadores: tem indicação restrita e deve-se
observar as recomendações constantes no Guia de Vigilância
Epidemiológica.
Isolamento: persistir em isolamento até que duas culturas de exsudato de
naso e orofaringe sejam negativas (colhidas 24 e 48 horas após a
suspensão do tratamento).
Desinfecção: concorrente e terminal.
Vacinação após a alta: a doença não confere imunidade e todos os casos
devem ser vacinados de acordo com os esquemas preconizados.

Viajantes

Surtos recentes de difteria em países como Haiti e Venezuela, demonstram o


risco a que as pessoas não vacinadas estão expostas. Recomenda-se que as
pessoas que viajam para áreas com surtos de difteria estejam vacinadas
adequadamente antes da viagem, de acordo com o esquema nacional de
vacinação. Se mais de cinco anos se passaram desde a última dose, recomenda-
se uma dose de reforço.

FONTE: SESA e MINISTÉRIO DA SAÚDE

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